7 Anos Antes

A data na qual a Guerra contra os Gigantes e Gaia completaria um ano se aproximava, e da mesma forma um dos feriados favoritos de Percy: o Quatro de Julho, quando comemoravam a independência da nação americana, e acima de tudo, quando ele poderia ver os fogos no acampamento junto a Annabeth mais uma vez, depois de muito tempo.

Nos meses que haviam se passado, os semideuses dos dois acampamentos trabalharam em perfeita harmonia ajudando Jason a cumprir sua promessa de fazer com que nenhum deus fosse esquecido, criando um forte elo de amizade e até mesmo de amor entre aqueles que antes eram vistos como grandes inimigos.

Frank e Hazel viriam visitar os velhos amigos durante o feriado, enquanto que Reyna viria apenas no mês seguinte por insistência de Annabeth, para que pudessem comemorar o aniversário de Percy. Mas isso já é outra história.

O filho de Poseidon acordou cedo naquele dia, ansioso para as comemorações que aconteceriam no cair da tarde. Depois de tomar um banho e trocar de roupa, ele se dirigiu ao Chalé de Annabeth, onde ficou esperando até que ela ficasse pronta, e então eles poderiam ir ao refeitório e tomar o café da manhã.

– Uau, será que não estou vendo direito, ou você realmente levantou cedo hoje Cabeça de Alga? – riu Annabeth ao sair de seu chalé junto aos seus irmãos, e encontrar o namorado a esperando próximo a sua cabine.

– Muito engraçado, Sabidinha, mas eu sou completamente capaz de acordar cedo só para ver você. – respondeu ele, a abraçando e depositando um beijo suave em sua bochecha, antes de segurar em sua mão, e começarem a caminhar.

Desde que haviam voltado da Grécia, Annabeth deixara de obedecer as regras que restringiam os semideuses a sentarem-se nas mesas de seus respectivos pais olimpianos, e sentava-se com Percy na mesa de Poseidon em todas as refeições. Ninguém argumentou com ela.

– E então, quais seus planos para hoje Cabeça de Alga?! – ela perguntou, depois de despejarem suas oferendas nas chamas para os deuses e sentarem-se para comer.

– Eu tive uma ideia para nós dois, se você não estiver ocupada demais para passar um dia com seu namorado lindo aqui.

– É claro que eu posso tirar o dia para passar com meu namorado humilde.

– Eu sabia que sim, você não vive sem mim. – ele riu, recebendo um olhar irônico de Annabeth.

– E o que vamos fazer, senhor sabe tudo?

– Eu pensei em um piquenique nos campos de morango, o que você acha? Já arrumei tudo, então, você não precisa se preocupara com nada. Apenas estar lá.

– Parece perfeito. – ela sorriu, colocando-se de pé para ir até ele e lhe dar um selinho – Te encontro mais tarde.

– Ok... – ele falou, com cara de bobo ainda sentindo seu cérebro derreter pelo beijo dela.

Mais tarde, Annabeth chegou aos campos de morango e encontrou Percy já a esperando com uma toalha estendida e sobre ela, uma garrafa de suco, sorvete, pizza de banana e morangos cobertos com chocolate. A loira não poderia negar, aquele filho de Poseidon continuava a surpreendê-la a cada dia.

Ele se levantou, e a envolveu em um abraço apertado antes de colar seus lábios levemente.

– Achei que não vinha mais, Sabidinha.

– Oh, eu não perderia isso por nada. – ela disse o encarando com um sorriso.

– Vem, senta aqui. – e assim, ele a conduziu até o espaço que ele tinha preparado para os dois, sentando ao lado dela.

– Tem certeza que não é alguma ocasião especial que eu não estou lembrando? – ela perguntou estranhando o comportamento dele.

– Na verdade... - ele suspirou, segurando a mão dela - Você disse que nós poderemos ir para Nova Roma quando terminarmos o colegial aqui, e então eu pensei que se esse for o nosso último 4 de Julho aqui, ele teria que ser especial.

