Guardians I - The Divine Stones escrita por G Menegatti


Capítulo 19
XIX - "Welcome to Santa Clarita"


Notas iniciais do capítulo

Bom galera, aqui está o capítulo, espero que gostem



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— O que faz aqui Aine? — Perguntou Kendall assim que organizamos todas as coisas para partir e que o mesmo explicou que ela era uma fada, irmã de sua mãe-fada de criação.

Notei que, com a pergunta do garoto, a expressão dela se alterou, tornando-se mais sombria e triste.

— Minha casa foi destruída... — A voz dela representava um forte sentimento.

Todos ali estavam sentados ou encostados na parede da caverna, enquanto Aine explicava o que havia ocorrido.

— Os Orcs invadiram a floresta de Sierra Nevada, cercando as fadas e destruindo tudo o que viam pela frente. — Continuou a falar, sempre evitando olhar em nossos olhos, provavelmente para não demonstrar a fraqueza. — Não tivemos nem tempo de fugir, com exceção de algumas fadas que estavam nas fronteiras da floresta, onde eles não haviam atacado até aquele momento.

Cleo manifestava uma aparência confusa após Aine explicar o que havia acontecido.

— Orcs nunca atacam de livre espontânea vontade. — Disse ela de repente. – Alguém deve ter negociado com eles, organizando o ataque. Você não se lembra de algum detalhe de diferente neles?

A fada fitou o teto da caverna, onde havia estalactites pequenas.

— Não... — Comentou, sem esperanças. No entanto, algo a fez mudar sua expressão. — Pra falar a verdade, havia algo sim, mas não neles. Havia dois corvos os acompanhando, sempre silenciosos e imperceptíveis.

De repente todos se entreolharam e já sabiam a resposta. Inclusive eu, que não era muito esperto já havia compreendido o que estava acontecendo.

— Zargron... — Sussurrei seu nome, lembrando-me dos dois corvos de Odin que nos atacaram.

Logan era o único que não havia entendido a referência ao Anjo Negro, pelo simples fato de ter ficado de fora da batalha, mas permaneceu em silêncio.

Vi Aine se mexer desconfortavelmente ao ouvir o nome. Pelo visto ele era bastante conhecido por qualquer espécie.

— A cada dia ele está se tornando mais forte. — Observou Teseu, mordendo os lábios. — Além da Pedra de Odin, agora ele possui as de Hades, Isis, Vulcano, Atena e Ares.

— Espera aí! — Exclamou Logan assustado. — Do que você está falando?

Observei Luna caminhar até ele, na intenção de procurar um carinho familiar ou algo do tipo.

— Enquanto você estava inconsciente, fomos atacados por Zargron que estava em posse da Pedra de Odin. — Explicou Teseu. — Infelizmente não conseguimos derrota-lo, mesmo com a ajuda dos Licantropos.

— E então ele pegou nossas pedras. — Conclui.

— Bom... nem todas. — Logan mexeu em seu bolso em busca de algo e então retirou dele duas pedras familiares. — Ele não pegou a minha nem a de Luna.

— Isso quer dizer que ainda temos chances de recuperar as nossas. — A confiança de Kendall era admirável, mas ao mesmo tempo insana.

Aine olhava para cada um de nós, tentando compreender a todos, mas intrigada com algo.

— Algo está mal contado nesta história. — Todos voltaram a olhar para a fada. — Se vocês não conseguiram derrota-lo, como ainda estão vivos?

De repente a imagem do anjo iluminado surgiu em minha mente, assim como sua voz, ordenando que Zargron fosse embora.

Todos olharam para mim, pois sabiam que eu havia sido o último a ficar consciente na batalha.

— Kevin? — Cleo me chamou, com as sobrancelhas erguidas, fazendo com que seus olhos ficassem mais visíveis naquela escura caverna, que antes era iluminada pelas chamas produzidas por Kendall. — Você esqueceu de nos contar algo?

Me mexi desconfortavelmente, tentando encontrar palavras que descrevessem a cena que eu havia visto, mas era muito mais além da minha compreensão.

— Foi tudo tão rápido... — Comecei a explicar, fazendo com que todos me ouvissem atentamente, tornando-me o centro das atenções naquele local, coisa que eu odiava.

