I see everything, bitch. escrita por blairrw


Capítulo 2
But no one keeps a secret




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mesmo dia, vinte e sete de janeiro, ás dez horas da noite.

A chuva se arrastava forte e grossa batendo na janela junto com as rajadas de vento.

– Comece a contar tudo que sabe. – O delegado ordenou.

Dentro da sala de interrogação, sentando a sua frente, Ártemis Osmet estava sendo interrogada. Ela sabia o que fazia ali, mas o segredo que carregava não valia mais que sua vida, né?

– Faça as perguntas que eu respondo. – Respondeu.

A morena sabia que estava sendo observada.

Brooke apenas suspirou e empurrou duas folhas em direção a enfermeira, guardando a terceira virada para baixo.

Ártemis leu o que estava escrito e arqueou a sobrancelha, demonstrando que não havia entendido coisa alguma.

– Parece que você está com amnésia, vou refrescar sua memória. – Começou o delegado. – Na noite de vinte e três de novembro de dois mil e doze, dia de ações de graças, um desaparecimento abalou essa cidadezinha. Se lembra?

– Sim.

– Pelo que me consta os arquivos, a senhora já trabalhava no Roseville, sendo seu primeiro ano como recepcionista.

Ártemis apenas assentiu com a cabeça.

– Como você pode ler, está escrito que você foi promovida a enfermeira, a menos de um ano, para ser mais correto, faz seis meses.

– Por favor, chegue logo ao ponto. – Pediu a moça impaciente.

– A sete meses atrás, quem permitiu a entrada da senhorita Chase no manicômio?

– Eu. Já que nessa época ainda era recepcionista. Não consta isso nos arquivos?

Brooke deu um riso curto, ignorando a tentativa da morena não parecer nervosa. Ele observava suas mãos, ela estava tremendo.

– Você se lembra quem estava acompanhando ela?

– Eu... Eu não me lembro. – Ela deu de ombros.

O delegado não estava impressionado. Os interrogados sempre tinham recaídas de amnesia, tornando tudo mais difícil.

– No arquivo consta que a senhorita Chase pediu entrada sozinha. Sabemos que isso não está correto, um louco não interna a si mesmo. Por que vocês apagaram o arquivo e o refizeram?

– Acho que... Não me lembro o motivo. Talvez ele tenha pedido...

– Ele quem?

– Eu não sei. Me lembro que ele sorria e ria, ria muito.

Brooke olhou para o lado e deu um sinal positivo com o dedo, os policias tinham permissão para vasculhas a bolsa e o armário de Ártemis no manicômio.

– No início do interrogatório, você disse que se lembrava do caso Chase, ocorrido em dois mil e seis. – Brooke deu uma pausa, observando as mãos de Ártemis. – Quando pediram entrada da paciente, com seu nome e sobrenome reais, como vocês não acionaram a polícia?

– Eu não sabia que era ela.

– Você disse que se lembrava do ocorrido.

– Sim, contudo se passaram tantos anos sem pistas do paradeiro dos Chase, e sem notícias na tv, acabei esquecendo.

– Onde você estava na época?

– Na época eu havia acabado de terminar a faculdade e chegar na cidade.

Na mosca. Pensou o delegado dando seu sorriso fino. Pegou a terceira folha e empurrou em direção a recepcionista.

Ártemis tremeu por dentro. A morena leu e releu as linhas e entrelinhas. Seu antigo endereço, a data que tinha alugado o imóvel, a data que terminou a faculdade e chegou na cidade. Eles sabiam que ela era vizinha dos Chase. Que era babá de Annabeth Chase.

Ouvindo uma batida na porta, Brooke deixou o interrogatório deixando a morena sozinha. Fechou a porta e logo perguntou.

– O que acharam?

– Frascos de remédio vazios e um cheio. Poseidon enviou uma pílula ao laboratório, mesmo não havendo necessidades.

– O que continha no frasco? – O delegado perguntou mesmo já sabendo a resposta.

– Remédio de perca de memória.

[] []

vinte e três de novembro, dois mil e seis, Rosewood, dia de ações de graças.

