Transcendente escrita por Wina Hayate


Capítulo 2
Capítulo 2 - Planos


Notas iniciais do capítulo

Aí está outro capítulo quentinho! :)
Queria agradecer a Rafa pelo review, obrigada sua lindah *---*
Algumas coisas vão modelando o rumo da história por aqui, espero que gostem :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/601933/chapter/2

Anne se perguntava qual era o problema desses malditos vampiros, será que todos viviam em casas extravagantes e paradas no tempo? Precisava ser aqueles palacetes séculos de idade? Ali estava ela de frente para mais um, porém esse era mais discreto, nada de branco. Sua cor era negra e escondido em meio as árvores do jardim.

Achava realmente incrível como aquele tipo de área ainda existia naquela cidade. O homem olhava para ela com curiosidade, para ele era algo novo ter alguém com ele, principalmente uma moça. Pelo menos quando estavam ao seu lado não ficavam tão a vontade quanto ela está agora.

– Vamos entrar? Ou prefere virar uma nova estátua de gelo para meu jardim? – na mesma hora ela saiu de seus pensamentos e o olhou um pouco receosa.

– Não disse que iria entrar – retrucou ela já retirando o sobretudo.

– Eles ainda estão atrás de você, quanto mais medo você sentir mais fácil vão te achar, o cheiro fica mais forte sabia? – ele segurava o sobretudo insistindo que ela o vestisse em um gesto silencioso.

– Só essa noite e aviso logo, eu sei lutar esgrima, fique longe de mim – o sobretudo voltou para o corpo de Anne e a mesma lhe lançava um olhar afiado.

Sua escola exigia atividades complementares e seus pais sempre insistiram para que fizessem a bendita da esgrima, eles viviam falando que era tradição de família, mas Anne achava aquilo um tédio completo. Ela gostava mesmo era de cantar e de tocar seu violino,ahhh... e como sentia saudade de seu violino.

– Sim senhorita – ele ria discretamente deixando uma fumaça sair de sua boca pelo frio, Anne acompanhava o homem lado a lado tentando manter a postura – Como a senhorita se chama?

– Anne Pontier e você ó senhor misterioso? – disse ela sarcasticamente.

– Ethan Morgan – ele vasculhava seu bolso a procura de sua chave.

– Morgan? Não é daqui é?

– Sou inglês, lady Pontier - Anne concordou com a cabeça, como se finalmente tivesse entendido da onde vinha o sotaque.

A porta se abriu com um guincho, como se protestasse que a usassem, o calor aconchegante soprava de dentro da casa belamente decorada. O teto era retratado pelo céu com anjos que dele descia um candelabro absurdamente grande feito de cristais cintilantes, a luz batia refletindo pequenos arco-íris nas paredes e nos corrimões dourados da escada de mármore. Ela foi puxada novamente para a realidade quando a mão do homem a empurrou de leve para dentro forçando-a a entrar.

– Não me toque – ela entrou rapidamente se encolhendo, para falar a verdade não era questão de não gostar dele e sim a questão de medo, sofrera muito onde estava. Tinha desacostumado a toques sutis ou amigáveis, tudo para ela eram toques de tortura.

– Desculpa – ele entrou em casa um tanto ressentido – Bom espero que goste da casa, vou te mostrar o quarto.

– Você é um vampiro certo? Cadê seus escravos pessoais? – A voz de Anne era quase uma alfinetada.

– Não tenho “escravos pessoais”, nós os chamamos de servos, mas não tenho – respondeu ele a guiando escada acima.

Os olhos de Anne não desgrudavam da decoração, se sentia em um excitante passeio de museu, como aquele que foi no mês retrasado com suas amigas em um passeio escolar. Ela suspirou ao lembrar-se de sua antiga vida onde tudo era tão bom, não se sentia gelada como um bloco de iceberg e nem sentia sua garganta ardendo pedindo desesperadamente por aquele líquido vermelho que ela tanto abominava.

– Lady? Lady Pontier, está me ouvindo? – Ethan tocou levemente a bochecha dela assustando-a – Vejo que gosta de flutuar nas nuvens.

– Ora senhor Morgan, vai me dizer que nunca teve seu mundo imaginário pessoal? – ela cruzou os braços – E você ainda não me disse o motivo de não ter os escravos pessoais.

– São servos – ele suspirava abrindo a porta do quarto.

– Tanto faz, gosto de chamar do que eu quiser.

– Acho errado roubar a vida das pessoas para se tornarem suas empregadas.

Senhorita Pontier desistiu de discutir quando viu o quarto, era como naqueles filmes com camas de dossel, cortinas de veludo, colchas grossas e diversos travesseiros, o guarda-roupa que mais parecia ser mais velho que sua avó e um sofá bem trabalhado no canto.

– Puxa é muito bonito senhor Morgan, obrigada por me deixar ficar essa noite – ela olhava-o nos olhos tentando achar algum indício do motivo para tê-la deixado entrar.

– Pode me chamar de Ethan, bom pode ficar o tempo que quiser – os brilhosos olhos azuis escuro continuavam em uma névoa para ela, não dava para entender- Tem um banheiro aqui no quarto, quando terminar desce e me espera na sala, vou fazer algo para comermos, e ah! Tem alguns vestidos no armário.

– Pensei que fosse um sanguessuga – suas sobrancelhas arquearam pela palavra “comida”.

