Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 25
Capitulo 25


Notas iniciais do capítulo

Oieee! Demorou um cadin, mas ta ai



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/598996/chapter/25

Juan pegou as duas casquinhas de sorvete, o seu era a de morango, maravilhoso sabor dos deuses em sua opinião, e o de Ray era a de flocos, sabor que o moreno não era tão fã, mas preferiu não debater sobre isso.

Caminhando de volta a rua, pôde observar calmamente a expressão curiosa que o amigo olhava ao redor, Ray causava em Juan um encanto absurdo, observa-lo havia se tornado um verdadeiro Hobby.

— Demorou. – O menino brincou, fazendo um pequeno bico enquanto pegava o sorvete.

— Desculpa, tive problemas na fila. Vamos?

Ray assentiu e os dois continuaram andando e jogando conversa fora, o moreno animado como sempre, ainda mais perto de Ray, seu Ray, por mais que os ainda não estivessem em nenhum tipo de relacionamento.

— O que você acha de ir ao cinema? – Juan propôs depois de tomar coragem e quase morreu de rir depois que Ray travou e corou, completamente sem reação, não importava o quanto os dois já se conheciam, Ray sempre parecia nervoso e envergonhado. — O que foi? Vamos só como amigos e sabe... Amigos saem juntos.

— Eu sei... É que... Não sei. – Ray baixou os olhos, puxando uma mexa roxa do cabelo, aliás, o cabelo dele conseguia sempre estar de uma cor diferente.

— Não sabe? – O moreno quis rir do jeitinho embolado do amigo, era algo tão fofo e meigo.

— Não... Sim, sei, é que... Não... Sim.

— Ai Deus, vem logo menino! É só o cinema. – Juan segurou a mão de Ray e começou a puxa-lo, ignorando as reclamações do outro. — Não é como se fosse um encontro Ray.

— Esse é o problema Juan. - O moreno parou de andar no mesmo instante, sentindo um pequeno infarto, e imediatamente se virou para encarar o amigo, que tampava o rosto com o braço. —Eu não quis dizer isso, desculpa!

— Mas disse... – Juan sorriu se aproximando de Ray e o envolvendo em um abraço. — Acho que depois podemos ir a um restaurante isolado e romântico, quem sabe lá eu te beijo.

— O que você... Céus... Juan... – Ray parecia chocado e rapidamente se desvencilhou dos braços do moreno, que apenas ria, o menino parecia mais vermelho que um tomate e tentou fugir, mas foi impedido por Juan, que o puxou para o lugar mais isolado possível e, ainda rindo, selou seus lábios nos dele.

No dia seguinte, estava um Ray completamente avulso ao mundo e a qualquer um, caminhando para escola lentamente e sorrindo e suspirando vez ou outra, sua mente só parecia conhecer um nome: Juan, Juan, Juan! E mais Juan.

Apesar de tudo ele precisava de um tempo para pensar enquanto caminhava, tinha suas duvidas, por mais que estivesse apaixonado, sim essa era a palavra e sempre foi: Apaixonado!

Quem dera? Um menino tímido e retraído como Ray, o menino rejeitado por tudo e todos, havia sido correspondido por Juan.

Ray sorriu, sentindo as lagrimas e levando um dos dedos aos lábios, aquele havia sido o seu primeiro beijo, e havia sido com Juan.

Ele não parava de pensar naquela cena maravilhosa, não parava de pensar na sensação de ser importante para alguém, de ficar tão próximo a alguém.

Pensava tanto em Juan, que só notou alguns meninos atrás de si quando ouviu algumas risadinhas.

— Ei, Ray veadinho? Cadê seu namorado? – Ouviu uma voz masculina atrás de si, o despertando do seu sonho magico para a maravilhosa vida real, ele temeu olhar para trás, já sabia o que iria vir a seguir, já sabia de quem se tratava.

O menino apenas acelerou o passo, na tentativa de entrar logo na escola, o portão grande e branco estava logo a sua frente, não era como se fosse protegê-lo de algo, mas lá pelo menos poderia encontrar Juan, e acreditar na ilusão de que sempre conheceu a sensação de ter um amigo. — Ei! Olha pra mim! Ei! – As risadinhas começaram e Ray mordeu os lábios, passando pelo portão e encarando o grande pátio que o esperava, seus olhos tentaram assimilar cada parte em busca de Juan, mas o moreno ainda não havia chegado. — Ei! Eu estou falando com você! – Ray sentiu-se tropeçar em algo e colocou os braços em frente ao rosto para tentar aliviar a queda. Mais risadas. — O que há com esse seu cabelo? Sabia que ele pode cair com tanta tinta que você passa nisso? Seria legal, o que acha se experimentarmos? É só me arrumar uma tesoura.

