Leiam as notas iniciais.

Quatro de julho, Dia da Independência, 2013.

Eu corria entre as árvores da enorme floresta com medo de olhar pra trás. Agora eu já não era a mesma menininha que fora sequestrada com seus pais, eu havia crescido e envelhecido um ano. Passara por muitas coisas em mais de seis meses, e agora finalmente eu chegaria até a cidade mais próxima e ficaria sobre proteção policial, bem, nem tanto. Meu tornozelo torceu e eu tive que parar. Agora eu sabia onde estava, tinha chegado em Rosewood. Estava perto de uma casa e eu sabia de quem era. A família Hastings. Se Reyna ainda sentisse minha falta o taco de lacrosse ainda estaria escondido sobre as folhas, e estava. Sentei apoiando as costas sobre a árvore ouvindo passos ao longe, meu perseguidor estava perto. Arranquei a barra da minha blusa amarela e amarrei-a no tornozelo e voltei a correr, consegui sair na estrada de pedra e bem a minha frente à mansão dos Hastings se erguia e ao lado dela, minha antiga casa que pelo que soube meu irmão estava morando nela a uma semana. Pulei a cerca da mansão segurando o taco de lacrosse na mão, estava quase na porta da casa quando esbarrei em Calipso Marin. Vi várias expressões passarem pro seu rosto: Susto, medo, surpresa, alegria e confusão. Mas eu não tive tempo pra abraçá-la de felicidade ou chamar ajuda. Meu seqüestrador me alcançou e eu não percebi que ele tinha pegado o taco da minha mão e batido na cabeça de Calipso, fazendo assim ela desmaiar. Eu queria gritar, mas ele tampou minha boca e me mostrou uma mensagem em seu celular: Se você gritar ou tentar fugir, mato Calipso aqui na sua frente. – A. Lágrimas escorreram pelo meu rosto, eu estava tão perto de sair daquele pesadelo, entretanto não deixaria Calipso morrer. Muito menos voltar para as mãos desse cleptomaníaco. Fiz o golpe de judô que aprendi um ano antes de ser seqüestrada. Com doze anos eu e minhas amigas: Calipso Marin, Piper Montgomery, Thalia Fields e Reyna Hastings começamos um curso de judô, claro, todas elas foram subornadas por mim, contudo só tive essa ideia após receber uma abobora com uma faca de sangue verdadeiro fincada nela com o bilhete: A próxima será você e suas amigas. – A. Mal sabia que treze meses depois eu seria seqüestrada.

Após aplicar o golpe de judô, dei um chute no membro de meu seqüestrador e soube: - A era homem. – A sempre estava encapuzado, todo de preto e com uma máscara que cobria até os olhos, usava luvas grosas que tornava impossível saber se as mãos eram finas como de uma mulher ou grossa como a de um homem. Pelo menos agora eu tinha uma pista. Peguei o taco de sua mão e dei uma coronhada em sua cabeça, - A desmaiou. Sustentei o peso de Calipso nos ombros e a levei até dentro da casa dos Hastings, a porta estava destrancada então joguei Calipso no sofá e tranquei a porta logo em seguida, ouvi luzes ligarem no segundo andar e estava prestes a correr e pular nos braços do Sr. e Sra. Hastings, quando o celular de Calipso tocou revelando uma mensagem: Saia dessa casa agora e não deixe ninguém mais a ver, ou... Havia um anexo na mensagem, abri ele e vi a foto de – A apontar uma arma ao longe na cabeça de Malcon, - meu irmão mais velho, o único que não tinha sido seqüestrado. Malcon tocou sua vida na Califórnia, se formou em administração lá e voltou para morar em Rosewood, na nossa casa. – Passos nervosos desciam as escadas, me escondi atrás do balcão a tempo de ver Reyna sufocar um grito assustada. A morena correu até o sofá e apoiou a cabeça de Calipso em um travesseiro e gritou o nome de seus pais logo em seguida. Eu queria gritar e pular nos braços de Reyna, mas não podia, - A mataria Malcon assim como matou minha mãe. Deixei as lágrimas descerem de meus olhos e sai da casa quietinha, ouvindo Calipso acordar e assustar Reyna gritando: Annabeth!

Cinco de janeiro de 2014.

P.O.V – Piper

Era o primeiro dia de aula, agora eu oficialmente estava no ensino médio. Cheguei à escola e logo dei de cara com Thalia Fields, uma das minhas ex-melhores amigas.

– Piper? – O tom de Thalia era de surpresa, sorri e fui cumprimentá-la. – Pensei que tinha ido morar em Utah a mais de um ano atrás.

Mais de um ano atrás. O pior ano da minha vida, o ano em que a família Chase fora sequestrada, o ano em que minha melhor amiga, Annabeth Chase fora sequestrada. Depois de dois meses, meus pais já não aguentaram os repórteres batendo na porta de casa querendo falar comigo, e assim resolveram que arrumariam um emprego em Utah, onde eu recomeçaria minha vida, e eles também. Mas não foi bem assim. Papai não suportou o chefe e mamãe não conseguia se adaptar ao frio – duas vezes mais frio que Rosewood – então resolveram voltar, com a ideia de que a poeira já havia abaixado, e havia.

– Sim, voltei semana passada. – Respondi sorrindo. – Meus pais não gostaram muito de lá.

Eu e Thalia entramos na escola enquanto conversávamos.

– Me conte as novidades. – Pedi.

– Ah, depois de tudo que aconteceu, todas nós se separamos, - assenti entendendo, Annabeth sempre fora a cabeça, a líder que unia todas no grupo. – Reyna está se empenhando em passar no vestibular desde a nona série, mesmo faltando agora três anos letivos para ele acontecer. Eu entrei no grupo de natação e fiz amizades lá.

