Honestly? I love you! escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 3
Te conhecendo por inteiro


Notas iniciais do capítulo

Então, eis aqui a primeira cena de sexo que escrevo na vida.
É claro, deve ser considerada brincadeira de criança perto de certas coisas que já li por aí, mas enfim, como a escritora romântica que sou, decidi me propor esse desafio. Honestamente, gostei muito de escrever isso e espero que não tenha ficado de todo o ruim :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/595916/chapter/3

— Tem certeza de que seus pais estão na Filadélfia? – indagou Hanna nervosamente pela terceira vez, arrancando mais um “já disse que sim” de Mona.

Ela apenas achava conveniente demais que os pais da garota tenham saído há pouco para assistir a uma peça de teatro na cidade vizinha. Era quase como se eles adivinhassem que Mona guiaria Hanna para seu quarto e que não seria para um jogo de scrabble.

O quarto estaria completamente escuro se não fosse pela luz azul-marinho que entrava pela janela aberta, fruto do céu da noite. Hanna tentou procurar pelo interruptor, mas Mona parou-a antes que ela conseguisse achá-lo.

— Deixe desligada – pediu ela docemente – Me sinto melhor assim.

As duas se deitaram na horizontal da cama, paralelas uma a outra, sobre as cobertas. Hanna permaneceu olhando para o teto por um momento. Aquele último comentário a preocupou, ela tinha que admitir. A fez se lembrar da primeira festa na piscina para qual fora convidada, no quarto ano.

Ela estava sentada à beira da piscina, com os pés na água, pronta para tirar a camiseta e revelar a parte de cima do biquíni, quando um garoto gorducho – que ela nunca havia visto na vida – se sentara ao lado dela.

— Não tire as roupas – dissera ele, de uma forma que Hanna classificara como amigável.

— Como é? – ela achara que não havia ouvido direito.

— Eu também não vou tirar as minhas.

— Por que não? – Hanna se virara para o garoto, curiosa.

— Bem, nós não somos exatamente obras de arte, não é?

E com isso o garoto se apoiara no ombro de Hanna para se levantar.

No começo, ela não entendera absolutamente nada, mas seguira o conselho daquele estranho e entrara na piscina vestindo shorts curtos de praia e uma camiseta fina. Entendera depois apenas, se olhando no espelho. Houvera uma certa maturidade no conselho daquele garoto, ele não quisera magoá-la, mas sim alertá-la. Era como se ele já houvesse sofrido bastante por tirar a camisa em festas daquele tipo.

Hanna cerrou firmemente os olhos, não permitindo de jeito nenhum que lágrimas caíssem a respeito daquilo, e se apoiou em seu lado esquerdo para ficar frente a frente com Mona. Ouvir a respiração um tanto alterada da morena fez Hanna se esquecer completamente do passado.

Ficaram em silêncio por um tempo, parecendo apenas apreciar uma o calor do corpo da outra. Mona se aproximou um pouco mais e, ainda nervosa, começou a brincar com a gola da camiseta de Hanna.

— Tenho medo disso – murmurou ela, numa voz inocente que fazia Hanna sempre derreter.

— Por quê?

— Quer dizer, tenho e não tenho. Sei que não é uma estranha dividindo a cama comigo. É você. A pessoa que me conhece melhor do que eu conheço a mim mesma.

Hanna mordeu a língua. Queria poder dizer “você está certa sobre isso”, mas não era bem verdade. Mona nunca gostou de exibir o corpo, mesmo no segundo ano, quando decidiu fabricar autoconfiança. Ela nunca fora do tipo que usava shorts curtos e decotes que deixavam os mamilos visíveis. Talvez porque dez por cento de sua versão nerd ainda continuasse ali. Era uma atitude nobre, na verdade.

Hanna descansou sua palma direita na curva bem delineada da cintura de Mona.

— Mas não conheço você por inteiro – sussurrou ela rente aos lábios da morena – E gostaria, se estiver tudo bem por você.

— Está – garantiu ela, deslisando suavemente as unhas pelo antebraço de Hanna, causando a esta arrepios – Só que isso ainda me assusta um pouco.

Hanna selou os lábios trêmulos de Mona.

— Estranho como um novo par de sapatos, lembra? – brincou ela, arrancando de Mona uma leve risada.

As duas deixaram que os beijos se aprofundassem na mais harmoniosa calma. Hanna varrera da mente todas as preocupações e não se permitia pensar em nada, a não ser no quanto estava feliz ao sentir Mona corresponder a seus movimentos com a mesma intensidade. O momento de estranheza que uma vez existira, parecia estar longe.

Instintivamente, Hanna desceu os lábios para o pescoço de Mona, que expirou um gemido contido logo antes de se afastar.

— O que foi? – perguntou Hanna, preocupada – Quer que eu pare?

— Não, não é isso – respondeu Mona, um tanto ofegante.

— Então o que é? – Hanna fazia um carinho no rosto dela.

Ao invés de responder, Mona puxou-a para a cabeceira da cama e ligou o ar-condicionado para que as duas pudessem ficar sob o edredom.

