Trouble escrita por Rafa


Capítulo 5
Capítulo 5 - Volte para mim


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente ^^
Último capítulo de Trouble para vcs....
Espero que gostem
Boa leitura



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Capítulo 5 – Volte para mim

Querido Ichigo

Me sinto a mais patética das mulheres ao lhe escrever mais uma vez após tanto tempo. Sei que podia ter apenas confrontado meus sentimentos e seguido em frente, sem precisar te incomodar, mas sou fraca.

E a cena toda de anos atrás novamente volta a minha cabeça. A primeira vez que te escrevi não esperava nada e ainda continuo assim.

Preciso apenas desabafar ou temo que essa situação entre nós perdure para sempre. Então...

~~~~

Era engraçado como o destino parecia dar voltas e mais voltas com minha vida. Toda aquela cena parecia um enredo mal escrito de drama. Drama esse que minha vida havia se tornado do dia para noite. E eu só queria saber onde tudo aquilo iria me levar.

Parado a minha frente, Abarai Renji estava sério a me encarar.

O homem que eu devia odiar, mas, também agradecer. O homem que tomara tudo de mim, enquanto vivia alienado sem saber de nada. O homem que me impedia de ter o que julgava ser meu. O homem o qual Kai chamava de pai e Rukia, de marido.

— Kurosaki Ichigo. — Sua voz nada amistosa espalhou uma onde de tensão entre nós. — Precisamos conversar!

Ainda sem entender como tudo havia me levado até aquele momento, respondi:

— Sou todo ouvidos.

Sua expressão mal humorada denunciou toda sua frustração com a situação a qual estávamos expostos e segundos de silêncio se arrastaram junto a nós.

— Você a ama?

Meu cérebro parecia ter se transformado em gelatina de uma hora para outra, pois não conseguia compreender o sentido ou, o significado daquela inusitada questão.

— O quê? — indaguei.

— Rukia? Você ainda a ama? — A irritação estava clara em seu tom de voz.

De todas as ações e perguntas que Abarai Renji poderia me fazer, essa a última em minha lista. Não conseguia compreender o que ele queria tirar daquela situação.

— Sim — declarei, finalmente. Não queria fraquejar em sua frente.

Ali eramos nada mais, nada menos, que dois homens que amavam a mesma mulher, e nenhum parecia querer perder aquela luta por ela. Pelo menos era isso o que eu pensava.

Seus olhos encararam os meus, parecendo querer medir a veracidade de minhas palavras e então, como se o finalmente a dadiva da compreensão me fosse entregue, consegui enxergar a dor da perda em suas irises.

Não sabia como, mas, Renji estava desistindo de lutar.

— Espero que sejam felizes.

Suas palavras sinceras ainda ecoavam em minha mente quando o mesmo me dava as costas. Um maldito sentimento de compaixão e agradecimento se apoderou de mim e tudo o que pude fazer foi olhar suas costas se afastando.

— Obrigado — A palavra parecia querer rasgar minha garganta.

— Não fiz por você — foram suas palavras ao, finalmente, desaparecer de meu campo de visão.

Meu coração batia acelerado.

Renji havia desistido, mas quem garantia que Rukia viria a mim? Ninguém.

O que eu deveria fazer?

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(...) então, o que eu deveria fazer? Por onde começar? Não sei. Só sei que quando lhe vi me esperando em nosso lugar mais uma vez, algo dentro de mim se acendeu.

Tentei negar para Renji e para mim mesma, mas estava claro. Esse sentimento que ainda tenho por você estava claro e brilhando em meus olhos.

Tentei sufocar aquilo que crescia em meu peito e acabar logo com minha dor, mas você parecia disposto a entrar em minha vida novamente. Sei que pode parecer egoísmo. Mas...

Não posso aceitar!

Esse amor que tenho por você me destrói e não posso me permitir a isso tendo Kai ao meu lado. Ele precisa de mim por completo e não aos pedaços.

