Sugarfree escrita por Fefe-chan


Capítulo 8
Capítulo 8: "Echo Hemorraging Tumor"


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, eu gostaria de pedir mil desculpas a todos que acompanham minha história. Eu sei o quão é horrível quando um autor para de dar updates.

Gostaria apenas de explicar o porquê de tanta demora... Primeiro, estava no terceiro ano e estudando para o vestibular, depois o próprio vestibular me consumiu até ser engolida viva pela dúvida de ter ou não passado para a universidade que desejava!

Até pensei em escrever, mas sentia que não conseguiria um trabalho satisfatório tanto para mim mesma, quanto para vocês que acompanham minha fanfic e deixam reviews tão carinhosos!

Bem, agora são só flores! Passei para o segundo semestre na UFRJ em Engenharia e estou super feliz da vida! Já é 3:30 da madrugada, mas hoje assisti Death Note (dublado pelo meu querido Guilherme Briggs) e quando o L disse: "Vai se danar, Kira!", me senti tão inspirada que tinha de escrever! Estou escrevendo desde as 22:30 (Quando acabou Death Note) e finalmente cheguei aonde queria com esse capítulo.

E para animar, aviso que já deixei parte do próximo capítulo pronto e sinto que conseguirei seguir uma rotina de escrita descente dessa vez!

/o/

Agradeço a todos que, apesar de já fazer mais de 1 ano, estão aqui lendo o meu próximo capítulo!

Então podem se sentar e espero que se divirtam!



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Capítulo 8: "Echo Hemorraging Tumor"

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L gostava de refletir sobre seu relacionamento com Sumire, e como se aprofundava a cada dia que se passava. Parecia que fora ontem quando ele sentira suas mãos pequeninas pela primeira vez, deitado naquele quarto gelado e doente como jamais esteve.

Talvez não tivesse passado uma boa primeira impressão, porém conseguira manter contato com ela mesmo após curado, e desde o dia em que voltaram a se falar a intimidade entre os dois se tornava cada vez maior. Passavam a almoçar juntos quando ela era liberada do hospital, e nos finais de semana livres estavam sempre juntos, fosse assistindo um filme ou apenas aproveitando a companhia um do outro.

De vez enquando, o detetive se perguntava se jamais tivera alguém tão próximo além de Watari. Desde que se lembrava fora sozinho, e nunca sentira necessidade de estar com alguém. Ele entendia, de certa forma. Afinal, nunca soubera a sensação.

Essa era uma das poucas coisas que compreendera sobre seu relacionamento com Sumire. Se tornara dependente dela, e isso obviamente o preocupava, porém descobrir que o mesmo ocorria com ela durante uma conversa o deixara com um estranho sentimento de realização. O porquê disso? Mais uma das perguntas das quais ele desconhecia a resposta.

Afastando os pensamentos abstratos de sua mente, decidiu voltar à realidade. Estava sentado com Sumire em uma das mesas do bar cujo nome ele nem fazia idéia. Não era um local que frequentaria normalmente, porém, não era de todo ruim. Tinha um semblante elegante por dentro, com uma pouca iluminação e pessoas mais refinadas, sentadas em mesas de metal ou no balcão extremamente limpo. Era bem diferente dos bares imundos e mal encarados que via nos filmes que Sumire alugava.

Ele próprio se mostrava apresentável: Terno preto, camisa social, calças combinando e um sapato belamente lustrado por conta de Watari. Já a aparência física fora melhorada por Sumire, que o apresentara ao bom e velho ‘gel’ e ‘colônia’, além de uma leve base no olho para esconder as olheiras que, apesar do tratamento em progresso, ainda se destacavam em sua pele clara. Pessoalmente, ele não apreciava ter de se sentar como uma ‘pessoa civilizada’, como diria Sumire, nem seus pés aprisionados naqueles calçados desconfortáveis, mas era tudo pelo bem da boa experiência de campo.

