No capítulo anterior...

Peguei meu celular, entrei na agenda e busquei o endereço de onde a mulher morava e em pouco tempo já havia chegado ao apartamento. Era um lugar não tão simples mas também não tão luxuoso, bonito. Peguei o elevador e subi até o quinto andar e procurei a porta de número 231. Apertei a campainha de leve e logo vi a maçaneta rodar rapidamente.

– Olá, Violetta!

– Vo-Você?!

...

– Ficou surpresa em me ver, princesa?

– Taylor?! Pensei que estivesse morto ou pres...

– Fugi! -- Ele disse rápido sorrindo de lado. O olhei melhor e percebi como ele estava diferente... Seus cabelos estavam castanho-escuro e sua barba grande e bagunçada. Ele estava me olhando fazia menos de um minuto e de repente, colocou a mão no bolso e tirou de lá uma arma. Quando vi, estremeci de medo. -- Entre, Violetta. Venha nos fazer companhia!

– O quê?! Você e mais quem? -- Disse nervosa.

– Seja muito bem vinda, queridinha!

– O que você está fazendo aqui, Lara? -- Me assustei com a presença dela.

– Não me reconheceu no telefone não? -- Sua pergunta veio seguida de uma risada sarcástica.

– Era você! Ai meu Deus, como fui tola! -- Resmunguei e vi um sorriso se abrir em seu rosto maligno. Eu deveria ter levado à sério o que ela disse antes de ir, será que ela queria roubar o meu León?! -- Me deixem ir embora, prometo nem olhar mais na cara de vocês! -- Implorei e eles fingiram não ouvir. Eu sabia do que eles eram capazes de fazer comigo, e isso me deixava cada vez mais tensa com aquela situação.

– Eu soube que vai se casar, é verdade? -- Taylor perguntou segurando meu queixo e não hesitei em responder.

– Sim.

– Com o meu León? -- Lara perguntou em seguida e chegou mais perto.

– Sim, com o MEU León! -- Gritei na cara dela, que bufou com ódio.

– Faça-me o favor, garota. Ele não te pertence e nem te ama!

– Diz isso porque ele nunca te deu esse amor que ele me dá! -- Respondi e Taylor segurou minha nuca com força -- Ai!

– Fica caladinha! -- Ele gritou em meu ouvido e eu apenas o olhei com ódio.

– Não! -- O contrariei -- O que vocês fazem juntos aqui em Buenos Aires?! -- Perguntei e Taylor me jogou sentada no sofá.

– Podemos dizer que sempre fomos amigos... Bons amigos! -- Ele disse pausadamente.

– Amigos?! -- Disse pasma. Nunca havia passado na minha cabeça que eles eram amigos. -- Mas o que você tem a ver com tudo isso, garota? -- Perguntei à Lara que me mandou um olhar mortal.

– Garota não, eu tenho nome! -- Ela gruniu e tomou a arma da mão de Taylor. -- E eu tenho TUDO a ver, tolinha! Se não fosse por mim, você não se apaixonaria pelo meu querido Taylor, não teria aquele bichinho que você chama de filha e nem estaria aqui! -- Ela disse e eu comecei a ligar os pontos -- Querido algeme e amordasse ela, por favor!

– Com prazer! -- Ele falou e pegou minhas mãos com força. Me debati tentando me soltar de suas mãos mas Lara foi mais rápida e colocou a arma apontada para a minha cabeça.

– Isso não vai ficar as... -- Antes de terminar minha frase, eu já estava com um pano amarrado em minha boca e os pulsos algemados por trás das costas.

– Não vai ficar mesmo, Viluzinha! Continuando... Tudo o que aconteceu com você, teve minha linda mão no meio! -- Ela disse mirando as unhas e rindo -- Taylor nunca te amou, ele apenas me fez um favor de destruir todo tipo de sentimento pelo León que ainda existia em seu coraçãozinho hipócrito e deixar o Leónzinho só pra mim!

Eu não estava acreditando no que estava ouvindo. Lara e Taylor eram cúmplices, eu estava algemada e e sendo ameaçada nas mãos deles e isso significava que eu estava correndo risco de vida. Estava me corroendo de medo por dentro e tentava não demonstrar isso por fora, mas estava difícil de conseguir segurar o susto e temor que eu estava sentindo deles.

(...)

Pov León -- Horas antes...

Estacionei o carro em frente a casa, abri a porta do banco de trás e peguei o bebê-conforto onde Valentine dormia serenamente. Entrei em casa e tudo estava um completo silêncio mas não estranhei, sabia que Violetta havia ido trabalhar e esperava que ela não demorasse tanto por medo de não dar conta da bebê sozinho.

(...)

Se passaram pouco mais de três horas e nada de Violetta chegar em casa, e isso era um tanto estranho já que ela disse que voltaria em menos de duas horas. Pra piorar, Valentine não parava de chorar. Ela já havia comido, estava de fralda limpa e de banho tomado, sem sono mas berrava tanto que comecei a me desesperar. Liguei para Fran mas ela não atendia, Federico também não e muito menos a própria Violetta. Resolvi procurar em suas agendas o endereço de onde ela estava. Subi as escadas com Vale no colo aos prantos e com certeza era pela falta da mãe. Vasculhei sua bolsa de trabalho e lá encontrei uma agendinha, onde ela anotava algumas tarefas e Bingo! Achei o endereço!

