Meia noite. Ela acordara com um grito preso na garganta. Tivera mais um pesadelo. Suas asas negras estavam manchadas de sangue. Ela mal podia respirar. Memórias suicidas ainda vagavam pela sua mente conturbada e agora ela perdera todas as suas forças. Seus cabelos brancos lhe cobriam a face. E suas lágrimas queimavam-lhe a pele. Sozinha, ela lamentava-se por ser o exagero do sentir. Queria cortar as asas das borboletas que corriam pelo seu estômago. Não queria mais sentir. Não queria mais ser a vítima. Com um suspiro longo ela assobia para a lua. Vê as nuvens dançando no céu. A escuridão sombria lhe cegava completamente. Ao lado de sua cama, um espelho antiquado repolsava alí. Ela o colocou sobre a janela. Seus olhos negros se escondiam na escuridão. Colocou os cabelos delicadamente para trás. Colocou a mão na sua barriga e pressionou mais forte. Penetrou mais fundo até chegar ao seu estômago. Foi quando retirou de lá uma borboleta azul quase morta. Continuou e de lá retirou 20 borboletas mortas. Olhou para o espelho e cortou o seu sorriso. Ela estava ensanguentada. Guardou suas coisas e deitou no chão coberto de sangue e de borboletas mortas. Suas asas batiam, mas ela não tinha forças para voar. E permaneceu alí deitada, marcada, sozinha, e sem sentir nada.