Quanto a própria médica, L tinha de admitir que estava com uma ótima aparência. Claro que ele a preferia sem aquela maquiagem, por mais leve que fosse, mas o vestido verde escuro lhe caia muito bem e, além de acentuar suas curvas e proporções, trazia a tona seus olhos esmeralda. Até hoje L não entendia o motivo de Sumire mandar-lhe mudar de canal enquanto assistia ‘Tim Gunn, guru de estilo’. Não era para ele aprender quando algo ficava bem no corpo, ou não?

Junto com eles nas mesas conectadas estavam pelo menos umas quinze pessoas, todas médicos. Muitos eram sérios e profissionais, mantendo compostura, enquanto os estagiários mostravam sinais de entusiasmo, excedendo na bebida ou partindo para o ambiente de dança no andar de cima.

Sumire, obviamente, estava acompanhada dos mais competentes senhores, conversando polidamente às vezes ou trocando elogios. L compreendia que aquilo tudo era imprecindível para uma convivência harmoniosa no ambiente de trabalho, afinal, por experiência própria sabia que quanto maior a estabilidade emocional de uma equipe, melhor seu desempenho, seja mantendo a vida de pessoas através da medicina, ou da prisão de fugitivos sociopatas.

Infelizmente, enquanto Sumire lidava com a situação perfeitamente como um membro da sociedade, L se comparava a um macaco ao tentar manter uma conversa com qualquer um que tomasse a iniciativa. A doutora tinha de ajudá-lo várias vezes, tachando a inabilidade social do detetive de timidez, e isso não fazia de L um homem mais feliz.

‘Bem...’ Ele pensava. ‘Pelo menos estou tendo aulas de comportamento ao ar livre, desta vez.’ Com isso, ele se lembrou de Watari lhe passando videos direcionados a crianças de 4 anos. Sumire era certamente uma melhor professora do que aquele Dinossauro Roxo, pelo menos ela não cantava aquela música piegas que não deixava a memória de modo algum. ‘Amo você, você me ama...’

“Sumire-chan!”

No mesmo instante, L acordou de seus pensamentos e notou um homem se aproximar da mesa sorridente. Sem cerimônia alguma, o estranho colocou a mão sobre o ombro de Sumire que, para a surpresa do detetive, não parecia se incomodar.

“Ohayo.” O homem cumprimentou, recebendo um olhar de reconhecimento e um curto sorriso da médica.

“Demorou, Fujisaki.” Ela comentou, demonstrando certa intimidade com o estranho e trazendo curiosidade aos olhos de L. Afinal, nunca vira aquela expressão no rosto dela.

“Acabei cochilando... O turno da noite está me matando!” Ele explicou, logo reparando no jovem que o encarava ao lado de Sumire e se assustando um pouco. Afinal, como ver L pela primeira vez e não achá-lo esquisito?

O dito ‘Fujisaki’ parecia extremamente incomodado com o olhar estático que L lhe mandava, principalmente à sua mão que permanecia no ombro da médica.

“Er... Sumire, você conhece esse cara aí?” Ele perguntou baixo, como se assim não fosse ser ouvido pelo estranho.

“Ah, esqueci de apresentá-los. Este é Ryuuzaki, meu amigo.” Logo, ela se tornou a L com um sorriso de desculpa. “Ryuuzaki, este é Fujisaki. Meu colega de trabalho e amigo de longa data.”

L não se ergueu, ou ofereceu a mão. Apenas acenou com a cabeça e cumprimentou. “É um prazer.”

Fujisaki piscou um pouco incrédulo, mas repetiu o movimento e se tornou a Sumire desconfiado. Ele quase não acreditou com o olhar de orgulho que ela mantinha pela atitude daquele jovem tão esquisito. Parecia que o simples cumprimento fora como um primeiro passo de um bebê para o orgulho da mãe.

Não entendendo mais nada, sentou-se ao lado de Sumire e pediu uma bebida. Em seguida, iniciou uma conversa descontraída.

“E então? A quanto tempo se conhecem?”

“117 dias.” L respondeu imediatamente, fazendo Fujisaki quase pular da cadeira.

“Ryuuzaki, normalmente não falamos dessas coisas com tanta precisão.”

“É errado?”

“Apenas incomum. Tente arredondar.”

“3,9 meses.”

“Sem decimais.”

“Devo arredondar para cima? Isso não é nem um pouco preciso.”