– Eu ainda não tinha pensado nisso... – ela falou, desviando o olhar para os morangos ao seu redor.

– Annabeth? – ele chamou, percebendo a súbita mudança de humor – Hey olha para mim. – continuou, acariciando sua bochecha. – Eu vou entender se você...

– Não ! Não, Percy, não é isso. – ela o cortou, levando sua mão até o pescoço dele, e brincando com o cabelo bagunçado inconscientemente – Eu quero muito ir para Nova Roma com você. De verdade. Eu só fico pensando que lá não terei mais o Quíron, nem os meus irmãos, nem nenhum dos nossos amigos aqui. Eu só vou sentir falta deles. Entende?

– Mas é claro Annie. – ele assentiu – Eu também vou sentir saudade de todo esse lugar, aqui é como uma casa para mim. Mas ainda que nos mudemos para lá, podemos continuar a vir aqui. Não vamos deixar nossa família para sempre, tá bom?

– É por isso que eu adoro falar com você. – ela falou beijando-o novamente – Obrigada, Cabeça de Alga.

– De nada. – ele riu – Agora vamos comer, antes que o sorvete derreta.

A tarde passou mais rápido do que eles queriam, e com o cair dá noite, eles se despediram para seguir até seus chalés, onde poderiam se preparar para a queima de fogos.

Percy correu o mais depressa que pôde, e depois de buscar Annabeth na cabine seis, eles foram para a praia tentando não se atrasar.

Eles chegaram, e puderem ver a maioria dos semideuses que já estavam ali. Os filhos de Hefesto e Hermes terminavam de ajeitar os foguetes, enquanto vários casais ali aproveitavam o tempo juntos como Jason e Piper que estavam abraçados a esquerda dos dois, Frank que apoiava sua cabeça no colo de Hazel em algum ponto mais distante, Leo e Calipso empolgada enquanto admirava o lugar, e Clarisse e Chris, um pouco mais afastados dos demais.

De mãos dadas, eles seguiram até um lugar mais próximo ao mar, e Annabeth sentou-se entre as pernas de Percy, que a abraçou carinhosamente pelos ombros, depositando beijos suaves em seu pescoço.

Depois de alguns momentos em silencio, apenas sentindo a presença um do outro, Annabeth perguntou ainda vendo as ondas desmancharem na areia branca:

– Já teve a impressão... de que isso tudo não parece real?

– Já. – ele riu – Passamos muito tempo longe. Estar aqui, estarmos em paz parece outro sonho.

– Só me diga que não é um sonho, ok?

– Isso não é um sonho. Tudo está bem, e vai continuar bem.

– Desde que estejamos juntos.

Ele sorriu, a abraçando mais forte e sussurrando em seu ouvido.

– Eu amo você. – Por um momento, ela cogitou a ideia de estar ouvindo errado, mas ao virar-se para encarar o namorado ele estava sério, sustentando seu olhar com um leve temor de ter falado demais. Não que eles já não soubessem disso há muito tempo, mas Percy nunca havia falado realmente para ela.

Talvez nem fosse mais necessário dizer depois de tudo pelo que haviam passado juntos, mas a inexplicável sensação de borboletas no estomago ao ouvi-lo dizendo aquelas palavras em alto e bom som pela primeira vez fez o coração de Annabeth dar um salto.

Acabando com os temores de seu Cabeça de Alga, ela acariciou sua bochecha e juntou seus lábios aos dela.

– Eu também te amo, Percy.

Em seu rosto formou-se um grande sorriso, e ele não demorou em trazê-la para junto de si mais uma vez em um beijo apaixonado.

A luz das estrelas que brilhavam na escuridão foi ofuscada quando as faíscas coloridas iluminaram os céus, fazendo homenagens a cada um dos semideuses que haviam lutado, gregos e romanos, para trazer a paz que agora poderiam desfrutar.

Nada poderia estragar aquele pequeno momento perfeito que ficaria marcado pela eternidade.