– E Calipso?

– Ah, - Thalia riu e me olhou – Você vai achar engraçado. Ela e Rachel E’Dare viraram melhores amigas, as populares do colégio.

– Rachel? – Perguntei descrendo. - A mesma Rachel que usava saias longas com meias pirulitos, óculos fundo de garrafa, Chiquinha e aparelho?

– Essa mesmo.

– Eu só acredito vendo de perto. – Disse e Thalia riu.

Se separamos assim que o sinal tocou, só teríamos aulas juntas no quarto tempo. Eu conhecia aqueles corredores de pé a cabeça, costumava reinar ali junto com as quatro meninas. As antigas quatro melhores amigas.

Entrei na sala e sentei na quarta cadeira da terceira fileira. Comecei a escrever algumas coisas no caderno vendo que o professor ainda não havia chegado, quando Calipso Marin e Rachel E’Dare entraram juntas na sala. Quase que meu queixo caiu. Calipso estava muito diferente. Magra, cabelos lisos e soltos, linda. Rachel nem se fala, deixara os óculos de lado e passara a usar lentes, tirara o aparelho e fizera uma escova linda no cabelo, deixando os cachos ruivos caírem como cascatas sobre as costas, agora usava roupas curtas e de grife.

Calipso me deu um tchauzinho e um sorriso de longe, retribui o sorriso e continuei a escrever. Escutei o professor entrar e se apresentar, mas eu não ergui a cabeça, até que ele falou:

– Não acredito.

Senti todos os olhares dirigirem até mim. Levantei a cabeça e encarei o professor. Eu estava ferrada. Era o mesmo cara que eu havia transado no banheiro do bar em uma estrada próxima daqui. Li o nome dele no quadro. SR. FITZ. De Jason Fitz.

– Hã, - começou ele voltando a dar aula – como eu dizia... Sou professor de Letras e esse semestre, a escola pediu para que eu mandasse vocês lerem o li...

Parei de prestar atenção quando meu celular vibrou, tirei-o da bolsa e olhei o visor discretamente.

Uma nova mensagem de um número desconhecido.

O que seus pais pensariam se soubesse que o cara mais velho com quem você transou agora é seu professor? – A.

Olhei em volta assustada, procurando quem teria me mandado aquela mensagem. Mas ninguém parecia ter notado nada diferente.

Trinta de janeiro, 2015.

P.O.V – Annabeth.

Os planos da polícia de eu voltar a escola foram por água abaixo quando eu disse que mais da metade daquela escola me reconheceria. Eles disseram que não, pois passara muito tempo, mas mudaram de idéia quando toda escola comparecerá ao velório de Sarah Halvey, - a menina que fora enterrada viva abaixo de mim, mas apareceu morta quando os bombeiros a tiraram do buraco, logo após eu. A imprensa não tinha me visto, o que agradou os policiais, que resolveram não deixar ninguém sabendo que eu estava viva, apenas dando a informação do corpo de Sarah, encontrado atrás do manicômio. – e todos começaram a murmurar o quanto a menina se parecia com a desaparecida Annabeth Chase.

Então estava certo, eu não voltaria a minha antiga escola, não veria Malcon, meu irmão e ficaria na casa de Poseidon vinte e quatro horas. Percy estava proibido de falar sobre mim na escola ou comentar em qualquer outro lugar, o que ele não entendeu, mas respeitou.

Eu não podia fazer muita coisa presa naquela casa, mas podia pedir informações sobre a escola para Percy e proteger as meninas de longe. Eu sabia que ele começara a persegui-las também.

Quando Percy chegou na escola e foi pro seu quarto, corri até a porta e bati, escutando um “entra” abafado pelos travesseiros. Percy estava jogado de bruços na cama, era a segunda vez que eu falaria com ele sem alguém estar por perto.

– É... – disse me aproximando, Percy sentou imediatamente na cama e me encarou. – Queria perguntar como foi a escola,

O moreno ergueu as sobrancelhas como se dissesse “sério?”.

– Foi normal.

– E as pessoas?

– As mesmas de sempre.

– Quais são as mesmas?

Percy se aproximou de mim e arqueou as sobrancelhas de novo.

– Grover, Luke, Calipso, Rachel...

Grover era irmão de Piper, Luke eu não conhecia, Calipso minha ex-amiga e Rachel...

– Rachel?

– Sim, a ruiva gostosa. – Percy abriu e fechou a boca rápido, como se afastasse uma ideia. – Minha namorada.

Quase engasguei. Rachel nunca conseguiria namorar um garoto igual Percy, ao menos que ela tenha mudado, eu não a vejo a mais de dois anos. E se ela não mudou... bem, Percy é cego.

Disse para Percy que eu precisava tomar um banho e sai do quarto antes que ele começasse com suas perguntas idiotas como: Por que? Pra que isso? Fazia academia? Você não conversa com seus pais por skype? O que é isso? – Essa última ele fez quando entrou no meu quarto no meio da noite e tropeçou no meu notebook, um tanto diferente... era o notebook que eu usava para rastrear, hackear e espionar, então ele mais parecia um tijolo enorme.

Entrei no meu quarto e tranquei a porta. Liguei meu notebook normal e fiquei a par das noticias no site da cidade: ... Todos lamentamos e desejamos pêsames a família de Sarah Halvey, a adolescente encontrada morta nessa última segunda feira, atrás do manicômio da região. Ai eu recebera outra mensagem, e gelei. - A não me mandava mensagem desde que tentara me enterrar viva.

Como será que as quatro mosqueteiras ficarão ao saber que você esta viva? Espero que você não tente contato, caso contrário... você sabe as conseqüências. – A.

LEIAM AS NOTAS FINAIS.

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