“Tente.”

“Certo. Aproximadamente 4 meses.”

“Muito melhor agora.”

Tentando se recuperar daquela conversa extremamente alienígena, Fujisaki notara algo. Quatro meses? Fazia mais ou menos esse período de tempo que Sumire começara a se empenhar em um caso que considerava importante. E já fazia dois meses que ela começara a agir de modo muito estranho. Seria aquele garoto a causa de tudo aquilo?

Não, não era possível.

Bebendo um gole de sua vodka, decidiu observar aquele garoto atentamente. Não permitiria, de maneira alguma, perder a presença de Sumire por mais que um almoço e algumas noites livres.

Após algum tempo, Sumire foi conversar com conhecidos do outro lado do bar e deixou Ryuuzaki e Fujisaki sozinhos. Aquela era a deixa que o médico esperava.

“E então... Ryuuzaki, certo? Engraçado, nunca tinha ouvido Sumire falar de você.”

L não gostou de como a fala do outro soou, mas não entendia exatamente o porquê. Decidiu deixar de lado, e manter-se socialmente apto, como deveria.

“Também não me recordo do seu nome.” Respondeu simplesmente, não notando o ódio que fervilhava dentro do homem com quem conversava.

Fujisaki decidiu-se por outro método de abordagem, o ‘cara legal’.

“Vejo que não está muito acostumado em reuniões como esta.” Estava tão na cara que dava até pena comentar.

“Na verdade, é a primeira vez que saio assim.”

“Primeira vez?!” Tá, talvez Fujisaki não esperasse tanto. Bem, o que ele tinha a perder? Era hora da ação. “Então Sumire deve estar te ajudando bastante.”

“É verdade, devo muito a ela. Se não fosse por Sumire, provavelmente não estaria aqui, agora.”

“Estou vendo... Bem, farei o seguinte: Como está óbvio que você é um grande amigo de Sumire, vou te ajudar, também!”

L se tornou a ele interessado, colocando o polegar contra os lábios.

“Mesmo?”

“Claro! Assim, Ryuuzaki-san pode também ser meu bom amigo.”

“Oh... Mais um amigo...”

Enquanto L comemorava internamente por ter conseguido um novo amigo, Fujisaki sorria malignamente.

‘É como tirar doce de uma criança...’

“Então, vejo que ela já te mostrou muito! Mas é óbvio que ainda está muito preso, Ryuuzaki! Não está relaxando.”

“Relaxando? Bem, eu não consigo neste ambiente.”

“Pois eu tenho a resposta!” E com isso, Fujisaki pegou uma bebida que o garçom lhe servia e passou para L.

Este, num misto de sensações, levou a bebida a boca e tomou um gole. Na mesma hora, começou a tossir conpulsivamente e Fujisaki teve de tirar o copo dele para que não quebrasse.

“Que gosto horrível!” L comentou, tossindo mais. “Amargo... e arde! Porque alguém beberia isso?”

“Bem, é o preço para conseguir relaxar.” Fujisaki comentou, tomando sua própria bebida em um só gole. “Ah! Um homem de verdade tem de ter tolerância à álcool.”

L pareceu refletir, o polegar sempre pousado nos lábios.

“Sumire me pediu para que não tomasse álcool. Que faz mal ao fígado e ao ego. Pesquisas apontam que o álcool é causador da maioria dos problemas da sociedade.”

Bingo! Se informação era a fonte daquele cara, então informação seria, também, sua maior fraqueza.

“Como médico, posso afirmar com toda a certeza que um pouco de álcool não é capaz de trazer mal. Está comprovado que muitas populações isoladas da Europa, que consomem muito vinho, vivem mais e com mais lucidez que a média da população mundial.”

“Interessante...” L comentou entusiasmado, batendo os sapatos uns nos outros pela obtenção de nova informação. “Sumire não havia me dito isso...”

‘Claro que não, porque não está comprovado se a causa é mesmo a bebida, seu metido a inteligente!’ Fujisaki pensou vitorioso, tomando outra dose para confirmar sua teoria. “Eu compreendo que não esteja acostumado com bebidas fortes. Podemos começar com algo mais doce e leve, como uma batida.”