— Me desculpe – sussurrou Mona, já enganchada nos braços de Hanna novamente enquanto seus dedos passeavam por entre os cabelos loiros dela.

— Ei, o que você tem, meu amor? – Hanna não focou de imediato no quão fácil as últimas palavras escaparam de seus lábios, apenas na voz de choro que Mona começava a ter – Se você quiser, nós paramos agora mesmo.

— Não, eu quero muito continuar – Mona tentou sorrir.

— Eu falo sério. Se você acha que estamos passando dos limites ou...

Mona calou a loira mordendo seu lábio inferior.

— Não tem nada a ver com você – garantiu ela – É só que eu não quero te decepcionar.

Hanna franziu a sobrancelha, confusa mas aliviada com o inocente motivo.

— De que diabos você está falando?

— De que eu, bem, nunca fiz isso.

— Ainda não entendi.

Mona suspirou, nervosa.

— Isso – repetiu ela – Sexo.

Hanna arregalou os olhos de tal forma que ficou feliz por estar escuro e Mona não poder vê-la direito. A garota tinha pronunciado a última palavra com um certo pudor, como se não estivesse familiarizada com tal. Hanna queria balbuciar um “não acredito” mas nem para isso se sentia com palavras. Nunca imaginara que Mona ainda pudesse ser virgem.

— Mas... e quanto ao Noel? – perguntou Hanna, não querendo soar enxerida – Ele exibia você para cima e para baixo como se você fosse o troféu de lacrosse dele. Se é que existe um troféu para esta coisa.

Mona deu risada.

— Deus, não. Ele era um total imbecil. Eu sabia que ele não gostava mesmo de mim. Ele só estava comigo por status e digamos que eu também. Nós nunca nem mesmo nos dávamos as mãos quando estávamos sozinhos, quem diria beijar ou fazer qualquer outra coisa.

Hanna refletiu sobre o segundo ano novamente e não lembrava de Mona lhe dizendo nada do tipo “Noel Kahn é um imbecil”. Eles aparentavam ser o casal do ano. Então pensou em si e em Sian Ackard juntos. Sian também passara por uma Grande Mudança no verão antes do segundo ano, assim como Hanna e, de Filho do Pastor, ele passara para Deus Grego Teen, com seu cabelo loiro escuro penteado para cima com a ajuda de gel e seu sorriso branco de comercial de creme dental.

Ela também começara a namorar Sian apenas para dizer que estava namorando um dos caras mais desejados de Rosewood High. Mas Sian era tão frio quanto uma pedra de gelo e passou a considerar Hanna uma vagabunda depois que ela se jogou em cima dele alegando que queria ter uma “linda primeira vez com o cara que ela amava”.

— E quanto ao Mike? – Hanna tocou os cabelos de Mona num doce carinho – Ele foi um cara legal com você, não foi? Eu me lembro que ele começou a investir em você logo que soube que você tinha chutado o traseiro do Noel. Ele sempre teve ciúmes de vocês dois.

Hanna sentiu a expressão de Mona se suavizar enquanto ela respondia.

— Com o Mike a história foi completamente diferente. Ele era incrível. Mas, na época em que nós namorávamos, ele era virgem também e eu acho que ele se sentia intimidado por achar que eu, sendo dois anos mais velha, não era. – ela tinha um sorriso nostálgico no rosto – O que eu tive com ele foi bastante inocente e eu sentia que ele se importava comigo. Nós nunca dissemos “eu te amo” um para o outro. Acho que eu me arrependo um pouco disso. E entendo a decisão dele de se afastar quando eu entrei para o Radley.

Mona baixou o olhar, com certeza numa expressão desanimada. Mike realmente se importava com Mona e Hanna gostava de vê-los juntos – ainda que fosse um tanto estranho sua melhor amiga namorar o irmão de Aria, outra de suas melhores amigas – , porém algo como o que aconteceu a Mona abala qualquer tipo de relação.

Hanna beijou ternamente o rosto e em seguida os lábios de Mona, na tentativa de fazê-la esquecer todo o possível tipo de rejeição. Mais do que tudo no momento, Hanna queria que ela se sentisse amada.

— Como eu disse – Mona se afastou, falando em uma voz tensa – , não quero que você se decepcione comigo.

— Se é possível, acho que te amo ainda mais pelo fato de você estar sendo honesta comigo agora. E eu não quero que você regrida. Não volte a ter vergonha de você mesma. Eu disse isso quando estávamos no primeiro ano e vou dizer de novo: você é linda. Esqueça os desapontamentos. A única coisa que eu quero é que você se sinta bem. E se você não estiver confortável com a ideia de fazer isso comigo, você sabe, nós podemos parar.

— Isso... não tem nada... a ver... com você – a cada pausa era um selinho que Mona dava em Hanna, cujo interior começou a borbulhar mais uma vez.

Elas trocaram sorrisos que indicavam o consentimento mútuo.

Ao ficar por cima da morena, podendo ver que ela abandonava o olhar preocupado e finalmente dava lugar ao olhar lascivo, Hanna soube que aquilo havia deixado de ser interseção. E a certeza aumentou quando sentiu as mãos dela percorrerem suas coxas nuas, exigindo que ela se livrasse de seus shorts.

