Finalmente parecia que metade das coisas estavam para dar certo. Previ o casamento de Edward e Bella, o que me deixou radiante. Afinal, essa é a visão mais certa que já tive em minha vida, por que se Bella aceitou o pedido de Edward, significa que ela não vai voltar atrás – o que me deixa aliviada. Mas nem todos os problemas estão resolvidos, pois Victória ainda está viva. Ela não durará muito tempo, é mais que uma promessa.

Carlisle marcara uma reunião para, mais ou e menos, três minutos. Ultimamente ele tem andado muito misterioso, pensando em coisas de mais e me deixando bastante confusa. Agora mesmo eu não sei sobre o que ele quer falar, pois faz questão de não tomar a decisão sobre o que falar. Odeio manipulações forçadas. Assim que ele tomar sua decisão, seja lá qual for, eu saberei.

Neste momento estou esperando os outros chegarem, deitada no grande sofá da sala. Meus olhos estavam fechados, tentando captar algo sobre Carlisle, mas ele ainda não havia decidido. O que, obviamente, está me deixando irritada. Ouvi o silencioso barulho do Volvo de Edward e depois um som de porta batendo, então abri os olhos lentamente, me incomodando com a luz que atravessava as paredes de vidro como se elas não estivessem ali. Quando enfim olhei, notei que Edward abraçava Bella cuidadosamente e beijava seu cabelo, deliciando-se com o cheiro. Isso me fez lembrar da maneira como Jasper sorria antes de me beijar. Eu adorava ser o fato de ser a única a conhecer todos os atributos que ele tinha a oferecer. Balancei a cabeça freneticamente, tentando espantar a cena e também a saudade que sentia dela. Não satisfeita com meus pensamentos, voltei a fechar os olhos.

– A falta de Jasper ainda te incomoda, não é? – eu não precisava abrir os olhos para reconhecer o dono daquela melodiosa voz. Rosalie tem o incrível dom de deduzir o que estou pensando. O que me lembrar de Edward, mas ela não lê mentes, pelo menos é o que ela diz. Mas, com certeza, apenas me conhece mais que eu mesma.

– Estamos tão perto e ao mesmo tempo tão distantes – murmurei as palavras ainda de olhos fechados e então finalmente a visão me veio à mente. Carlisle enfim tomou a sua decisão. E eu simplesmente não estava acreditando era isso que Carlisle pretendia fazer... Eu estava começando a ficar inquieta, mas tentei parecer no mesmo estado de espírito que antes. Pelo menos o suficiente para que Rosalie não percebesse.

– Só um quarto separa vocês, Alice – por isso que eu amava Rose. Além de ser compreensiva e estressadinha, ela sempre estava disposta a me consolar, mesmo quando sabia que não voltaria atrás com o que eu já havia decidido. – Depois que Carlisle falar conosco... – ela fez uma pausa, mas não abri os olhos para ver o porquê – Fala com ele.

Balancei a cabeça negativamente e notei que ela soltou um de seus famosos suspiros exagerados. Era muito fácil irritá-la e eu amava fazê-lo. Esperei mais alguns segundos e finalmente abri meus olhos, avistando primeiramente a linda silhueta em minha frente. Rose estava com um coque no alto da cabeça e usava um vestido justo; estava linda. Sinto-me feliz por ter irmãos tão belos. Eu mal havia notado a presença dos outros no cômodo. Esme cumprimentava Bella, que segurava a mão de Edward, perto da porta e Carlisle conversava com Emmett próximo à escada. Olhei mais uma vez em volta, mas não vi Jasper. Ele ainda não descera – se é que desceria.

– Só falta o Jasper – Edward disse. Com certeza deve ter lido a minha mente. Idiota.

Carlisle me olhou e fez um rápido movimento com a cabeça para o segundo andar, indicando para ir chamá-lo. Levantei, sem contestar a ordem dele, e subi as escadas com uma lentidão maior que a que Bella costuma nos mostrar. Caminhei pelo corredor pensando nela, que havia me dito na noite anterior que eu estava perdendo todo o meu brilho, que meu sorriso não era mais o mesmo, que eu havia mudado. Coitada, deve estar assustada comigo. Eu esqueci até de ir cumprimentá-la agora a pouco. Vou pedir desculpas depois que todos ouvirem o que Carlisle tem a dizer.

Mais uma vez Jasper invadiu meus pensamentos e eu me esforcei para obrigá-los a sumirem. É o seguinte, o problema começou no dia em que Jasper tentou matar a Bella e desde esse dia eu não me sinto mais a mesma. Lembro-me como se fosse hoje.

Alice, não vou para Denali com vocês, dissera Jasper quando todos voltaram para a casa para darem auxilio ao Edward e Carlisle. O cheiro da Bella estava quase imperceptível. Preciso ficar sozinho e refletir, então vou passar um tempo no Alasca.

Parei diante a porta do quarto de Edward e respirei fundo. Encará-lo de frente nunca tinha sido tão difícil para mim, mas agora... Coloquei a mão na maçaneta e a girei, entrando em seguida. Jasper estava em pé na janela, olhando o espesso labirinto de arvores úmidas. Dei dois passos para ele e torci o máximo para ele não olhar para mim. Se isso acontecesse, todo o gelo que consegui esculpir em volta de mim vai derreter só de ao menos olhá-lo.

– Carlisle está pedindo para você descer – eu disse finalmente. Ele se virou e caminhou em minha direção, mas sem olhar para mim. Quando ele estava próximo demais saí de seu caminho, mas ele não passou. Parou na minha frente e ergueu seu olhar para encontrar os meus, que desviaram instantaneamente na defensiva.

