Céu & Mar escrita por Luh Castellan


Capítulo 4
Kiss Me Under the Light Of a Thousand Stars


Notas iniciais do capítulo

O título foi inspirado num trecho de uma música de Ed Sheraan. Boa leitura :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596795/chapter/4

Percy

Depois de um almoço super nutritivo (filé com fritas e Coca Cola, como diria minha mãe: "ótimo para o nosso crescimento"), nós massacramos o chalé amarelo no vôlei de areia e ganhamos de 4 a 2 do chalé verde no futebol. Depois foi a vez do queimado com bexigas de água. Deveria se chamar "molhado", porque foi assim que eu fiquei depois de duas partidas.

Nós jogamos contra as meninas, o que achei meio injusto, mas não comentei em voz alta. Na primeira partida, ganhamos fácil da equipe cor-de-rosa. Elas não conseguiam acertar ninguém e as bolas espatifavam inofensivas no chão da quadra. As meninas usavam regatas rosa com o logo do acampamento e shorts curtinhos pretos que, cá entre nós, eram uma ótima distração. Só ficavam correndo em círculos como baratas tontas, ou se agachavam e cobriam a cabeça com as mãos, soltando gritinhos histéricos e reclamando de molhar o cabelo por causa das chapinhas. Em 5 minutos, tiramos todas de campo.

Depois, nosso adversário foi o chalé azul claro. Elas usavam regatas azuis e os mesmos shorts minúsculos. Advinha quem era a capitã? Acertou quem disse Thalia. As garotas estavam em menor número, por isso Nico teve que ficar de fora. De qualquer forma, não fez muita diferença, pois ele só ficou parado na lateral da quadra em todas as outras competições.

Thalia sorriu desafiadora para mim e tentou me acertar, mas eu desviei. Joguei um balão na direção de suas pernas (e que pernas!), mas ela também desviou. Uma ruiva encharcou Travis com uma bolada na barriga e ele saiu resmungando por ter sido eliminado por uma garota. Mirei na direção de uma menina de cabelos amendoados, mas meu coração falhou uma batida. Ela era tão... Linda. Ela não parecia se esforçar para parecer bonita, ela só era. Seus olhos de mel focaram em mim, suplicantes e não consegui jogar o balão. Beckendorf acertou-a no peito, me tirando do transe.

– Ei Don Juan, vai jogar ou vai ficar paquerando nossas adversárias? - Ele debochou com um sorriso brincalhão.

Thalia me olhou irritada e cochichou alguma coisa no ouvido da loirinha ao seu lado. A menina assentiu e passou a informação para as outras. A marrentinha deu um sorriso sádico para mim quando todas as quatro se viraram na minha direção e... Atiraram os balões de água.

Meio atônito, ainda consegui desviar de uma bola que passou próxima ao meu joelho. Me agachei e outra passou zunindo ao lado do meu ouvido. Mas não consegui me livrar das duas últimas. Uma atingiu em cheio minha cabeça e a outra no meu peito, me encharcando todo.

Fuzilei Thalia com os olhos, enquanto deixava o campo e a morena sorria, triunfante. Não entendi o complô contra mim, mas a estratégia delas foi boa.

Depois que eu saí, Juníper surpreendeu e espatifou uma bexiga no braço de Connor. Luke, com duas belas jogadas, tirou de circulação ela e a ruiva. Porém, sabe-se lá como, a loirinha acertou-lhe uma bolada no peito. Beckendorf ainda estava processando a informação quando Thalia aproveitou o momento de distração e atingiu o rapaz bem no nariz. As garotas deram gritinhos de comemoração e saíram saltitando da quadra.

– Parabéns, caras. Perderam pra um bando de menininhas - Nico debochou.

Luke olhou irritado para o garoto e saiu pisando duro. Ele não aceitava perder. Encharcados, doloridos e arrasados, voltamos para o nosso chalé.

Na metade do caminho, Thalia me parou. Tinha um sorriso zombeteiro e triunfante no rosto, seus olhos azuis faiscavam de alegria.

– Você devia ver a sua cara... - Começou a implicar, mas eu a interropi.

– Me deixe em paz - Rosnei, de mal humor, cerrando os punhos.

– Own, tadinho... Chore não, bebê - Fingiu preocupação. - Quer que eu te dê um beijinho pra sarar?

– Só um? Que cruel - Retruquei, sorrindo de lado. A raiva esvaiu-se de mim, não tinha como ficar bravo com ela.

A baixinha riu e aproximou o rosto, provocante, deixando-o a centímetros do meu. Eu podia sentir a sua respiração. Quando nossos lábios estavam quase se tocando, ela parou e sussurrou.

– Nos seus sonhos, Don Juan - Se afastou e deu um peteleco na minha testa. Só podia ser louca.

Sim, louca, marrenta, linda, teimosa... E queria me deixar louco também.