~~~~

O transito da cidade estava barulhento aquela noite, mas eu me mantinha alheio a tudo aquilo. Somente Rukia e Kai ocupavam minha mente.

Ainda não sabia o que fazer para os ter de volta e a longa viajem de regresso para minha casa pareceu voar.

O lugar todo estava mergulhado no mais puro breu quando adentrei a garagem e foi então que tive a certeza de que Inoue já não estava mais ali.

Ela havia partido e estava melhor assim. Mesmo que amasse minha prima, não podia a ter por perto sabendo de seus sentimentos, os quais eu nunca poderia corresponder.

Assim que adentrei a casa, segui para me quarto, onde guardei a antiga caixa com as cartas de Rukia dentro do armário. Já havia lido todas e saber que tinha perdido todo aquele tempo longe de Kai e da morena, doía.

Precisava de um banho e de uma boa noite de sono. Sabia que a conversar que teria com Rukia no próximo dia seria definitiva e precisava mostrar o meu melhor para ela. Precisava deixar claro todo aquele amor que ainda havia guardado em meu peito desde o dia que a conheci.

Sem muita demora, tomei o banho e cai na cama, esperando que o sono logo me levasse, desejando que a noite passasse o mais rápido possível.

~~~~

O amor que um dia tivemos, nunca mais será o mesmo. Não adianta nos iludirmos.

Tudo na vida tem um fim e esse foi o nosso fim, Ichigo.

Me perdoe.

~~~~

Pesadelos sobre a partida de Rukia torturavam minha mente, enquanto a campainha da porta tocava, enlouquecida, fazendo-me acordar atordoado.

Mesmo com aquele maldito som a me incomodar, agradeci a quem estava na porta. O pesadelo que tinha era ainda pior que o som agudo da campainha.

Perder Rukia em sonho era tão doloroso quanto a perder na vida real!

Corri apressado de encontro a porta, abrindo-a rapidamente para dar de cara com Kuchiki Hisana.

Seus cabelos negros, quase como os de Rukia, estavam bagunçados e seus olhos pareciam vermelhos e inchados de tanto chorar.

Algo estava terrivelmente errado ali!

— O que houve, Hisana-san...?! — foi tudo o que consegui dizer, sentindo meu coração doer.

— Não temos tempo, Ichigo-san. Vamos! Se apresse! — suas palavras se atropelavam com urgência.

— O que houve? — repeti.

— Não há tempo. Por favor — suplicou, com os olhos cheios de lágrimas.

— Certo. Aconteceu algo com Kai?

— Não. É a Rukia. Ela está fugindo novamente.

~~~~

Eu estou fugindo!

Estou fugindo de você. Desse sentimento que me corroí. De Renji, que já não pode mais ficar ao meu lado. E, por fim, estou fugindo de mim mesma.

Não espero que me compreenda e sim, que respeite minha decisão.

Seu relacionamento com Kai ainda ocorrerá, só peço que espere com que meu advogado entre em contato e tudo será regularizado.

Não quero criar mais problemas para nós!

Espero que siga sua vida e que encontre outra pessoa.

Abraços.

Kuchiki Rukia

~~~~

— Não....

Imagens do pesadelo que antes me atormentava, voltou a minha mente.

Rukia estava me deixando mais uma vez e um sentimento de impotência me corroía. Eu não podia perdê-la mais uma vez, porém, meu cérebro parecia incapaz de pensar em uma saída para aquela situação.

— Por favor, Ichigo-san. Não há tempo! — o tom urgente de Hisana me fez voltar a razão.

Eu estava fraquejando e não podia me permitir a isso.

— Para onde ela foi? — perguntei em um fio de voz. Ainda me sentia atordoa, mas aquilo não me pararia.

— Ela foi para o aeroporto, seu voo sai as onze.

— Obrigado — falei, correndo para dentro da casa, a fim de trocar o pijama por algo mais decente.

Vesti a primeira roupa que encontrei pela frente e voltei para junto de Hisana, que ainda esperava a minha porta com um pequeno envelope nas mãos.

