Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol
Notas iniciais do capítulo
Heyyy demorei um pouco ~mds to mtto sem ritmo~ :v Culpa da escola que me usurpa a vida ... Mas ai está e tá bem fofinho
Cris mantinha o olhar fixo em Lucas, que se encolhia no sofá agarrado ao ursinho de pelúcia, por sorte o pai do loiro tinha experiência suficiente para lidar com situações como essa e acabou ajudando o filho a acalmar o menino, o pequeno havia coberto o rosto com o brinquedo para não ter que encarar a mulher a frente.
—Feliz agora? – Bernardo provocou, emburrado, mas a mãe apenas o fuzilou com o olhar e o ignorou, se virando e caminhando a passos ligeiros até a cozinha.
—Se acalme Cristian. – O pai pediu, fazendo o loiro ficar ainda mais irritado, era uma consequência básica para Cris: Se lhe pedissem para ficar calmo ele se irritava mais, se estivesse chorando e pedissem para parar de chorar, ele choraria mais, e por ai vai...
Então, ao invés de simplesmente sentar e se acalmar, o jovem decidiu seguir a mãe e arranjar mais confusão, segundo Set, “no dia que Cris for enterrado em sua lápide vai estar: Eis alguém que não sabe sentar e simplesmente ficar quieto, mantenham distância.”
A mulher estava parada olhando para o teto quando Cris se aproximou pisando firme.
—Por que tinha que ter dito aquilo em? Acha que todo mundo nasceu para ouvir as merdas que você fala? Ele é só uma criança. Tente entender isso.
—Ele tem idade suficiente para entender coisas básicas. – Ela respondeu simplesmente, sem olhar para o filho.
—Coisas básicas? Ele só tem oito anos e já passou por situações que ninguém deve passar, perder a mãe, ter que depender de um pai que mais enche a cara do que cuida dele e ainda ser obrigado a trabalha para financiar as bebedeiras do pai, como se o fato de ter uma casa para morar lhe desse a obrigação de pagar por isso. Acha que ele entende coisas básicas? Não... Ele só entende o quão ruim a vida pode ser. – Cris disparou tudo sem pensar muito, a mãe parecia se recusar a abrir os olhos e ver a real situação em que se encontravam. —Não entendo porque tanto ódio a uma simples criança.
—E você vai fazer o que? Cuidar dessa criança imunda como se fosse seu bichinho de estimação? Porque você e seu projeto de noivo nunca vão ser considerados pais e mesmo que fossem... Pelo amor de Deus Cristian, a mãe dele devia ser uma drogada e o pai é um bebado que mal tem onde cair morto, essa criança já estava perdida antes, agora então.
Cris precisou de um tempo para assimilar e associar o que estava ouvido.
—Então é por isso? É por que Lucas veio de uma familia pobre? por isso você já deduz que a mãe dele era uma drogada? Por causa disso acha que ele não pode ser feliz? Por causa disso agora que nós estamos cuidando dele a situação só tende a piorar? Seu precoceito chega até esse ponto?
—Proconceito? Eu só vejo a realidade do nosso mundo. Coisa que você deveria enxergar, mas preferiu se tornar uma abominação. - Ela disse com certo pesar e Cris engoliu em seco, sentindo a respiração perder um pouco do ritmo, esperava ouvir isso de qualquer um, menos da mãe. —Eu te amei muito e lutei muito por você, mas por mais que eu tente você não muda, você não consegue nem sequer olhar através dos meus esforços, não enxerga a verdade através de sua teimosia em insistir em um erro. Eu odeio o que se tornou, odeio o modo como vive. Acha que isso que está formando é uma família? - Ela sorriu de lado e encarou Lucas por um momento, parecendo sentir mais raiva ainda do marido por estar com o menino. —Isso é um engano. É só uma maldita criança de rua que não é seu filho. Uma criança de rua, que você trata como se fosse importante, não é seu filho, você só cuida dele na esperança de ocupar o lugar que um verdadeiro filho teria. Se você ao menos não fosse tão teimoso.
—Então eu também não sou seu filho. - A voz de Bernardo assustou tanto Cris quanto a mãe, o jovem tinha lágrimas nos olhos e se esquivou quando a mulher tentou se aproximar. —Eu só… Set pediu… Ele… - Cris ergueu um pouco mais o olhar e encontrou o noivo parado atrás de Bernardo, que provavelmente havia acabado de chegar, ele parecia mais irritado do que o de costume.
Bernardo começou a dar passos a trás e se esquivava mais ainda da mãe.
—Bernardo… - Ela tentou, mas o jovem apenas correu na direção das escadas e as subiu o mais rápido que pode.
Cris foi abraçado por Set, que fuzilava a sogra com os olhos, porém tudo o que o loiro pensava era em ir até o irmão e consola-lo.
—Não sabia que o que ela disse ia choca-lo e afeta-lo tanto. - Set murmurou e Cris balançou a cabeça em negação, tentando conter a raiva.
—Claro que algo assim ia, Bernardo é adotado.
~ ~ # ~ ~
Era uma tarde calma e o pequeno Cris se remexia no banco de trás do carro, esperando ansioso pela volta dos pais. O menino tentava se distrair com um aviãozinho de brinquedo, mas só pensava em quando os pais voltariam.
Quando viu o pai se aproximando da porta do carro e abrindo, praticamente pulou para fora e começou a saltitar.
