Um ano depois...

POV Thomas Markinstop

  Nossas vidas tem andado bastante corridas e atarefadas, mas isso não é de todo o mal. Percebo que quando Emily tem coisas para ocupar a mente, se torna menos ansiosa e isso é muito bom. Estou na reta final do curso de direito, mas são esses últimos momentos que se tornam mais atarefados e um tanto cansativos.

  Mas hoje é um dia muito especial, é o casamento de Paul com Susanne. Já fazia mais de um ano que os dois começaram a ter um relacionamento sério e o brilho dos olhos de ambos mudou drasticamente desde então.

  O pai de Emily é uma das pessoas mais dignas da felicidade. Depois de perder a mulher e ser separado da filha, praticamente ao mesmo tempo, ele merecia alguém para que pudesse dividir a vida com ele.

  Estou terminando de me arrumar. A cerimônia será a noite, com uma recepção em um restaurante de estilo rústico bastante famoso aqui em Zurich. Eu e Emily seremos os padrinhos, então precisamos chegar um pouco mais cedo na pequena igreja que será realizado a cerimônia.

  Seriam poucos convidados, alguns amigos músicos de Paul e a família de Susanne.

  Nesse momento ouço passos vindos do outro quarto, quando me viro vejo Emily. Ela está usando um vestido longo, de um tom azul esverdeado que possuía o detalhe de ser aberto nas costas. Estava com o cabelo preso em um coque e uma maquiagem suave. Linda.

 - Thomas, vamos descendo. Seu pai vem nos buscar em dez minutos - Diz ela vestindo um casaco, a noite estava um pouco fria.

 - Dez minutos? Dá tempo pra isso - Seguro a cintura dela e a trago para perto de mim, depositando um beijo naqueles lábios que hoje estavam mais rosados do que vermelhos.

  Ela passa seus braços pelo meus pescoço e aquele simples beijo, virou algo mais apaixonante.

 - Vamos logo, se não a gente não sai mais desse quarto - Disse ela rindo - Só vou pegar os meus remédios, deixei em cima da mesa.

 - Claro - Ainda fico receoso caso Emily venha a ter uma recaída, elas não estão frequentes e a tempos não há uma que seja grave. Mas quando já se viu o pior, acabamos por pensar no pior. Mesmo que este possa estar muito longe.

  Acredito que ela deva pensar o mesmo com respeito a mim e ao álcool. Emily me viu cair ladeira a baixo de um momento ao outro e me viu em uma cama hospitalar por isso. Nós temos problemas, e isso ficou nítido a tempos. Mas cuidamos um do outro e no fim faz tudo valer a pena.

  Depois que ela pegou o remédio, descemos e vimos que o carro de meu pai já estava parado na frente. Entramos e fomos em direção a igreja.

  No caminho, Emily perguntou.

 - Susanne está nervosa?

 - Eu não cheguei a entrar lá, mas algumas amigas que trabalham na clínica com ela disseram que ela estava pra ter um ataque.

 - Parece que foi ontem que eu estava assim - Diz ela e nós entrelaçamos nossas mãos - O caminho até o altar pode não ter nem 30 metros, mas para as noivas é como estar andando uma maratona.

 - Fique tranquila Emily, a situação do Thomas não estava tão diferente da sua não - Emily deu uma risada e eu um sorriso sentindo o rosto esquentar.

 - Poxa pai, me entregou - Digo rindo.

 - É uma das missões dos pais. Envergonhar um pouco os filhos - Nesse momento penso, que já não me lembrava em qual foi o último momento em que eu e meu pai estivemos tão próximos.

  Chegamos na igreja e já subimos no altar. O pai de Emily já estava presente.

 - Te desejo toda a felicidade pai - Diz Emily o abraçando - Pois o senhor a merece mais do que ninguém.

 - Muito obrigado Emily. Obrigado por tudo minha querida.

 - Eu é que devo lhe agradecer. Ao senhor e a Susanne, foram a minha família por todos esses anos.

 - Felicidades Sr. Monroe - Digo apertando sua mão.

 - Thomas, já está na hora de me chamar de Paul. Se não eu me sinto muito velho - Esse comentário me faz rir.

 - Vocês dois estão no caminho certo pra serem felizes - Digo por fim, então eu e Emily fomos para os nossos lugares no altar.

  Não demorou muito para que Susanne chegasse, ela estava muito bonita. Usava um vestido bastante simples, porém elegante, de seda.

  Ela entrou acompanhada pelo diretor da clínica, que pelo que ficamos sabendo, são velhos amigos. Ele entrega Susanne para Paul e em seguida a cerimônia começa.

  Poucas e belas palavras ditas pelo padre. E quando menos esperávamos, já estavam casados. Na saída, aproveitamos para jogar arroz e pétalas de rosa vermelhas.

  Como disse Emily, parece que foi ontem que éramos nós no lugar deles.

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POV Emily Monroe

    Durante a cerimônia, é de costume que alguns convidados façam discursos em homenagem aos noivos. E eu me senti na obrigação de fazer uma pequena mostra de carinho a eles.

  - Eu não vou encontrar palavras o suficiente nessa noite e nem mesmo pelo restante da minha vida. Para demonstrar o quanto esse casal é importante para mim - Digo - Eles me viram no pior de mim e em momentos dos quais eu já tinha perdido as esperanças nos outros e em mim mesma. Mas eles não desistiram de mim por nenhum momento e se hoje eu estou bem e viva... é por causa desse casal. Me fizeram renascer das cinzas e me deram um novo sentindo para a frase ''Você é capaz''. Eu nunca fui muito boa com palavras, mas com música eu sou melhor.

  Vou até a cadeira onde está o meu violino.

 - E essa música, é uma composição minha. Mas eu tive como lembrança aquelas primeiras idas ao parque. Era o meu local preferido quando eu era pequena e meu pai me levava lá todo domingo. Contava isso a Susanne várias vezes, espero que gostem.

  Já sentia meus olhos marejarem quando comecei a tocar. A música começava lenta e calma, mas com o passar das notas ela ia crescendo. Era como contar uma história, teve seus momentos calmos e agitados. Eu toquei com o coração, contei a minha história com eles através de uma música.

  E ao final da última nota, eu já podia escutar os aplausos que aqueceram ainda mais o meu coração e deixaram uma lágrima escapar dos olhos.

  Aproveitamos a festa até o final. E quando os convidados já estavam indo em bora, eu e Thomas resolvemos ir também. Me despedi do meu pai e de Susanne e fomos com o pai do Thomas para nossa casa.

  Ao chegar lá, começamos a tirar a roupa de festa.

 - Thomas, me ajude a abrir o vestido por favor - Sinto suas mãos abrirem o zíper pela lateral. Mas ao mesmo tempo sinto os beijos dele em meu pescoço, que começam a fazer o meu corpo esquentar.

 - Achei que a lua de mel fosse entre meu pai e Susanne - Digo rindo e mordendo os lábios.

 - Mas nós podemos fazer uma para nós - Ele termina de tirar o meu vestido e começamos a nos beijar de forma apaixonada e ardente. Até que finalmente começamos a nos amar.

  Mesmo com temo que já conheço Thomas, ele ainda consegue me provocar arrepios.