Zodíaco escrita por Milka


Capítulo 4
Lua Nova




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A viagem até Cintra era de trem. Benedict comprou 6 passagens na primeira classe.

— 6 passagens na primeira classe, isto estoura nosso orçamento de transporte em pelo menos uma semana. – Falou Cassie.

— Senhorita Faber, nós temos que chegar em grande-estilo.

— Senhor, chegaremos em grande-estilo, mas sairemos de lá a pé.

— Você está me convencendo. Becker, Vilar e Horn, vocês vão de econômica.

— Mas isso não é justo senhor. – Retrucou Vilar.

— Claro que é justo, as damas devem ir de primeira classe. E eu claro.

Apesar da reclamação Billo acatou a ordem.

— Nos encontraremos em Cintra rapazes. Não aprontem muito.

Já acomodados na classe econômica, Allen não tinha do que reclamar, sempre foi acostumado a uma vida mediana, e não se importava com o luxo, achava essas coisas desnecessárias.

— Aquele cara. Como eu o odeio. Eu fui obrigado a aceitar fazer parte disso. John pode ser bem convincente.

Reclamava Billo, um rapaz muito alto e forte que não tinha muito cabelo. E que apesar de tudo tinha 25 anos.

— Você foi expulso do regimento. O que aconteceu? – Perguntou Allen despreocupado.

— Eu acabei batendo em um superior. Nada de mais, se o cara não tivesse ido para o hospital.

Allen não ficou nem um pouco surpreso.

— E você Donar?

Donar não havia dito nada, apenas olhou para Allen de uma forma ameaçadora.

— Ninguém sabe o que ele fez, só soubemos que ele foi expulso. – Falou Billo.

Donar tinha o cabelo castanho cheio e bagunçado, ele usava roupas negras e era bem mais baixo que Allen, mas tudo nele dizia perigo.

Allen nunca havia ido tão ao norte. Ele nunca havia visto neve. Quando a paisagem começou a mudar ele ficou eufórico. As montanhas do norte podiam ser vistas de lá, tudo era muito arborizado e o ar era bem mais puro do que mais ao sul. Era um lugar bonito e frio.

Chegaram a Cintra depois de 7 horas. A primeira classe desembarcava primeiro. E quando eles se encontraram. Benedict estava com uma grande marca vermelha de um tapa no rosto.

— Parece que eu e a senhorita Faber tivemos algumas diferenças. – Falou Benedict se explicando.

Allen olhou para a moça emburrada que parecia cada vez mais atraente aos seus olhos. Com um cabelo encaracolado dourado e olhos verdes. Ela tinha um corpo monumental, era alta, mas não tanto, ele achou que ela ficava linda com roupas tão sérias.

— Não fique babando muito. Acho que essa ai tem um personalidade bem forte. – Comentou Billo.

— Eu gosto de desafios.

O olhar dos dois se encontraram e Cassie olhou feio para ele.

— Finalmente estamos em Cintra, uma cidade com muito valor histórico. Dizem que a família real se originou aqui. Nunca tive a chance de visitá-la.

Benedict tagarelava quando falava da cidade. Ele não estava mais com aquelas roupas tão extravagantes que as pessoas importantes do Governo usam, agora ele estava parecendo uma pessoa normal.

— Não podemos falar nada sobre essa missão, apenas quero que investiguem. Quero qualquer informação sobre esse rumor. E se virem alguma coisa venham direto até mim.

Cintra era uma cidade de subidas, construída na encosta de uma montanha, ela tem sua economia baseada na criação de caprinos.

Uma cidade muito diferente de qualquer uma de Vaslove. Allen se desviou do centro turístico da cidade e resolveu ir até a região menos abastada.

Vários pastores de ovelhas eram vistos levando seus rebanhos para o alto da montanha.

— Está procurando algo meu jovem? – Um senhor perguntou.

— Sim, na verdade sim.

— Vejo que não é daqui. Você se perdeu? O centro é para lá. – E o senhor apontou.

— Na verdade, eu estou atrás de histórias e lendas.

— Que tipo de historias? Aqui temos várias.

— Ah, é que eu ouvi dizer que em algum lugar aqui as estátuas caminham.

— Isso, não é só uma historia. Isso é verdade. E não é só estatuas, as ovelhas que morrem também se levantam e pastam na madrugada, dizem que até algumas pessoas levantam dos seus túmulos.

Para Allen o velho estava mentindo.

— O senhor tem certeza?

— Claro, pode perguntar para qualquer um. Aqui os espíritos saem à noite para brincar.

— A noite?

— Sim, e hoje é lua nova. Se quer uma prova é só ir até o cemitério, mas não se aproxime muito, esses espíritos não gostam da companhia dos vivos.


Ao contar isso para Benedict, ele traçou um plano. Ele é os três rapazes iriam passar a noite vigiando o cemitério.

Era noite de lua nova, tudo estava escuro. A única iluminação vinha das estrelas.

— Aqui as estrelas são mais visíveis.

— Sim, e olhem posso ver as 12 constelações. Um pouco raro para essa época do ano. Acho que estamos na pista certa.

Todos ouviram um barulho. Um estralo, um galho quebrado. Mas não viram nada.

— Acho que foi um animal. – Falou Billo que já estava tremendo de medo.

Depois ouviram mais estralos. Billo se agarrou em Allen.

— É melhor você me soltar se não os próximos estralos, serão dos seus ossos.

Billo o obedeceu.

Como um covarde desses foi expulso da corporação por ter batido em um superior? – Pensou Allen.

— Eu acho que vi alguma coisa se mexendo.

— Cala a boca, Billo.

Benedict e Allen falaram em um uníssono. Donar continuava quieto.

— O que vocês estão fazendo aqui?

Os quatro olharam de uma vez para trás. Uma criança muito suja estava encarando os rapazes com os olhos bem vidrados.

— Ufa, que susto é só um garotinho.

— Sim, sou só um garotinho.

— Chefe, ele não parecer ser só um garotinho.

— Eu não sou só um garotinho.

— Vá para casa criança.Já está bem tarde. Billo leve-o agora, ele está nos atrapalhando.

— Mas chefe...

— Me obedeça agora.

Billo se forçou a ir.

— Onde você mora garotinho?

— Eu moro aqui.

Billo gritou.

— Você ouviu chefe ele mora aqui.

— Ele só quer te assustar.

Billo pegou a mão do garoto, ela estava fria como gelo. Billo engoliu em seco.

— Vamos para casa.

— A maninha não vai querer que eu saia daqui. Ela me disse que eu não podia sair para brincar como as ovelhas.

Billo tomou toda a coragem que tinha e pegou o garoto no colo, quando ele fez isso ele viu o que estava de errado. O garoto se partiu a ao meio, e suas entranhas infestadas de larvas caíram no pé de Billo.

E ele desmaiou.

Allen não acreditou. Mesmo dividido, o garoto falava.

— A maninha vai brigar comigo, e não vai mais me deixar brincar!

O choro do garoto atraiu mais algumas coisas.

Estátuas estavam caminhando em direção a eles, elas vinham em passos demorados e pesados, arrastando e arrancando tudo o que estava na frente. Elas tinham a forma de adultos e crianças, também se via animais e figuras mitológicas.

— Benedict, acho melhor sairmos daqui. – Sugeriu Allen.

— Não, essa é a nossa chance. Nós precisamos de uma prova. Eu não posso acreditar. Isso é real, alguém está encantando essas estátuas e trazendo os mortos de volta a vida. Precisamos encontrar essa pessoa.


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