Violette Von Bismarck escrita por Petra


Capítulo 1
Apresentação


Notas iniciais do capítulo

Glossário:
Cainita = Vampiro
Capadócio = Clã de vampiros que prioriza os atributos mentais aos físicos e sociais. Cientistas inatos, estudam principalmente a morte e tudo que a envolve, podendo inclusive controlar alguns aspectos relacionados com a habilidade chamada Mortis.

Todos personagens apresentados nesse capítulo foram única e exclusivamente criados por mim. Os nomes tiro de pessoas que conheço ou mesclo nomes de personagens de livros... Mas só.

Eu me empolguei revisando umas partes e acabei aumentando esse capítulo (17/02)
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Violette era filha bastarda de um Lorde, de quem tem o sobrenome, Von Bismarck. Desde a morte de sua mãe, quando a filha completava quatro anos, a menina viveu como nobre na moradia de seu pai, em uma ala mais desgastada do castelo que não era utilizada, escondida do resto da família – que achava que a garota havia morrido ao nascer, sepultando assim a vergonha do Lorde Ulrich em sua relação extraconjugal. Seu convívio com pessoas era restrito à ama e ao pai, aqueles que lhe proporcionaram uma educação da mais alta qualidade e pelos quais a garota nutria visível afeto. Ela acabava por ocupar seu tempo livre lendo um dos muitos livros com os quais o pai a presenteara ou observando de longe os outros filhos do Lorde: praticamente os estudava, assim como fazia com os insetos que esporadicamente encontrava. Os raros outros lugares que visitava eram em companhia de seu pai, quando o restante da família se encontrava fora.

Sua situação assim se estendeu até a morte do Lorde Von Bismarck, depois da qual Violette já não viu razão para continuar no castelo. Na mesma noite após a ama comunicar-lhe a ela a morte de seu pai, ela fugiu, levando consigo o máximo que poderia carregar, coberta por uma capa e portando uma adaga da coleção de seu pai; a única que notou sua falta foi a ama, Greta Geldt.

A garota seguiu até um bosque, e nele andou sem rumo até que encontrou uma cabana rústica e, sem pensar duas vezes, se instalou nela. Notou a falta de uma cama na casa e estranhou a existência de uma abertura na chão, oculta por uma tabua e um tecido. O buraco era relativamente raso e pouco largo, mas medindo quase dois metros de comprimento. Ela julgou ser usado para guardar suprimentos. Aproveitou-se da escassa e antiga mobília e adotou como leito uma forração de folhas que ela mesma fizera. Três dias depois – durante os quais sobreviveu com o que levara e com um peixe que se orgulhava de ter conseguido capturar – chegava o dono da cabana, o homem que viria a ser seu Senhor, um pesquisador e cientista de gostos visivelmente obscuros, um Capadócio.

Assim que a avistou, mandou-lhe que deixasse o local imeditamente, que a casa não lhe pertencia e que não podia ficar nela. Ela então pediu seriamente ao homem que a deixasse ficar, ainda era pequena, mas disse que poderia ajudá-lo com qualquer coisa, desde que não a mandasse de volta para a casa na qual viveria observando seus meio-irmãos mimados usando mal o que seu pai lhes deixou. Foi aceita com indiferença, pois o homem avaliou que ela poderia ser útil, e ele lhe contou então sobre sua natureza: o que era ser um vampiro, o que ela deveria fazer se quisesse ficar. Ela concordou: serviria a ele como carniçal, se encarregando de qualquer coisa que devesse ser feita a luz do dia, depois, ao alcançar a idade adulta, poderia ser uma vampira ela própria. Assim ela fez, e ao mesmo tempo tentou aprender com ele tudo o que podia sobre ciências, medicina, anatomia, ocultismo, magias, ervas e história. Observava tudo e depois, quando dispunha de tempo, praticava ela própria. Dissecava animais que encontrava mortos, colhia plantas no bosque, desenhava modelos no chão de terra. Após cinco anos nessa situação, recebeu a recompensa prometida: tornou-se então uma Cainita.

Tendo tornado-se uma criatura das sombras, ainda permaneceu com o Senhor por um tempo restrito, iniciando a si mesma na arte de caçar humanos. Não era adepta de violência excessiva, era bom manter-se oculta, mas se eventualmente eles viessem a falecer – como ocorreu acidentalmente com suas duas primeiras vítimas, já que não conseguiu se controlar – ela com certeza arranjaria uma utilidade ao menos para os órgãos, que estudava e comparava, assim como observava sua degeneração após a morte. Se perguntava inclusive como seriam órgãos de vampiros... Afinal, eles estavam mortos, não estavam? Mas essa pergunta ela não chegou a saber a resposta por lá.

Talvez enfadado pelo ambiente, talvez atraído por algum outro estudo, talvez adivinhando tais pensamentos, seu Senhor partiu. Ela foi abandonada por aquele de quem sem nunca sequer soube o nome. Ele simplesmente saiu um dia da cabana – dizendo que ela já era grande, não lhe servia mais e deveria cuidar de si própria – e não voltou mais. Não que ela ligasse. Não que ela sentisse algo. Parte dela – a parte realista e objetiva que geralmente tinha razão – inclusive se perguntava se, afinal, ela sentiria alguma coisa. Fez uma nota mental para descobrir se vampiros tinham sentimentos.

A garota resolveu por instalar-se então em uma capela de um pequeno vilarejo, e ali sobrevivia, alimentando-se em segredo de fiéis, padres e freiras, sem nunca matá-los, para não chamar atenção para sua condição. Lá acreditava que poderia continuar sozinha seus próprios treinamento e pesquisa. Tinha a sua disposição alguns livros, um bosque, um cemitério e corpos a serem velados.


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