Assim que eu terminei o rápido relato sobre o que havia acontecido, houve um silêncio incômodo na caverna, que foi quebrado segundos depois por Teseu.

— As coisas estão piores do que imaginamos. – A fada concordou com as palavras do homem, assentindo e se levantando do chão gélido da caverna.

— As forças da natureza estão inquietas, posso sentir isso. — Complementou Aine com um olhar tão sombrio quanto seus cabelos. — Algo grandioso está por vir e talvez decidirá a história do nosso mundo.

Logan também se levantou, passando a mão pela nuca de sua irmã e me encarando logo em seguida.

— Independente do que for, iremos lutar até o fim para não deixar que nosso mundo seja destruído. — E com essas palavras eu pude reconhecer o Logan de sempre, que estava disposto a se sacrificar para salvar quem quer que fosse.

— Eu estou com Logan. — Disse Kendall, fazendo o mesmo que todos e se levantando. — Além do mais, estou com muita vontade de meter a voadora naquele filho da puta do Zargron.

Aine expressou horror ao ouvir aquelas palavras sendo ditas por Kendall que até chegou a colocar a mão sobre a orelha.

— Eu também. — Se voluntariou Cleo, com o seu lindo sorriso de sempre, que chegava a iluminar aquela caverna. — O mais importante é tentar e não fugir, mesmo que nossas chances sejam quase nulas.

Em seguida a garota olhou para Teseu, que estava sentado em uma pedra, observando a lâmina da sua espada e, ao perceber que estavam todos o encarando, decidiu se manifestar.

— Eu prometi a mim mesmo que iria proteger e ajudar vocês onde quer que fosse, não sei porque estão esperando uma resposta minha. — O tom de voz de Teseu ainda demonstrava o quão abalado ele estava diante tudo o que havia acontecido da noite para o dia.

Até mesmo Aine se juntou a causa heroica e suicida, o que deixou Kendall feliz. Restando somente a mim, decidi fazer um breve discurso assim como todo mundo.

— Já ouviram a expressão que diz que não se pode se arrepender de algo que fez, e sim de algo que deixou de fazer? — Logan exibiu um sorriso ao ouvir aquilo, pois era uma frase típica dele, que sempre me dizia quando estava tentando me encorajar, desde quando éramos crianças. – Pois então, estou nessa!

Era uma cena que chegava a emocionar, todos se unindo por uma causa nobre, mesmo que nossas chances estivessem quase reduzidas à zero.

De repente Bob, que estava ao lado de Aine, que o acariciava com suas mãos, deu um latido que ecoou por toda a caverna.

— Acho que Bob também está junto com nós. — Disse Logan, fazendo todos rirem, algo que seria bem raro a partir de agora.

Após recolhermos todos os nossos materiais e pertences, decidimos sair daquela colina o mais rápido que pudéssemos para não corrermos o risco de ser pegos por Zargron novamente, caso ele decidisse voltar.

Caminhávamos em direção a tal pousada em Santa Clarita que pertencia a Cleo, para reabastecermos. Um trajeto que levaria cerca de cinco horas naquele ritmo, sem contar as paradas para descansar.

Luna permanecia ao lado de seu irmão, sem desgrudar dele por um instante, talvez o considerasse uma espécie de porto seguro diante tudo o que estava acontecendo a ela. Sabia que não estava sendo fácil para ninguém, perder entes queridos e ter a vida drasticamente mudada, mas para minha amiga isso estava sendo muito pior.

Teseu seguia a frente de todos em silêncio e ainda com uma expressão fechada. Kendall e Aine eram os únicos que conversavam entre nós, tendo vários assuntos animados, talvez para relembrar os velhos tempos ou para botar o papo em dia, pois Kendall claramente gostava de conversar e eu admirava isso nele.

Já Cleo, que estava ao meu lado e geralmente passava o tempo conversando, estava incrivelmente quieta, apenas fitando o chão e seguindo em frente. Lembrei-me das palavras de Lupa, se referindo a ela como uma imortal.

— Tudo bem com você? — Perguntei à garota, tentando ajuda-la da mesma maneira que ela havia feito comigo.

Ela me olhou e percebi que seus olhos azuis e tão brilhantes estavam carregados de lágrimas.

— Sim. — Mentiu ela, mas claramente ela não queria fazer isso, pois logo se corrigiu. — Na verdade estava pensando em Patrick...

