Bad Heroes escrita por Katreem


Capítulo 21
Warm


Notas iniciais do capítulo

Volteeeeeei. Estou muito feliz com a nova temporada. Fiquei até inspirada! Esse capítulo tem pontos fundamentais pro andamento da história, então é bom que leiam pra entender.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/598475/chapter/21

Trabalhamos com estruturas de proteínas, DNA, crobatrografia, testes transgênicos... — dizia o Dr. Kurt Connors enquanto andávamos pelo laboratório de pesquisas especiais da Hastings, a empresa da minha família.
Eu não andava muito por lá, ainda mais pelo fato de que a empresa ficava em Nova Iorque, mas eu tinha começado uma espécie de estágio com o Dr. Connors semana passada a pedido do meu pai, que queria me incluir de alguma maneira dentro das tarefas internas da empresa, já que Melissa cuidava da imagem e tudo mais.
Tinha que admitir que o estágio estava sendo imensamente interessante. O Dr. Kurt era um homem que nasceu sem metade do braço direito e era obcecado pela ciência humana. Era um poço de inteligência e eu adorava interagir com pessoas que tinham pensamentos muito a frente de seu tempo.
— Isso é uma câmara de raio X. — ele apontou uma cabine prateada no canto do enorme laboratório. Eu imaginava que Ezra piraria aqui. Ainda o traria para dar uma olhada. — É a única no planeta. — ele acrescentou. — E temos os estudos de células humanas aqui...
Meu olhar se perdeu em uma grande cápsula no fim da sala. Era como uma grande formação de ferro com botões sofisticados e ligada a fios.
— Eu me lembro daquilo. — eu disse, observando a máquina atentamente. O Dr. Kurt se virou rapidamente. — Já o vi antes. — apontei.
— O dispositivo Gannaly. — ele observou com um pequeno sorriso no rosto enrugado.
— Eu me lembro de ter visto um desenho no escritório do meu pai. — revelei, sentindo a cena fresca em minha memória.
— A ideia era muito simples. — Kurt caminhou para perto do dispositivo, sendo seguido por mim. Ajeitei os óculos de armação preta que eu costumava usar para ler melhor. — O carregamos com o antídoto e ele cria uma nuvem que pode ser dispersada em um bairro ou até mesmo a cidade inteira. — ele explicou, gesticulando com o braço esquerdo. — Poderia curar Poliomielite em uma tarde.
— É incrível... — fiquei fascinada pela máquina que não aparentava tanto poder assim.
— É, mas tem gente que discorda. — disse Kurt. — E se o aparelho fosse carregado com uma toxina? E se você não quiser a vacina? Não tem como fugir de uma nuvem. Então ele ficou aqui, juntando poeira.
— É, isto potencialmente é uma arma.
***
— O que você vê é um modelo gráfico de um lagarto. — Kurt explicou.
Agora estávamos na parte mais avançada do laboratório. Onde havia enormes painéis transparentes se projetando no ar conforme o Dr. Connors digitava no computador. A figura de um lagarto era projetada no ar, junto com todas as informações sobre o animal. Meus olhos captavam todos os detalhes em uma velocidade que assustou até a mim mesma.
— Muitas dessas criaturas maravilhosas se adaptaram de forma tão brilhante que podem regenerar membros inteiros. — sua voz soava sonhadora enquanto o rabo do lagarto da tela era cortado e outro nascia rapidamente no lugar. — Não sabe a inveja que tenho dele. — riu. — Estamos tentando extrair e repassar essa habilidade para Freddie.
Logo um rato apareceu na tela ao lado do lagarto.
— Freddie é nossa cobaia, ele só tem três patas. — Kurt observou. Cruzei os braços, tendo explosões de pensamentos dentro da cabeça. — Coloque o algoritmo agora, Spencer.
Arregacei as mangas do meu suéter listrado e agarrei a pequena partícula digital, sentindo as pontas dos dedos formigarem, e arrastei pelo ar. Porém meu celular começou a tocar no bolso da calça, peguei-o vendo o nome de meu pai brilhar na tela.
— Você tem que atender? — Kurt perguntou sugestivo.
— Não agora. — recusei a chamada e enfiei o celular de volta no bolso, voltando a arrastar o algoritmo. — Aqui está. — entreguei-o para o Dr. Connors. — Sabe o que eu fiz?
— Imobilizou as proteínas. — ele deu um peteleco e a partícula flutuou pelo ar até entrar dentro de um reator ligado ao rato.
— E impedi a resposta imune. — acrescentei, observando as ondas do DNA de Freddie ondularem freneticamente.
