Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi povos cap novinho, espero que gostem.



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Cris abriu os olhos, ainda desanimado. Por um segundo resistiu ao impulso de descer as escadas correndo para encontrar Lucas.

—Bom dia querido. – Set se sentou ao seu lado, e a imagem do noivo fez com que Cris se animasse um pouco, ele se sentou e começou a fitar o ruivo. — Ei, não quero essa carinha triste.

— Não quero fazer nada hoje. – O loiro resmungou, deitando a cabeça no ombro de Set, que sorriu e abraçou o menor com carinho.

— Nem vem com essa. Temos que trabalhar para nos sustentar lembra? Vem, vamos tomar um belo café da manhã, e não pense em negar, afinal você não jantou.

Set ajudou/obrigou Cris a se levantar e os dois caminharam juntos até a cozinha, a casa estava silenciosa como sempre e o único capaz de fazer alguma bagunça estava mais interessado em voltar para cama. Cris ainda resmungava sobre querer dormir, mas Set estava irredutível.

O loiro já encontrou o café pronto ao chegar a cozinha, surpreendendo-se por não haver torradas no meio, ele se sentou e começou a saborear o que o noivo havia feito, mesmo que ainda quisesse dormir, nunca negaria nada que viesse de Set. — Acabou as torradas por acaso? – Questionou em tom de ironia e recebeu o melhor sorriso psicopata de Set em troca. O ruivo se sentou na frente dele com um prato cheio de torradas. — Uau! Por que só eu sou diferente?

Set olhou para Cris e sorriu docemente, para não dizer ameaçadoramente. — Porque você é chato. – Respondeu, começando a comer as torradas e ignorando as risadas de Cris.

— Nossa é o que todos dizem. Até Lucy, eu nem sou tão chato assim. – O loiro resmungou entre um riso e outro, e tocou a bochecha de Set. — Você é tão fofinho quando fica bravo comigo. Mas tudo bem, eu vou me concentrar no que tenho que fazer, meu trabalho e tudo mais, ainda quero o Lucas de volta. – Cris suspirou, passando a mão pelo próprio cabelo. — Mas eu tenho que viver certo?

Set segurou a mão de Cris e entrelaçou os dedos nos dele, lançando um olhar terno ao noivo.

Cris amava quando ele era tão doce assim, lhe passava tanto calor e apoio.

— Vou ter que ir mais cedo hoje. – Set comunicou, voltando a comer as torradas. — Tenho que passar na oficina para ver se o carro já está pronto e talvez eu deva encontrar meu pai, ai já viu.

— Sim. – Cris concordou, emburrado e um pouco triste. — Eu vou sair daqui a pouco também, tenho muito o que fazer na escola.

— Ok!

Terminada a refeição, Cris encheu Set de beijos enquanto ele saia de casa, o ruivo apenas ria e abraçava o noivo, quando Set finalmente saiu, Cris caminhou até as escadas, ciente de que o trabalho o esperava, subiu os degraus devagar, apoiando-se no corrimão, quanto mais devagar andava, mais nostálgico parecia ficar, tudo o que queria era ter alguém para amar e cuidar o tempo todo estava cansado de ser somente protegido por Set, ele queria Lucas de volta, pois queria alguém bem pequeno para ajudar a crescer, viver e entender que as pessoas são diferentes e que vivem de modos diferentes, mas no fundo são todos iguais.

Ao subir o ultimo degrau, parou para secar uma lágrima rebelde enquanto ria de si mesmo, por que afinal estava tentando se fazer de forte? Por que estava tentando acreditar que um dia normal de trabalho o ajudaria? Por que sentia tanta falta de Lucas?

Ele não sabia responder nenhum dessas questões, mas sabia o que sentia, e naquele momento ele sentia medo de nunca mais ver o menino, de nunca mais olhar naqueles olhinhos antes de desejar boa noite. Cris sabia que sempre teve impulso de cuidar de outras pessoas, sempre foi assim e sempre vai ser, mas com Lucas era diferente, com o pequeno, Cris teve a ilusão de possuir o que mais desejava na vida: Um filho.

O que o fazia sofrer era não poder ter um filho de seu próprio sangue? Não.

Era saber que a adoção era mais difícil para um casal homossexual? Não.

Na verdade o que mais matava Cris por dentro era que seus próprios pais tentavam desanima-lo, dizendo que seria uma má influência, que a criança precisaria de uma mãe, ou que a criança não os aceitaria. O loiro caminhou até o quarto e pegou algumas roupas, logo se dirigindo ao banheiro enquanto ainda tentava impedir as lágrimas.

