Atlanta escrita por Luna Collins


Capítulo 28
Capítulo Vinte e Sete


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Carla havia organizado os sobreviventes para vasculharem a pequena casa que encontraram em Juliette, para ser abrigo deles por pelo menos alguns dias. Havia completado uma semana do bombardeio de Atlanta. A mulher estava acompanhada do soldado Jack, que a ajudava a verificar os arredores do local onde ficariam. Encontraram apenas um errante perdido, vagando por ali sem propósito, mas quando sentiu o cheiro de pessoas se aproximando, logo grunhiu parecendo estar com muita fome.

―Shh... ―sussurrou Jack para a mulher ao seu lado. Os dois se abaixaram e o soldado empunhou o machado que segurava.

―Deixe ele comigo, Jack. ―ela falou em tom de voz baixo, tocando no machado para que o homem deixasse que ela acabasse com aquele zumbi.

―Parece que ninguém deu as caras por aqui desde que tudo isso aconteceu. O local parece abandonado. ―ele falava calmamente. ―E talvez a família que aqui morava tenha fugido e ele morasse aqui... Já fazem sete dias do caos, então ele deve estar com muita fome.

Carla nada respondeu, apenas assentiu. O soldado levantou-se com cautela e empunhou o machado novamente. A mulher virou-se de lado, vigiando os quatro cantos enquanto ele lidava com o errante faminto. Segurava a arma de Jack. Por sorte, Levi havia achado em algum lugar um silenciador, assim ficaria bom para eliminar os zumbis à distância tendo boa mira. Com um único golpe, Jack acertou o machado no meio do crânio do que parecia um rapaz de 19 anos. O zumbi que grunhiu um pouco mais alto quando o homem se aproximou, caiu estatelado no chão. Carla escutou o rachar do crânio e olhou, voltando seu olhar a Jack que respirou fundo.

**

Dentro da casa, Logan e Grace verificavam os quartos. A casa era térrea, não possuía outro pavimento. Gavin e Phillip checavam o restante da casa. Em um dos quatro quartos da casa, havia o que parecia ser um quarto de uma menina de nove anos. Grace entrou com uma faca em mãos, Logan deu-lhe cobertura vigiando a entrada. Grace respirava cuidadosamente, caso houvesse algum zumbi ali não poderia perceber a respiração da mulher.

Logan vigiava a porta e ao mesmo tempo dava algumas olhadas para dentro do quarto que Grace observava. Por um momento, ela esqueceu-se de que tinha que estar atenta à zumbis no local, viu um pequeno mural de fotografias cor-de-rosa pendurado na parede. Tinha fotos de uma pequena garota abraçada com os pais e o irmão mais velho. Provavelmente o errante que Jack havia matado lá fora. A jovem cientista loira foi tomada por uma leve onda de emoção, observando aquelas coisinhas todas no quarto da criança.

―Será que ela está a salvo agora? ―indagou ela a Logan que viu a emoção da cientista.

―Se a família abandonou a casa, provavelmente ela conseguiu escapar. ―ele tentava dizer as palavras certas para a mulher que conhecera há pouco tempo.

―Espero que saibam sobre Freeport. Quem sabe lá essa família tenha a chance de voltar a ter uma vida normal, não é? ―ela falava e olhou para o rapaz que tinha um leve sorriso de canto esboçado ao olhá-la.

O curto momento emocionante que estavam tendo, foi interrompido por batidas frenéticas vindas do closet. Logan e Grace se entreolharam estranhando aquilo e ficaram em dúvida.

―Quer ajuda? ―ele perguntou dando rápidas olhadas para fora do quarto.

―Pode deixar. ―ela falou determinada. Era uma cientista que havia presenciado vários acontecimentos há algum tempo mais que uma semana. Sabia como deveria agir, mesmo que talvez seu coração ainda tivesse certos sentimentos. Empunhou a faca que segurava e abriu a porta do guarda-roupa de supetão. Viu um pequeno zumbi, a menina, com seu vestido rasgado e cabelos sujos e desgrenhados, assustou-se de imediato caindo para trás no chão.

Logan reagiu rapidamente para salvá-la. Pulou por cima de Grace e se atirou na frente dela, agarrando o pequeno ser pelo cabelo e dando uma facada por dentro dos ouvidos atingindo o cérebro. Ao fazê-lo, rapidamente largou o cadáver caindo.

―Você está bem? ―ele se abaixou para ver como a cientista estava. Viu a jovem com algumas lágrimas contidas nos olhos, pensou que a menina das fotos estivesse viva e a salvo. Mas enganou-se. Provavelmente quando a família fugiu, ela ficou com muito medo e escondeu-se no guarda-roupa. E o errante que Jack matou lá fora seria o irmão mais velho das fotos.

