Apenas sonhe ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 15
Capitulo 15


Notas iniciais do capítulo

heey mais um cap pq eu sei que vocês estão doids para conhecer o Juan ahaha



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Cris chutava uma latinha de refrigerante enquanto andava na calçada, algumas pessoas o encarava feio, ele deveria mesmo estar horrível, só não sabia se era pior do que se sentia. Ele tremia de frio e tossia, havia acabado de cair uma tempestade que ele só escapou por pouco, sua blusa era fina, a calça jeans não era a mais confortável que tinha e o tênis que usava era um para esporte, mas era isso ou nada. Ele se sentia faminto, morrendo de sono, sentindo tanto frio que chegava a tremer, como se não bastasse suas roupas estavam úmidas, ele só sabia chorar, fazia três dias que estava assim, três dias desde que o pai o expulsou de casa, tudo porque Alex o viu beijando James e contou para seu pai, Cris só não espancou o primo porque estava ocupado demais sendo xingado, ou melhor, humilhado, pelo pai, aquele foi o dia que mais desejou que a mãe estivesse ali, mas ela estava fazendo compras com as amigas em Londres e a viajem pela Europa parecia bem mais importante que atender as ligações do filho mais velho que tinha apenas quinze anos e que foi praticamente chutado pelo pai para fora de casa.

O jovem estava tão imerso em sua dor que acabou esbarrando em alguém, mas deu graças ao ver que se tratava de James, o loiro sorriu para o moreno, que o encarava surpreso. Ele poderia ajudar Cris, cuidar e dar carinho ao loiro, pois era disso que ele mais precisava: Carinho e consolo.

— James... – Cris começou a falar, animado, mas foi logo interrompido pelo outro.

— Que bom que te encontrei, queria mesmo falar com você e tem que urgente. – O moreno comentou sem rodeios, visivelmente impaciente, o que incomodou Cris. — Olha Cristian eu sei que a gente ficou e tal, mas eu não quero mais nada com você, e peço que não fale mais comigo, todos sabem o que você é e não quero que pensem coisas de mim.

— “O que eu sou”, está falando sobre eu ser homossexual? – O loiro estava incrédulo, a dias atrás James parecia louco de amores, e agora ele queria simplesmente largar Cris? Nem sequer podiam ser amigos? — Mas James, o que mudou? Poxa justo agora que preciso tanto do seu amor, do seu carinho, preciso da sua ajuda.

— Para Cris, eu não sou Gay ok? – O moreno virou a cara, e Cris sentiu as lágrimas prontas para saírem, mas as segurou com toda força de vontade que tinha.

— Amor. – Ouviu uma voz feminina e quase caiu quando uma morena passou por ele, o empurrando e se jogando em James. — Vamos está nos atrasando.

— Espera um pouco doçura. – Ele a beijou, bem na frente de Cris, o loiro teve vontade de vomitar e de se matar em seguida. James se voltou ao baixinho a sua frente, que estava de cabeça baixa e olhos marejados. — No que quer minha ajuda Cristian?

— Nada de mais. – Cris conseguiu dizer antes de se virar e começar a correr para bem longe deles, seu coração estava em pedaços, as lágrimas caiam sem parar. O loiro sentiu novamente as gotas da chuva, estava serenando, ele correu até um ponto de ónibus pequeno e vazio. E se sentou no canto do banco, se encolhendo todo para se aquecer enquanto chorava, sua vontade era de sumir do mapa, era de morrer, o que ele fez para ser abandonado na rua? Sem ter o que comer ou beber, sem nada para se esconder do frio e das chuvas, e ainda para finalizar ser traído por quem o colocou nessa roubada. Mas tudo o que conseguia fazer era chorar e tossir.

Um bom tempo se passou e Cris permanecia no mesmo lugar, uma pessoa se sentou bem próximo e o loiro sentiu alguém cutucar sua cabeça, ele a ergueu com receio, e encontrou um homem adulto e sorridente, de olhos azuis claros e cabelos castanhos bem claros também.

— Está tudo bem? – Ele perguntou e o menor se manteve em silêncio. O homem abriu uma bolsa de plástico e retirou de lá um salgado assado que despertou toda a atenção de Cris. — Toma. – Ele o ergueu ao loiro, que o pegou com certo receio. — Eu comprei pra você, pode comer.

— O... Obrigado. – Cris começou a comer apressadamente, estava faminto e feliz pela gentileza do homem desconhecido.

— Posso saber seu nome? Desde ontem te vejo circulando e chorando pelos cantos, fiquei preocupado, você me pareceu um bom menino.

Cris olhou o estranho nos olhos, era a primeira vez naqueles três dias que alguém havia se preocupado com ele. — Sou Cristian Collins.

— Que belo nome, sou Michael Oliver. – O mais velho ergueu a mão, e Cris a apertou um pouco receoso. — Me diz Cristian, o que faz na rua?

— Meu pai me expulsou de casa. – O loiro explicou, sem olhar para o Oliver.

— Isso é mal, você não parece ser do tipo que usa drogas ou que rouba, mas tenho uma ligeira impressão de já saber o motivo, e sua mãe concordou com isso?