Ainda havia mais uma carta.

— Rukia — um bolo se formou em minha garganta, mas me mantive firme.

Ela estava dizendo adeus, mas eu não aceitaria aquilo.

— Ichigo-san... Ela me entregou essa carta hoje de manhã e me pediu para lhe entregar depois que o avião já houvesse partido, mas não posso.... Não de novo... Ela merece ser feliz.

— Eu sei, Hisana-san. Obrigado — falei pegando o envelope, sem abri-lo. — Eu estou indo.

— Boa sorte — sorriu.

Em um ato mecânico, corri em direção ao carro, ligando-o apressado. Eu tinha quase duas horas para chegar até o aeroporto, um tempo consideravelmente grande, mas se o transito não estivesse a meu favor, aquilo poderia não ser o suficiente.

Dirigi o mais rápido que pude, sem me importar com as multas que poderia ganhar, ter minha família de volta era o mais importante no momento.

Já estava na metade do caminho, quando um grande engarrafamento se ergueu a minha frente, acabando com minha onde de sorte, ainda faltavam uma hora e meia para ela partir e aquilo fazia meu peito doer.

Apertei o volante com força, olhando para o lado em busca de uma saída e foi só entanto que meus olhos foram atraídos para aquele pequeno envelope branco mais uma vez.

Sem pensar muito, o abri com urgência, lendo seu conteúdo com sofreguidão.

Lágrimas traidoras, escorreram por meu rosto.

Ela realmente estava dizendo adeus e aquilo doeu mais que tudo.

Mas eu precisava ser forte...

Aguentei os longos minutos, no qual fiquei presso naquele maldito congestionamento e depois dirigi feito louco até o aeroporto, estacionando o carro em uma vaga qualquer no estacionamento do mesmo.

Não lembro ao certo como cheguei até o saguão de entrada do lugar, apenas lembro do quão aliviado me senti ao vê-la seguir ao lado de Byakuya, de mãos dadas com Kai em direção ao portão de embargue.

Meu coração parecia querer explodir no peito e o ar querer fugir de meus pulmões.

— Rukia! — gritei sem me importar de atrair todos os olhares para mim.

Ela era minha única preocupação no momento.

Ao som da minha voz, seus belos olhos azuis, encontraram-se com os meus e nada mais parecia existir a nossa volta.

— Ichigo? — seus lábios se moveram em um sussurro mudo.

— Senhor, devo pedir que me acompanhe — ouviu uma voz grossa soar atrás de mim, seguido por uma forte pressão em meu braço esquerdo.

O homem fardado como segurança me olhava com um ar sério.

— Eu não posso — declarei sem desgrudar os olhos de Rukia e Kai, que caminhavam em minha direção junto de Byakuya. — A mulher da minha vida está querendo partir.

Afrouxando o aperto, o homem falou:

— Seu carro está estacionado num vaga para deficientes, não demore muito aqui e sem mais gritos.

Sem muita demora, o homem se foi após dar seu aviso.

— Você é louco — acusou a morena ao cumprimentar o oficial, que passou por ela. — O que faz aqui? — finalizou

— Vim te devolver isso — falei, puxando o envelope que havia guardado em meu bolso.

— Droga, Hisana-nee — ouvi ela sussurrar.

— Olá, tio do cabelo laranja — Kai se pronuncio pela primeira vez, atraindo minha atenção.

— Olá, Kai. Como vai? — saudei, sorrindo ao bagunçar os cabelos castanhos de meu filho.

— Vou bem. Eu e mamãe estamos indo para casa. Veio se despedir? — sua curiosidade era visível em seu rosto infantil.

— Não. Vim buscar vocês...

— Rukia, vou levar o Kai para comer alguma coisa — avisou Byakuya, interrompendo-me e levando o menino para longe de nós.

— Ichigo, não. Isso não vai nos levar a lugar nenhum — começou Rukia ao vê-los se afastar.

