Até o julgamento escrita por Paola_B_B


Capítulo 2
Capítulo 1. O Covarde adorável


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! No capítulo de hoje vocês conhecerão um pouquinho da personalidade da Agente Swan.



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Capítulo 1. O covarde adorável

PDV Agente Swan

Tédio. Tédio e mais tédio. Rodei o lápis entre meus dedos tentando me distrair, não que eu não tivesse nada de importante para fazer, a tela do computador ligada mostrava-me o meu trabalho incompleto. Mas se tinha algo que eu odiava fazer era o maldito relatório ao final de cada dia. Existia algo mais tedioso do que relatar em detalhes uma tocaia mal sucedida? O que eles queriam que eu dissesse? Durante os dez primeiros minutos o suspeito permaneceu fumando seu charuto da manhã enquanto lia seu jornal, distraiu-se rapidamente para espalmar a bunda da pobre coitada da garçonete. Tirei os olhos do suspeito por alguns segundos para vomitar o meu próprio café da manhã. Pelo amor de Deus!

– Swan! – McCarty colocou parte do seu gigantesco corpo para dentro da minha sala. – Esquece isso, pede pro cachorrinho do Mike terminar seu relatório. – Mike era o estagiário do departamento. – A polícia de New York precisa de ajuda na prisão Aro Volturi... Uau! Uma expressão!

Ignorei a provocação, até porque Emmett era o único corajoso suficiente para me provocar. O fato é que agentes do FBI são tão fofoqueiros quanto senhorinhas lavadeiras. Eles acham que eu sou uma espécie de robô sem sentimentos. Mas a verdade é que meu raciocínio é mais rápido que minha expressão e confesso ser uma pessoa de poucas palavras. Meu QI superior a 150 é apenas combustível para a criatividade infinita na criação de apelidos ofensivos. Não que eu me importasse com isso, tinha muito mais o que fazer.

Todavia existia sempre a exceção à regra e uma expressão surpresa surgiu quando meus olhos arregalaram levemente para o agente McCarty. Não era à toa, eu estive de tocaia por mais de 20 horas sem desgrudar os olhos do mafioso Aro Volturi e justamente quando troco de posto ele apronta algo suficientemente grande para ser preso! Eu estou atrás deste infeliz a mais tempo do que gostaria e agora um policial qualquer iria receber a glória! Sim eu sou vaidosa, me processe por isso!

Levantei-me e segui McCarty até a sala do chefe. Jéssica, sua secretária andava de um lado para o outro em frente as impressoras, que ficavam atrás de sua ilha de trabalho, coletando documentos e os colocando em um envelope pardo.

– Bom dia! – cumprimentou com um sorriso grande em direção ao agente ao meu lado.

Revirei meus olhos internamente e continuei imparcial aquela troca de olhares nojenta.

– Bom dia! – Emmett ergueu as sobrancelhas para ela antes de abrir a porta do agente Dwyer. – Estamos aqui Phil, pode falar.

– Aro Volturi matou Laurent Romanov.

Laurent Romanov é, ou melhor, era um açougueiro concorrente dos açougues Volturi. Quando digo concorrente não me refiro apenas à fachada de vendedores de carne, mas também ao fato de usarem o negócio para a lavagem de dinheiro. Sem contar nos dedos que volte e meia eram deixados no frízer após alguma tortura.

Sua fama estava crescendo nos últimos meses e consequentemente o seu poder também. Laurent já dominava boa parte do bairro e os pobres moradores não sabiam se pagavam a “coleta” aos Volturi ou aos Romanov. O medo os fazia pagar para os dois lados e assim continuavam vivos. O excesso de encargos trouxe problemas aos mafiosos já que os cidadãos tinham cada vez menos dinheiro para pagar cada um deles. Não havia espaço suficiente para duas famílias poderosas. Foi quando a guerra começou e toda a semana corpos e mais corpos foram retirados de rios, de dentro de pneus queimados e de porta malas de carros abandonados. Uma verdadeira carnificina. A raiva entre as duas famílias estava chegando ao ponto de que só acabaria com a morte de um dos líderes.

