Cidade Dos Corvos escrita por Dyêgo
CAPÍTULO DEZ: PENÚLTIMO.
Ainda no café.
– Ei. – Heleno falou.
– Sem tempo para isso. Precisamos descobrir quem é Abby. – Falou Eduarda para ele.
– Depois? – Perguntou Heleno.
– A chefe acha que é outra mulher, mas ela pode conhecer alguém que pode nos ajudar. Ela pode até ser uma suspeita. Estou indo agora. Faça o que quiser. – Eduarda sai e Heleno volta pra junto de mim e de Mykaella.
– Olha... Eu quero mesmo falar com você sobre isso. – Heleno falava pra Mykaella. – Mas Eduarda precisa de mim agora, então... Desculpe-me.
– Você não tem que comprar a minha briga. Mas tenha cuidado. – Falou Mykaella e Heleno levanta-se.
– Ah. E tem um erro nesse padrão. Nós não morremos. – Ele fala e sai.
– Talvez eu seja aquela pessoa que vê padrões apocalípticos em palavras cruzadas. – Mykaella falou.
– Não é você. Eu também vejo. – Falei pra ela.
– E se a volta da minha mãe levou Ellen à morte? – Perguntou Mykaella a mim.
– Ninguém pode culpar sua mãe por isso. – Falei.
– A Ellen pode.
Residência dos Mathersons.
Eduarda e Heleno vasculham o computador do pai.
– Talvez haja algo na agenda do papai. – Falou Eduarda.
– Os policiais já olharam esse computador. – Falou Heleno. – Não acho que o pai ia anotar essas datas na agenda.
– Porque está sempre pronto para o pior? – Perguntou Eduarda.
– Porque não se pode considerar nosso pai ter sido humano, cometido um erro. – Falou Heleno.
– Oi gente. – Falou a Sra. Matherson chegando com sacolas de mercado. – O que fazem no computador do pai de vocês?
– Quem é Abby mãe? – Perguntou Heleno e a Sra. Matherson para de costas para eles e não fala nada.
– Mãe? – Chamou Eduarda.
– Onde ouviram esse nome? – Perguntou ela.
– A polícia está procurando-a. – Falou Heleno.
– Acham que foi ela que destruiu seu casamento. – Falou Eduarda.
– Poderiam me ajudar a pegar o resto das sacolas no carro? – Perguntou a Sra. Matherson disfarçando e colocando três caixas de quentinhas em cima da mesa.
– Quem é ela? – Perguntou Eduarda.
– Abby Wheeler foi namorada do seu pai na escola. Ele disse que ela estava o procurando... Para avisar que estava em perigo pelas suspeitas dessa cidade. – Falou a Sra. Matherson.
– Eles estavam dormindo juntos? – Perguntou Heleno.
– Abby está morta há mais de vinte anos. – Falou a Sra. Matherson.
Residência dos Beaumonts.
Mykaella chega em casa.
– Olá. – Falou sua mãe. – Você pode me arranjar um pouco de molho de salada?
– Papai não gosta de coisas da loja. – Falou Mykaella.
– Seu pai não sabe o que tem. Você comeu depois do funeral?
– Tomei um café com leite.
– Me desculpe por essa manhã. Queria estar lá por você... Mais do que qualquer coisa.
– Mãe, você não precisa fazer o que não quer.
– Estou feliz que você teve um desfecho. Aquela pobre garota. – Ela falou e vira-se. E Mykaella pega uma faca e começa a cortar legumes. – Me pego surpresa. Às vezes. Eu perdi todos os meus amigos de uma vez, mas... Nunca fui aos funerais. Ainda foi real, mas sem flores e as 21 salvas de tiros. Não precisei encarar os detalhes.
– Tudo bem. Você está em casa agora. – Falou Mykaella.
– Segura em Cidade dos Corvos. – Falou a Sra. Beaumont.
Nesse momento um carro buzina lá fora, ela se assusta e derruba uma faca que cai próxima ao seu pé, mas não a atinge.
