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A tarde já havia chegado, e por isso Ana e Tati se apressavam para se arrumarem ou estariam completamente mortas pelos meninos que as esperavam na casa de Binho. Ana optou por um short jeans claro e rasgadinho, uma blusa não muito justa branca estampada , fez uma trança lateral não muito firme de modo a deixar alguns fios soltos e pôs um chinelo qualquer. Já Tati, optou por um short também jeans porém escuro, uma regata verde escura e um rabo de cavalo, a mesma colocou um chinelo preto e seguiu para cozinha juntamente com Ana. As duas resolveram ir direto para a casa de Binho pois estavam atrasadas, e assim que abriram o portão, deram de cara com os mesmos, e pareciam furiosos. Ana se calou ao ver os meninos e se apoiou em Tati, que logo percebeu o desconcerto da amiga e resolveu quebrar o gelo:

–O que vocês fazem aqui?. Disse se referindo aos meninos que ainda tinham um semblante de fúria.

–Vocês sabem ao menos que horas são?. Perguntou Binho cruzando os braços.- Ficamos esperando vocês por 30 minutos. Indagou novamente o moreno alterando o tom de voz quando disse "30 minutos".

–E por isso vocês estão furiosos?. Perguntou Tati com a sobrancelha arqueada.

–Não Tati, imagina. Disse Binho irônico.

–Não adianta vir com ironia para cima de mim, Rubens- Disse Tati completamente aborrecida pois odiava quando as pessoas são irônicas com ela- Quando eu quero, eu também sei ser irônica. Ameaçou.

–E eu estou morrendo de medo de suas ironias. Disse Binho. - Miojinho. Finalizou a frase fazendo Tati o fuzilar com os olhos, a mesma odiava ser chamada de "Miojinho" ou algo do tipo, para ela era uma insulta, e foi essa a intenção do moreno, deixa-la furiosa.

–Você não fez isso, Rubens. Disse a mesma se aproximando do menino que logo arregalou os olhos.

–Quando eu corro?. Brincou o moreno e a mesma abriu um sorriso maldoso.

–Você é um idiota!. Exclamou voltando para perto de Ana.

–Eu sei. Disse Binho fazendo todos rirem.

–Vamos?. Perguntou Thiago se recompondo dos risos e as duas assentiram. Ana, para amenizar a situação, colocou os fones de ouvido - e como sempre - "viajou".

...

Ambos chegaram na casa de Binho e praticamente se jogaram no sofá:

–Afinal, a gente veio para ficarmos largados no sofá?. Perguntou Tati

–Não. Disse Thiago

–Então o que vamos fazer agora?. Indagou a morena novamente

–Não sei. Disse Binho

–Ana!. Chamou Thiago e a menina o olhou.- Está viva? Você não se pronunciou nenhuma vez até agora. Disse ele e a mesma riu

–Estou bem, não se preocupe, continuem conversando. Disse a mesma voltando a colocar o fone de ouvido que havia tirado. Os três discutiam o que iam fazer enquanto Ana prestava atenção na letra da musica, a mesma se identificou bastante com ela, cada trecho; cada letra; cada estrofe; tudo. Parecia que a cantora se baseou na vida dela enquanto compunha, a mesma tentava segurar uma lágrima que insistia em cair, ela observava os outros ainda discutindo sobre o que fazer até a lágrima vencer e cair. A mesma a limpou rapidamente e pediu para ir ao banheiro, subiu as escadas rapidamente e entrou no mesmo, as lágrimas começaram a rolar, uma atrás da outra, Ana tentava ao máximo controla-las. Em vão. Elas brigavam tanto para cair, que simplesmente caiam sem mais nem menos, a ruiva começou a ficar vermelha, segurava tantos soluços que parecia que se segurasse mais um iria explodir, a mesma enxaguou o rosto procurando se acalmar e finalmente as lágrimas pararam. A mesma tentava esconder o rosto vermelho, enxaguou novamente o rosto mas agora procurando se resfriar e tirar toda a vermelhidão. "Fique forte". Era a única coisa que passava pela sua cabeça, "fique forte" ,novamente. A mesma já estava enjoada de tudo aquilo - de estar tão presa ao passado - que não conseguia mais sair , sussurrou para si mesma:

–Você consegue, como sempre, esconder tudo de todos, você consegue!. E saiu do banheiro como se nada tivesse acontecido, e confessando, isso a matava aos poucos. Entrou na sala e encontrou todos a esperando:

–Resolveram?. Perguntou antes que eles a questionassem pela demora.