No mesmo instante, Ray começou a se levantar e a juntar os materiais com pressa, alguns livros acabaram se espalhando pelo chão.

— Tadinho Alex, para com isso. – Ele ouviu uma das meninas resmungarem e sentiu sua humilhação aumentar, ela não estava com pena, estava querendo se passar de menina legal.

— Ai Rayzinho. – A voz de Alex se tornou mais próxima e o jovem sentiu seu cabelo ser segurado com força, o obrigando a encarar Alex Collins. — Quando eu mandar você olhar pra mim, você olha.

Quando Alex o soltou, tudo o que Ray conseguiu fazer foi correr para o banheiro e tentar não chorar.

Uns longos minutos depois finalmente saiu do banheiro, se dirigindo a sala de aula no segundo andar, ao entrar passou diretamente por Alex e seu bando, ignorando as piadinhas que fizeram quando o menino se sentou em frente a Juan.

— Oi Ray, tudo bem? Eu me atrasei sem querer, desculpa. – O moreno começou a dizer casualmente. — Eu espero que isso não tenha sido um problema.

— Não, que isso... – Ray forçou o melhor sorriso que tinha. — Estou bem, você nem demorou tanto assim.

— Certo. Ei, o que acha de sairmos hoje? Tipo, eu sei lá. Só quero ficar pertinho de você. – Juan soou tão doce que Ray por um segundo quase desabou, mas quando o moreno segurou sua mão ele sentiu que tinha forças e que, não importava o quanto já foi humilhado e sim o quanto estava sendo amado.

Juan sorriu da melhor forma que podia quando Ray aceitou sair com ele, o moreno não era bom com relacionamentos concretos, mas para seu pequeno arco-íris ambulante ele faria qualquer coisa, e não pôde deixar de notar a faísca de tristeza que Ray mostrava aquilo o incomodou profundamente e, por isso, iria fazer desse dia o mais perfeito.

~ ~ # ~ ~

Juan andava de um lado a outro, rindo das piadas que Naty lhe contava, a jovem tinha uma alegria de outro mundo e um dom para fazer qualquer história ficar engraçada.

Agora ela contava as tragédias de seu fim de semana e o desastroso encontro com um cara que conheceu em um chat de relacionamento, resumindo ele não era nada do que prometia.

— Da pra acreditar que ele me enganou? – Ela parou e se sentou em cima da mesa do moreno, jogando seus fios negros para todos os lados e fingindo que chorava.

— Você que caiu nessa, a culpa também é sua, isso é perigoso mocinha.

— Tá pai. Tá pai. – Ela brincou, pegando o celular de Juan. — É pra você, parece ser do seu segundo maior Love.

Juan não precisava de esforço para entender que se tratava de Set e logo correu para atender.

“Oieeeee! Priminho!”

“Oi Juan! Já vi que a alegria voltou ao normal”.

“A sua voz me alegra o dia primo, como vai tudo?”

“Mal, preciso da sua ajuda, pode cuidar de Lucas hoje?”

A pergunta pega o moreno de surpresa, é claro que ele não se importaria em passar o dia com Lucas, mas queria, antes de tudo, entender tudo.

O que aconteceu Set?

Tivemos problemas sérios, pode me encontrar na escola da família do Cris? Eu te explico tudo aqui.

Não precisa pedir duas vezes amor da minha vida.

Obrigado Juan, estarei te esperando aqui!

Até mais.

Ao desligar o telefone Juan suspira cansado, o que pode ter sido? Se tinha uma coisa que ele odiava, era receber informação pela metade.

— Naty, vou encontrar Set rapidinho e já volto linda. – Juan abraçou a amiga e correu para fora do restaurante, já entrando em seu carro.

Enquanto dirigia, deixou a janela aberta para tentar tomar um ar e ligou o radio, detestava dirigir sem ouvir musica. A que tocava era uma calma e romântica, a letra era uma verdadeira declaração de amor, Juan sorriu, deixando sua mente vagar em Ray por um momento, em seu sorriso tímido e nos seu jeito de se embolar quando estava envergonhado, o moreno lembrava bem dos vários trabalhos em que Ray tinha que apresentar para a turma, era um tanto quanto desastroso.