Romanov era o tipo do concorrente que Aro faria questão de matar pessoalmente. E sua arrogância provavelmente o tornou desleixado e alguma testemunha corajosa, ou burra, resolveu abrir o bico.

– E temos uma testemunha disposta a falar em juízo. – continuou o agente Phil Dwyer. – Precisamos manter a sua disposição. Então Swan eu quero você pessoalmente fazendo a proteção do senhor... – pausou para olhar em seus papeis. – Cullen.

Eu odiava ser baba, mas fazer o que? Eu havia perdido o flagra para prender Aro agora tinha que pegar qualquer função que me restasse. Minha expressão continuou a mesma desde o momento em que entrei na sala bagunçada e fedida de Phil. Como alguém conseguia manter tantos papeis espalhados pela mesa? E aquele lixo! Era um rato morto ali dentro? Nojento.

– O colocaremos no programa de proteção, o pessoal da TI já está trabalhando nas novas identidades. Quanto a você McCarty quero que reúna uma equipe e vá dar suporte à polícia de New York na prisão do Volturi.

– Sim senhor! – bateu os calcanhares e ajeitou a postura.

Revirei meus olhos internamente, o que Emmett pensava? Que estávamos no exército? Ajeitei meu terninho e dei as costas para os dois trogloditas para fazer o meu trabalho.

– Swan?! – chamou Phil impaciente.

Apenas me virei o olhando com mais tédio que o normal.

– Ainda não terminei! Preciso passar suas instruções. – grunhiu em minha cara.

Estreitei meus olhos.

– Você quer dizer as informações que estão em um envelope pardo sob os cuidados de Jéssica?

Antes que ele pudesse responder Jéssica adentrou a sala com o envelope pardo em mãos.

– Senhor, aqui estão os documentos novos do senhor Cullen que o senhor havia pedido, os contatos e também as informações do esconderijo.

Essa história de informações computadorizadas e impressas em qualquer lugar ainda daria um grande problema. Ainda mais com dados de testemunhas importantes.

Ergui minha mão direita para que Jéssica me entregasse o envelope pardo. Phil finalmente fechou sua boca, que há alguns segundos abria-se e fechava-se como um peixinho fora d’água, e fez um pequeno aceno para que Jéssica fizesse o que eu pedia.

Ao contrário de McCarty que estava mais preocupado em olhar o decote indecente de Jéssica eu presto atenção no que as pessoas estão fazendo a minha volta. A rapidez em coletar informações ao meu redor é o que me torna tão boa em meu trabalho.

Com o envelope em mãos girei meus calcanhares e segui de cabeça erguida de volta para a minha sala. Abri o envelope com as informações referentes ao esconderijo e em seguida decorei os telefones dos contatos de emergência. Separei os novos documentos da testemunha e coloquei as informações sigilosas no sexto de lixo. Na gaveta de minha escrivaninha eu guardava um isqueiro que serviu perfeitamente para meter fogo em toda aquela papelada.

Guardei os documentos no bolso interno do meu blazer e peguei minha pequena bagagem de viagem. Para alguém com um trabalho como o meu é preciso sempre ter uma mala pronta para eventualidades. Finalmente fui para o meu carro para seguir caminho diretamente para a delegacia.

– Com licença, gostaria de falar com o detetive responsável pelo caso Volturi.

– A senhora é...

– Senhorita. – explodi uma bola de chiclete na cara da policial que me olhava de cima a baixo antes de erguer meu distintivo. – Agente especial Swan, FBI.

– Vou levá-la até o detetive Whitlock.

Ajeitei minha mala em um de meus ombros e caminhei atrás da policial. Ela tinha quase a metade da minha altura, seus cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo e um andar entojado. Nada como uma mulher sentindo-se ameaçada para rebolar feito uma vadia.

A delegacia estava uma loucura, criminosos algemados eram levados de um lado para o outro, prostitutas travestis, com roupas tão vulgares que até mesmo outras putas teriam vergonha de usar, faziam escândalo, uma senhora negra com feições de quem muito sofreu na vida chorava sentada em uma cadeira enquanto dava um depoimento, as diversas escrivaninhas eram ocupadas por policiais trabalhando fervorosamente, os telefones não paravam de tocar e o falatório era irritante. O lugar fedia a suor e pólvora.

