Cidade Dos Corvos escrita por Dyêgo


Capítulo 9
Cidade dos Corvos: Capítulo Nove: Funeral




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/595991/chapter/9

CAPÍTULO NOVE:

Dias Atuais.

Residência dos Collins.

O Sr. Collins preparava o corpo de Ellen para o velório e a Srta. Grunwald preparava o local no cemitério com uma foto dela e coroas de flores. Como um ato de caridade, Rafael veio e colocou uma coroa de flores perto do caixão. Pessoas iam chegando, não porque conheciam Ellen e sim porque conhecia seu tio.

– Bem arrumado para o meu funeral. – Falou Ellen pra mim e eu tomo um susto.

– Meu Deus. Eu tenho que me acostumar com isso. – Falei.

– Fico feliz que ainda esteja aqui. – Falou ela.

– Sente-se diferente hoje? – Perguntei a ela.

– Você quer saber se eu vejo uma luz brilhante? Não. É como uma vez na primeira série que minha mãe adotiva me esqueceu na escola. Eu estava... Sentada no meio-fio, esperando.

– Você não está sozinha. Seja o que for... Maldição, padrão... Vamos descobrir juntos.

– Obrigada.

Lá no cemitério.

– O terno antigo do Sr. Collins ficou muito bem em você. – Falou Carla para mim. – Eu sabia que ficaria.

– Sim, é bem bacana. – Falei e Carla sai.

Ellen estava bem ali, junto a mim, mas ninguém podia vê-la.

– Pelo menos você pode tira-lo depois. Eu sequer escolhi o vestido que estou sendo enterrada. – Falou Ellen pra mim e eu olho em um canto e vejo Eduarda acompanhada do Dillon e na frente Heleno e sua mãe. – Quem são eles mesmo? Sou terrível com nomes.

– São Heleno Matherson e Eduarda Matherson. Não chegou a conhecê-los.

– Não. Eu morri com eles.

– Clark está aqui. – Falou Eduarda para Heleno.

– Não acho que veio prestar suas condolências. – Falou Heleno.

– Por favor, vocês eram amigos.

– Jogávamos hóquei juntos. Então ele escolheu outro time.

Nesse momento Mykaella chega ao funeral, passa por Heleno, mas não fala com ele e nem com ninguém. Eduarda olha para o lado, na direção da lápide de seu pai e vê uma menina na frente.

– Olha. – Falou ela pra Heleno e ele olha.

– Ellen era filha da minha irmã Lilian. – Falou o Sr. Collins. – Gostaria de tê-la conhecido melhor.

– Ele não queria, é mentira dele. – Falou Ellen. – Ele se fechou em toda conversa que tentei fazer.

– Ela tinha apenas 17 anos... Muito jovem. – Continuou ele. – Mas quando a morte veio, suas preocupações acabaram. Suas preocupações foram colocadas de lado. Ela está com os anjos agora.

– “Ela está com os anjos agora?” Sério? Uau. Breve e pouco convincente. – Falou Ellen.

O Sr. Collins tira as flores de cima do caixão.

– Está tudo bem. Apenas relaxe. – Falei pra ela.

Um homem aperta um botão e o caixão começa a descer.

– Não está tudo bem. – Falou Ellen. – Dyêgo e se eu desaparecer para sempre? Não me deixe ir.

Quando o caixão chega ao fim da cova os corvos começam a voar fazendo um enorme barulho e quando eu olho para o lado, Ellen não está mais lá.

Lá dentro da casa.

– Não acredito que a família adotiva não veio. – Falou Mykaella se aproximando. – Ou os amigos. Ninguém deveria ser tão sozinho.

– É por isso que está aqui? Para ela não estar sozinha? – Perguntei.

– Parecia o certo. Estávamos no carro com ela. Não sei, desde o acidente...

– O quê?

– Não posso continuar chamando de acidente. É uma parte do padrão que estava te falando. É maior do que eu pensava.

– Maior como?

– Que talvez, deveriam ser cinco caixões lá fora hoje.

No canto Dillon e Eduarda conversavam.

– Sei que quer estar aqui com por ela. Mas talvez devêssemos ir. – Falou Dillon. – Acaba de perder seu pai e...