“Uma bebida alcoólica doce? Será que teria de...” L pensou, enquanto sorria levemente. “Morango?”

“Oras, mas é claro! Deixe-me ver o que tem no menu.” Após decidir pela batida de morango com maior teor alcoólico, chamou o garçom. “Homem, vê se me traz uma ‘Echo Hemorraging Tumor’!”

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Sumire voltou à sua mesa original com um leve sorriso no rosto. Encontrara um grupo de amigos do colégio e ainda estava mergulhada em uma atmosfera eufórica. Porém, toda aquela animação fora engolida ao se deparar a cadeira vazia de L. Teria ido ao toilet? Talvez, mas seria mais provável que fosse ao dito aposento para tirar os sapatos e massagear os dedos como fizera dentro do carro. Obviamente, a reação dela no momento fora de repreensão, comentando que não eram modos corretos, mas não conseguira deixar de rir ao ver a expressão de alívio do detetive ao sentir seus pés contra o ar gelado do carro.

Retornando a realidade, voltou-se a Fujisaki para tirar algumas dúvidas e se surpreendeu ao vê-lo tão feliz, mas uma espécie de felicidade sádica que Sumire conhecia muito bem no roto dele, e com a qual já tivera de lidar algumas vezes.

“Onde está o Ryuuzaki?” Ela perguntou enquanto se preparava para sentar ao seu lado, curiosa com o odor de liquor que empestiava o local.

“Ele disse que ia embora.” Respondeu simplesmente, fazendo-a parar meio caminho de se acomodar.

“Como assim, ‘disse que ia embora’?”

“Ué, ele tem todo o direito. Afinal, você saiu correndo para conversar com seus ‘coleguinhas de infância’ e o deixou aqui comigo.”

“Agora você está falando por você mesmo.” Ela o conhecia muito bem. Estava na cara que aquelas palavras tinham saído dos pensamentos ciumentos do próprio Fujisaki, que não suportava ser ignorado nem por um instante. “Agora me diz, ele falou para onde ia?”

“Sumire, pelo amor de Deus! O garoto tem pernas e é maior de idade! Só não é muito normal, tentei falar com ele diversas vezes mas não consegui. Parece que vive em outra realidade.”

Bem, aquilo era verdade. L nunca foi a pessoa mais sociável, mas fora exatamente por isso que o trouxera para aquela festa! Até deixá-lo à sós com os outros convidados fora parte do plano, ela pedira para seu ex-paciente tentar se enturmar enquanto saia por alguns minutos. E mesmo que ele tivesse se cansado de esperar, ela sabia que o máximo que aconteceria era ele se sentar entediado e esperar por ela durante os curtos 20 minutos que estivera fora.

“Pra falar a verdade, nem sei por que ficou amiga desse cara. Quero dizer, olha pra ele! Anti-social, metido a inteligente e imprevisível.”

Agora, sim, Sumire estava ligando as coisas. Era provável que seu colega de trabalho tivesse alguma culpa naquela estranha atitude de L. Teria dito algo indesejado? Ou manipulado alguma situação constrangedora? Neste exato momento, a doutora se sentia muito culpada. Ela sabia do que Fujisaki era capaz para conseguir monopolizar alguém, e mesmo assim fora inocente e deixara seu amigo inábil sozinho com ele!

Bufando e passando a mão pelos cabelos, a médica pegou suas coisas e começou a se despedir dos companheiros de trabalho.

“Sumire-chan, aonde vai?”

“Perdi o ânimo e não acho que seria uma boa companhia pelo resto da noite.”

Antes de sair, Fujisaki caminhou até ela.

“Então ao menos me deixe te dar uma carona! Não tivemos nem a chance de conversar.”

“Não, obrigada. Eu prefiro ir sozinha.” Ela respondeu delicada, abraçando-o levemente em despedida. Aproximando os lábios do ouvido de Fujisaki, deixou suas últimas palavras. “Quando você aprender que não é dessa maneira que vai conseguir o que quer, me ligue para marcarmos de sair e conversar.”

