Cobra

Não dormi bem aquela noite, estava muito preocupado. Jade ia ficar bem, mas eu tinha que manter Luiz longe dela, algo me dizia que eu tinha que ficar atento. Quando o dia começou a clarear, levantei e fui preparar o café. Entrei no quarto e ela ainda dormia, o travesseiro parecia úmido. Por quanto tempo ela deve ter chorado? O quanto eu a magoei? Me senti péssimo com isso, a cupa pesava. Depois de colocar a comida dela em um canto no quarto, me aproximei da cama para ver ela dormindo. Jade ainda tinha uma lágrima que não caiu em sua bochecha, com muito cuidado limpei a lágrima e, sem resistir, depositei um leve beijo em seus lábios. Sai do quarto com a lembrança intensa do nosso beijo da noite anterior, nossos labios se encaixaram perfeitamente e seus lábios quentes e macios eram viciantes. Balancei a cabeça e tentei me concentrar.

Enfim, alguma horas mais tarde Luiz chegou. Ele estava nessa vida porque gostava, ajudou a matar meu pai, pois é, eu trabalho com o cara que matou e para o cara que mandou matar. Além de já ter roubado e matado, Luiz já tinha estuprado mulheres, era um grande procurado da policia pelo estrupo. Era por isso que com todas as minhas forças eu tentava proteger Jade de qualquer contato com ele. Eu teria que ficar de olho nele, já que desde o dia em que a sequestramos ele não parou de dizer que Jade é gostosa. Aquilo me irritava profundamente. Depois de um longo tempo de conversa jogada fora Luiz começou a falar sobre o que realmente me interessava.

– O chefe tem negociado com eles já faz tempo, mas o cara envolveu a policia e ficou tudo mais complicado. E o cara ta sem grana, ele ta se virando para conseguir, é claro, já que ele quer a patricinha de volta logo. -sorriu malicioso- Mas ele está demorando, então ainda seremos babás.

– Entendi cara. Bom, só temos que esperar pela grana para cairmos fora logo. -fingi indiferença.

– E ela? Está no cativeiro lá em baixo? -Luiz me olhava curioso.

– Não, está num quarto aqui em cima. -tive que dizer a verdade para ele não suspeitar de nada.

– Porque? Não conseguiu resistir Cobreloa?

– Não faço esse tipo de coisa, não sou um sujo miserável. Ela estava claustrofóbica lá, desmaiou duas vezes e achei melhor trazer-la pra cá.

– Esta certo cara. Ela da muito trabalho? -neguei com a cabeça- Ela é gostosa, talvez eu vá fazer uma visitinha mais tarde.

– Luiz, contenha-se, não vá causar problemas e por tudo a perder. Siga como o plano manda! -falei ríspido.

– Esta irritado? Não se preocupe, eu sei bem o que tenho que fazer, mas não vou me privar de uma diversão -levantei-me e dei a ele o controle da televisão.

– Essa será sua diversão, para de ser impulsivo e tente se controlar. Ser babá daquela garota já me toma muito tempo, não estou a fim de cuidar de mais um.

Luiz me ignorou e ligou a Tv, eu sabia que ele estava planejando um jeito de ver Jade, mas eu faria de tudo para protege-la. O dia passou vagarosamente, Luiz não era em si uma boa companhia e eu sentia falta de quando Jade vagava pela casa cantarolando ou me perguntando o que eu estava fazendo, ou me pedindo para ver Tv com ela. Tudo parecia mais patético e desprezível sem a presença dela. O problema é que a péssima noite de sono me deixou muito cansado, mas eu tinha que me manter alerta. Porém, o sono estava vencendo a luta e como Luiz parecia muito concentrado na Tv eu logo peguei no sono.

– "aaaaaaaaahh" -saltei do sofá, um grito desesperado ecoou pela casa.

– "Cala a boca!" -uma vós familiar gritou. A Tv da sala continuava ligada, mas Luiz não estava ali. Olhei em volta a procura dele e vi que a porta do quarto de Jade estava aberta, corri e olhei para dentro, ela não estava ali. O desespero me tomou, corri para o meu quarto e carreguei minha arma. Aquele filho da puta se aproveitou da situação e foi atrás dela.