Lá estava, como sempre, jogando em seu console com uma concentração que não conseguia em estudos ou outras responsabilidades. Seus olhos eram da cor do céu de tão azuis e seus cabelos semilongos eram negros como a própria noite, suas vestes eram o uniforme da escola. Uma camisa social branca com mangas longas debaixo do blazer azul e da gravata vermelha, e uma simples calça preta. Estava outra vez por fugir da Educação Física, odiava ter que se exercitar. Preferia usar seus jogos para isso. O som do placar do ginásio dava fim á primeira partida de basquete, o que lhe garantia que logo seus colegas entrariam no vestiário para o intervalo.

— E aí do console, vai ou não vai sair daqui? O treinador tava te procurando sabia? – Um rapaz de cabelos rubros que pareciam ser tingidos o indagava enquanto pegava uma garrafa de água próximo aos armários.

— De novo Armin? Achei que estivesse... Doente. – Outro rapaz com um porte maior, cabelos platinados e olhos bicolores, o olhava confuso enquanto o perguntava com sarcasmo nas palavras.

— Não e sim, respectivamente pros dois. Continuem falando pra ele que ainda estou com a perna quebrada! – Ele dizia se ajeitando melhor. Estava deitado de costa para o banco e apesar de não ser um belo e confortável banco ele não se importava, apenas em matar logo aqueles zumbis.

— Tá, falou. Caso o velhote venha frescar quando descobrir teu planinho já aviso logo, a culpa não é minha! Eu não sabia de nada... – Dizia o ruivo com as mãos levantadas em forma de rendição antes de voltar ao ginásio para esperar a próxima partida.

Lá estava, como sempre, agindo como uma princesa. Seu sorriso era como o mais doce mel para os garotos que deliravam quando a olhavam. Seus cabelos eram longos e castanho-avermelhados que a caíam bem. Seus olhos eram castanhos, mas continham um brilho avermelhado em si que a completavam melhor. Estava na arquibancada do ginásio. Não estava assistindo ao jogo, não sabia nem o porquê de ainda estar ali. Apenas lia um livro ao lado de Letícia, que tinha cabelos escuros, mas em um tom não tão preto e olhos castanhos claro, estava mais concentrada em observar seu namorado do que o próprio jogo. “Claro” assim pensava Erika. E Vitória, cujos cabelos castanhos eram curtos á altura do ombro, e seus olhos também castanhos, porém eram os mais escuros. As duas perturbavam demais para o gosto de Erika.

— Vai meu gato! Arrasa eles lindoo! – Gritava Letícia sem se importar com os olhares que recebia de outras pessoas na arquibancada.

— Leti, mana, você sabe que a gente tá no intervalo né? Ou melhor, eles estão! – Dizia Vitória colocando a mão no ombro da amiga, como se estivesse consolando.

— Nada a ver, ora. Na hora do “vapt” e “vupt” dessa bendita bola ninguém me ouve mesmo. Então é melhor gritar quando ninguém ta fazendo nada da vida!

— Você e suas idéias... – Até que a garota prendeu a atenção na garota que não fazia som algum e ás vezes parecia nem estar ali. – Ei Erika, tudo bem?

— Estou ótima. – “Pra variar”, pensou a garota com seus olhos castanhos ainda fitando-a. – Só essas coisas complicadas que me deixam pasmas. Por isso prefiro meu livro. – Dizia sorrindo.

— Ata...

— Eu vou ali e volto antes de começar o segundo tempo. – Dizia se levantando, sem antes dar um largo sorriso.

— Ah, o-ok...

Já um pouco mais longe da “confusão”, como era descrito em sua mente, agora estava realmente em paz. Pensava o quanto aquelas garotas eram chatas. Sabia que preferiria estar sozinha de que acompanhada de outras pessoas. Muitas garotas sempre queriam conversar e bater longos papos, e ela por fim, queria apenas dormir.

O uniforme da escola nunca a caíra bem no seu pensamento, mas outros sempre diziam que ela estava perfeita com eles. Uma simples saia xadrez preta, junto por uma camisa social branca e por cima um blazer azul e a gravata vermelha, resume-se, o traje escolar em estilo feminino. Típico uniforme escolar, o qual muitos odiavam. Ela estava no meio.

Agora no imenso corredor moderadamente vazio, por conta desse jogo, ela caminhava sem ter um destino certo, apenas estava devorando as palavras daquele livro. Até esbarrar em alguém que estava completamente mais concentrado em um pequeno console do que as coisas no seu redor.

— Ei, olha por onde and-! – Ele para imediatamente ao perceber a jovem que estava bem diante dos seus olhos, e que agora estava apenas ajeitando o uniforme.

— Não se preocupe, a culpa foi minha. – Disse calmamente com um sorriso. – Com licença, preciso ir.

Dispensou-se rapidamente acenando com a cabeça, e o mesmo fez ele, sem dizer mais nada. Apenas observou a silhueta logo desaparecer pelo corredor. Pensou nas coisas que ouvira falar sobre ela, e estava certo, ela era realmente uma pessoa que não se comunicava muito. Mas, era bem gentil e doce.