Quando passava ao lado de uma cadeira onde um suspeito estava sentado, sua mão direita algemada a escrivaninha, o filho de uma senhora de conduta extremamente duvidosa se achou esperto o suficiente para tentar passar na minha bunda.

Eu disse tentar. Pelo canto do olho observei sua mão levantar-se e no exato momento segurei seu pulso. Com um movimento brusco puxei e virei o membro superior o derrubando no chão, mas como sua mão direita estava algemada a mesa virou com toda a papelada e material de escritório que havia em cima. Resultado, silêncio na delegacia e todos os olhares em minha direção.

Olhei diretamente para a cara de coitado do marginal. Ele realmente achava que aquele piercing gigantesco em seu nariz atraia as garotas? Já imaginou como aquilo ficaria durante uma gripe? E aquelas tatuagens de caveiras? Ele se achava durão com elas, mas era apenas um tarado de merda. Desculpe querido, mas tatuagens não são para todos.

– Mas que diab...

Ergui meu olhar para o homem loiro em minha frente que fitava embasbacado, com seus grandes olhos azuis, a cena e estourei meu chiclete chamando-lhe a atenção. Ele não usava um uniforme e seu distintivo brilhava fixado em seu cinto.

– Detetive Whitlock?

– Sim, você é?

– Agente especial Swan.

Me olhando de maneira estranha ele assentiu.

– Siga-me.

Ótimo. Um homem de poucas palavras. Logo estávamos em sua sala. Phil deveria aprender com o detetive a manter uma sala limpa e organizada. Sentei-me na cadeira em frente a sua escrivaninha. Whitlock deveria ser importante no departamento para possuir uma sala só para si e não uma mesa caindo aos pedaços do lado de fora junto aos demais detetives.

– Soube que estava investigando os Volturi.

Continuei o olhando com tédio. O que ele esperava que eu o parabenizasse por conseguir fazer o trabalho que eu há tanto me dedicava? Ainda bem que ele estava sentado, pois eu não o faria. O detetive pode até ser bom o suficiente em seu trabalho para ganhar tratamento especial, mas neste caso ele não mexeu absolutamente nem uma palha para prender Aro Volturi. Foi pura incompetência do agente que assumiu o meu lugar na troca de postos, agora fico imaginando quantas outras oportunidades esse idiota deixou passar. Eu iria arrancar os dentes de Jacob Black na primeira oportunidade que eu tivesse. Sua incompetência me chamava à atenção para uma possível traição ao departamento. Investigaria isto melhor.

O detetive limpou a garganta incomodado com o meu silêncio. Não entendo as pessoas, elas fazem um comentário óbvio e esperam que eu continue a conversa. Mas que conversa? Quer respostas me faça perguntas, não espere que minhas opiniões simplesmente saiam da minha boca.

– Creio que em poucas horas nossa equipe trará Aro Volturi. – na verdade a prisão do bandido estava acontecendo exatamente agora com a ajuda da equipe de apoio do FBI. – E nossa testemunha está a caminho para reconhecer o mafioso.

Mais uma vez ele limpou a garganta. Qual o problema deste cara?

– Você fará a proteção do senhor Cullen?

– Meu chefe já não deixou tudo acertado? – que papinho furado mais desnecessário.

– Sim, er, soube que estava na cola do Volturi há bastante tempo.

PDV Detetive Whitlock

Qual o problema desta mulher? Será que não pode simplesmente manter uma conversa educada? Sua arrogância era tão grande assim? Se estava brava com seu chefe por fazê-la de babá o problema não era meu!

– Como o deixou escapar? – provoquei, mas ela continuou sem expressão.

– Eu não deixei ninguém escapar.

Confesso que invejei o controle da agente. Sua voz, cada vez que soava, era calma como se estivéssemos falando sobre o tempo. Era irritante! Eu não sabia se ela era uma completa psicopata ou se estava apenas entediada. Meus extintos interrogatórios coçaram minha língua e não consegui controlá-la.

