Cidade Dos Corvos escrita por Dyêgo


Capítulo 13
Cidade dos Corvos Segunda temporada: Capítulo Dois: Henry Rivers




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CAPÍTULO DOIS:

No cemitério eu fotografava a lápide de Abby que foi cortada ao meio.

– Porque está tirando fotos? – Perguntou Ellen aparecendo e me dando um susto mais uma vez. – Desculpe, deveria dizer “Marco” para você dizer “Polo”?

– Pensei em mostrar eu mesmo isso para a família da Abby. Talvez eles me falem sobre a explosão na escola. – Falei.

– Aquilo foi estúpido... O que eu disse sobre o e-mail para Júlia. Não quis dizer que não passou por muita coisa.

– Eu sei disso.

– Talvez se disser algo para ela?

– Se ela souber que estou em perigo, estará aqui antes de você dizer “socorro”. E eu colocarei um alvo nas costas dela também.

– Ficar aqui está te irritando? – Ellen me perguntou e eu vejo uma senhora roubando flores de um túmulo.

– O que ela está fazendo? – Perguntei pra mim mesmo. – Olá. Com licença. Para onde vai leva-las?

– Pra casa. – Falou a senhora.

– Não acho que possa fazer isso.

– Por que não?

– Isso se chama roubar.

– Dyêgo? – A senhora chamou pelo meu nome como se já me conhecesse.

– Eu te conheço? – Perguntei a ela.

– Seu sobrenome é Rivers? – Perguntou ela.

– Sim. Por quê?

– Meu Deus, você é igualzinho a ele.

– Eu não... Estou entendendo.

– O irmão mais velho de Henry. Dyêgo Rivers... Você... Você é igual a ele.

– Espera... Você está falando do que morreu no acidente de barco há muito tempo atrás? Você o conhecia?

– Não. Só por fotografias, mas... Seu rosto é... Notável.

– O Henry está aqui?

– Não. Ele foi para Cabotsville uns anos atrás, mas... Eu saberia se ele estivesse morto.

Escola.

– Não esqueçam da data pessoal... Ou pelo menos mudem a data se forem reciclar algo que escreveram na sexta série. – O professor Benjamim falava para os alunos. – Pode me mandar por e-mail Heleno. – Ele falou se aproximando. – O que houve com seu joelho?

– Caí da minha bicicleta. – Falou Heleno.

– Não nos falamos desde o acidente. Fiquei com pena da garota que morreu.

– Eu não a conhecia.

– Mas conhece agora... De um jeito que, provavelmente não queria. Dado tudo o que sua família tem passado, acho que essa semana... Talvez trouxe mais coisas.

– Tenho um trabalho para amanhã. – Falou Heleno virando-se para sair.

– Talvez não seja o suficiente para aumentar suas notas. Você está atrasado. Entendo. Sei por que, só quis... Não quero que repita essa aula.

– Nem eu.

– Heleno você precisa pegar crédito extra. Venha jogar. Perdi um jogador para a catapora.

– Eu não jogo, não é meu estilo.

– Venha. Se surpreenderá. É um alivio andar com os sapatos de outro por algumas horas.

Cemitério.

– Esse é o homem que aquela senhora nos falou? – Mykaella me perguntou.

– Onde encontramos isso? – Perguntei.

– Ele tem assinatura com o Gazette há muito tempo. Ele cancelou apenas um ano atrás. Então o que acha?

– Digo, vale a pena ir, vamos.

– Agora? Tenho que ver o Heleno. Além disso, ele é seu parente. Ele não vai falar comigo.

– Ninguém quer Mykaella. Você é da imprensa. Estou aqui a menos de uma semana. Você esteve aqui à vida inteira. Pode trazer coisas locais, estimular a memória dele.

– Não posso. Não existe meio de falar com Heleno e ele vir. Ele já está tão...

– Eu sei onde Heleno está. Tudo bem esquece. Farei isso sozinho.

Mykaella olha para um lençol branco estirado no chão e vê uma marca de mão embaixo.

– Dyêgo.

Assim que eu olho também vejo. Quando eu tiro o lençol está escrito “VÁ”.

– Eu vou dirigir. – Falou Mykaella.

Asilo.

– Com licença. Estou procurando o Sr. Rivers. – Falei para uma mulher. – Nos falaram que ele poderia estar aqui. – Eu termino de falar e uma mulher aponta um senhor sentado jogando xadrez sozinho. – Senhor Rivers? – Falei me aproximando. – Meu nome é Dyêgo... Rivers. Acho que somos parentes. Não tenho certeza de como temos relação. Porque eu não conheci meus avós, mas... Sei que tem um irmão mais velho chamado Dyêgo.

Garagem dos Collins.

Eduarda andava em direção a minha “casa”.

– Dyêgo? – Ela me chamou batendo. Ela bate mais uma vez, mas ninguém responde e ela resolve ir, mas antes dela ir a porta abre sozinha. E ela resolve entrar. – Dyêgo? Você está aqui? – ela olha para cima da mesa onde tem o tabuleiro com as letrinhas e a porta fecha sozinha. E ela vê Ellen. – Você está sozinha?

