Seus cabelos continuavam com a mesma cor, mas estavam longos, presos em um rabo de cavalo que ultrapassava a altura dos ombros, ele estava mais velho e mais forte, parecia muito mais bem treinado, no entanto, o que assustou Chihiro foram seus olhos, eles não só tinham perdido a cintilante e profunda cor verde como não tinham nenhuma cor, estavam completamente brancos. Era possível diferenciar a pupila da íris e da esclera, mas não havia expressão ou sentimento nele, isso fez com que a garota desse lentos passos para trás e se manteve atrás de Harumi que o observava com firmeza no olhar, ela não parecia com raiva dele, parecia analisa-lo com algo diferente.

Foi o tempo, exato, de Chihiro se locomover para se proteger atrás da feiticeira, para Haku avançar, sem aviso, sem pensar. Harumi, surpresa com o ataque empurrou, com um feitiço, Chihiro para trás, com muita força, o suficiente para que ela batesse as costas em uma árvore que não estava muito próxima e que isso fizesse com que a garota sentisse falta de ar, enquanto que a feiticeira era atingida por um feitiço sombrio de Haku, Chihiro se forçou a respirar até que não estivesse mais ofegante, mas vendo a luta dos dois preferiu ficar ali do que intrometer-se.

Enquanto Harumi tentava atingi-lo com força o suficiente para derrubá-lo, mas sem matar ou causar danos, era possível observar que ele estava atacando para matá-la, ele lançava esferas negras de suas mãos, que eram bloqueadas por Harumi por meio de uma esfera de vácuo. Ela contratacava com simples tentativas de empurrões que não pareciam estar o afetando, mas ela estava preocupada em não machucá-lo, vendo que não tinha alternativa a feiticeira forçou-se a empurrá-lo com força o suficiente para derrubá-lo no chão e se afastar, até uma árvore que estava atrás de Chihiro, ela tinha que proteger a garota, ao lhe dizia isso. Quando Haku levantou ele correu em sua direção na intenção de atacar Harumi com as próprias mãos, percebendo isso ela se posicionou de um jeito que faria um feitiço, Chihiro se encolheu aonde estava e ficou observando com o coração apertado, pelos dois, Harumi e Haku.

Haku se aproximou cada vez mais rápido e Harumi não moveu um músculo, quando ele estava há poucos passos de chegar a ela, ela gritou uma palavra e de repente folhas das árvores voaram para cima de Haku, com muita força, ele gritou e tentou dispersá-las, lembravam a Chihiro os pássaros que Zeniba fizera quando Kohaku roubou o seu selo. As folhas estavam enfeitiçadas e por isso pareciam machucar o garoto, Harumi estava olhando fixamente para ele e suas mãos se mantinham abertas controlando as folhas com uma habilidade incomum. Chihiro sentia a dor por Haku, mas sabia que não era ele, o Haku que conhecia ali, encolheu-se ainda mais e deixou que tudo ocorresse como devia, sem que estivesse olhando.

– PARE! – Gritou Haku, sua voz estava bem mais grossa que antes e isso fez com que Chihiro levantasse o rosto para observá-lo.

No momento que a garota levantou o olhar, uma esfera da mesma luminescência negra que a outra que ela tinha visto saia da boca de Haku, ela arregalou os olhos sem entender aquilo e Harumi por sua vez parou o feitiço e deu alguns passos para trás, quando a esfera acelerou na direção delas, os olhos da própria feiticeira arregalaram e ela correu para perto da garota, jogou o corpo por cima dela e dali algo saiu da terra e como uma parede as protegeu, pelo menos a Chihiro. Harumi soltou um grito estridente e Chihiro sentiu algo liquido e quente em seu rosto, quando abriu os olhos para ver, notou a cor escarlate daquilo.

– Harumi – Ela gaguejou – Sangue!

– Eu sei! – A feiticeira praticamente rosnou tocando no lugar que tinha sido acertado pela esfera.