– Não vou para nenhum lugar escuro. Tudo bem? Só estou triste que ela se foi.

Mykaella se aproxima de Heleno.

– Oi, como você está? – Perguntou Mykaella.

– Um pouco exausto. Não tenho dormido muito bem. – Respondeu o rapaz.

– Eu sei, quando fecho os olhos estou no rio de volta.

– Achei que tinha dito que seus pais estão chegando.

– Meu pai está aqui. Minha mãe está vestida, está no carro. Ela não conseguiu sair.

– Ela ainda está tentando se tornar americana. Vai ficar melhor.

– Espero.

– Senti saudades de você. Não ligo para o que os nossos pais dizem. Não consigo suportar o silêncio do rádio.

– Temos que conversar.

– Minha mãe está lá fora. A pista está limpa. O que está acontecendo?

– Não, digo, tenho que falar com você e Eduarda. Você pode encontrar Dyêgo e eu no Avulta às 3h00m?

– Ótimo. Encontro duplo.

Mykaella olha para a porta e vê seu pai entrando.

– Meu pai.

– Estarei lá. – Falou Heleno saindo.

Eu estava lá. Olhando a foto de Ellen e imaginando como ela deve ter se sentido quando morreu se sentiu agonia, se sentiu dor, eu não conseguia imaginar. Uma mulher aproximou-se de Rafael que estava atrás de mim também olhando a foto.

– Você foi pra escola com a garota que morreu? – Perguntou a mulher.

– Não. Eu não a conhecia. Ela era uma fugitiva. – Falou Rafael. – Ela veio depois que o Sr. Collins pegou uma pequena herança.

– Ela só queria se encontrar com ele. – Falei me virando.

– Você a conhecia? – Perguntou a mulher a mim.

– Sim. Ela era linda. Não a conhecia há muito tempo, mas... Ela é o tipo de pessoa que você não se importa em ficar preso em um ônibus no meio da noite. Ela tinha um malvado senso de humor. – Falei e nesse momento muitas pessoas olhavam pra mim ouvindo atentamente o que eu dizia. – Acho que ela assistiu muitos filmes. Mas ela lia livros também. Livros de verdade. Fora das páginas. Ela adorava histórias. Ela tinha as suas próprias... Eu poderia ter escutado mais algumas. – Uma lágrima caiu dos meus olhos.

Lá fora a Sra. Matherson conversava com um policial e Eduarda e Heleno observavam.

– Não temos que fazer isso aqui. – Falou o policial.

– Devíamos pegar a mamãe e ir. – Falou Eduarda.

– Aguenta um pouco. – Falou Heleno descendo as escadas. – Ei, Clark? Importa-se de pedir ao seu chefe pra deixar minha mãe sozinha por dez minutos? É um funeral cara.

– Heleno, tenha calma. Desculpa-me. – Falou Clark.

– Estão procurando os idiotas que picharam a lápide do meu pai? – Perguntou Heleno. – Fazendo algo sobre?

– Ocupados procurando o assassino. – Falou Clark.

– Como vocês estão? – Perguntou Eduarda.

– Estivemos seguindo pistas sobre alguém de interesse. – Falou Clark.

– Quer dizer nossa mãe. – Falou Eduarda.

– Não posso afirmar e nem negar. – Falou Clark.

– Quais pistas? – Perguntou Heleno.

– Pegamos um nome com testemunhas no escritório do seu pai. Eles ouviram seus pais falarem sobre uma mulher chamada Abby. Algum de vocês sabe quem ela é? – Perguntou Clark.

– Não. Por quê? – Perguntou Heleno.

– O meu chefe acha que seu pai possa estar envolvido com essa mulher. – Falou Clark.

– Romanticamente? – Perguntou Eduarda. – Nosso pai? Isso é... Isso é ridículo.

– Vocês sabem que o assassinato pareceu crime passional. O chefe está juntando as peças do quebra cabeça. Talvez se juntem, talvez não. – Falou Clark.

– Eles irão prendê-la? – Perguntou Heleno.

– Falei com o advogado. – Falou o outro policial alto.

– São falsas acusações. – Falou a Sra. Matherson e o policial sai de perto dela.