– Vai continuar me dando um gelo, Alice? – minhas mãos apertaram brutalmente o tecido da minha blusa de seda e quando ele viu que eu não responderia, desistiu e desapareceu pela porta, me deixando sozinha.

Minhas pernas fraquejaram, mas eu não cedi à elas, porque precisava descer e ouvir o que eu já sabia que Carlisle falaria. Cheguei à sala em questão de centésimo de segundo e notei que Carlisle e Edward me observavam. Então notei o por quê.

– Não, Carlisle! Eu não vou – eu disse, chamando a atenção dos demais. – Não pode me obrigar a ir falar com um deles!

Jasper franziu o cenho e se virou rapidamente para Carlisle, que nunca o ignoraria.

– Está tudo bem, Jasper – Carlisle se aproximou dele e afagou seu ombro com uma das mãos. Depois se virou para mim. – É por Edward, Alice – notei que Bella prestava mais atenção que o comum na nossa conversa, mas não liguei. Afinal, ela faz parte da família também, não é mesmo? Mas aqui era a minha paciência que estava em jogo. – Se não pode fazer por ele, faça por Bella – que droga! Bella sempre foi meu ponto fraco. Eu faria de tudo no mundo para vê-la bem, mas será que ela queria manter o cachorro longe? – E você pode ver o futuro, Alice. Pode correr quando vir algo – neste momento Bella e eu nos olhamos rapidamente e então notei as sobrancelhas de Edward franzirem. Maldito dom de ler mentes!

– Mande outro, Carlisle! – Edward disse, soltando a mão da Bella e indo de encontro ao loiro. – Ela não consegue ver o futuro que os envolvem. Não pode colocá-la em perigo desse jeito e principalmente para resolver os meus problemas – meu coração ficou grato por Edward ter me defendido e por está se preocupando comigo. Não é atoa que nos entendemos bem. Tudo bem, nem sempre é assim, mas não importa.

– Afinal ela vai ter que falar com qual deles? – eu havia esquecido o quanto a Bella é lenta.

– Com o seu amigo cachorro – eu disse, sorrindo. Eu estava bastante irritada com isso. Tem sete integrantes na família... Quer dizer, oito. Edward estava fora de cogitação. Sobraram sete e por que tinha que ser logo eu?

– Jacob? Por quê?

– Carlisle quer que Alice tente convencê-lo a não me importunar mais. Só que ele vai matá-la – a ultima palavra foi pronunciada mais alta que as outras, dando a impressão de ter deixado Bella chateada. Edward nunca confiou em Jacob, assim como eu, e isso nunca fora escondido por ele.

– Não! Jake não faria isso.

– Jake? – Edward deu uma risada abafada. – É assim que você o chama? – Ele olhou para mim e depois para Carlisle, ignorando-a. – Carlisle, é claro que ele vai fazer mal à ela e se algo acontecer, eu mato todos eles!

– Acalme-se, Edward – Esme pegou em suas mãos.

– Eu confio em Jake – Bella disse, tentando me encorajar. Claro que ela confia, afinal são amigos. Mas isso não quer dizer que o que ele não faria com ela também não faria comigo – Ele não fará nada a ela.

– Vou falar com ele – Edward me olhou de um jeito preocupado, me fazendo sorrir. – Tomarei cuidado. Vai ficar tudo bem – continuei a sorrir e então ele se acalmou. Jasper era ótimo nisso.

Bella teve alguns planos e reaproveitamos as ideias, formulando uma só: Ela o chamaria até sua casa e eu o receberia assim que ela me mandasse uma mensagem no celular.

Eu já estava ficando impaciente. Esse garoto é bastante lento. Ele ainda não havia chegado até a casa de Charlie? Quando tentei me concentrar para ver o que Bella pretendia fazer, meu celular tocou uma musiquinha tosca que Emmett baixou. Eu o peguei e li a mensagem: Ele está chegando de carro. Vem!

Fechei rapidamente o aparelho e o enfiei no bolso de trás da minha calça jeans, depois corri para a trilha. Estas terras são dos Cullens, então talvez ele não se importasse tanto se algum deles aparecesse – ou não. Parei perto da entrada de carros da casa de Charlie e o vi tocando a campainha. Só então ele notou minha súbita presença.

– Você? – disse ao se virar. Todo o seu corpo parecia vibrar só de ao menos ter me visto. Adoro o efeito catastrófico que causo nos homens. Ok, isso não é momento para piadas, mas tive que me segurar para não rir e deixá-lo ainda mais irritado. Isso não seria legal. – O que faz aqui? – seus olhos estavam semicerrados.

Não pude deixar de o olhar de cima a baixo. Ele vestia aquela bermuda velha jeans e sapatos brancos. Estava sem blusa e com o cabelo levemente arrepiado. Suas mãos estavam fechadas em punhos e seus dentes trincados. Apesar de tudo, era uma boa visão. Lembro-me que Bella me disse que ele faria dezessete anos e se ele não fosse o que é, eu duvidaria disso. Ele, sem exagerar, parecia ter o dobro da minha altura e tinha músculos metades desenvolvidos. Olhei para o abdômen dele e não pude deixar de pensar besteira. Olha o que Bella perdeu... Balancei a cabeça para espantar os pensamentos e voltei ao foco.

– Quero conversar com você – minha voz não saiu tremida como eu tremia. Afinal eu era uma vampira e ele tremia só de sentir minha presença. Ah! E ele estava sozinho. Seria moleza detonar esse vira-lata.

– Como é? – Jacob ergueu uma das sobrancelhas e começou a andar na minha direção.

Continua...