―Eu... Eu... ―ela tentava falar.

―Eu te entendo... ―disse Logan compreendendo o que ela queria dizer. Acariciou os cabelos e beijou-lhe a testa tentando acalmá-la.

Grace engoliu em seco e já mudou o olhar que tinha em seu rosto. Como se tornasse seus sentimentos frios naquele momento. Não poderia se emocionar toda vez que visse uma garotinha-zumbi. Aquela era a realidade e eles tinham que lutar.

―Bom, o quarto está limpo. ―ela falou mais calma. ―Temos que ver se os outros encontraram algo. O homem assentiu e ajudou a mulher a se levantar, saindo daquele quarto. E logo teriam que retirar o corpo e limpar o local, senão iria ser difícil ficar ali por três dias.

**

―Alguma coisa, Gavin? ―indagou Phillip que olhava os banheiros enquanto o outro olhava a cozinha.

―Nada. ―ele repensou o que estaria fazendo. ―Tive uma ideia! ―o fotógrafo virou-se e abriu o armário atrás dele. Phillip veio de lá para ver o que ele fazia. Ficou apenas observando.

―O que está procurando?

―Suprimentos! ―ele respondeu empolgado. Foi colocando o que tinha no armário em cima da mesa. ―Achei algumas cervejas, cinco potes de macarrão instantâneo, duas latas de atum e três de sardinha. E alguns alimentos que não dá para fazer nas atuais condições...

―Ótimo, o que você encontrou deve dar para alimentar nosso grupo pelo menos por hoje. Todos devem estar com fome. Vamos ver se está tudo certo com os outros que foram checar a área e os que estão esperando lá fora. ―disse o homem. Gavin o acompanhou, deixando os suprimentos em cima da mesa para mostrar aos outros.

**

Ivne estava em cima do capô do carro de Amy, olhando com o binóculo para ver se a área toda estava segura de errantes. Os outros esperavam, quando avistaram Jack e Carla vir de um lado, e Logan, Grace, Phillip e Gavin saírem de dentro da casa com expressões boas.

―Está limpo! ―disse Grace.

―E encontrei alguns suprimentos que devem dar para hoje. ―falou Gavin vendo um sorriso surgir no rosto de Alicia que correu para abraçá-lo ao escutar. Carla viu de longe e voltou seu olhar para o chão, mesmo tendo se familiarizado com a garota, talvez não aceitasse o fato de que Gavin e Alicia pudessem estar criando algum sentimento entre si.

―Bom, vamos entrar então. ―falou Owen sorrindo para os amigos e todos levaram cobertores e suas coisas para dentro da casa.

Eles haviam feito um trabalho em grupo. Logan e Grace se encarregaram de retirar o corpo da menininha de dentro da casa e limpar o quarto. Mesmo que não ficassem por lá. Armariam acampamento na sala de televisão que era grande. Os homens pregaram tábuas de madeira nas janelas e quando estava quase tudo pronto, Carla chamou Alicia para ir até o lago com ela. Havia um barco ali e quem sabe com boa sorte conseguiriam pescar bons peixes.

Ivne chamou Owen para ir com ela até algum local mais próximo que conseguissem encontrar. Pegaram o carro de Carla para irem. Se a loira descobrisse, ficaria uma fera com o amigo, mas ele resolveu arriscar. Encontraram uma loja de conveniência e pegaram garrafas de água, pacotes de biscoito recheado, salgadinhos, isqueiros, álcool, pilha e lanternas. Colocaram tudo na mochila e na hora de voltar, acabaram vendo o que parecia ser um trailer muito bem conservado.

―Owen, espera... ―pediu Ivne indo olhar o estado do veículo. ―Parece estar em boa condição. ―ela sorriu pro rapaz que foi até ela.

―E está mesmo. ―ele assentiu. ―Será que tem combustível?

―Só ligando o motor pra saber, não é? ―rebateu irônica com um leve sorriso de canto. Virou a chave de ignição e o motor ligou. Olhou no painel e voltou seu olhar para o homem.

―O tanque está cheio. ―ele bradou. ―Vamos levá-lo.

―Mas e o carro da Carla? ―Ivne perguntou.

―Ah, realmente. ―Owen repensou. ―Eu dirijo o carro dela, você sabe dirigir ou só ligar o motor? ―indagou como se realmente não soubesse. A mulher apenas olhou-o com ar de ironia. Ele entendeu e riu de si mesmo. ―Ah, desculpe. Vamos nessa.


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