Sem perceber deixou uma pequena lagrima escapar, por mais que ele evita-se sempre acabava pensando em como tudo mudou.

O sinal fechou e Juan parou antes da faixa de pedestre, logo poucas pessoas começaram a atravessa-la, duas senhoras passavam calmamente, sorrindo e conversando como se não houvesse o amanhã, três jovens passaram por elas correndo, a pressa da juventude, o resto que passou fora apenas adultos preocupados com seus problemas e com pressa, o de sempre.

Os Jovens, já do outro lado da rua, riam enquanto conversavam, ou melhor, mais riam do que conversavam. Juan os observou até poder voltar a dirigir, por um segundo desejando ser um jovem despreocupado de novo.

Mas o que passou não volta, não é o que dizem?

A escola estava perto, por sorte ficava no centro da cidade e Juan poderia saciar sua curiosidade de uma vez.

~ ~ # ~ ~

Se naturalmente Juan já tem impulsos de agarrar Set, imagine quando o ruivo aparece em sua frente com cara de dó?

O moreno se agarrou ao pescoço do primo com um braço, enquanto afagava o cabelo de Rick com o outro.

— Olá dois amores da minha vida. – Juan soou tão animado que até ele mesmo estranhou. — O que querem de mim?

— Preciso que distraia o Lucas essa tarde. – Set avisa se desvencilhando dos braços do primo, que fez um bico e puxou Rick para seus braços. — Tivemos um problema com Harry, tenho que conversar com uma advogada e não quero que Lucas fique mais triste do que está.

— Entendi, sem problemas eu cuido dele, eu sou vagabundo mesmo.

O sorriso agradecido de Set faz Juan ter animo até a eternidade.

— Henrique! – Do portão, um adolescente loiro e meio alto chama Rick, que emburra a cara. — Vem logo! A mamãe chegou...

Aquelas palavras pareceram paralisar Rick, que imediatamente lançou um olhar para o lado oposto, onde Cris estava sentado em um banco, agarrado a Lucas, e ao lado de um homem que Juan se lembrava de ser o pai dele.

— Ei Rick! – Juan abraçou o menino de novo. — Não se preocupe, deixe os problemas com os adultos irritantes. Apenas vá lá e abrace sua mãe, dizendo a ela o quanto a ama. – O loirinho lançou lhe um olhar de duvida e recebeu um sorriso terno de volta. — As pessoas amam de modos estranhos. Sua mãe é um exemplo disso.

— Tá! – Rick sorriu e abraçou Juan uma ultima vez. — Você é meu melhor amigo Juan.

— Eu sei e me orgulho disso. – O moreno bagunça o cabelo do menor, que sorri e corre na direção do portão.

— Ele gosta mesmo de você em? – Set murmurou, começando a caminhar ao lado dele na direção de Cris.

— Eu apenas o entendo. Está em duvida sobre o que pensar, é normal e também...

— Ele é muito solitário. – O ruivo completou, sorriu tristemente ao ver Juan assentir. — Eu entendo que ele é um menino diferente e até medroso, mas não entendo como outros meninos o excluem só por causa disso.

— Ser um pouco mais fraco emocionalmente é motivo de sobra pra gente assim. – O moreno comentou sem tentar pensar muito em Ray, mas a realidade era que quando percebeu o que realmente estava acontecendo com seu melhor amigo, acabou sendo tarde de mais, se um dia Ray acordar, Juan prometia a si mesmo sempre, que imploraria por perdão por não notar a dor que o seu lindo arco íris ambulante sentia. —Não adianta se lamentar e tentar achar um por quê. Só quero que Rick se sinta bem.

— Eu sei que quer.

Juan sorriu para Set, céus como amava o primo, mas sua atenção foi desviada para um pequeno vulto moreninho que veio correndo em sua direção com os bracinhos esticados.

— Ai meu Deus, coisa fofa, vem com o tio. – Ele puxou Lucas para seu colo e o abraçou com força. — Titio tá aqui, tudo bem. E vai te levar pra comer sorvete de chocolate gigante. O que acha?

— Legal. – O pequeno conseguiu murmurar, e Juan ouviu a risada de Set ao seu lado. O ruivo beijou a testa de Lucas e se despediu com doçura, logo se virando para o primo.

— Boa sorte ai.

— Valeu. – O moreno encarou os olhinhos marejados do pequenino em seus braços. — Vou precisar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Apenas sonhe ~ sendo reescrita~" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.