– Foi ótimo ver vocês pessoal. Desculpe que tenha sido assim. – Falou Clark e depois sai.

– Imagina que nosso pai estava tendo um caso. – Falou Eduarda.

– Eu também não quero acreditar. – Falou Heleno saindo. – Você vem? – Perguntou a Eduarda.

– Vou pegar uma carona com Dillon. – Falou Eduarda. – Deixar a mamãe em casa.

Eduarda vai até o banheiro e começa a chorar. Ela derruba sua bolsa e quando apanha para pegar fica de frente pro aquecedor, ela fecha os olhos e fica sentindo o ar quente, e uma mão começa a sair de dentro das grades do aquecedor.

– Eduarda, está tudo bem? – Perguntou Dillon batendo na porta.

– Sim. Estou indo! – Falou Eduarda.

Cemitério.

Encontrei um panfleto com a foto de Ellen e algumas informações sobre o funeral.

– Você acha que sou bonita? – Perguntou Ellen a mim. – Pensei no que você falou mais cedo para me trazer de volta.

– Você está de volta. – Falei sorrindo. – Isso é tudo que importa.

– Espero que eles não tenham me posto numa cova. Odeio o escuro.

– Você não está desaparecida.

– Quer dizer, foi só meu corpo no buraco? Desculpa, eu meio que liguei a isso. Aquilo não saiu direito. – Falou ela rindo.

– Saiu muito “Ellen”. – Falei sorrindo.

– Sabe, você está suportando muito bem.

– Eu até mesmo considerei que eu possa ter um tumor no cérebro e que eu esteja apenas imaginando você.

– Bem, se eu sou invenção sua, pode me contar o que vem depois.

– Eu ainda estou trabalhando no que acabou de acontecer. Por que essa cidade está tentando matar...

– Tudo bem, você pode dizer isso. Algo nessa cidade está tentando te matar. Todos vocês.

– Vamos lá. Acho que Mykaella pode nos ajudar a achar um jeito de revidar. Vamos ouvir o que ela tem para falar.

Sai andando para fora do cemitério, mas Ellen não conseguiu passar do portão.

– Espera ai, Dyêgo. Algo está acontecendo. Não está me deixando passar.

– O quê?

– Você deve ir. Eu irei sempre achar você. Assim espero.

Café.

Estava eu, Mykaella, Eduarda e Heleno conversando.

– Não acho que a morte de Ellen foi um acidente. – Falou Mykaella.

– Claro que foi um acidente. – Falou Heleno.

– Não. Quero dizer, é maior que todos nós. Um padrão. – Falou Mykaella jogando um monte de folhas de jornal em cima da mesa. – Desde 1918, os veteranos de Cidade dos Corvos têm algumas casas seguras da guerra, apesar da probabilidade estar totalmente contra eles, e cinco crianças morreram. Houve cinco incidentes no último século. O nosso foi o número seis.

– Mykaella. Adolescentes morrem em acidentes o tempo todo. – Falou Heleno.

– Mas olhe a figura. As crianças sempre morrem em uma semana. – Falei. – Mykaella quando sua mãe chegou?

– Semana passada. – Falou Mykaella.

– Nós viemos do rio sábado à noite. – Falei.

– Não culpe a mãe dela. – Falou Heleno.

– Não estou falando da causa e efeito. Eu só estou... Mostrando o padrão. – Falei.

– Várias pessoas foram mortas nos dois acidentes. A explosão da mina, depois da segunda guerra, e a queda do prédio, em 1953. – Falou Heleno.

– A alta contagem de corpos só camufla os 5 adolescentes. – Falou Mykaella.

– Quem está fazendo essa camuflagem misteriosa? – Perguntou Eduarda.

– Eu queria saber. Sei que parece maluco, mas Cidade dos Corvos tem uma reputação. Todos sabem isso, esse lugar é amaldiçoado. – Falou Mykaella. – Talvez seja isso que eles estão falando.

Mykaella falou e todos ficaram em silêncio.

– Desculpa Mykaella. Eu não quero piorar para você, mas eu preciso ir.

Eduarda fala e sai, e Heleno sai atrás dela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cidade Dos Corvos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.