Lembrei-me de quando Kendall falou que Cleo e Patrick estavam tendo algo, mas eu não tinha tanta certeza assim, pois nunca vi os dois juntos nesses três dias que estávamos acompanhando-os.

— Você gosta dele, não é? — Minha pergunta fez ela rir.

— Kendall te contou algo, não foi? — Era incrível como ela podia saber das coisas tão facilmente, enquanto eu demorava mil anos para compreender mensagens subliminares e indiretas. — É complicada nossa história. Mas de qualquer jeito, a questão não é essa.

— E qual é?

— Passamos mais de cinco anos juntos, como se fossemos uma família e agora ele foi embora, sem ao menos se despedir da gente. — Prosseguiu a garota. — Embora Patrick seja muito esperto, ele ainda continua sozinho e você viu do que Zargron é capaz, quem não garante que ele possa procurar por Patrick?

Percebi então que o medo que Cleo tinha em perder seu amigo, era o mesmo que eu possuía para com Logan e Luna.

— Meu avô sempre me dizia que devemos assumir nossos riscos sem magoar os outros. — Citei, fazendo-me lembrar de vovô, tendo uma lembrança boa e feliz. — Patrick pode até ter partido, mas ele fez isso por vontade própria, mesmo que o motivo tenha sido eu...

— O motivo não foi você Kevin. – Cleo falou aquilo de um jeito tão convicto que parecia até conhecer os motivos da partida de Patrick, e talvez soubesse mesmo. — Pelo menos não completamente.

— Se não foi eu, o que foi então?

— Patrick é complicado de se entender, muito complicado.

Olhei para ela que continuava séria e não exibia seu sorriso típico e contagiante que sempre tinha.

— E eu pensando que mulheres eram complicadas.

E então Cleo riu, deixando-me contente por ter feito tal proeza.

— E somos, mas Patrick é um nível supremo de complicação.

— Estou começando a achar que mulheres não são complicadas e sim frescas... — Zombei, fazendo-a sorrir mais uma vez e me dar um soco no braço.

A longa caminhada demorou mais que o previsto, levando cerca de 7 horas, incluindo as paradas para descansar. Quando alcançamos Santa Clarita, o sol já estava prestes a se por, obrigando-nos a acelerar os passos.

— Este lugar me é familiar. — Comentou Logan ao entrarmos na cidade.

Estávamos próximo a uma rodovia com muitos carros passando pelo lugar e com a placa que dizia:

“Bem vindos à Cidade de Santa Clarita”

— Foi aqui que Paul Walker morreu, não é? — Perguntou o garoto.

— Sim. — Falei, lembrando-me do final de 2013, quando os noticiários não paravam de falar sobre a morte do ator.

Além disso, conhecia Santa Clarita muito bem, quando estudava geografia em casa. Sendo a quarta maior cidade populosa do condado de Los Angeles, servindo como base para algumas grandes empresas na região.

— Quem é esse? — Perguntou Aine, fazendo Logan se assustar.

— Você não conhece Paul Walker? — Ele olhava para ela como se estivesse cometendo um pecado, fazendo-a negar. — Nunca assistiu Velozes e Furiosos?

— Uma vez eu conheci Mercúrio, antes dele virar uma pedra, ele era bastante veloz, mas não parecia muito furioso. — Logan continuava abismado com aquilo.

— Em que mundo você vive?

— Não entendi sua pergunta jovem. — Retomou ela, demonstrando inocência. — No mesmo que o seu, creio.

Enquanto isso Kendall ria com a cena, ficando vermelho e até mesmo sem respirar.

— Vou te mostrar alguns filmes quando chegarmos na pousada de Cleo. — Disse Logan, olhando para a garota logo em seguida. — Por falar nisso, falta muito?

Ela respondeu com um sorriso e apontou para um lugar distante, onde havia uma espécie de palácio tão grande quanto um de verdade.

— Só estou vendo uma mansão... — Comentei, arregalando os olhos. — Não me diga que aquilo lá é sua...

— Pousada? — Cleo então assentiu com um sorriso orgulhoso. — Sim.

— Se você chama aquilo de pousada, não quero nem ver o significado de castelo para você, ó gloriosa Rainha Cleópatra. — Falei, brincando com seu nome, fazendo-a exibir um sorriso meigo e sem graça.


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