Pensar nos pais não era algo que ele gostava de fazer com frequência, ele os amava muito, mas entendia que jamais seria aceito, que sempre seria usado de exemplo do que não ser para o irmão caçula, ele sempre seria citado como o filho gay, o filho que passou dias na rua por causa da rebeldia, o filho que saiu de casa sem o consentimento dos pais e que agora vai se casar no cartório, sem seguir a tradição da família de se casar na igreja com uma linda mulher, e que não poderá ter filhos do mesmo sangue. Claro que para Cris tudo isso era irrelevante, mas vindo dos pais, aquelas criticas tinham um peso enorme e afetavam a vida do loiro.

Cris parou em frente ao espelho, e ficou se encarando por um tempo, se perguntando o que o pequeno estaria fazendo agora.

O som da chamada do celular o despertou e ele rapidamente pegou o telefone no bolso, conferiu o nome do contado e viu que se tratava da mãe.

No mesmo instante sentiu o peso do mundo decair sobre seus ombros e respirou fundo, desejando novamente ser tão calmo quanto Set.

Sim?” Atendeu de mau humor, para ouvir a voz irritada da mãe do outro lado da linha.

Alex te viu hoje na vila, o que fazia lá, está se misturando com o povo da rua de novo?” Cris respirou fundo, Alex era um primo irritante que trabalhava para a prefeitura e por isso vivia andando por todos os cantos da cidade. “Você não tem noção de nada mesmo não é? E ele disse que estava com uma criança, o que deu em você? É louco?

Calma mãe, para inicio de conversa, minha vida não é do seu interesse. Já tenho vinte três anos e não sou mais uma criança, eu vou aonde quero e com quem eu quero

É um ingrato isso sim, não pense que pode falar assim comigo, ou quer que o senhor Michael fique sabendo que o filho dele estava naquele lugar horrendo?” Golpe baixo, o pai de Set era uma pessoa ótima, mas nunca aceitaria a ideia do filho frequentando um lugar tão esquecido pelo mundo, e diferente de Cris, Set se importava com o pai e ambos mantinham um bom relacionamento. “Quero saber tudo anda, fala logo Cristian.

Cris suspirou, encostando as costas na parede, por que a mãe tinha que ser sempre tão irritante?

Uma criança apareceu aqui no sábado a noite, estava desmaiado na porta na verdade, nós cuidamos dele e ontem mais cedo o levamos para a casa dele, pronto é isso o que queria saber?

Cristian você é doente por acaso? Levar uma criança de rua para sua casa é loucura e-

Ele NÃO é uma criança de rua, e mesmo que não tivesse onde morar eu o traria para dentro, o que há de errado com você? Lucas é um menino encantador e eu não podia deixa-lo jogado do lado de fora, se tem alguém doente aqui esse alguém é você.

Não me diga que em uma noite se apegou a essa criança?

Do que está falando mãe? Céus você é muito irritante.

Cristian eu te criei, eu te conheço, você sempre enfiou na cabeça que queria ser pai, não podia ver nenhuma criança menor que você que já queria ir paparicar, por isso mesmo te arranjei aquela menina tão linda, ah, vocês teriam filhos tão lindos, ela ainda sente sua falta sabia?

Cris respirou fundo, tentando não perder a paciência de vez. “Mãe, pela milésima vez, eu amo Set e não gosto de mulheres, será que eu preciso desenhar pra você entender? Não pode tentar ao menos aceitar que nunca daria certo? Agora se me dá licença eu tenho trabalho a fazer e-

Espera, antes eu quero dizer que eu conheço você o suficiente para saber que não vai esquecer essa criança tão cedo, mas Cristian isso eu não vou permitir, já disse que não vou deixar esse casamento de vocês acontecer e agora estou dizendo que não quero você perto dessa criança imunda de rua, quer acabar com o pouco de imagem que ainda tem? Se você pensar em ir lá mais vezes ou levar a criança para sua casa pode ter certeza que não vou permitir.

Se tem alguém imundo aqui, é você! E não se atreva a ameaçar o meu casamento ou a minha vida com Set.

Um dia vai me agradecer.

Nunca!” Cris desligou o celular, se controlando para não joga-lo na parede, as lágrimas caindo incontroláveis, mas ele sabia que não podia se deixar levar pelas ameaças da mãe.

Os dois juraram que nada os impediria de serem felizes para sempre e isso não iria mudar agora.


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram?



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