Uma noite inteira se passou para Sam Winchester na companhia do anjo Castiel. Para ele, estar na presença do anjo sem seu irmão era sempre constrangedor. Cass ficava sentado na poltrona olhando fixamente para a tela onde passara três episódios de Game of Thrones e depois variados filmes. Com a insistência de Castiel em esperar Dean chegar da festa para contar o que havia acontecido, Sam não teve outra opção a não ser sentar e explicar a serie para o anjo. Quando finalmente o relógio indicou que eram oito da manhã, seu irmão chegou. A jaqueta de couro nos ombros, arranhados na parte de trás do pescoço juntamente com batom vermelho. E obviamente, aquele sorrisinho no rosto. Ele se surpreendeu com Cass ali.

– Cass? – ele disse jogando a jaqueta em sua cama. – O que faz aqui?

Sam se levantou e foi em direção ao irmão.

– Com quem você estava? – ele disse. – Samantha? Você não devia se envolver com ela. Imagine se ela confunde tudo e se decepciona com você? Aonde iríamos dormir?!

Dean deixou um riso escapar.

– Tudo sobre controle, Sammy – disse. – Ficaria impressionado com o quanto Samantha é fria.

Cass foi para o lado de Sam.

– Sam tem razão, Dean. – ele disse. – Em uma cidade como essa, não se pode confiar em ninguém. Seres sobrenaturais circulam por essas terras o tempo todo.

– Essas terras? – Dean zombou. – Samantha não é nenhum "ser sobrenatural". Ela é tão...

Castiel franziu a testa.

– Cabelos longos e ondulados cor de mel, olhos da mesma cor, esbelta. Ela possui um estilo de vestuário bem... particular? – Cass falou aquilo tudo muito rápido.

– Como... – Sam disse. – Ela...

– É uma vampira. – Cass disse e os dois arregalaram os olhos.

– Era isso que eu queria dizer. Uma caçadora está sendo mantida cativa dessa mulher. Acredito ser sua Rammona Carter. Não sei como vocês dois não notaram...

* * *

Após Samantha colocar seu fone de ouvido, ninguém seria capaz de aborrecê-la naquela manhã. As musicas escolhidas eram aquelas que ela aprendera bem a gostar nos anos 60. Seu amigo a ensinara bem, mesmo dentro das circunstancias estranhas que viviam naquela época, ele a ensinara a dançar, e a fumar. Nunca, jamais se esqueceria do sorriso de Kit Walker.

"I Feel The Earth Move" tocava animadamente em seu fone quando chegou à casa dos Salvatore. Damon não devia estar de bom humor, considerando que Elena dormira com Stefan naquela noite. Ele sabia disfarçar na frente dos outros, porém Samantha o conhecia bem demais. Para sua surpresa a porta estava encostada. Samantha entrou se surpreendendo com Roma jogada no sofá.

– Não tentou fugir? – Samantha jogou o celular no sofá. Ela sorriu. – Ordem e Progresso, não é?

– Isso não é da bandeira de algum país subdesenvolvido? – ela disse. Samantha deu de ombros e foi até a mesinha onde Damon deixava seu whisky.

– Acontece que eu gostei muito daqui – respondeu a caçadora, arrumando o cabelo curto.

Samantha ergueu uma sobrancelha e Roma revirou os olhos.

– Só sei que não posso fugir – ela disse se levantando.

– Por que eu não pensei em hipnose antes? – Sam disse tomando um gole.

– Sam – Roma a chama e a vampira se vira para olhá–la. – Quero dizer que... Eu acredito em você. Sei que esse Castiel é perigoso. Quero te ajudar com esse problema. Você pode ser uma vampira, mas eu sei que não é uma ame aça... não pra mim. Me solta, e eu...

Samantha cruzou os braços em expectativa.

– E você? – a encorajou a continuar.

– E eu te ajudo. A eliminar esse tão temível inimigo.

Samantha sorriu.

– Você irá se mudar para cá. Aonde eu possa manter um olho em você.

Roma deu de ombros.

– Vamos. Eu te ajudo a buscar as malas no hotel.

Com isso, a caçadora fez uma reverência.

– Como quiser, vossa Majestade – ela disse enquanto se dirigia à porta.

O Iratze Hotel não ficava longe da mansão Salvatore. Motivo pelo qual Samantha gostara tanto do terreno na hora de construí-lo. Assim poderia infernizar a vida dos irmãos sempre que quisesse. Já o nome, ela pensara em tantos daquela "espécie" que ela conhecera. Lembrava–se bem das noites em que William Herondale tinha que fazer iratzes na pele alva, por causa de suas lutas diárias. O conhecera em uma taverna, assim como Magnus Bane. E antes da chegada de Tessa Gray a Londres, ousaria dizer que havia quase se apaixonado pelo rude garoto.

Chegaram a frente ao estabelecimento, onde as portas de vidro mostravam a movimentação dos funcionários lá dentro. Mais ao canto, na área com os sofás brancos. Estavam três homens. Dean, Sam e Castiel. Todos com expressões duras no rosto. Olhou para o lado e viu que Roma também parecia surpresa por Dean e Sam estarem com o anjo. Rammona agiu normalmente e Samantha apenas engoliu em seco.

– I feel the earth move under my feet. – cantarolou.