Guardians I - The Divine Stones escrita por G Menegatti


Capítulo 37
XXXVII - Changes


Notas iniciais do capítulo

Bom galera, desculpem-me pela demora, não foi de propósito... Levei todo esse tempo porque estava difícil terminar este capítulo, pois é o último! Isso mesmo, The Guardians I acabou e já fiz o primeiro capítulo da continuação, que postarei nas notas finais.
Espero que gostem e mais uma vez, obrigado pelo apoio dos leitores :)



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Resquícios do caos e da destruição causada pela sangrenta batalha se espalhavam pela cidade inteira em forma de destroços e corpos sem vida. As chamas que ainda crepitavam e queimavam serviam para nos aquecer conforme se aproximava a noite, embora o silêncio predominante conseguisse ser tão frio quanto os ventos gélidos daquela época.

Ainda sentia a dor em minhas pernas quebradas, por mais que a poção de Cleo começasse a surtir efeito lentamente, e duvidava muito se conseguiria me levantar pelas próximas horas.

— Estão vindo... — Luna quebrou o silêncio que se estendia por quase uma hora, enquanto fitava os vultos distantes de Patrick, Kendall e Cleo retornando do cemitério.

O semblante de tristeza estava implícito na expressão de cada um deles, mesmo que não fosse possível ao menos vê-los perfeitamente, até mesmo porque enterrar alguém que era visto e considerado como um pai não era uma tarefa simples e que se pudesse ignorar.

Mas não era só na face deles que era notável a mudança, mas de cada um de nós ali. Até algumas semanas atrás, Logan era apenas um cara tímido, bonitão e meio bobo, características muito diferentes das que ele expressava agora após tantos acontecimentos. Havia seriedade em seu olhar, firmeza em sua voz e traços de angústia em cada movimento. Eu não escapava das mudanças, pois a cada vez que eu via meu reflexo num dos retrovisores dos carros destruídos eu me assustava, pois não era mais o mesmo garoto magricelo e infantil que costumava ser. Agora era possível notar a maturidade em meus olhos ou a cada vez que me pegava pensando na vida. Mas se havia alguém que tinha passado por mudanças severas era Luna, que até então preferia se distanciar de nós e provavelmente refletir sobre o que for que tenha acontecido a ela quando desapareceu ou se transformou em seu formato Licantropo. Minha curiosidade era algo que me matava diante das transformação de minha melhor amiga, mas eu preferia respeitar seu espaço pessoal, pois a conhecia muito bem e sabia que força-la a falar podia ser doloroso.

— Conseguimos enterra-los próximo ao túmulo de Ariadne. — Disse Kendall assim que se aproximou de nós, se referindo aos corpos de Teseu e Aine.

Cleo havia me contado que Ariadne havia sido esposa de Teseu e andava com eles desde que Patrick havia sido encontrado e que a morte da mulher pelas mãos de Zargron havia sido algo muito doloroso e impactante para Teseu, algo que ele não conseguia superar.

Meus medos de perder as pessoas que eram importantes para mim só aumentaram ao saber da história, ainda mais agora que eu podia incluir Kendall e Cleo, por terem me ajudado tanto.

Eles foram os únicos que se sentaram próximos a nós, diferente de Patrick, que apenas passou reto e se isolou ao desaparecer na primeira rua.

— Ele precisa de um tempo sozinho. — Comentou a garota ao vê-lo agir daquela maneira.

— Acho que todos nós precisamos...

Infelizmente eu tive que concordar com cada palavra que Logan havia dito, mas eu não tinha certeza se teríamos tempo para refletir.

— E agora? — Minha pergunta foi dita de maneira duvidosa, que colocava outras questões após todos os acontecimentos.

— Acho que a única coisa que nos resta é ir à Grécia como planejávamos. — Respondeu Logan, em meio ao vento gelado que começou a surgir com o cair da noite. — O problema é como...

— Encontraremos um jeito. — Cleo logo se levantou, retirando algo do bolso e mostrando a todos nós. Eram quatro anéis com pedras maciças encrostadas em cada um deles. — Mas agora preciso devolver isso a vocês.

Ela entregou os anéis com as respectivas Pedras Divinas a cada um de nós e no mesmo instante em que a toquei pude sentir toda a energia contida em seu interior com os poderes de Hades. As sombras que se estendiam por todo o território ganhavam força a cada vez que uma nuvem ocultava a pouca luz que a lua emitia. Mas desta vez havia algo a mais que era ainda mais sensível e forte naquele lugar: a morte. Com tantos corpos de Orcs, Zumbis e até mesmo dos Licantropos que havia se juntado a nós, espalhados pela cidade, era possível sentir suas almas vagando sem rumo, em busca de redenção.

— Acho que vamos precisar de anéis também. — Comentou Logan com um sorriso, se referindo à facilidade de portar as pedras.

Kendall e Cleo também estavam intrigados com algo a respeito das pedras, mas havia algo ainda a resolver também.

— E quanto a Pedra de Odin? — Perguntei ao vê-la na mão da garota.