A menina correu para o balanço onde sua boneca de pano estava sentada, sendo balançada pelo vento. A boneca de pano, que se chamava Courtney, estava com o cabelo erguido e sua roupinha amassada, cheia de terra. A loirinha estranhou, isso não seria a melhor surpresa se sujaram a roupa da boneca de propósito. Ouviu o estalo da caixa de ferramenta de seu pai caindo, no celeiro do fundo. Estava tudo muito escuro, e por morar quase no meio do nada, seus únicos vizinhos foram comemorar o dia na casa de parentes. Ela não iria até lá sozinha, iria? A curiosidade dela em descobrir as coisas era maior que o medo que sentia. Andando até o celeiro abraçando a boneca, ficou na ponta do pé se erguendo para tentar abrir a portona. Vazio, era tudo que ela via ali, no meio do salão a caixa de ferramentas continuava no chão, e os cavalos que deveriam estar ali?

Era muitas perguntas sem respostas, e isso a irritava. Começou a gritar chamando seus pais, ouviu uma risada grossa e ela tremeu. Se virou para sair do celeiro mas a porta estava trancada, ela se encostou de costas pra porta, abraçando sua boneca e vendo mãos cobertas de luvas pretas apertarem forte seus bracinhos.

vinte e sete de janeiro de dois mil e quinze, onze horas da noite, na delegacia.

– Os psicólogos disseram que de doida ela não tem nada. – Comentou Ares para o amigo.

– Com essas palavras? – Perguntou Poseidon.

– Talvez doida de pedra?

– Muito engraçado. Então, por que ela estava na Roseville?

– Eles não sabem, – respondeu Ares – entretanto o doutor disse que se ela permanecesse mais dois meses naquele lugar... As consequências de um lunático em um manicômio são pequenas, agora de uma pessoa normal...

– Sei. – Respondeu o detetive vendo a menina sair da sala de exame psicológico.

Ela estava bem. Enrolada com um cobertor nas costas, com uma roupa já limpa e um copo de chocolate quente na mão. Para Poseidon, aquela menina não parecia a mesma das fotos antigas que estavam penduradas em seu mural com o grande ponto de interrogação no meio. Annabeth Chase parecia outra pessoa.

– ... Tá, entrarei em contato, obrigada...

Agora ela caminhava até o banco, sentando lá se encolheu.

O delegado chegou perto dos dois amigos e chamou até sua sala. Quando os três estavam a sós, Brooke soltou a bomba.

– Ela concordou.

O sorriso não deixou de aparecer no rosto dos detetives e do delegado. Agora só restava Poseidon contar a sua esposa, Sally.

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Ele deixou as chaves em cima da mesa e foi até a cozinha, pois sabia que sua amada estaria lá, com máscara no rosto, bobs, pijama e uma cara não muito amigável.

– Soube que você deixou Percy sozinho de novo. – Disse Sally sem tirar os olhos da porta de vidro, que dava vista ao jardim de fundo e a piscina.

– Sobre isso...

Sally virou o rosto em direção ao marido e quase teve um infarto, ela reconheceria aquele rosto, as bochechas em formas de maças e o cabelo loiro em qualquer lugar, graças as milhões de fotos da moça espalhadas pelo escritório do marido detetive.

– Ela...

– Sim. Podemos conversar sobre isso? – Perguntou Poseidon, ameno.

– É obvio.

Sally disse para a menina sentar onde ela estava a poucos segundos, puxou o marido até a sala e esperou explicações.

– Primeiro, cadê o nosso filho?

– Nosso filho?

– Depois discutimos o que eu fiz, por favor.

– Tudo bem. Ele está na casa de Grover, jogando vídeo-game.

Poseidon se sentiu culpado, mas mandou esse sentimento pra lá, teria que se preocupar depois.

– Mande uma mensagem para ele voltar para casa, o assunto é para a família toda.

Assim que Sally terminou de enviar a mensagem, Poseidon prosseguiu.

– Percy não pode saber sobre isso, mas essa garota que está sentada em nossa cozinha nesse exato momento realmente é quem você pensa que é.

Sally Jackson quase caiu para trás.

– E como você acha que pode guardar um segredo desses, e por quê?

– Porque é ordens da polícia, não podemos estragar o plano de Brooke. Apenas não contanto a ele, fala que ela é filha de alguma amiga sua, que vai morar conosco até terminar o ensino médio.

– Pera ai, ela irá morar conosco?

– Sim, é necessário.