— Iniciando testes. — disse uma voz computadorizada. — Processando, processando.
Vi a pata que faltava em Freddie crescer e senti a fagulha de esperança acender em mim, mas logo vi que cresceu de forma totalmente desproporcional e logo ficou vermelha.
— Falha. — disse a voz. — Cobaia morta.
— Reage. — murmurei. — Reage.
— Processando... — a voz disse quando a ação se repetiu. — Falha.
E isso aconteceu mais quatro vezes seguidas. Toda vez Freddie não se adaptava ao novo DNA e isso fez o Dr. Connors se escorar em uma bancada triste e pensativo.
Tirei os óculos do rosto e esfreguei os olhos com força antes de colocá-los de volta no lugar.
— Eu acho que vou pegar um pouco de água. — anunciei, suspirando profundamente.
Kurt assentiu e eu saí pelas portas duplas do laboratório de pesquisas avançadas, dando de cara com a luz forte e várias pessoas transitando pela ala de pesquisa das células, todas vestidas de branco.
Consegui um copo com água na recepção e abri a tela de meu celular, vendo algumas mensagens de Hanna, Alison e Aria. Abri as de Hanna e revirei os olhos quando vi que se tratava de piadas sem graça, as de Alison falavam sobre tentar acabar com uma festa de Noel Kahn e as de Aria falavam sobre ela estar terrivelmente entediada e querer sair com as meninas. Respondi as de Hanna com vários emojis entediados, não respondi Alison e disse à Aria que poderíamos fazer a noite das garotas no meu celeiro esta noite. Tudo bem que o celeiro era de Melissa, mas ela não estava lá então era como se fosse meu, hipoteticamente.
Passei cerca de vinte minutos conversando com Aria por mensagens. Ela dizia que estava difícil esconder dos pais que tinha voltado a andar e sua mãe parecia prestes a descobrir, se é que já não tinha notado que Aria se vestia e tomava banho sozinha. Coisas que Aria nunca fizera sem a ajuda da mãe.
Aria: Você é chatajanajsajijsdj
Eu: O que?
Aria: foi mal, Hanna pegou meu celular.
Eu: Ela está aí?
Aria: Não, Spencer, ela conseguiu pegar meu celular enquanto estava na casa dela tomando banho.
Eu: essa doeu.
Aria: AI MEU DEUS ME DESCULPA
Aria: eu te amo, sério
Aria: não fique brava
Aria: você é minha magrela favorita
Aria: nerd da minha vida
Aria: amorzão
Aria: amore mio
Aria: luz da minha escuridão
Eu: você é ridícula.
Aria: vê se morre, Spencer.
Estava digitando a reposta enquanto andava de volta para o laboratório avançado quando alguém esbarrou no meu ombro levemente, mas quase perdi o equilíbrio.
— Ei... — minha voz morreu quando vi Alison na minha frente. Ali quase nunca ficava surpresa, então essa expressão era quase estranha em seu rosto.
— Spencer?
— Alison?
— Tudo bem, parou o momento novela. — ela disse piscando fortemente.
— O que está fazendo aqui? — franzi o rosto, ajeitando meus óculos.
— Eu vim buscar você, sabe, para a noite das garotas. — disse. Abri a boca, mas ela logo acrescentou: — Sim, Aria me contou sobre seu convite.
— Mas eu ainda tenho que terminar algumas coisas com o Dr. Connors. — falei e Ali abriu um sorriso brilhante à menção do nome.
— Eu te espero, prometo não quebrar nada. — ela cruzou dois dedos e os beijou.
— Tudo bem. — concordei ainda meio desconfiada por ela brotar tão rápido em Nova Iorque.
Dei as costas para Alison que começava a contar um bolo dinheiro e entrei no laboratório, observando Kurt adicionar mais uma substância dentro do algoritmo e inseri-la no reator. Ele sorria largamente.
— Processando. — disse a voz de computador. Me aproximei lentamente. — Algoritmo pepitídico aceito. Crescimento concluído, sinais vitais normais, pressão sanguínea normal. Regeneração do membro bem sucedida. — a pata de Freddie cresceu divinamente perfeita. Meu sorriso foi inevitável.
— Como...?
— Vá para casa, Spencer. — Kurt sorriu largo. — Terminamos por aqui.
— Mas...
— Vá para casa. — ele riu.
Ri fraco e concordei, pegando minha mochila e saindo do laboratório.
— Boa noite, doutor. — me despedi quando passei pelas portas duplas de vidro.
Vi Alison tentando mexer em um microscópio todo esquisito e logo me aproximei, cruzando os braços.