–Sim. Disse Binho sorridente.

–Vamos tomar banho de piscina. Disse Thiago e Tati olhou para os dois.

–Mas não foi isso que nós combinamos. Indagou a morena brava.

–Mudamos de ideia. Falou Binho rindo da expressão de Tati.

–Mas... .A morena foi interrompida por Ana.

–Não trouxemos biquíni. Falou Ana sentando do lado da amiga que piscou para a mesma como em agradecimento.

–Não tem problema. Disse Thiago e Ana o olhou desentendida.

–Como não?. Perguntou a ruiva com a testa franzida.

–Tomem banho sem. Disse Thiago rindo e Binho concordou fazendo o típico "soco-bate". As meninas os olharam incrédulas com a resposta do moreno e rebateram:

–Vocês são uns idiotas. Disse a morena.

–Não acredito que você falou isso, Thiago. Disse a ruiva brava e se ajeitando no sofá.

–Tudo bem, sem drama meninas, vamos logo antes que o tempo resolva mudar e a gente se ferre. Disse Binho caminhando até a piscina, sendo seguido por Tati, Ana e Thiago. Os três observaram o moreno entrar na água e logo em seguida Thiago também entrou, as meninas hesitaram e se sentaram nas cadeiras mais próximas:

–Vocês não vem?. Perguntou Thiago.

–Não. Disse Ana e Tati concordou.

–Por quê?. Interrogou Binho mais confuso do que nunca

–Qual parte do "Não trouxemos biquíni" que você não entendeu?. Respondeu Tati, o menino apenas se levantou e caminhou até uma cadeira, nela havia um roupão, o mesmo o vestiu e entrou dentro de casa deixando os três adolescentes confusos. Rubens subiu as escadas, passou pelo sue quarto, e entrou em outro quarto, que parecia ser de menina, abriu uma das gavetas e pegou dois shorts pretos e dois primeiros biquínis que viu pela frente, um em listras de neon e outro com bolinhas roxas. O mesmo voltou para onde eles estavam, e jogou os biquínis para as duas.

–O que é isso?. Perguntou Ana

–Biquínis. Respondeu Binho com um pequeno sorriso

–E onde você achou eles?. Desta vez quem perguntou foi Tati

–Eles são da minha prima, ela vem para cá de vez em quando e deixa algumas coisas aqui. Explicou Binho.- Como ela aparenta ter a mesma idade de vocês, achei que poderia dar. Continuou

–Hum... Balbuciou Tati

–Agora andem logo, vão se trocar antes que o tempo mude e realmente a gente se ferre, como o Binho disse. Ordenou Thiago e as menina riram.

–Tudo bem, papai. Brincou Ana fazendo o moreno rir, a mesma colocou os fones novamente e caminhou juntamente com Tati até os banheiros mais próximos, cada uma entrou em um e se vestiu.

Minutos depois, Ana e Tati já estavam prontas, as mesmas voltaram para onde se concentravam Thiago e Binho e se sentaram nas cadeiras, Tati ria das brincadeiras bobas que eles faziam um com o outro, já Ana tentava esquecer o que havia acontecido no banheiro até ser interrompida por muito água caindo nela:

–Ops... Foi sem querer. Disse Thiago rindo e colocando o balde para o canto.

–THIAGO, SEU IDIOTA!. Disse Ana se levantando da cadeira.- VOCE MOLHOU MEU FONE!. Disse a mesma com o tom de voz alterado pois adorava seu fone.

–Eu já disse, foi sem querer. Falou o moreno rindo.

–VOCE VAI VER O QUE FOI SEM QUERER!. Exclamou a ruiva caminhando até a sala e abrindo a mochila do moreno, a mesma pegou o fone de ouvido do rapaz e voltou para a área onde ficavam as piscinas. Ana estranhou Tati não fazer nada pois ela também havia tomado um 'banho" de Thiago, mas resolveu se calar e continuar o que estava fazendo, ou melhor, o que pretendia fazer. A mesma se aproximava cada vez mais da piscina com o fone do menino nas mãos, Tati ria de tudo o que estava acontecendo e o que poderia acontecer, Binho segurava o riso para não deixar o amigo raivoso e Thiago se desesperava ao ver que Ana iria jogar seu fone na piscina:

–Não!. Disse o mesmo tentando sair da piscina antes de ter o fone estragado pela ruiva.- Ana, não!. Disse saindo dela e caminhando em direção à garota que logo se apressou em jogar o fone de ouvido dentro d'água .- Ana. Choramingou o moreno se lamentando pelo fone.