– Então como explica a falta de um flagrante?

– Acho que um dos membros da minha equipe é corrupto e se vendeu para o Volturi.

Meus olhos abriram-se como dois pratos. Aquela era uma acusação muito grave, mas o que realmente me surpreendeu foi sua falta de sentimentos. Se algo assim acontece em minha equipe eu ficaria puto e mais do que isso, ficaria envergonhado a tal ponto que acabaria com o traidor antes de sair contando para um desconhecido qualquer de outro órgão policial.

PDV Agente Swan

Eu comprovaria minhas suspeitas durante o período de babá.

– Porque está me contando isso?

– Você perguntou.

Esse detetive era retardado ou o que? Sua boca abriu-se e fechou como um peixinho fora d’água.

– Se isso acontecesse em minha equipe eu teria vergonha de contar, principalmente para alguém de cargo inferior ao meu.

– Vergonha por algo que você não fez? Você é estranho detetive.

Ele me olhou consternado e então apoiando os cotovelos em sua mesa perguntou.

– Porque está me contando isso? Eu posso muito bem acabar com sua credibilidade por estar perto de um agente corrupto.

– Eu estou apostando.

– Apostando?

– O fato de ter uma sala exclusiva me diz duas coisas. Ou você é extremamente competente e terei um aliado quando as informações da testemunha vazarem ou você é protegido de algum peixe grande e terei mais um inimigo para me preocupar enquanto mantenho o senhor Cullen longe de confusão.

Sua postura mudou e ele apoiou suas costas na sua pomposa cadeira. Um pequeno sorriso brincou em seus lábios.

– Você terá um aliado agente Swan.

– Vamos ver.

Nossa conversa foi interrompida pela movimentação do lado de fora da sala. Aro Volturi era levado para a sala de interrogatórios.

– Quer me acompanhar no interrogatório?

– Para observar Aro Volturi despejar seu ar superior enquanto aguarda a chegada de seu super bem pago advogado? Não obrigada.

– Bem... Então fique a vontade, o café do departamento não é tão ruim quanto parece.

– Obrigada. – viu como sou educada?

Segui a sugestão do detetive e fui até a cozinha. Ela não era muito grande e tinha três paredes com grandes janelas dando vista para quase toda a delegacia. Apoiei-me num dos balcões enquanto levava o café fumegante aos meus lábios, meus olhos acompanhavam o movimento fora da cozinha. As coisas pareciam mais calmas e os policiais caminhavam mais tranquilos.

Ao observar a porta de entrada notei um cara que me era familiar entrar. Seu caminhar era atrapalhado, seus ombros estavam encolhidos e suas mãos agarravam a barra de seu casaco. O homem era magrelo e usava roupas que pareciam de um adolescente. Franzi o cenho e subi para o seu rosto branco. Seus olhos verdes estavam arregalados e seus cabelos ruivos uma verdadeira bagunça. Não era o tipo do cara que você vira o rosto para acompanhar seu caminhar sexy, mas até que tinha seu charme - mesmo que estivesse escondido do mundo.

O garoto então olhou assustado para o policial que o acompanhava em direção a uma das salas de interrogatório. Ele não tinha perfil de criminoso. Foi então que algo em minha cabeça estalou e eu rapidamente peguei os documentos no bolso interno do meu paletó. Olhei rapidamente para a fotografia e em seguida para o ruivo. Neste momento ele pulou assustado quando uma mulher cheia de tatuagens, piercings e um penteado de gosto duvidoso tentou fugir das algemas e foi um pouco para o seu lado.

– Um sorriso! – a voz de trovão de McCarty fez-me pular de susto. – E um susto! – continuou com o tom assombrado enquanto me olhava de cima a baixo. – Esse dia está cada vez mais estranho.

Ignorei sua imbecilidade e voltei meu olhar para o meu futuro protegido. Sim, havia um sorriso em meu rosto, pois Edward Cullen era um covarde adorável.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam desta Bella? Deixem suas opiniões nos comentários ;)



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