— Não sei ela estava viajando e... Perai como assim sabe o motivo? Como sabe que sou– Cris se calou e o encarou confuso e assustado, era tão evidente assim? O maior apenas riu e bagunçou o cabelo do loiro.

— Você que se entregou e o seu jeitinho não engana... Mas seu olhar é o mesmo que meu filho tinha antes de se assumir. – Ele admitiu, suspirando e surpreendendo Cris. — Sabe os dois têm medo de não serem compreendidos. Você disse que sua mãe não sabe que está aqui não é? Me passe o numero, vou ligar para ela.

Cris pensou um pouco, mas no fim passou o numero da mãe, por mais que a achasse irritante, era a única que não negaria carinho a ele e o homem estava sendo tão gentil.

Michael se afastou um pouco para conversar com a mulher pelo telefone, Cris apenas observava a distancia, ansioso como nunca, a conversa parecia infinita, até que o homem se virou para o loiro e sorriu. — Sua mãe estava apavorada, chegou ontem a tarde e não o encontrou.

— Obrigado por me ajudar. – O jovem sentiu as lágrimas novamente, mas dessa vez era de felicidade.

— O que é isso, meu filho tem a sua idade ou quase, você ia gostar de conhece-lo, quando te vi não consegui parar de pensar nele, em se eu o tivesse expulsado, você tem um olhar tão triste e desolado, não quero mais isso em você. Vem eu marquei com sua mãe em uma lanchonete, lá eu compro algo mais saudável para você comer.

— Ah... Tá.

~ ~ ~ # ~ ~ ~

Harry apenas olhava para o chão, sem dizer nada, o que deixou Cris impaciente.

— Então oque tem a dizer?

— Desculpa te tratar mal, desculpa ser uma droga de pai e te chamar de Veado. – Ele disparou e Cris demorou um pouco para assimilar a informação, aquele crápula estava se desculpando?

— Espera uma coisa de cada vez. Sou lerdo, não queira que eu saia por ai entendendo tudo o que diz.

— Primeiramente me desculpa pela forma rude e preconceituosa que tratei vocês dois, ainda mais na frente do Lucas. – Ele encarou Cris e suspirou. — Eu sei que te chamei de veado para te ofender, e não foi culpa da bebida, eu ia te chamar disso mesmo que estivesse sóbrio e com raiva ainda mais se te visse por ai, não se ofenda, mas as vezes seu jeito te entrega. – O loiro abaixou a cabeça, já foi tão chamado de Veado e de mulherzinha que só a citação desses apelidos o incomodava.

— Está mesmo tentando se desculpar?

— Sim, olha eu quero tentar mudar, eu sei que vai ser difícil, mas... Eu bebo quando estou frustrado sabe? E estou quase sempre assim, mas veja hoje... Estou bem, sóbrio e estou me desculpando, porque quando Lucas me olha nos olhos... Quando estou sóbrio, como ontem e hoje, eu vejo que ele tem amor, mas, quando eu bebo nem que seja um pouco... Ele tem medo. Não quero mais isso, eu já o magoei muito e sei que não tem volta.

Harry se calou, esperando o loiro dizer algo. Cris permaneceu um pouco em silencio, até que suspirou.

— Ei, espera ai, também não é assim, ele te ama não é? Como não tem volta?

— Por favor, me dói falar disso. Não estou preparado ainda, eu sei que tenho que aprender a ser pai, mas as magoas que eu deixei no coração dele não podem ser apagadas, já vocês... – Ele olhou para Cris. — O conquistaram em pouco tempo, sem esforço algum. Por isso é importante que me perdoe, pois se ele os ama é porque são especiais. Eu queria um pouco mais de tempo com meu bebê, para me redimir, mas não vou afasta-los de vocês.

O moreno novamente se calou e começou a chorar em silencio, Cris mordeu os lábios, ele era um crápula não era? Ele abandonou o pequeno, o loiro deveria odiá-lo, pois é, deveria...

— Ah! Merda, mas que droga! – Cris exclamou, se jogando e abraçando Harry, com lagrimas incontroláveis nos olhos. — Eu queria te odiar seu idiota, queria porque eu odeio meu pai até hoje, mas você... Não é como ele.

— Ei, calma, está tudo bem? – O loiro se afastou de Harry tentando conter as lagrimas.

— Desculpa, as vezes eu perco o controle. Eu te odiei por causa dele, do meu pai, me desculpa por isso, eu te perdoo, mas olha, se eu encontrar Lucas dormindo na rua de novo eu juro que te desperdoo.

Ok, pode deixar. – Cris sorriu secando as lagrimas.

—Cris! – Ouviu uma vozinha chama-lo lá de cima e encarou o amado caçulinha com um sorriso. — Olha já tomei banho.

— Estou vendo, vem cá. - O loirinho desceu as escadas correndo, estava descalço e sorridente como um bom arteiro que era. Cris sentiu o abraço reconfortante de Henrique encher-lhe de felicidade e ânimo, afagou o cabelo do menor quando este deitou a cabeça na perna do irmão. — Cadê o Set?