Dali ela deu um berro e baixou o muro, que percebeu Chihiro era a raiz da árvore que estava atrás delas. Quando saiu dali Harumi simplesmente atirou para Haku uma esfera quase idêntica a que ele havia mandado para elas, mas de uma cor amarelo viva que ele simplesmente fez com que parasse há poucos centímetros de sua mão e fez com que se desfizesse. Ainda furiosa ela começou a lançar bolas de fogo na direção dele, que agora mandava as mesmas esferas de vácuo que ela fizera anteriormente.

– Exatamente – Haku falou fazendo com que Harumi parasse e observasse, Chihiro percebeu que sangue saia da boca dela e até Haku tinha um leve sangramento na testa, proveniente das folhas, nada parecia mais cortante que aquelas folhas, até que a voz do Haku pode ser ouvida, gélida e afiada com uma Katana – Deixe a raiva tomar conta, é isso que eles querem...

Um sorriso maligno tomou conta do canto do lábio de Haku, e assustou ainda mais Chihiro, no entanto, Harumi permanecia no lugar, forte e curiosa.

– Eles quem? – Ela perguntou, limpando o sangue, anteriormente reparado.

– Não posso informar isso – Ele falou fazendo com que a garota se arrepiasse ainda mais – Eles são mais discretos do que imagina.

– Onde está meu irmão? – Harumi falou, seus dentes raspavam um no outro demonstrando a sua raiva, escondida pela falsa calma que tentava manter.

– Você é Harumi – Ele falou – A feiticeira de Hanabatake, guardiã do mundo ao qual a cidade pertence, o lírios do encontro entre os mundos. Era a você quem eu procurava...

– O que quer comigo? – Harumi perguntou.

– Sua magia na verdade – Ele falou – Mas parece que está tão...limitada...por assim dizer.

– Talvez – Ela respondeu – Mas porque precisa dela?

– Coisas dos mestres...

– Onde está meu irmão – Ela perguntou firmemente.

– Não faço ideia – Haku respondeu e instantaneamente lançou um feitiço que a atingiu e a derrubou.

Ela soltou um grito que Chihiro acompanhou com o susto e foi nessa hora que o olhar deles, Chihiro e Haku se encontrou, ela teve a mesma sensação inicial, não havia sentimento ali, nada que indicasse que ele era a mesma pessoa que anteriormente, não havia emoção, alma, brilho algum. Apenas, pesar e talvez uma opacidade desumana que assustou Chihiro ainda mais. Ela se aquietou e ficou o encarando fixamente, quando ele começou a andar em sua direção, devagar, mas diferente de todos os reencontros que ela poderia imaginar, ela não o queria perto dela, o queria bem longe e foi esse pensamento que ela teve quando ele se aproximou demais. Nesse mesmo momento, o elástico de cabelo que Zeniba fizera brilhou e a partir dele uma parede, como um escudo astral de formou na frente dela e o impediu de chegar.

– Mas, o que...- Ele disse socando o escudo.

Então de repente, ele gritou e esse ajoelhou, dolorosamente, dando liberdade a Chihiro de ver o que o havia atingido. Harumi o enfeitiçara, com uma das pedras mágica que ela mostrara.

– VAI SE ARREPENDER! – Ele gritou e se transformou no gigantesco dragão, sem pensar saiu voando e por impulso Chihiro se levantou e foi junto, apenas alguns passos, quando a mão de Harumi a segurou.

– Havia – Ela disse arrastando as palavras – Algo de muito ruim naquele garoto...

Chihiro sentiu o peso da cabeça e a tontura.

– Ele está sendo controlado? – Ela perguntou com o olhar fixo no chão.

Harumi grunhiu um pouco, com a dor dos machucados e para surpresa de Chihiro, mexeu a cabeça negando o controle.

– Apenas o corpo dele – Ela esclareceu – A alma, está presa em algum lugar obscuro, que teremos que encontrar...

O aperto no coração de Chihiro era tão forte, que a garota não soube dizer, como não desmaiou. Apenas olhou para direção que Haku fora, esperando conseguir salvar sua alma.