— Você prometeu que não iria mexer. — observei com a voz carregada de cinismo e uma sobrancelha erguida.
Alison se virou como se já esperasse minha presença.
— Acredite, algumas promessas são difíceis de cumprir. — ela argumentou, os olhos azuis cintilando. Apesar de eu não ser muito ligada em moda, tinha que admitir que a combinação de jaqueta jeans e mochila de couro vermelho escarlate caía muito bem em Ali.
— Quais tipos? — eu ri, puxando-a para longe do microscópio.
— Aquelas que nos causam dor. Como se eu prometesse matar minha mãe ou algo assim. — ela explicou enquanto eu a arrastava até o elevador.
— Você é macabra. — entrei no elevador transparente, que tinha visão para a Quinta Avenida, brilhante e alvoroçada.
— Falando em coisas macabras, eu comprei algo para você. — ela tirou a mochila das costas e puxou o zíper. Levantei as sobrancelhas, esperando que não fosse um boneco de vodu.
— Comprou ou roubou?
— Eu não me chamo Hanna Marin. — ela rebateu, tirando uma pulseira de dentro da bolsa e atirou-a em mim.
Analisei a pequena pulseira com meu nome gravado e mesmo que não quisesse, sorri.
— Obrigada. — falei enquanto colocava a pulseira.
— Seremos amigas para sempre. — ela disse depois de um tempo em silêncio, quando eu já tinha apertado o botão do térreo e o elevador descia lentamente. As luzes da cidade refletindo nos olhos brilhantes de Ali.
— Você só pode estar...
— Acredite em mim, Spencer. Quando você estiver no seu casamento com o Cavanaugh, se ele não estragar tudo, é claro, eu estarei no altar, porque obviamente serei madrinha, dizendo “não case com esse monstro” então você não vai me ouvir e vai revirar os olhos. E durante sua festa, vou fazer seu bolo de noivado explodir, mas você vai estar feliz demais para se incomodar. Vou dançar com Emily e humilhar todos os seus convidados e depois encherei o carro onde você e Toby partirão de camisinhas. — ela colocou as mãos nos bolsos da calça e continuou olhando o brilho da cidade.
A verdade era que eu esperava mesmo que isso pudesse acontecer. Alison vinha se mostrando uma boa amiga, no seu próprio jeito, é claro, mas eu reconhecia todo seu companheirismo para conosco, a forma como acolhera Aria para seu grupo e agora oficializava nossa aliança.
Concordei com a cabeça, observando seu perfil. Estava ali, minha mais nova amiga, que também usava uma pulseira com o próprio nome gravado.
Uma observação
Alison nunca fez aquelas coisas no casamento de Spencer.
***
— Não, não. Alison! — reclamei quando ela me empurrou com os ombros, fazendo-me cambalear.
— Que chata você. Não é como a Hanna. — ela enrugou o nariz.
— Peso sessenta quilos e tenho ossos frágeis, o.k.? — informei. — Não sou uma valentona do crime.
Tínhamos chegado ao estacionamento assim: brigando e nos empurrando. Já era por volta das oito da noite, e eu não me sentia muito cansada. Na verdade, estava até ansiosa.
— Espera... — Alison me empurrou para trás de um carro e pediu silêncio. Olhei ao redor com cuidado, apenas para ver um homem loiro de cabelo grande se aproximar de uma BMW estacionada. Ele usava roupas pretas, porém nada muito incomum.
— Alison, ele...
— Shh!
Ele conseguiu destravar a porta — não sei como — e entrou, ficando alguns minutos lá dentro.
— Um ladrão de carros. — Alison concluiu.
— Como sabe?
— Porque ele se veste como um ladrão de carros. — ela falou como se fosse óbvio.
— Ah, então quer dizer que todo ladrão tem um estilo específico?
— Sim.
— Porque ainda falo com você mesmo? — olhei-a.
— Porque você me ama. — deu de ombros, voltando a olhar a BMW, que agora estava ligada e ameaçava se mover. — Você pode ficar com esse.
— Sério?
— Eu vou estar por perto, você sabe, para manter a área segura. — Alison garantiu.
— Tudo bem. Vamos lá. — falei tirando minha mochila das costas e a abrindo, retirando meu traje logo em seguida.

A arte de estar em lugares sem que as pessoas te notem é incrível. Enquanto o tal ladrão estava ocupado com alguns fios, eu já estava sentada no banco de trás, observando-o com a cara franzida por trás da máscara.
— Realmente, você se veste como um ladrão de carros. — disse eu, com certo receio na voz.
Ele rapidamente se virou, me olhando com uma pitada de deboche nos olhos, e talvez um pouco de surpresa.