— Vindo por ai.

— Sei. Esqueço que você é ansioso. – Henrique sorriu e encarou Harry. — Não vai dizer oi?

— Oi. – O menino mal terminou de falar e já virou a cara para o outro lado, envergonhado.

— Olá.

— Henrique conversa direito. – Cris brincou enquanto fazia cosquinhas no menor.

— Set me salva! – O loirinho gritou quando Set começou a descer as escadas, o ruivo apenas riu e piscou. — Irmão por que tava chorando?

— Não tava chorando.

— Tava sim.

Cris abraçou o irmão outra vez, respirando fundo. — Obrigado por se preocupar comigo, mas estou bem. Ok?

Henrique cruzou os bracinhos e permaneceu encarando o mais velho com seriedade, tendo a pose destruída por Lucas que o usou de apoio para subir no sofá. Dois folgados pensou Cris sorrindo para o noivo, Set beijou-lhe a bochecha.

— Que tal um almoço agora em?

— Harry pode levar as crianças para a mesa, eles são ansiosos de mais para a lerdeza do Cris. – Set brincou e recebeu em troca um sorriso simples do moreno, que assentiu e guiou os dois seres animados. O ruivo se sentou ao lado do loiro e deitou a cabeça do mesmo em seu ombro. — Amor, como foi?

— Acho que ele não é tão mal assim. – Cris admitiu, sorrindo para o amado, mas sua expressão era impassível. — O que foi? Você parece preocupado.

— Sua mãe ligou.

— De novo? Já não bastasse ela ter acabado com o meu ânimo uma vez ela tinha que tentar de novo? Meu Deus daqui a pouco ela monta acampamento aqui na frente só pra me atormentar, mas que merda. – Cris já estava sentindo as lágrimas voltarem, não queria ser tão sensível assim, mas não podia evitar o desespero.

— Ei amor. – Set o abraçou mais forte, começando a acariciar os fios loiros o menor. — Não chora, estou do seu lado, ela não vai nos impedir de conquistarmos nossa felicidade, olha para mim. – Cris o encarou, e Set depositou um delicado beijo em seus lábios. — Eu te amo e nada vai mudar isso.

— Também te amo Set, você foi a coisa mais especial que aconteceu na minha vida, não sabe como me alivia acordar, olhar nos seus olhos todos os dias e lembrar que futuramente você será só meu até que a morte nos separe.

— Eu já sou seu, e você já é meu. Agora vamos almoçar antes que as crianças nos busquem aqui.

Cris riu e esperou Set se levantar para pedir ajuda, alegado estar sem forças para se erguer sozinho. — Folgado. – O ruivo resmungou, tirando mais risadas do menor.

— Chato, estragador de climas.

~ ~ ~ # ~ ~ ~

Cris explicava para Henrique o jeito de fazer aquele dever de matemática, sentindo saudade da época em que tudo era tão fácil em sua vida. Set estava deitado no chão, tendo Lucas deitado ao seu lado, com a cabeça encostada na perna de Harry, os mais velhos assistiam e debatiam sobre um filme de ação que passava na TV, assunto esse que era tentador a Cris, viciado/Doente por cinema assumido e sem cura, Lucas rodava de um lado para o outro abraçando e conversando com o ursinho, ou tentando assistir o filme toda vez que ouvia o som de tiros ou explosões.

Já devia ser bem de tardezinha quando a campainha tocou. — Eu atendo. – O loiro se ofereceu, se levantando e caminhando lentamente até a porta. — Já vai. - Ao abrir se deparou com um homem mais velho, alto e forte, cabelos castanhos perfeitamente arrumados, olhos azuis claros e intenso. — Que ótima surpresa Michael, entrem.

— Vim trazer a encomenda. Julia vai comigo para a empresa – O Oliver disse e sorriu, ao seu lado estava uma jovem de cabelos castanhos e olhos incrivelmente verdes, ela sorriu e abraçou Cris, logo indo ao encontro de Set que se levantou para ir encontrar com eles.

O ruivo andou até o pai depois de falar com a prima e o abraçou com carinho. Cris os observava da porta com um sorriso, até ouvir alguém soluçar, então se lembrou da purpurina que faltava no pacote, o loiro ainda se perguntava qual dos dois era mais colorido, mas era óbvio que o outro ganhava de lavada.

Cris saiu e encarou o rapaz que estava encostado no carro, de cabeça baixa ele deixava o cabelo negro e liso se bagunçar, seus olhos azuis deixavam as lágrimas caírem sem preocupação, ele usava um moletom preto com algumas palavras desnexas e uma calça Jeans escura, além do brinco preteado em uma das orelhas, um piercing na sobrancelha e as unhas pintadas de preto, O loiro se aproximou dele com cuidado, afinal o moreno era altamente sensível.

— Tá tudo bem Juan?

—Não Cris – Ele se jogou nos braços do loiro. — Quero morrer! Ele era hetero, quero morrer.

Cris suspirou e riu. — Ai Juan, graças a Deus eu já passei dessa fase.


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