Todos os olhos se direcionaram a ela e as lembranças de Zargron provavelmente vieram à tona, pelo menos em minha mente foi a primeira coisa que surgiu.

— Foi Patrick quem o matou, portanto é ele quem deve ficar com a pedra.

— Eu não preciso disso. — O garoto se pronunciou no mesmo instante, sem que eu notasse sua presença ali.

— Eu sei. — Falou Cleo com um sorriso, guardando a pedra. — Nenhum de nós a quer por perto, mas com tudo o que Zargron disse, qualquer ajuda pode ser bem vinda contra o que for que está por vir.

— Você vem conosco? — Perguntou Kendall, se levantando. — À Grécia.

Patrick expressou indiferença diante da pergunta.

— Já consegui o que queria e não tenho motivos para acompanha-los. — Falou o garoto, observando as chamas que Kendall havia jogado sobre os corpos queimarem. — Mas acho que as coisas podem piorar, mesmo que não tenhamos ideia do que esteja por vir.

— Isso é um sim?

Ele apenas assentiu, se virando.

— Se precisarem de mim para alguma coisa estarei no cemitério. — Disse ele, se afastando cada vez mais. — Recomendo descansarem para decidirmos o que fazer amanhã cedo.

As sombras rapidamente tomaram conta em meu sonho, algo que já fazia um bom tempo que não tinha, e logo com ela veio a presença de Hades em sua forma espectral. Seus olhos negros como as trevas acompanhados de um sorriso enigmático surtiam um efeito de medo toda vez que o via, mas daquela vez era diferente. Eu não estava mais com medo do deus, não depois de ter enfrentado tantas coisas desde que perdi a pedra. Agora, mais do que nunca, eu sabia das minhas capacidades e precisava demonstrar esse sentimento.

— Há quanto tempo. — Falei, cumprimentando-o com um aceno breve.

A imagem do deus tremeluziu e ele tomou uma forma mais sólida e nítida desta vez, dando alguns passos em minha direção.

— O tempo é relativo para mim. — Disse o deus. — Mas fico feliz em saber que você e seus amigos conseguiram derrotar Zargron o quanto antes.

Hades parecia aflito e angustiado, mas ao mesmo tempo feliz em me ver.

— Como assim?

— Eu estive em contato com ele, eu vi a raiva e os planos dele. — Seus olhos vacilaram ao se lembrar. — Seja quem for, alguém assumirá o lugar de Zargron e tenho certeza que não será qualquer um.

— Mas qual o plano dele?

— Mostrar à humanidade o verdadeiro mundo no qual vivem.

— E qual o propósito disso?

— Poder, meu filho, muito poder. — As palavras de Hades apagaram, junto com as sombras.

De repente eu me vi na escuridão da van, acompanhado somente da presença de meus amigos, que adormeceram com dificuldades, tanto quanto eu.

Sabia que não conseguiria mais dormir naquela noite, não depois do dia cansativo e traumatizante que tivera. Sabia também que a partir de agora, as noites seriam cada vez mais difíceis e frias.

Levantei-me em silêncio, para não acordar ninguém, embora soubesse que Logan estivesse acordado, já que eu sentia a força de seus pensamentos conectados aos meus. E então abri a porta da van, saindo do veículo e fechando o mais rápido possível.

Os ventos gelados da noite se chocaram contra minha pele, causando calafrios imediatos, mas era uma sensação normal para mim e não desconfortante.

Caminhei pelo lado de fora, iluminado pela luz da lua, que brilhava intensamente. Não havia ninguém naquela rua deserta, a não ser Cleo, que estava reclusa e afastada da caminhonete, se aquecendo através de uma fogueira improvisada com os destroços de uma casa.

Por um instante pensei em ir até ela, apenas para conversar, mas percebi que ela não estava sozinha. Patrick estava no topo de um pilar, fitando as chamas queimar lentamente os pedaços de madeira e concreto. Nenhum dos dois abria a boca, apenas aproveitavam o frio silêncio da norte.

Apesar de querer me juntar mesmo assim aos dois, sabia que eu também precisava de um momento sozinho para refletir sobre tudo. Por isso apenas caminhei pelas ruas daquela cidade, com dificuldades, já que minha perna ainda estava se curando aos poucos.

Evitava me afastar muito já que, caso fosse atacado por algum monstro, poderia pedir ajuda a quem estivesse próximo. E por isso encostei nos destroços de uma casa, sentando numa viga de concreto e refletindo sobre os acontecimentos.

Lembranças de meus avós invadiram minha mente, ou até mesmo de meus pais, quando eu enfrentei os Asuras no motel. Momentos felizes que passei com meus amigos, antes de nosso mundo desabar completamente e fazer com que nossas vidas mudassem de forma drástica. Até mesmo momentos tristes de quando via vovó doente ou as brigas de meus amigos. Por um instante desejei que tudo o que havia passado até então fosse um sonho e eu iria acordar em breve, mas tinha certeza que tudo aquilo era bem real.