Ele permaneceu em silêncio. Sumire era uma mulher esperta, e obviamente descobrira que ele estava por trás de tudo. Dando-lhe um beijo na bochecha, sorriu e deu um passo para trás.

“Mal posso esperar.”

Deixando o lugar, Sumire começou a se perguntar se L realmente fora embora, e sabia que se ele o tivesse feito, não conseguiria contatá-lo até receber alguma ligação dele, ou de Watari.

No intuito de deixar aquele local deserto e caminhar até o outro lado do quarteirão para pegar um táxi, reparou na figura que se mostrava agachada no canto da porta. Ela sabia exatamente quem era, e pôde suspirar aliviada enquanto caminhava até ele.

L se sentava de seu modo particular. Tinha os pés em contato com o chão, sapatos deixados ao seu lado, e o terno amarrado na cintura. Sumire pôde reparar nos botões abertos nas primeiras três casas, deixando parte do tórax do detetive nu, mas o que mais a surpreendeu foi a coloração rosada do seu rosto e a falta de foco do seu olhar.

“Ryuuzaki...” Ela chamou, se aproximando mais do amigo. “Fujisaki disse que você tinha ido embora.”

“Eu precisava de... um pouco de ar fresco...”

Ele se ergueu cambaleante com os sapatos em mão, e a médica precisou segurá-lo pelo braço livre para ajudá-lo a manter o equilíbrio. De imediato, ela sentiu o bafo de bebida e quase todo o peso de L contra ela. Ele parecia grato pelo apoio enquanto tentava reajustar o próprio equilíbrio.

“E também, não seria cavalheiro... deixar uma dama ir sozinha... para casa.”

Enquanto caminhavam lenta e cambaleantemente, Sumire decidiu fazer algumas perguntas para ver o quão L havia sido afetado pela bebida.

“Eu não tinha te pedido para não beber, Ryuuzaki?” Ela perguntou calmamente, esperando assim deixá-lo mais confortável.

“Sim, mas Fujisaki-san havia sugerido alguns drinques para... ‘relaxar’.” Ela bufou irritada. Se não tinha certeza de que o médico estava envolvido, ali estava a sua prova. “Não lembro de tê-la ouvido dizer... que o álcool era tão benéfico à saúde.”

“É por que não está comprovado, Ryuuzaki. Há muitos outros fatores que poderiam influenciar em experimentos desse tipo, além de que seu estado agora prova minha teoria de que faz mais mal do que bem.”

“Faz sentido...”

Ele pareceu pensar por alguns instantes, ou apenas descansar, ela não tinha certeza, enquanto deitava a cabeça contra seu pescoço.

“Me diga, o quanto você bebeu?”

A resposta demorou alguns segundos para ser formulada.

“... Uns... 2 copos daquele... ‘Echo Hemorraging Tumor’.” Ele disse, antes de soltar uma leve risada. Aquilo foi mais chocante para Sumire do que qualquer problema motor ou de dicção do detetive. Não se recordava de ouví-lo rir daquele jeito tão... infantil. “Que nome engraçado...”

Ela suspirou um pouco aliviada. O detetive tinha uma quantidade segura de álcool no sangue para alguém que nunca ingerira bebida alcoólica. Não o suficiente para fazê-lo desmaiar, mas também não tão pouco para poupá-lo de uma futura ressaca. Ela já estava começando a achar que não passaria por nenhuma situação perturbadora com um L bêbado até que ele abrira a boca.

“Você ama o Fujisaki-san?”

Ok, talvez ela tivesse sido um pouco otimista ao pensar que o álcool não teria esse efeito, e que Fujisaki não tivesse feito mais do que oferecer-lhe alguns drinques.

“Daonde foi que você tirou isso?”

“Ele disse.” L respondeu, pendendo mais a cabeça contra o ombro dela em sinal de cansaço. “E também disse que... já estiveram juntos.”

Sumire respirou fundo e decidiu parar um pouco. Afinal, haviam finalmente chegado ao outro lado da esquina onde seria mais seguro pegar um táxi, e onde encontrara um degrau muito convidativo. Sentando L calmamente ao seu lado, foi capaz de descansar um pouco e pensar no melhor modo de explicar algo tão complicado para seu amigo.