Estava pronto pra ir àquele tal lugar. Me arrumei rapidamente e quando fui arrumar Valentine, percebi que a mesma estava queimando em febre e havia começado a chorar novamente, muito provável pelo mal-estar que estava sentindo. Me desesperei e corri pra ver se o banho abaixava a febre dela... E não abaixou. Com medo, a cobri com uma mantinha e a coloquei na cadeirinha no banco de trás. Acelerei e em poucos minutos já me encontrava na porta do grande apartamento. Desci e peguei Vale, que de tanto chorar acabou por dormir, e entrei indo logo em direção ao elevador.

Subi cinco andares e parei em frente ao apartamento 231. Quando estava prestes a tocar a campainha, ouço uma voz muito familiar... Lara?! Esperei uns instantes depois de tocar e logo ouvi passos vindo em direção a porta e silenciosamente vi a bebê acordar, parecia estar um pouco mais calminha.

– Leonzinho! -- Lara abriu a porta e me deu um susto -- Veio me ver, amor? -- Ela perguntou melosa e neguei de leve com a cabeça -- Podia ter deixado essa coisinha em algum lugar, assim teríamos mais intimidade!

– Não chame ela de coisinha e eu não quero nada com você! -- Exclamei e fui direto ao ponto, porque algo me dizia que ela estava com Vilu. -- Onde está a Violetta? -- Perguntei receoso tentando acalmar Vale que continuava a choramingar.

– Você acha mesmo que eu estaria com a Violetta? -- Antes de poder responder, vi um homem se aproximar...

– Mas eu estaria! -- Vi Taylor sair do apartamento rindo cínico.

– O que você está fazendo aqui? Não estava preso? -- Perguntei assustado. -- Cadê a Violetta? -- Gritei e ouvi um barulho de algo quebrando dentro do apartamento. No mesmo instante a bebê berrou, talvez estivesse se assustado com a barulheira e Lara correu pra dentro rapidamente.

– Isso aí é a minha filha? -- Taylor perguntou olhando pra garotinha de olhos inchados de choro em meu colo.

– Minha filha, você quis dizer! -- Gritei nervoso.

– Tenho certeza que não é...

– Quer ver a certidão dela? -- Perguntei e ouvi mais barulhos dentro do apartamento -- Taylor, me diga logo onde está Violetta!

– Ela estava tendo um dos melhores dias da vida dela comigo, pena que você estragou tudo! -- Ele disse rindo e meu ódio aumentou ao limite. Num impulso, o empurrei e entrei no apartamento. A sala estava bagunçada mas não havia ninguém. Então, ouvi murmúrios vindos do quarto e corri pra lá. Tentei abrir a porta mas ela estava trancada. Pensei em arrombar mas lembrei que estava com a bebê no colo e por um instante agradeci por ela estar calma. Um grito abafado veio de dento do cômodo e em seguida um barulho de uma palmada, ou melhor, de um tapa. Me apavorei por saber que quem apanhava era Violetta... Não pensei duas vezes, segurei a bebê com firmeza e chutei a porta que se abriu brutalmente (óbvio). Entrei e encontrei Lara de pé olhando fixo para a porta quebrada, talvez assustada com meu ato, e Vilu amordaçada no canto do quarto, chorando baixo e com o rosto vermelho. Mais que imediatamente corri ao seu encontro e tirei o pano de sua boca e ela deu um longo suspiro.

– León! Meu amor! -- Ela disse chorando e tentou me abraçar mas suas mãos estavam presas. -- Oi princesinha! -- Ela falou com Vale e deixou outra lágrima cair.

– Você está bem? O que eles fizeram com você? -- Perguntei preocupado secando suas lágrimas.

– E-Eu estou bem... Ele não me fez nada. -- Ela respondeu rápido e baixo. De repente ela olhou pra cima da minha cabeça assustada -- León, cuidado! -- Ela gritou. Senti uma pressão tomar conta do meu corpo e imediatamente tudo ficou preto.

Pov Violetta

Acordei com uma dor de cabeça muito forte e aos poucos fui me lembrando do que havia acontecido. Enquanto olhava em volta a procura de alguém, imagens passavam em minha mente.

León havia sido apunhalado pelas costas por Taylor que segurava um grande objeto de madeira em suas mãos. Seu sorriso vitorioso mostrava seu coração gélido e infeliz. León havia desmaiado com a pancada e o que mais me doía era saber que eu não pude fazer nada para salvá-lo daquilo. Lara olhou fixo para a bebê, que engatinhava cuidadosamente até mim e levantava suas mãozinhas como quem queria um abraço ou um colo materno, ela queria apenas um lugar para se sentir segura... Mas eu estava presa. Logo a mulher correu e pegou Valentine no colo, mesmo a pequena se esperneando e berrando, mostrando que não queria ficar com ela. Chorei. Não podia fazer nada além daquilo. Tentei não trazer maus pensamentos à minha mente, mas era inevitável. Tudo estava dando errado... León desmaiado, minha filha nas mãos do perigo e eu, com a dor de sofrer por estar impossibilitada de ajudar quem eu amo, de salvar quem eu amo e de viver com quem eu amo...

Tudo havia ficado escuro, sem saída e nem luz no fim do túnel... Apenas um grande nada reinava naquele mundo de tristeza e arrependimento eternos...