— Porque você não me chamou? — gritou Natsuki.

— Eu chamei inúmeras vezes e você sequer respondeu!

— E como eu não escutaria?

— E eu vou saber? Talvez você estivesse tão cansada que nem me ouviu!

— Está bem, isso não vem ao caso agora… Aquele símbolo estava desenhado no local?

— Estava.

Como se tivesse tido um estalo, Natsuki saiu correndo e foi até o local onde os oficiais estavam mantendo o corpo da vítima. Sem que ninguém percebesse, ela entrou pela janela do local. Com o choque que Natsuki sofreu no dia do assassinato de seu vilarejo, ela se esqueceu de um detalhe muito importante: verificar os corpos. Claro que uma menina que acabou de perder os pais, parentes e amigos não pararia para verificar um corpo morto, mas dessa vez ela não cometeria o mesmo erro. Ao olhar o corpo da vítima, ela viu que havia uma marca no pescoço muito semelhante a uma mordida. Isso bastou para que sua teoria fizesse mais sentido. Vampiro ou não, essa coisa parece que se alimenta de sangue.

Natsuki passou dias pesquisando em bibliotecas livros que falassem sobre aparições de seres que se alimentam de sangue, e vampiros. Com a presença da magia, tudo estava mudado. A biblioteca, por exemplo, tinha livros interativos onde era possível adentrá-los e ver a história sendo contada em tempo real. Natsuki embarcou em vários desses livros mas não encontrou nada que pudesse ajudar:

— Estou de volta — disse Natsuki entrando pela porta de casa com um olhar desanimado.

— Encontrou alguma pista na biblioteca?

— Nada. Todo o meu tempo de pesquisa não serviu de nada. Vou descansar em meu quarto.

Natsuki segue caminhando lentamente em direção de seu quarto quando de repente ela para. Eu estranhei e fui até sua direção. Antes mesmo de chegar até ela, Natsuki cai no chão desacordada e eu fico desesperada:

— Natsuki!

— O que está acontecendo? — perguntou minha mãe.

— Ó meu Deus, o que aconteceu?

— Eu não sei. Ela estava indo para seu quarto e acabou desmaiando do nada. Deve ser culpa de seus esforços excessivos.

Quando eu e minha mãe estávamos prestes a levantá-la, Natsuki acorda e começa a se levantar sozinha. Eu podia sentir perfeitamente sua magia emanando em seu corpo. Havia algo de errado. Não era a magia pela qual eu estava acostumada a sentir. Aquela magia pura e bondosa de Natsuki havia se transformado em algo totalmente negro. Era uma magia impura e ruim. Natsuki continua indo para seu quarto sem falar nada, mesmo comigo perguntando se ela estava bem. Ela me ignorou sem ao menos dizer uma palavra:

— Não sei por quê, mas, por um instante, senti algo ruim vindo dela — disse minha mãe.

Havia algo de errado com Natsuki, então resolvi espioná-la. Eu sabia que era algo errado a se fazer com minha própria irmã mas, aquela garota que eu havia acabado de ver era totalmente diferente daquela que eu via todos os dias. Fui até seu quarto e comecei a bater à porta mas não obtive nenhuma resposta. Mexi na maçaneta e a porta se abriu. Achei estranho, mas, mesmo assim, entrei no quarto. Senti um mau pressentimento naquele momento. Para evitar que meus pais se preocupassem, eu disse a eles que Natsuki havia saído para tomar um ar. Meus pais não acreditaram naquela desculpa, mas confiaram em mim para procurá-la. Sai de cada e comecei a olhar ao redor. Estava escuro demais para enxergar algo, então fiz de minha própria mão esquerda uma tocha usando minha magia. Mirei para o chão e vi que havia uma trilha com pegadas no chão. Segui a trilha que dava em direção ao mato.

Caminhei mais ou menos uns trinta minutos quando ouvi uma voz. Pareciam ser duas vozes misturadas: uma voz grotesca junto a uma voz doce de uma garota dizendo:

— S-se afaste…

— Quem está ai?

— Saia daqui, por favor.

A voz foi interrompida por um grito. Eu finalmente pude reconhecer. Era Natsuki. Corri em direção do grito e a vi caída no chão. À sua frente havia mais uma pessoa. Era uma garota idêntica a Natsuki com asas e dentes afiados. Seria essa garota uma vampira? Um monstro? Por que ela é igual a Natsuki? Todas essas perguntas deixaram minha mente confusa, mas, no fundo, eu acho que sabia o que estava acontecendo. Eu só não queria enxergar a verdade.