— E quem é você? Uma policial?
— Você acha mesmo que sou uma policial? Vestida em uma roupa apertada... Quer saber? — atirei uma borrifada de água em seu rosto. — Você tem a mente de um verdadeiro gênio. — eu expliquei enquanto ele abria a porta para sair e eu acionava os pequenos ganchos nos meus atiradores, que se prendiam na porta e a faziam fechar novamente. Ele pareceu um pouco assustado enquanto abaixava o vidro e começava a sair pela janela. — Olha só, muito bem pensado. Usando a janela, saindo pela janela. Isso aí.
O palerma caiu para fora do carro, e eu aproveitei para sair rapidamente também, me escondendo atrás do carro que estava estacionado ao lado. Sorri ao ver uma oportunidade perfeita quando ele se levantou. Pulei por cima do capô do carro e enlacei as duas pernas em seu pescoço. Girei meu tronco, fazendo-o cair de novo no chão e logo me afastei.
Ele se levantou rapidamente, puxando uma faca bem afiada da cintura.
— Me deixe ir embora. — ele falou ameaçador.
— Isso é uma faca. — disse eu. — É perigosa, uma faca de verdade.
— Sim, é uma faca de verdade. — ele afirmou.
— Tudo menos facas, o.k.? Isso é muito perigoso.
— Me deixe ir embora ou essa faca vai... — ele parou de falar quando usei um pouco de força para lançar um jato d’água em sua mão que segurava a perigosíssima faca. O utensílio de cozinha voou longe. Não perdi tempo e logo apanhei um elo de choque no cinto, lançando-o e prendendo seu pulso direito contra a parede, fazendo o mesmo com o esquerdo.
— Que droga é essa?! — ele gritou, olhando para as mãos presas com pavor.
— Acho que você não quer saber disso agora. — fiz um bico pensativo.
— Socorro! — ele gritou. Ah, fala sério! Um ladrão pedindo socorro? É isso mesmo?
Me aproximei dele lentamente, com os olhos faiscando.
— Isso poderia acabar bem pior. — proferi vertiginosamente, ouvindo sirenes se aproximando.
Ah, meleca!
Me virei a tempo de ver uma moto policial parar bem a minha frente e uma arma ser erguida na altura do meu peito.
— Parada! Você de coulain não se mexa! — gritou o policial a minha frente.
— Está falando sério? — perguntei enquanto levantava as mãos em sinal de rendição.
— Quem é você? — ele perguntou com a face austera. Parece que ninguém entende o conceito da máscara.
— Vocês são burros ou o que? — perguntei rapidamente.
No minuto seguinte, o policial disparou a arma contra a minha humilde pessoa, de uma maneira rápida demais. Apenas senti alguma coisa fisgar meus ombros, percebendo que não era uma arma comum e sim um apoderador corporal, que eletrocutou meus músculos em questão de segundos.
Cambaleei me segurando no carro, piscando com força.
— Ihuuuuuu abaixa a cabeça! — alguém gritou. Levantei o olhar, vendo Alison em seu traje, dando uma mega voadora no policial da moto. O mesmo saiu voando e bateu em outro carro, ficando inconsciente.
Cerrei os punhos com força, tentando a todo custo não desmaiar. Logo as mãos de Alison seguraram meus ombros e tudo ficou frio.
— Ali?
— Aqui, nerd. — ela disse segurando minha cintura e me ajudando a andar alguns metros. Quase morri quando vi mais três viaturas policiais entrando no estacionamento. — Ai, que tédio.
Então ela saiu correndo, me arrastando consigo. Em questão de segundos estávamos na avenida cheia de carros e duas viaturas estavam mais atrás.
Alison pulou e me ajudou a subir na caçamba de uma picape, sendo que eu ainda estava meio grogue e sem forças. Ela me apanhou na cintura e me jogou para o lado. Agarrei-me com força em um caminhão que estava ao nosso lado, em seguida subindo para cima do mesmo.
Alison pulou também, quando uma moto policial surgiu bem entre a picape e o caminhão. O policial agarrou o pé dela, mas recebeu um chute bem na cara.
— Vamos, nerd. — ela subiu em cima do caminhão e me agarrou, dando um salto que fez meu estômago revirar. Estávamos na ponte de Williansburg, e Alison havia saltando lá de cima, deslizando por suas ondas de gelo quando estávamos perto do chão. — Wow, tudo bem, foi divertido.
O problema é que eu estava fraca demais, e acabei me soltando de Alison enquanto cortávamos outra avenida. O pior é que quando caí, um ônibus me pegou em cheio e fiquei lá, estatelada no vidro frontal do ônibus que ainda se movia, com a bochecha amassada no vidro e olhando as pessoas assustadas lá dentro.