Thalia

No outro dia, depois da nossa brilhante vitória no queimado, fizemos canoagem no lago. O idiota do Percy (Juníper me dissera seu nome) me encharcou toda, batendo com o remo e respingando água em mim. Ele disse que foi a "vingança" pelo que eu fiz com ele no dia anterior. Mas eu dei um jeito de virar a canoa dele, fazendo-o cair no lago. O problema foi que ele me puxou junto e eu afundei, me debatendo. O lago não era muito fundo, então não me afoguei. Depois que consegui me estabilizar, transferi uma série de socos no garoto, que riu como se nada tivesse acontecido.

— Thinking Out Loud - Ed Sheeran —

À noite, nos reunimos em volta da fogueira na área comum dos chalés e assamos marshmallows. Apesar de estarmos no verão, um vento frio soprava no vale e tive que vestir meu casaco. Lee Fletcher puxou um violão e começou a cantar Thinking Out Loud, do Ed Sheraan. O garoto tocava e cantava muito bem e todos pararam para ouvir. Logo, um coro de garotas acompanhavam ele, sem quebrar a sinfonia perfeita. O som do mar ao longe e os barulhos da floresta ajudavam a completar o clima romântico, relaxante.

A fogueira era bem grande, sua chama crepitava alto, dançando com o vento e irradiava um calor aconchegante. Um céu de mil estrelas erguia-se sobre nós, como na música. Silena cantava baixinho, com a cabeça apoiada no ombro de Beckendorf e ele tinha o braço passado em torno da cintura dela. Formavam um casal diferente, ele tão grande e forte e ela tão pequena e frágil, mas mesmo assim tinham um tipo de conexão, como se um completasse o outro.

Annabeth estava ao meu lado, pensativa, escrevendo na areia com um graveto e em seguida apagando. Sua testa estava franzida e seus olhos de tempestade estavam distantes. Olhei de relance e vi que ela escrevia 4 letras: L-u-k-e. Depois ela remechia a areia e apagava tudo. O dono do nome que ela rabiscava estava sentado a dois troncos de distância, flertando com Zoë Doce-Amarga, mas ela o ignorava, indiferente. Eu me peguei pensando como era possível esse cara nunca ter reparado na minha prima. Ela era linda, inteligente e um doce de pessoa, só um babaca como ele para não enxergar isso. Ela olhou uma última vez para o "casal" e suspirou.

– Pra mim já deu - Se levantou e bateu a poeira dos seus jeans. Sua expressão era de alguém que estava prestes a matar uma pessoa ou se desmanchar em lágrimas, talvez até as duas coisas. - Vou dormir, você vem?

A baixa temperatura e o céu divinamente estrelado deixavam a noite com cara de felicidade, de harmonia e me convidavam a ficar.

– Acho que vou ficar mais um pouco - Sorri, me desculpando.

– Tudo bem - Murmurou e saiu.

Agora eu estava sozinha, sentada num tronco de árvore, abraçando os joelhos com o braço direito e segurando o espeto com a mão esquerda. Lee Fletcher estava tocando outra música e os campistas acompanhavam cantando e batendo palmas ritmadas. Visualizei Nico do lado oposto da fogueira, sozinho, meio deslocado. Pensei em me aproximar e puxar assunto, mas ele estava com cara de poucos amigos, então desisti da ideia. Na verdade, ele sempre parecia estar de mal humor, então não dava para distinguir.

Meu marshmallow já estava no ponto e eu aproximei o espeto para pegá-lo, mas alguem que estava atrás de mim o roubou.

– Perdeu - Caçoou uma voz conhecida.

Me virei para ver quem era, apesar de eu já ter certeza. Percy Jackson sentou do meu lado. Usava um casaco azul escuro de capuz, como o do Jack Frost, mas o capuz estava baixado. Seus cabelos negros estavam bagunçados e seus olhos cor-de-mar sorriam para mim. Cheirava a perfume masculino, misturado com maresia.

– Foda-se, nem gosto de marshmallows mesmo - Resmunguei, jogando meu espeto para longe.

Ele riu.

– Por que você resmunga de tudo? E tá sempre na defensiva? - O moreno perguntou, ainda rindo.

– E por que você é tão irritante? - Retruquei, ríspida.

Ele não respondeu. Depois de um bom tempo em silêncio encarando o chão, olhei de relance e vi que o rapaz me observava.

– Ta olhando o que? Quer uma foto? - Perguntei, me virando para ele.

– Só acho você bonita - Deu de ombros.

Isso me pegou de surpresa. Ele deve ter percebido minha cara de confusão, porque deu um sorriso maroto.

– Não pode baixar a guarda um pouco, marrentinha? - Indagou, seus olhos verdes analisando meu rosto. - Não podemos ser amigos?

– Hm... - Mordi o lábio, desconfortável.

A música parou e Quíron me livrou de responder.

– Eu sei que isso aqui está muito bom, mas já está ficando tarde. Todo mundo pra cama - Anunciou.

– Aahh... - Um suspiro coletivo veio dos adolescentes que se levantaram, relutantes.

Me levantei e andei apressadamente na direção do meu chalé, sem olhar para trás, deixando Percy plantado perto da fogueira.

– Até amanhã - Ouvi ele dizer, mas eu já estava longe.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até aqui ^^
Comentem...