Hanna colou seus lábios aos de Mona mais uma vez e deixou que a garota ficasse por cima, ajudando-a a se livrar da camiseta em seguida. Ela sentiu que tinha um certo controle sobre a morena por ela ter o corpo menor, e sentou com ela em seu colo depois de beijá-la por toda a extensão de seu abdome.

Os suaves gemidos que Mona expirava deixavam Hanna em êxtase e a única coisa que cabia em sua mente era a pergunta de como diabos nenhum cara de respeito a havia feito se sentir assim antes.

Hanna deitou Mona com as costas no colchão mais uma vez e se afastou para puxar os shorts dela. O mais impressionante era que Hanna não estava em nenhum momento se preocupando com o fato de que aquela era sua primeira vez com uma garota. Estranhamente, era como se ela soubesse exatamente o que fazer, ou soubesse exatamente o que queria fazer.

A morena estremeceu quando Hanna deslisou as pontas dos cinco dedos da mão esquerda por sua coxa de mesmo lado e ainda mais quando ela, sem rodeios, tocou seu centro. Mona articulou um inaudível “Ah, meu Deus”, e ver as feições de prazer da garota quase levou Hanna ao clímax sem nem ao menos um toque.

— Tudo bem? – ela conseguiu perguntar. Mona apenas assentiu em resposta, ofegante – Tem certeza?

Ela riu da preocupação de Hanna e entrelaçou seus braços ao pescoço dela num beijo quase que desesperado, e esta não pôde fazer nada a não ser se render ao duelo quente e úmido, sem cessar os movimentos com a mão esquerda.

O corpo de Mona estremeceu por inteiro e Hanna soube, por meio de um gemido rouco, que ela havia atingido seu ápice. Porém antes mesmo que a garota tivesse a chance de relaxar, a loira deduziu que estava experimentando simultaneamente da mesma sensação.

Permaneceram entrelaçadas até que suas respirações se normalizassem, o que demorou um pouco. Uma fina camada de suor cobria a pele das duas. Os cabelos escuros e um tanto desgranhados de Mona roçavam contra o rosto de Hanna e, por mais que o abraço da morena mantivesse todas as preocupações de Hanna longe, uma irritante pergunta insistia em tomar conta dos pensamentos dela: o que diabos acabara de acontecer?

Essa não é a Hanna que eu conheço, dizia a vozinha distante dentro da cabeça da loira, a Hanna que eu conheço não se apaixona por garotas. Mas a questão era que nunca houve uma garota antes de Mona, e com toda a certeza não haveria uma garota depois dela. E Hanna não se deu o direito de chamar-se de lésbica. Não precisava de um rótulo para dizer que o que havia acontecido entre ela e Mona minutos antes fora tão real e certo quanto o que ela vivera com Caleb. A loira apenas se deu o direito de fechar os olhos e relaxar.

Mona foi quem se soltou primeiro.

— Tudo bem? – Hanna perguntou docemente mais uma vez.

A morena assentiu com um leve sorriso nos lábios. Foi também a primeira a notar que Hanna ainda continuava vestindo a camiseta. Calada, Mona livrou a loira de tal, cautelosamente, e Hanna não questionou. Se envolveram novamente em um abraço e Mona começou a trilhar beijos dengosos no pescoço de Hanna, que inclinou a cabeça para um lado e deixou-se ser mimada por mais algum tempo.

— Não há uma chance de seus pais passarem a noite em um hotel na Filadélfia, há? – brincou Hanna, sentindo que poderia adormecer ali.

— Provavelmente não – Mona finalmente olhou para ela. Parecia cansada, mas feliz, se não era pretensão demais Hanna estar deduzindo aquilo – Mas você pode se esconder embaixo da cama se nós ouvirmos eles chegando e então você poderia passar a noite aqui como clandestina – propôs ela com o mais adorável dos sorrisos, o que fez Hanna rir também.

— Como você acha que eles reagiriam a isso se soubessem? – perguntou Hanna seriamente, depois de um momento de silêncio – Honestamente.

— Honestamente? – repetiu Mona, com a mesma seriedade doce na voz – Seria a melhor notícia do mundo para eles. Eles amam você, Hanna. Ainda acham que você foi a melhor coisa que já aconteceu comigo e, quer saber? – os olhos dela encontraram os de Hanna – Eles não estão errados.

Os olhos azuis de Hanna já estavam merejados quando ela aproximou seu rosto de Mona para fazer o costumeiro ritual: um beijo na testa, outro na ponta do nariz, e um nos lábios, porém o último foi mais longo. Sentiu os dedos da morena fazerem uma carícia delicada em seu rosto, estando as duas ainda de lábios colados.

Hanna, de algum jeito, sempre soube que estaria ligada à Mona para sempre, mas aquele momento foi o primeiro no qual ela teve a certeza de querer passar a vida inteira ao lado dela, fosse do jeito que fosse. E uma lágrima de felicidade escapou de seu olho esquerdo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!