–Ops... Foi sem querer. Disse a mesma rindo.

–Ana. Chamou Tati e a mesma a olhou- Vamos?. Perguntou a menina olhando a hora no celular.

–Tudo bem, posso dar só um mergulho?. Perguntou a ruiva e Tati assentiu e logo fez o mesmo que a ruiva.

...

As meninas entraram em casa e estranharam o pai de Ana não ter chego pois a noite já havia caído, ambas subiram para o quarto da ruiva e a mesma se sentou na cama, Tati começou a arrumar seus cachos em um coque e Ana deitou na e soltou um suspiro:

–Eu quero meu fone. Choramingou olhando para a amiga.- Ele era tão especial e... Se foi. Disse tão dramaticamente de modo a fazer Tati cair na gargalhada.

–Quer que eu te empreste o meu?. Perguntou a morena e Ana assentiu, a mesma pôs os fones de ouvido da menina e continuou deitada.

– Estou nervosa. Confessou a ruiva.

–Por quê?. Pergunto Tati se sentando e a encarando.

–Antes de irmos embora, Binho disse que queria falar comigo. Disse se sentando também.

–Vai dar tudo certo, amiga. Falou Tati tentando acalmar Ana.

–Será? Estou tão...Disse a menina tentando achar a palavra certa para encaixar na frase.

–Dividida?. Tentou Tati.

–Não, mais que isso. Disse a mesma

–Hum... Confusa?. Perguntou a morena novamente

–Isso. Disse Ana.- Eu estou completamente confusa.

–Em que?. Indagou.

–Em tudo, neles, Ah, sei lá.- Balbuciou.- Estou tão confusa que nem sei exatamente.

–Binho. Disse a morena ainda a olhando.

–Perto do Binho?. Perguntou Ana e Tati assentiu.- Perto do Binho eu me sinto protegida, feliz, ele me deixa calma, ele me faz rir toda hora, me faz esquecer dos problemas. Desabafou

–Thiago. Disse novamente

–Ah, e esse amor que não passa?. Falou deitando novamente na cama e colocando o travesseiro no rosto, Tati riu da situação da amiga. Perto do Thiago eu me sinto envergonhada porém diferente, eu me mudo completamente, meu coração acelera, parece que o mundo todo para. Disse a ruiva

–Não sei te explicar o que você sente pelos dois, mas eu sei te dizer que você está completamente confusa. Disse rindo

–Como se eu já não soubesse. Sussurrou ainda com o rosto debaixo do travesseiro.

–Preciso ir. Disse Tati se levantando.

–Já? Disse Ana.

–Sim, prometi à minha mãe que voltaria cedo para o jantar, sabe como é né?. Disse depositando um beijo no rosto da ruiva.- Te amo viu? Se cuida. Falou e Ana riu.

–Também te amo, pode deixar que vou me cuidar. Falou e Tati saiu do quarto.

A menina entrou no chuveiro para tomar um banho e tentar se esquecer de todas as coisas que ruins que passara no banheiro de Binho, e bem no finalzinho do banho ela lembrou que prometeu conversar com "Tecnicamente eu" assim que chegasse, a ruiva saiu do banheiro apressadamente e vestiu seu pijama. Sentou-se na cama com o notebook nas mãos e abriu no Skype:

"Olá meu tecnático favorito." Ana digitou e enviou a mensagem com medo do menino não responder pois ele não estava online, o mesmo demorou um pouco mas logo veio uma mensagem como resposta para a ruiva.

"Oi Aninha, senti sua falta." E como sempre, Ana corou.

"Eu também, ficamos um tempinho sem nos falar."

"Você praticamente sumiu, não me chamou mais. Por isso que eu não te chamei, pois sabia que você deveria estar ocupada com a escola e tudo mais."

"Confesso, essa semana foi bem corrida mas para minha alegria hoje é sexta. Você poderia ter me chamado, com certeza eu arrumaria um tempinho para conversarmos."

"Poderia?"

"Claro!"

"Droga, por que eu não fiz isso mesmo?" Ana riu

"Não sei o porquê, mas você poderia ter me chamado. Mudando de assunto... Como vai meu tecnático favorito?"

"Claro, sou o único haha. Tecnicamente bem cansado. E você Aninha?"

"Bem, não sei porque mas não me sinto cansada só com sono, o que é completamente diferente.."

"Você é louca, estou morrendo de cansaço, só não durmo agora porque conversar com você é mais precioso a que meu sono." Confessou o menino e Ana evirou os olhos sorrindo.

"Não preciso falar não é mesmo?"