Residência dos Collins.
Bati na porta do local de trabalho do Sr. Collins.
– A Carla falou que você queria me ver. – Falei para o Sr. Collins e ele estava lavando as mãos. – Era você lá fora pichando o túmulo?
– Sim. – Falou ele.
– Faz parte do seu trabalho? – Perguntei.
– Não. Tive que deixar o filho dos Springer hoje. Aparentemente a namorada terminou com ele e ele bebeu do meu licor para afogar as mágoas. De novo.
– Sinto muito ouvir isso.
– Queria agradecer pelo que disse sobre Ellen hoje. Queria ter sido mais eloquente, mas... Eu sinto que não mereci.
– Não. Não mereceu.
– O que vem por aí para você? – Ele perguntou a mim.
– Não sei. Devo ficar em torno da cidade por alguns dias.
– Você não estuda?
– Estamos em uma longa pausa.
– Venha comigo. – Ele pediu pra que eu o seguisse.
Ele me levou até o seu quintal e tinha um tipo de galpão ou celeiro, não sei bem o que é.
– Que lugar é esse? – Perguntei.
– Era a garagem. Trocamos o andar de cima para o zelador antes de ele se mudar. – Falou ele.
– Ele morreu? – Perguntei.
– Se aposentou para Phoenix. – Ele falou e abriu. – Cuidado nas escadas.
Chegando lá em cima ele abriu a porta e ligou as luzes. Tinha um tipo de casa lá em cima, sofá, TV, cozinha, e tudo mais.
– Está dizendo que posso ficar aqui? – Perguntei.
– Por um tempo. Se estiver disposto a ajudar. – Falou ele.
– Teria que aprender a embalsamar ou algo assim, não teria? – Perguntei.
– Vamos começar com ervas daninhas, cortando a grama, transportar marcadores do canteiro. Tem até um jeep que pode usar.
– Parece fácil. Obrigado. – Falei estendendo a mão para ele. Ele aperta e sai. Deixando-me sozinho. Eu olho pela janela e o vejo entrando em casa.
– Não entendo aquele cara. – Ellen fala atrás de mim e eu me assusto.
– E eu não entendo você. Você não pode bater palmas? Nem dar um toc toc na porta? Assim eu vou ter um infarto um dia. – Falei.
– Desculpa. – Falou ela rindo.
– O que você dizia? – Perguntei.
– Ele tem um quarto para você, mas não para mim?
– É temporário. Estou feliz de sair daquela casa. – Falei andando até o banheiro. – Chuveiro. Nada de banheira. Agora sim estamos conversando.
– Ainda acha que meu tio tentou te afogar? – Perguntou Ellen.
– Não. Acho que o que viu na ponte está atrás de nós desde o primeiro dia.
– Talvez haja algum outro espírito aqui além de mim. Quem quer que tenha sido não quer ser amigo.
Residência dos Beaumonts.
Mykaella acorda e desce, ao chegar lá em baixo vê um bilhete da sua mãe.
“Fui tomar café com o Dr. Franke. – Mamãe.”
Ela pega sua mochila para ir para a escola e vê seu pai assistindo a um DVD e vê imagens de bombas explodindo.
– O que é isso? – Perguntou ela.
– O que você tá fazendo aqui? Porque não foi para a escola ainda? – Perguntou seu pai.
– Ainda não saí. O que está vendo? É aquele ataque? Tem a ver com a mamãe? Onde conseguiu? Ela...
– Sua mãe sabe que tenho isso. Foi entregue ontem com parte de suas coisas. É um resumo do serviço dela.
– Ela viu isso?
– Não. E acho que não deveria.
– Pai, está endereçado para ela.
– Ela está falando com o Dr. Franke para ir à sua clínica e voltar ao normal, é o que precisamos.
– Acho que devemos deixar a mamãe decidir o que ela precisa.
– Deixe que eu me preocupo com ela, tá? Agora vá pra escola Mykaella, você vai se atrasar. – Mykaella não fala nada e sai.
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