– Vejo que você não entende absolutamente nada nosso mundo- um suspiro saia dele.

– Nadica de nada – ela sorria como se fosse algo para se vangloriar.

Um pequeno sorriso tomou conta dos lábios dele e com um aceno de cabeça fechou a porta deixando-a a sós com seu mais novo quarto temporário. Era uma menina muito da teimosa, não queria ficar ali, claro que ela tem razão, quem seria louco o suficiente de ficar em uma casa com quem você nem mesmo conhece? As roupas sujas foram deixadas no banheiro dentro de um cesto.

A banheira de água quente a chamava precisava daquilo, não sabia o motivo, mas sempre que estava com problemas um belo banho quente conseguia tirar os problemas dela. Após o banho foi conferir os tais vestidos que ele havia citado, estava claro que ele não era só ou pelo menos parecia. Havia vestidos de todas as cores diferentes que se podia imaginar, não era super fã de vestidos, aquele vestido que estava foi dado pelo irmão do vampiro infeliz que a seqüestrou.

Pegou um preto simples de manga comprida que ia até suas coxas, com o busto completamente rendado deixando parte de sua clavícula aparecer e desceu a procura do rapaz. Na verdade não foi algo muito difícil de achar, a casa estava preenchida pelo cheiro da comida e principalmente dele.

– Ah aí está você, o vestido coube perfeitamente, fiquei com medo de que não desse – ele agora vestia uma calça de moletom e uma blusa de manga comprida branca com gola em V, para Anne ele não estava combinando nada com a casa.

– De quem era?

– Da minha irmã, mas ela está em Londres – ele mexia o líquido dentro da panela- Gosta de sopa?

– É comestível.

O silêncio reinou entre os dois e isso a deixava incomodada, entretanto ela viu que ele não se importava com isso, estava totalmente compenetrado no que fazia. Ela brincava com os próprios dedos.

– Como está se sentindo? – sem tirar os olhos da panela ele perguntava fazendo ela o fitar.

– Minha garganta arde.

– Eles te deram sangue lá onde estava?

– Não quero falar sobre isso – ao lembrar-se do que havia feito seus olhos encheram de lágrimas, mas ela respirava fundo para não derramá-las na frente dele.

– Tudo bem, não vou forçar, quando quiser falar, estou a ouvidos.

Fim de papo. Assim que a sopa ficou pronta ele a levou até a sala de estar – o que na verdade foi insistência dela, não queria comer na sala de jantar – e sentaram no sofá comendo em silêncio. A última colherada entrou na boca de Anne deixando-a satisfeita, era a primeira vez que conseguia comer comida de verdade sem por para fora.

– O que tinha nessa sopa? Minha garganta parou de doer.

– Coloquei um pouco de plasma, calma não matei ninguém – disse rapidamente ao ver o olhar inquisidor dela – Compro bolsas de sangue e plasma.

– Isso vai me segurar se eu sair agora?

– Você ainda é muito nova para sair sozinha.

– Tenho 19 anos!

– Não estou falando de idade e quero conversar algo com você – ele pegou o prato dela e colocou sob o seu na mesinha de centro – Se você quiser escapar dele, precisa mudar algumas coisas.

– Mudar algumas coisas? – ela não entendia do que ele estava falando.

– Seu nome e hummm ... – ele olhava para o cabelo dourado dela – o cabelo.

– Mudar de nome e pintar o cabelo?!

– É, vai ficar mais difícil de te acharem – ela não acreditava no que ele dizia- Eu posso conseguir a papelada para sua nova identidade se quiser.

– E que nome você sugere? Rainha Elizabeth? – ela dizia em tom sarcástico.

– Não – um sorriso de canto surgiu nos lábios dele – O que acha de Alícia? Alícia Vignole.

– Hum... Até que gostei – ela afirmava com a cabeça sorrindo, ela realmente achou que ele fosse dar algum nome inglês para ela – Mas pintar cabelo? Tem certeza disso?

– Castanho cairia muito bem em você e talvez se diminuíssemos o tamanho...– ele mexia no próprio cabelo.

– Tudo bem – ela suspirava derrotada.

– E mais uma coisa.

– O que é?

– Faço isso com uma condição – ele levantava seu indicador – Você vai ficar aqui comigo até eu te ensinar tudo sobre o que precisa saber.

– O QUE?! Não mesmo! – seu sorriso desmanchou e seu olhar era fuzilante.

– Você precisa aprender algumas coisas ou vai acabar morrendo cedo, na nossa sociedade se o vampiro iniciado não for devidamente apresentado, os caçadores ou os outros vampiros irão matá-lo – ela soltou um muxoxo.

– Então foi por isso que sugeriu a mudança de cabelo e nome?

– Sim, vou te apresentar no próximo baile de confraternização – ela o olhava com cara de “você está falando sério?” e ele acabava por deixar uma risada abafada sair – É uma festa na verdade, é assim que mantemos a sociedade vampírica fechada e mais ou menos coesa.

– Ah ta, tudo bem senhor Ethan, já que eu cheguei a conclusão que não quero morrer... ainda né, vamos seguir seu plano inicialmente.

Um suspiro de derrota saiu pelos lábios dela e pelo canto dos olhos pode ver um discreto sorriso de vitória estampado nos lábios do cara que ela julgava estranho. Queria entender o motivo de estar ajudando tanto ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Transcendente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.