— Não, Rukia. Eu que digo não. Você já se foi uma vez, sem nem ao menos se despedir corretamente e agora, que tenho a chance de dizer como me sinto, não posso deixar que vá — as palavras saiam atropelas e eu não conseguia nem respirar. — Eu te amo tanto... Tanto que chega a doer. Eu não posso te obrigar a ficar, mas você também não pode me obrigar a desistir de você, ainda mais, sabendo que você também me ama...

— Eu... Eu...

— Rukia, se você for agora, não importa como, eu irei atrás. Então, por favor, me dê uma chance. Uma chance de amar você e nosso filho — minha garganta queimava e eu podia ver que Rukia segurava as lágrimas, assim como eu. — Volte para mim....

— Não sei se isso vai dar certo — Rukia respondeu com a voz rouca e lágrimas a manchar sua pele macia.

Esperei paciente que ela continuasse, mas um silêncio doloroso caiu entre nós. Sabia que ela tinha a escolha de partir ou ficar e eu iria permanecer ao lado dela nos dois casos, mas uma insegurança se instalou dentro de mim. A rejeição ainda me assombrava.

— Não sei se estou fazendo o certo, amar você doí e me faz mal... — ela enfim começou, tirando-me de meus pensamentos. — Mas, sei que o tempo que fiquei longe de você também não me fez bem, então, eu...

Eu não precisava ouvir mais nada, sua resposta já estava clara para mim, então simplesmente colei meus lábios aos dela, em um beijo afoito.

Meu coração parecia querer explodir no peito, enquanto sentia sua pele macia ao alcance de minhas mãos.

— Não faça eu me arrepender disso — ela sussurrou com os lábios ainda colados aos meus.

— Nunca....

~~~~

Yo, Rukia

Como vai você?

Faz dias que venho pensando sobre como lhe fazer esse pedido e como hoje faz um ano e cinco meses que estamos juntos; decidi escrever essa pequena carta.

Sei que não passo um dia sem dizer que te amo, mas as vezes penso que isso não é o suficiente para agradecer a felicidade que você me proporciona á cada hora.

Tenho certeza que sou o homem mais feliz do mundo e isso graças a você e nosso filho.

Não consigo mais pensar em uma vida sem vocês e é por isso que, através dessa carta, venho lhe pedir que passe o resto da vida comigo...

Acho que você já entendeu aonde quero chegar, não é?

Então, aceita casar comigo?

~~~~

— Papai... Papai... — a voz de Kai soa pelo quarto, ao pular na cama, me acordando. — Ela encontrou... Ela achou a carta...

A urgência em sua voz me fez sorrir.

— Eu tentei esconder bem, mas ela achou...

— Não se preocupe, Kai. Tudo vai dar certo.... — sussurrei, bagunçando seus cabelos.

— Ichigo, Idiota — ouvi Rukia gritar do corredor, com um sorriso bobo em minha face.

— Bom dia, meu amor.... — comecei ao vê-la passar pela porta, mas logo fui interrompido por ela, que pulo na cama, junto de mim e Kai, com lágrimas nos olhos.

— Você é um romântico idiota — ela sussurrou em meu ouvido.

— Eu também te amo. E qual é a sua resposta?

— Sim. Sim. É claro que a resposta é sim — ela gritou, rindo e beijando meus lábios.

— Eca! — reclamou o Kai, nos fazendo notá-lo. — Se eu soubesse que a mamãe ia ficar assim, teria escondido a carta melhor...

Suas palavras emburradas nos fizeram rir.

Sem dúvida, eu era o homem mais feliz do mundo....

~~~~

OBS: Como não sabia como te entregar essa carta, pedi a Kai para escondê-la, espero que ele não seja tão criativo para encontrar esconderijos, quanto é para desenhos, se não teremos um problema.....

Aguardo ansiosamente sua resposta.

Beijos e te amo.

Ichigo Kurosaki.


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Notas finais do capítulo

E então? Espero que tenham gostado... Estou pensando em escrever um Epílogo, o que acham?
Digam...
Bjus



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