"Isso não foi um flertamento!"

"Não existe essa palavra."

"Eu sei, mas e daí. Se inventaram a palavra mais estranha do mundo, por que eu não posso inventar essa?'

"Você é louco!"

"Por você? Se for, eu sei disso."

"TECNICAMENTE EU!" Repreendeu a ruiva

"Desculpe, escapuliu... Mesmo sendo verdade."

"Vamos mudar de assunto?" A ruiva já estava da cor de um tomate.

"Por quê? Você já está vermelha?"

"Não, quer dizer, sim Ah, tanto faz...Porque você não para de me flertar? E nem admite isso?"

"Os caras vão agir como eles gostam de você e flertar com você, mas eles nunca vão admitir isso. As meninas vão agir como elas gostam de você e flertar com você, e admitir ." Ana riu da mensagem do garoto, a mesma deitou na cama ainda com o notebook nas mãos.

"E por isso você nunca admite que flertou comigo?"

"É!"

"Bem, entendi... Você tem noção da hora?." Perguntou ela olhando para o canto da tela procurando as horas.

"Se tiver que ir dormir me avise, não quero ficar te prendendo aqui, ok?"

"Tecnicamente* Corrige!"

"Se tiver que ir dormir me avise, não quero ficar te prendendo aqui, tecnicamente?"

"Agora sim!"

"Espera aí, então isso quer dizer que talvez a palavra 'tecnicamente' seja o nosso 'ok'?"

"Tenho que ir, estou morrendo de sono. Boa noite." A menina tentava ao máximo fugir da conversa, além de estar envergonhada, tinha acabado de cair no que nunca diria acontecer.

"Nada disso, não vou parar de te perturbar até você responder a minha pergunta."

"Tenho que ir, é sério..."

"Ana, não fuja do assunto."

"Talvez."

"Talvez o que?"

"Talvez a palavra tecnicamente seja realmente o nosso 'ok', feliz agora?"

"Sim, estou pulando de alegria." Ironizou o menino

"Tenho que ir, ok?"

"Tudo bem, prometa não se esquecer de mim amanha?"

"Prometo!"

"Tudo bem, boa noite Aninha."

"Igualmente."

...

A menina acordou com o telefone fixo da sala balbuciando altamente, a mesma levantou sonolenta e olhou a hora no despertador:

–Quem liga para alguém às 3:45 da manhã?. Sussurrou para si e desceu as escadas, atendeu ao telefone e alguma voz, cuja Ana não reconheceu, disse:

–Alô?

–Alô. Falou Ana cambaleando de sono.- Quem é?

–Sou Robert Johnson, do hospital St. Mary's Healthcare. Respondeu a voz do outro lado da linha, Ana começou a se desesperar quando ouviu a palavra "hospital', a menina tentava não chorar, o que era quase impossível. -Você é a Sra. Luciana filha de Ricardo Garcia?. Perguntou

–Sim. Respondeu trêmula.

–Será que eu poderia falar com alguém maior de idade?. Perguntou novamente.

–O senhor poderia ligar daqui à 10 minutos?. Perguntou Ana ainda nervosa

–Claro. Respondeu Robert e logo desligou.

A primeira pessoa que Ana pensou foi Cinthia, mãe de Thiago, que morava em frente à ela, as lágrimas que ela havia prendido já escorriam por suas bochechas, a mesma se apressou em ir para casa de Thiago e tocar a campainha. Nada. A menina tocou novamente e de novo, nada. A mesma começou a se desesperar, olhava para todos os lados procurando alguém até se deparar com Cinthia parada na porta em sua frente:

–Ana, o que houve?. Perguntou a mulher percebendo o estado da menina, a mesma havia se desabado em lágrimas enquanto ninguém havia atendido a porta. A menina explicou tudo o que havia acontecido, e Cinthia se encarregou de atender a ligação e ir até o hospital se fosse necessário:

–Minha princesa, você está muito nervosa, tente se acalmar um pouco. Respondeu a mulher tentando fazer com que Ana parasse de chorar.- Eu vou te deixar aqui junto com o Thiago, quando eu chegar te chamo ok?. Perguntou Cinthia e a menina assentiu ainda chorando.

Ambas subiram as escadas até o quarto de Thiago e a mulher bateu na porta do menino:

–Entre!. Uma voz sonolenta do outro lado respondeu às batinas na porta, as duas entraram e o menino se assustou ao ver Ana naquele estado.- Ana? O que aconteceu com ela, mãe ?. Disse se levantando da cama e caminhando até elas.