—Cadê ele? Cadê ele? – Cris parecia louco de euforia, e não era para menos. —Cadê? – O pai apenas riu e bagunçou o cabelo do filho, apontando em seguida para a esposa que chegava com um pequeno bebezinho no colo. O loirinho se empolgou e correu até a mãe, tentando de todo modo ver o novo irmãozinho, já fazia muito tempo que Cristian havia começado a se sentir sozinho, por isso uma novo membro na familia se fez necessario.
A mãe se abaixou um pouco e Cris finalmente pôde ver o rostinho redondinho e pequeno do outro menino.
—Que bonitinho. – O lorinho murmurou quando o novo irmãozinho segurou seu dedo.
—Espero que se deem bem. – O pai pediu com delicadeza e logo viu Cris assentir prontamente, demorou um pouco, mas o pequeno havia aceitado totalmente a ideia de um irmão. —Você e o Bernardo agora vão ser verdadeiros irmãos.
~ ~ # ~ ~
Bernardo olhava para o teto do novo quarto de Lucas que recém havia sido pintado, os pássaros tão belos eram quase como um apelo inconsciente: Liberdade, eles clamavam em um silêncio gritante que rondava o jovem a cada instante.
A todo momento uma única palavra ecoava: Liberdade.
A pior pressão é aquela que não é exposta.
Bernardo sabia que Cris havia sofrido muito nas mãos de uma mãe tão difícil de lidar, mas o que ninguém parecia entender era que o jovem também havia sofrido, reprimido por anos, sendo comparado ao mais velho e sendo forçado a seguir sonhos que não eram os seus.
Seus sonhos eram maiores, belos e distintos do que lhe foi “proposto” e isso o desmotivava mais. Nem sequer parecia poder decidir o próprio destino.
Ainda deitado no chão, ele ouviu o som da porta se abrindo, mas não ousou olhar, não queria encontrar o olhar de culpa da mãe, também não queria encontrar o pai e ouvir seus longos discursos sobre respeito e encarar os problemas de frente, e também não queria encarar Cris, amava o irmão, mas ele certamente explodiria de raiva de novo, o que só pioraria tudo.
Bernardo fechou os olhos, esperando a voz de algum dos três ecoar e lhe dizer qualquer coisa, mas só o que sentiu foram duas pequenas mãozinhas tocarem-lhe o rosto, na verdade pareciam cutucar-lhe constantemente, ele rapidamente abriu os olhos e se levantou, dando de cara com o pequeno Lucas sentado a sua frente e observando o teto com os olhinhos brilhando, ás vezes Lucas parecia muito mais novo do que era, parecia ter quatro anos e não oito.
—Me ensina a desenhar? – Lucas pediu docemente, parecendo realmente admirado com os detalhes que Bernardo havia feito questão de trabalhar.
—Claro! – O jovem sorriu, vendo os olhinhos do moreninho brilharem de alegria.
—Legal! – Ele esticou os braços e sorriu largamente. —Ninguém nunca quis me ensinar. – Ele fez um biquinho. —Diziam que eu era lerdo de mais para entender qualquer coisa.
—Mas que coisa horrível de se dizer. – Bernardo resmungou indignado, Lucas apenas assentiu em silêncio, puxando para mais perto de si o ursinho que carregava para toda parte, ele sorriu de leve, apertando o bichinho e virando a cabeça como um passarinho para encarar melhor o mais velho, seus fios negros acompanharam seu movimento, caindo um pouco em seus olhos.
—Eu quero aprender a desenhar meu amiguinho. – Lucas comentou baixinho, como se estivesse contando um segredo. —Ele me ajuda quando to triste.
—Tipo antes?
Lucas pareceu pensar, mordendo a ponta do dedo.
—É... – Admitiu, ainda com o dedinho na boca. —Mas agora eu to bem, porque Set me deu um abraço tão apertado que eu ri e ai eu fiquei bem. – Ele disse, quase começando a rir de novo. —Gosto de abraços. Eles aquecem aqui ó... – Lucas colocou a mão em cima do coração, o que, de algum modo, emocionou Bernardo, quem sem querer deixou escapar algumas lágrimas, chamando a atenção do pequeno que arregalou os olhinhos e se levantou. —Não chora, vou te abraçar também.
Quando percebeu ele já estava sendo envolvido pelos bracinhos de Lucas, em um abraço acolhedor e delicado, Bernardo se levantou, puxando o menino para seu colo e apertando mais o abraço.
—Obrigado. – Ele murmurou fazendo o pequeno sorrir, satisfeito. —Cris tem sorte de ter você, sabia? – Lucas apenas riu baixinho, assentindo rapidamente. —Vem coisa pequena, lá em baixou ficou em silêncio, as coisas devem ter se acalmado.
—Não sou coisa! – Lucas resmungou com um biquinho enquanto saiam do quarto.
—Claro que é! – Bernardo resmungou, rindo.
—Não sou... Não sou coisa não.
—É sim, todo mundo é alguma coisa.
—E que coisa eu sou?
—Humano.
O pequeno encarou Bernardo como se em desafio e logo sorriu determinado.
—E ser humano é coisa?
O jovem apenas suspirou e tentou pensar em modos de manter seu argumento.
Isso vai longe.
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Um pouco de Bernardo para a Vida de todo mundo ser mais feliz... :3