– Serena, Serena!
Abro os olhos. Vejo o rosto de Angie escurecido e em um tom cinza na minha frente.
– Angie... - digo, com a voz rouca. Olho para o relógio analógico no criado-mudo ao lado da minha cama. - São 3:40! O que houve?
– Eu estou sem dormir a noite toda. - disse ela.
– Por que? - pergunto, me sentando na cama.
– Não consigo tirar da minha mente aquela imagem daquele lugar horrível. Estou com medo de fechar os olhos e voltar pra ele. - disse ela.
– Angie... - estranho, Angelina geralmente não é tão dramática e medrosa. - Misty pode resolver isso com uma poção qualquer de manhã. Mas por que você me acordou?
– Vamos acordar as outras. - diz ela.
– Angelina, o que foi? - pergunto. Quando a chamo de Angelina realmente estou falando sério.
– Confia em mim - diz ela.
Realmente me quebro com pedidos de confiança. Por que, qualquer pessoa é confiável até que se prove o contrário. E Angie realmente nunca me decepcionou em questão de confiança.
– Certo. - digo, me levantando da cama e cambaleando um pouco.
Chamo Maggie, que está agora no nosso quarto depois do exorcismo de Misty. Realmente é melhor, pois Maggie virou uma das minhas melhores amigas aqui na academia, e quero ela por perto.
– Serena, o que foi? - pergunta ela, abrindo os olhos.
– Angie quer mostrar uma coisa - digo.
Olho para trás e vejo Abby e Kathy se levantando lentamente de suas camas. Abby desce do beliche quase que caindo da escada.
– O que foi? - diz Kathy, impaciente.
Se existe uma coisa que aprendi aqui sobre minhas amigas é que Kathy fica muito impaciente e irritada quando está com sono. Não sei por que, mas ela dá foras em todo mundo, e fica mais chata que Angie.
– Venham ver isso - diz Angie, indo até a janela do quarto que dá para o jardim da frente da casa, onde vejo Queenie, Cordelia, Zoe e Misty conversando na frente da porta da frente.
– Vai, Abby. - diz Angie. - diz o que elas estão falando.
Abby, além da sua capacidade indiscutível de réplica da fala de outras pessoas, desenvolveu uma capacidade de leitura labial incrível nesses últimos três meses, após ter ficado surda por uma semana por conta de um grito mortal de uma aluna, que numa aula foi demonstrar. Todas estávamos com abafadores de som, mas o de Abby não estava bem encaixado. Depois de uma semana surda, Misty achou uma poção para a volta total de sua audição. Uma semana foi o suficiente para ela aprender com facilidade total uma linguagem labial perfeita.
– ... E como se faz, mesmo, Misty? - diz ela, falando com a voz perfeita de Zoe.
– Vamos falar as palavras, - diz a voz de Misty - enquanto fazemos força com o pensamento para proteção da academia.
– O que é isso? - pergunta Maggie.
– Como saberemos que funciona? - pergunta a voz de Queenie.
– Estou com uma colmeia de abelhas logo ali. - disse a voz de Misty. - O feitiço impede que qualquer ser que queira nos fazer mal entre na área circulada com sal grosso. Ao eu deixar cair A colmeia e as abelhas vierem correndo pra gente, elas vão bater na proteção, e morrer.
– Humanos também morrem? - pergunta a voz de Cordelia.
– Sim. - disse a voz de Misty, e vejo que ela fica acanhada, esperando que Cordelia fale algo.
– Ótimo - diz a voz de Cordelia.
– Vamos logo - diz Queenie.
– Para de falar, Abby - diz Kathy, colocando a mão na boca de Abby.
– O que foi? - pergunta Maggie.
– Uma bruxa falando latim na hora errada sempre dá em coisa ruim. - disse Kathy, tirando a mão da boca de Abby.
Nesse momento, as quatro dão as mãos e murmuram alguma coisa. Quando elas param, do chão se ergue uma cortina roxa e translúcida, toda brilhosa, que vai cobrindo a casa, refletindo a luz roxa no nosso quarto.
– Nossa - diz Angie. - Que lindo.
– Você é a Angelina, mesmo? - pergunta Abby. Realmente o comportamento de Angie está estranho.
– E seria quem, o papa? - diz Angie, impaciente.
– Agora sim - diz Kathy, rindo.
– Gente, elas tão falando. - diz Maggie, olhando para as quatro depois que a cortina desaparece.
– Agora, preparem-se para correr - diz a voz de Misty saída da boca de Abby.
Vejo Misty levantar a mão para a árvore perto da entrada, e em seguida vejo uma colmeia cair no chão, liberando um monte de abelhas imensas e furiosas indo em direção das quatro, que correm para o terraço da academia. Em poucos segundos depois de elas pisarem no terraço, vejo as abelhas baterem sabe-se lá onde, e caindo na grama. Mortas.