– Todo o tempo. – Falou Ellen.

– Acho que seu tio sabe que viemos aqui ontem à noite. – Falou Eduarda.

– Isso não é surpresa, ele sabe de muitas coisas. – Ellen falou dando um passo a frente e Eduarda da um pra trás fazendo Ellen se sentir mal.

– Dyêgo falou que ele se esconde bastante. Você acha que ele sabe por que estamos vivos... Você não acha?

– Boa pergunta.

– Ele se livra das pessoas que perguntam demais?

– Acha que ele tem algo a fazer com seu pai?

– Talvez. Mamãe fez parecer que tem algo ruim entre eles.

– Então porque não pergunta a sua mãe?

– Não podemos... Não podemos falar com ela novamente.

– Bem, vou te dizer uma coisa... Tio Ray parece que está ficando rude ultimamente. Ele está pegando jornais sobre a morte de seu pai. Quando ele não está cortando papéis ou secando os vizinhos, está escondido na caverna fuçando seus brinquedos preciosos. Ele está lá agora. É uma sala com... Coisas velhas pra trabalhos... Serras e picaretas.

– Eles nunca acharam uma arma. Meu pai foi esfaqueado.

– Você deveria voltar... Quando ele for. Farei um passeio com você.

– Para onde você vai? Quando não está aqui. Desculpa. Não precisa responder isso.

– Tudo bem. Não é um segredo. Fico aqui bastante. Meio que presa. A casa, o cemitério, esse aparelho... Se soubesse como usar, usaria para sempre. Eu deveria mudar minhas botas.

– Eu gosto delas. Digo, nunca pude calçá-las. Mamãe não me deixava sair de casa. Sinto muito...

– Sua mãe vestia suas roupas?

– Não. Sim. Não, eu... Ela tinha essa ideia de quem eu sou... Quem nós somos. Se eu saísse comum botão que não combinasse, ela... Desculpa.

– Você de desculpa bastante.

– Continuo falando da minha mãe, e eu sei...

– Posso ouvir sem cair aos pedaços. – Falou Ellen rindo. – É loucura pensar que passei minha vida inteira desejando me porem para dormir, enquanto você era posta tão forte que você sequer mexia os braços.

– Ou as pernas. Descul... Não me desculparei. – Eduarda se aproxima dela e senta-se ao seu lado. – Acho uma droga você tenta achar a família, e...

– E morre? E ainda não poder conhecer a mãe? Conte-me sobre isso. Fale sobre a viagem perdida.

– Talvez ainda esteja aqui para nos ajudar.

– Acho que estou aqui porque estou muito apegada a algo. Ou certas pessoas. O que é mais patético porque ele está ligado à outra garota.

– Ellen, não sei como dizer isso, mas... Você não está disponível.

– É. Eu sei. – Ellen falou dando um sorriso.

Asilo.

Eu estava jogando xadrez com Henry e Mykaella só ficava olhando. Até que eu ia fazer uma jogada.

– Você não quer fazer isso. – Falou Mykaella. – Aqui. – Ela mexeu outra peça.

– Woodrow Wilson tem uma esposa como você. – Henry falou para Mykaella. – Ela percorreu o país por dois anos.

– Você lembra de Woodrow Wilson? – Perguntei pra ele.

– Não, nunca joguei xadrez com ele. Eu nasci quando ele estava na casa branca. – Falou ele.

– Você nasceu em Cidade dos Corvos, certo? – Perguntei.

– Todos nós sete. A razão de ficarmos foi nossa mãe ter pensado que ele voltaria. – Falou ele.

– Seu irmão? – Perguntei.

– Meu pai. – Ele falou. – Quando perdemos Dyêgo, a terra abriu e engoliu meu pai, o engoliu inteiro.

– Então ele morreu? – Perguntei.

– Ele desapareceu. – Ele faz uma jogada. – Sua vez. – Eu jogo.

– Seu pai culpou a si mesmo... Ou a cidade... Pelo o que aconteceu com o Dyêgo? – Perguntei.

– Por que não me pergunta o que veio me perguntar? – Perguntou Henry.

– Estávamos em um acidente de carro... Algumas noites atrás e estávamos em cinco. Uma de nós não sobreviveu. Desde o funeral dela estamos ouvindo coisas... Sobre a cidade. – Falei.

– O que você ouviu? – Ele perguntou.

– Outros adolescentes morreram em “acidentes”. Por causa de algo que aconteceu há muito tempo atrás. Algo sobre um pacto. – Eu falei e ele dá uma jogada.

– Xeque mate. – Ele falou.

– Ouviu o que eu acabei de te falar? – Perguntei.

– Você é descuidado, rapaz. Tem que prestar mais atenção nos seus movimentos. – Ele falou pra mim. – Alguém me leva para o quarto? – Ele pediu para os funcionários do asilo.

– Claro Sr. Rivers. – Um rapaz apareceu.


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