— Caramba, sua trouxa! — Ali passou como um raio em suas ondas e me puxou para perto de si. — Desculpa o transtorno, pessoal. — ela acenou para as pessoas do ônibus.
Alison começou a fazer ondas de ziguezague por toda a rua, no alto, é claro, comigo agarrada nela como um carrapato.
— Saiam da frente! Estamos nos balançando, estamos nos balançando! — ela gritava em tom de diversão enquanto íamos partindo pela avenida.
— Alison? — Chamei com a voz enrolada.
— Sim?
— Obrigada. Por estar fazendo isso...
— Você faria o mesmo por mim.
***
Com dificuldade, me levantei para sentar. Todas as partes do meu corpo doíam, principalmente o tronco. Olhei em volta. Estava em uma cama com lençóis de linho, uma de uma longa fileira de camas similares com encosto metálico. A minha tinha uma pequena mesa de cabeceira ao lado, com um jarro branco e uma xícara em cima. Cortinas atadas cobriam as janelas, bloqueando a luz.
— Então, você finalmente acordou. — disse uma voz suave. — Ezra vai ficar satisfeito. Alison pensou que você morreria durante o sono.
Me virei. Toby estava apoiado na cama ao lado, com os cabelos loiros caindo no rosto. Usava jeans e camiseta azul justa, embora um cordão com amuleto ainda estivesse pendurado no pescoço.
— Sinto muito por desapontá-la. — minha voz soava como uma lixa. — Estamos no laboratório de Ezra, certo?
— Sim. Você está na nossa enfermaria, não que já não tivesse concluído isso.
Uma dor repentina e aguda fez com que eu apertasse o estômago. Engasguei.
Toby me olhou alarmado.
— Você está bem?
A dor estava diminuindo, mas eu podia sentir algo ácido no fundo da garganta e uma leve tontura.
— Meu estômago.
— Ah, certo. Eu quase esqueci. Ezra mandou dar isso a você quando acordasse. — Toby pegou o jarro de cerâmica e derramou um pouco do conteúdo na xícara que combinava, e a entregou a mim. Estava cheia de um líquido nebuloso que tinha um vapor singelo. Tinha cheiro de ervas e mais alguma coisa, alguma coisa rica e escura. — Você teve meio que os poderes “drenados” por causa do choque. — destacou Toby. — Provavelmente por isso está se sentindo tão mal.
Cautelosamente, tomei um gole. Era delicioso, rico e encorpado, e deixava um gosto amanteigado no final.
— O que é isso?
Toby deu de ombros.
— Uma das tisanas de Ezra. Sempre funcionam. — ele deslizou pela cama, sentando mais perto de mim.
— Foi Alison quem me trouxe aqui?
Toby fez que sim com a cabeça.
— Ela disse o que aconteceu.
Uma rápida imagem daquele policial atirando em mim passou pela minha mente.
— Acho que a noite das garotas já era. — ri amarga.
— Tudo bem. As meninas estão lá fora. — Toby deu de ombros novamente. Ele pegou algo no bolso e me entregou. — Não para de tocar.
Olhei o aparelho celular em minhas mãos e retornei a chamada do Dr. Connors, que atendeu no primeiro toque.
— Spencer, finalmente. — ele disse.
— Desculpe, tive alguns problemas. — me expliquei, tentando não soar tão cansada. — O que houve?
— Seu pai quer que eu comece os testes em humanos logo. Os testes, você sabe...
— Sim, sei. — franzi o rosto. — Mas por quê?
— Eles precisam vender essa cura para um grande empresário que está doente, Alexander Kahn. E tem que ser rápido, mas eu não tenho uma cobaia.
Agarrei a coxa de Toby por puro instinto.
— Oh, veja bem...
— Tudo bem, eu posso ser a cobaia. — ele disse, parecia angustiado e bravo. — Vou testar isso em mim mesmo.
— Não! Doutor, isso é... — ele encerrou a chamada antes que pudesse completar minha frase. Retornei a ligação, mas só deu na caixa postal.
— O que houve? — Toby colocou a mão por cima da minha.
Olhei-o intensamente. Esperava que o Kurt não estragasse tudo.
— Nada. — suspirei. — Não houve nada. — apertei a mão dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

SPOBY YAY. Então, sobre os casais, eles estão sendo desenvolvidos, OK? OK. No próximo tem Ezria, que vou amar escrever sobre. E também, nos próximos capítulos teremos bastante ação. Se preparem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bad Heroes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.