“Eu quero que você entenda uma coisa, Ryuuzaki. Está coseguindo me ouvir?” Ele balançou a cabeça afirmativo, agora se apoiando quase que totalmente em Sumire, derrotado pelo sono. “Relacionamentos de qualquer tipo são coisas muito complicadas. É impossível fazer o outro sentir o mesmo que você, afinal, ninguém é igual. Há prioridades e valores diferentes, você entende?”

“Uhum, como amigos.”

“Sim, como amigos. Mas quando se trata de questões amorosas, tudo se complica mais.” Ela explicou, olhando para o céu que começava a nublar. Será que algum táxi apareceria logo? “Por exemplo, enquanto um pode querer ter um relacionamento duradouro, o outro pode não querer se envolver demais. Às vezes demora um tempo para se perceber o que realmente se sente pela pessoa, e quando se dão conta, podem agir de formas impensáveis só para conseguirem o que querem.”

L ergueu a cabeça e a fitou nos olhos, como se assim computasse melhor o que ela acabara de dizer, e até visse mais do que ela queria expôr.

“Então quer dizer que... ele percebeu que gosta de você depois de estarem juntos? E que você não sente o mesmo?”

Ela se surpreendeu com a capacidade de dedução de L neste estado deplorável. Antes, mesmo sóbrio, ele não teria a capacidade de chegar a uma conclusão tão plausível, provavelmente entenderia que Fujisaki queria se casar e ela, namorar. Mas parece que todos aqueles filmes e conversas que tiveram teriam surtido um efeito melhor que o esperado. Agora ela estava até orgulhosa de si mesma por ter informado aquele jovem anti-social tão bem.

“Mas ainda não entendo... Se não se gostavam, por que ficaram juntos?”

Era uma pergunta plausível para alguém que passara a maior parte da vida enclausurado praticamente sozinho, sem poder desenvolver sentimentos como amizade, companheirismo e até amor. Sentindo uma leve pontada de pena, afagou a cabeça dele como faria a uma criança pequena e suspirou.

“Ryuuzaki... Essa é uma pergunta que eu não posso te responder com tanta certeza. Algumas pessoas precisam se sentir amadas e queridas, outras querem satisfazer necessidades próprias ou vontades momentâneas. Tem umas que fazem isso só para se mostrar aos amigos.”

“E quando se envolve desse modo... Vale a pena?”

“Sinceramente, não. É claro que durante é muito bom, mas depois... Sei lá, você não sente nada.” Sumire abaixou a cabeça, olhos perdidos em recordações. “Acho que eu estou ficando velha... Daqui a pouco vou procurar alguém para ter um relacionamento sério? Me ascentar com alguém?”

“Mas você tinha dito que... Nunca tinha suportado alguém por mais de... 4 meses.”

Ela começou a rir, relaxando enquanto descruzava as pernas.

“Eu quero muito que você compreenda, mas tem coisas que não tem explicação. Coisas, Ryuuzaki, que nem eu mesma consigo entender.”

Ela sentiu L pegar a sua mão, que ainda permanecia nos cabelos negros dele, e brincar com ela como costumava. A que lhe parecia mais divertida era comparar o tamanho da sua própria palma com a dela. Obviamente, havia uma grande diferença, e aquilo parecia despertar uma curiosidade infantil no detetive.

Quando ela havia perguntado a L, há alguns meses, o por que daquela atitude, ele rapidamente soltara sua mão e tratara de mudar de assunto. Talvez, agora que o detetive se encontrava bêbado, fosse sua chance de descobrir.

“Ryuuzaki?” Ele parou por um momento para encará-la, mostrando estar prestando atenção apesar das pálpebras cansadas em meio caminho de se fecharem. “Por que você gosta tanto das minhas mãos, heim?”

Ele riu com o tom de brincadeira dela, uma reação que Sumire esperava. L voltou-se a mão com um ar fascinado enquanto voltava a compará-las.

“É que eu nunca tinha visto... mãos menores que as minhas.” Aquela resposta a pegara de surpresa. Como assim, ‘nunca tinha visto’? Ela continuou em silêncio, esperando para ver se teria alguma explicação, ou não. “As mãos do Watari são enormes, meio enrugadas e quentes. Mas as suas são... muito pequenas, macias e... um pouco frias.”