– Ai céus. – Sally colocou a mão na testa.

Poseidon continuou a contar o resto. Sally ficava cada vez mais branca.

– Tudo... bem. Vou ficar do seu lado, mas você terá que prometer ser mais presente na vida do seu filho, dos dois.

Dois? Como assim dois?

Sally colocou suas duas mãos na barriga e sorriu.

– E você me dá a notícia assim? – Poseidon sorria mesmo bravo.

– Como você me deu a última notícia?

Os dois escutam a porta sendo aberta, e logo chamam a loira para se juntar aos dois na sala. Percy entra e estranha seus pais reunidos, e uma loira desconhecida sentada em seu sofá à meia noite.

– Filho, venha se sentar. – Convidou Poseidon.

– Claro. – Percy se sentou no sofá de um lugar só. – O que está havendo?

– Essa, - disse Sally apontando para a menina loira – é filha de uma amiga minha, ela morará conosco por algum tempo.

– Ai...

– Eu vim da Grécia. – Disse Annabeth, pela primeira vez desde a consulta aos psicólogos.

Poseidon se surpreendeu e sorriu.

– Já morei aqui na América, mas fui cursar meu ensino fundamental II lá, agora voltei e pretendo terminar meu ensino médio por aqui.

– Ela ficará no quarto de hóspedes que logo vai se tornar seu quarto, - Poseidon comentou – algum problema para você?

Percy não estava entendendo muito bem o nervosismo dos pais, não havia problema algum a Percy. A loira era gata.

– Não problema algum.

– Ótimo! – Sally levantou-se. – Vou arrumar seu quarto querida.

A escritora subiu os degraus indo em direção ao quarto de hóspedes. Sally suspirou trocando os lençóis. Teria que confiar muito na menina, trata-la como filha daqui pra frente, dar conselhos e principalmente ouvir.

Como uma coisa tão horrível possa ter acontecido com a garota ainda menina? Como alguém possa ter sido capaz daquilo tudo? Tanto sofrimento, tanto dor, tanto mistério para uma pessoa só. Ela estava disposta a ajudar a garota, a trata-la como filha, a ouvir. Esse seria seu renascimento, em que Annabeth Chase finalmente poderia ter uma vida, um tanto que normal. Bom, trocar de nome, fingir que está morta para a mídia, superar a noite de seu desaparecimento e a noite passada, onde foi quase enterrada vida, recomeçar uma vida, se esconder, mentir, reviver, seria os objetivos da loira.

Na sala...

Poseidon havia ido ao banheiro depois de ter terminado de se explicar, com a desculpa que estava apertado. Mas não poderia ele ter ido ao banheiro que ficava bem do lado da sala, ao invés de subir as escadas? Percy sabia o que seu pai queria, que ele se aproximasse da menina. Mas o garoto não daria essa satisfação ao pai, não depois de ter sido largado sozinho de novo. Contudo, gostaria de aprender mais sobre essa certa “nova-irmã”.

– Então, cadê suas malas? – Perguntou Percy, vendo que a menina que havia acabado de chegar da Grécia não tinha malas.

– Elas foram parar no Japão, erro na companhia. – Disse Annabeth, do jeito que ensaiou com os policiais e consigo mesma a vida inteira.

– Hm, então você ficara sem roupas por quanto tempo? – Perguntou Percy tentando puxar assunto.

– Por uma semana, mas logo depois do café irei comprar algumas peças.

– Quantos anos?

– Dezesseis, você?

– Dezessete. Vai estudar na minha escola?

– Creio que sim.

Algo ainda não estava certo para Percy.

– E seus pais?

– Ah... – Annabeth pensou mais antes de responder essa. – Vivem viajando por causa do emprego, nunca ficavam em casa, na Grécia. Quase nem os vejo.

– Entendo...

– Bom, vou me deitar, estou cansada por causa do voo. – Diz Annabeth, mentindo mais uma vez.

Antes da loira terminar de subir o lance de escadas, ouve mais uma pergunta.

– Qual é o seu nome? – Grita Percy.

– An... – ela não podia falar seu nome, nesse momento, era o mais comentado da região. Annabeth Chase, encontrada morta no quintal do manicômio de Roseville Cruz.

– Me chame de Alison. – disse Annabeth se virando. - Alison DiLaurentis.


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