No entanto, enquanto viajava em meus pensamentos e lembranças, comecei a notar a presença das almas e sombras naquele lugar, ainda tentando encontrar um rumo em suas novas vidas, se é que eu poderia chamar aquilo de vida. Mas havia uma delas que chamou a minha atenção, uma presença sombria que eu facilmente pude reconhecer e que eu pensava estar morta. A cada momento que se passava ela se aproximava cada vez mais, até ficar ao meu lado. Senti o frio na minha espinha, enquanto meus pelos se eriçavam e meus músculos se enrijeciam.

— Olá Dracfo. — Cumprimentei o fantasma, sem sentir medo do mesmo.

Ele se tornou visível ao se juntar a mim, mas sua aparência estava completamente acabada e partes dele estavam se desintegrando aos poucos.

— Parece que seus poderes se expandiram... — Notou ele, com uma voz fraca e silenciosa.

Infelizmente era verdade aquilo, embora a partir de agora fosse necessário cada vez mais descobrir meus poderes e utiliza-los de maneira correta, mas junto com isso, eu podia sentir cada vez mais as almas se lamuriando e as sombras tomando conta de muitos outros lugares, uma sombra fria e densa.

— Pensei que estivesse morto.

— Eu já estou morto... — Disse ele como se fosse algo banal.

Ele ergueu seu braço fantasmagórico, que tremeluziu ao se mover com o ar.

— Mas como ainda está aqui? — Perguntei novamente, ainda tentando entender.

— Zargron pode ser forte, mas eu também sou. — Dracfo se sentia orgulhoso daquilo. — Só que controla-lo gastou muito de mim e estou desintegrando aos poucos.

— E isso quer dizer que...

— Que eu posso desaparecer completamente e sumir da face da terra? — Perguntou de forma retórica, assentindo levemente. — Poderia se eu não soubesse o que fazer.

Minhas sobrancelhas se juntaram ao ouvir aquelas palavras.

— E o que você vai fazer?

Pude sentir os lábios do fantasma se contraírem e formar um sorriso sombrio.

— Eu não preciso te dar explicações. — Disse ele. — Estou aqui apenas para te alertar, embora presuma que Hades já tenha feito isso.

— Sobre Zargron?

Dracfo rapidamente assentiu.

— Ele planejava algo muito cruel, que poderia acabar com a raça humana ou com qualquer coisa que se opusesse a ele.

— E o que era?

— Ainda não sei, apenas senti seus pensamentos. — Tornou a falar. — Mas eu acho que em breve isso virá a tona e todos descobrirão de uma maneira trágica.

— Infelizmente...

O fantasma se mexeu inquieto ao meu lado, olhando para a lua, que em algumas horas sumiria do céu, dando lugar ao sol.

— Agora é a minha deixa... — Disse ele, se afastando.

— Você não vai ficar conosco?

— Por que? — Perguntou com um sorriso. — Você por acaso se esqueceu que meu primeiro objetivo era mata-los?

— Não, não esqueci. — Falei. — Apenas queria recompensar você por ter salvo a minha vida.

Dracfo apenas riu.

— Não preciso de sua compaixão e muito menos dos seus amigos. — A voz do fantasma soou com firmeza. — Aliás, eu sou um mercenário e sou caçado por muitas pessoas, se quiser pode perguntar ao espírito que está no corpo de sua amiguinha.

— O que? — Naquele momento milhares de pensamentos invadiram minha cabeça e eu simplesmente não sabia do que ele estava falando. — Você está se referindo à Luna?

As sobrancelhas de Dracfo se arquearam num único movimento.

— Lógico. — Assentiu. — De quem mais eu estaria falando?

— Mas de que espírito você está falando?

O fantasma se virou no mesmo instante.

— Acho que você deveria perguntar isso à ela, não a mim... — Ele já estava partindo quando decidiu se virar pela última vez. — Ah, e se pretendem ir realmente à Grécia, procurem pelo navio de Frey, pode ser mais seguro do que um avião agora que vocês possuem seus próprios inimigos.

Ao dizer isso ele começou a se afastar, mas antes mesmo de desaparecer pude chama-lo a tempo.

— Dracfo! — Ele apenas parou e virou a cabeça de lado. — Obrigado por ter salvo a minha vida e por tudo...

Ele sorriu novamente, fitando a escuridão e partindo logo em seguida, sem dizer uma palavra e me deixando a sós ali.

Voltei a sentar na viga de concreto, evitando prestar atenção nas almas, ou me recordar de todas as lembranças. Apenas queria ficar em silêncio e não pensar em nadas. Mas isso era algo impossível, ainda mais depois de tudo o que havia acontecido naquele dia e o que estava por vir...

A história continua em:

Guardians II - The Ethereal Spirits


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Notas finais do capítulo

Bom galerinha, aí está o final... Me digam o que acharam e não deixem de acompanhar a continuação.
http://fanfiction.com.br/historia/628690/Guardians_II_-_Ethereal_Spirits/

Até mais!



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