“A minha temperatura corporal sempre foi um pouco baixa...” Ela constatou, voltando-se a L logo depois. “Mas você nunca tinha visto outras mãos, Ryuuzaki.”

“Não. Só as do Watari.” Ele pareceu emudecer um pouco, os olhos mais entristecidos com recordações.

“Entendo...” Sumire pensou em como animá-lo, e decidiu entrar na brincadeira. “Você sabia que eu também nunca tinha visto mãos como as suas, Ryuuzaki?”

“Verdade?” Ele perguntou reanimado, olhos enormes tentando descobrir a veracidade daquilo.

“Sim. Seus dedos, por exemplo, são longos e definidos como os de um pianista.” Ela ressaltou a afirmação inspecionando seu dedo indicador e o resto da mão como ele próprio fazia. “As veias não são muito destacadas, apesar de tão branco, e sua mão inteira não é quente, nem fria. É até reconfortante.”

“Você acha?”

“Acho. Aliás, não é só sua mão, Ryuuzaki. Você todo é único.”

Sim, a médica podia ver a felicidade dele por ela ter prestado tanta atenção em suas qualidades físicas ao invés de ressaltar as diversas imperfeições que uma pessoa como ele apresentava. Um enorme sorriso se estampou na face do detetive, e agora Sumire se sentia menos irritada com Fujisaki pelo caso da bebida. Aquele incidente proporcionara um momento tão feliz para L que ela pensava, até, em agradecer ao médico.

Ela notou, ao longe, um carro se aproximando e se animou ao ver que era um táxi. Quando ia se erguer, sentiu L impedí-la, mantendo sua mão como refém.

“Sabe, Sumire? Eu também não gosto só das suas mãos.”

Foi tudo tão rápido e imprevisível que Sumire se encontrava estática e sem reação. Em instantes L a segurara pelo ombro com a mão livre e se inclinara em sua direção. Enquanto recobrava a consciência, ela podia sentir pela mão que colocara no tórax dele em busca de apoio, o quão aquilo o afetava. Ele tremia, seu coração batia rápido e a elevação frenética do peito deixava claro que respirava com mais sofreguidão.

E tudo aquilo por causa de um beijo.

Após alguns segundos, nada mais do que isso, L se separou e permitiu que ela fitasse sua face. Sumire ainda se encontrava surpresa, chocada e cheia de perguntas que precisavam ser respondidas. Por que ele a beijara? Ele estava tão bêbado assim? Teria interpretado mal a conversa, ou agido por algum motivo escondido? Ou pior, teria ele... sentimentos por ela?

Quando Sumire ia interrogá-lo, notou que a face dele estava estranha, com uma coloração esverdeada. Se tocando do que se passava com ele, o ergueu rapidamente e inclinou em um canto. L prontamente envaziou o estômago e, após terminado, pendeu na direção dela totalmente enjoado. Suspirando derrotada, a médica limpou a boca dele com um paninho que encontrara no bolso e buscou por uma bala de menta na bolsa.

Definitivamente, aquela seria uma longa noite...

-

Fim do Capítulo 8

TBC


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da aparência do texto. Tentei deixar o menos grudado possível, e até acrescentei alguns traços para que os espaços ficassem bem definidos e bonitos.

Não sei se é impressão, ainda não vi o número de palavras, mas creio que este capítulo esteja um pouco mais longo...

Aliás, um 'Echo Hemorraging Tumor' poderia ser traduzido como 'Tumor Hemorrágico Ressonante' (by: Marinyah-chan)! É uma batida de morango que chamou a minha atenção pelo nome... Entendo 'Sex on the Beach', 'Bloody Mary' e 'Blue Lagoon', mas esse é simplesmente um nome que chama a atenção!

*Tá aí algo que eu não beberia! XD

Quanto ao relacionamento dos dois, esse foi apenas o começo!

Se quiserem me mandar reviews, serei eternamente grata! Nem que seja para xingar a minha mãe devido ao atraso de 1 ano!

^^"

By, Fefe-chan



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