Graad Gakkou - INTERATIVA escrita por Casty Maat


Capítulo 13
Capitulo 12 - Desertos de nossas vidas


Notas iniciais do capítulo

demorei, mas dei meus pulos aqui e postei :3



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#12 – Desertos de nossas vidas

Madrid, Espanha – há alguns anos atrás

Os técnicos de saúde no final das contas constataram não haver mais vida na pequena menina que vieram socorrer. Tudo que lhes restaram eram guardar o corpo frágil dentro de um saco e levar para análise que daria o prontuário de óbito.

Sara assistia a tudo quieta, mas as lágrimas escorriam. Lupita partira, deixando que suas fragilidades físicas enfim vencesse. Anos antes fora a mãe, morta quando a caçula nascera. E então o pai que cuidara dela, em circunstâncias jamais esclarecidas.

Só lhe restara o irmão mais velho, sempre tão ausente, trabalhando muito para cuidar das caçulas. Sara tinha tudo para ficar feliz naquele dia, quando recebeu a proposta de passar o colegial estudando no conceituado colégio Graad, no Japão.

—Siga o que você quer, não precisa se prender ao luto. – disse seu irmão, sério, vendo o corpo da caçula sendo posto na ambulância. – Seu tempo de cuidados com ela acabou, está livre para buscar seus desejos.

A espanhola não tinha coragem de olhar para o mais velho, caiu ajoelhada ao chão e começou a chorar. Seu irmão ficou quieto, ignorando o momento. Não teria tempo para outra coisa, afinal, precisava ir trabalhar, ainda tinha a garota para cuidar e sustentar. Saiu sem dizer nada e no final do dia iria terminar de resolver as coisas.

Ele saiu deixando a morena chorando e lamentando. Via o “universo” do seu irmão tão estranho e tão pesado, diferente de quando eram crianças... Até Lupita nos últimos tempos estava com aquilo tão amargurado.

“Eu te odeio, Sara! Você pode sair, pode tudo! Eu sou só um peso morto! EU TE ODEIO!”, tinham sido algumas de suas ultimas palavras.

E tudo que Sara tinha a dar era seu amor e seu carinho.

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Sara despertou no meio da noite, sonhando com um de seus piores dias. Derramava as lágrimas e os ganidos baixos e sutis demonstravam o esforço que fazia para sufocar aquela dor. Estava sem notícias do irmão mais velho fazia um ano, ainda que o dinheiro dele caísse automaticamente em sua conta no país oriental.

A jovem resmungou ao sentar-se na cama, lembrando do carcamano que lhe trouxera problemas nos últimos dias. O sono andava péssimo, não conseguia se concentrar. Cogitara até denunciar, mas não tinha provas ou marcas.

E ainda aquele olhar que escondia uma profunda tristeza como o seu próprio olhar...

—Pelo menos ele me devolveu os documentos. Espero nunca mais ver aquele maldito! – fungou.

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Maise novamente estava em um daqueles treinos terríveis. Precisava defender-se e contra-atacar um grupo de 20 pupilos de seu tutor, Shingen. Mas a grande verdade que, exausta pelas aulas, uma semana de prova se aproximando e os treinos do clube, a deixaram exaurida e conter aquele monte de gente tornara o treino em um linchamento.

O único cuidado que tinham era em não causar ferimentos em áreas possíveis de serem vistas as marcas violentas. Maise no momento só cruzava os braços em frente ao rosto e se curvava, para tentar proteger seus órgãos vitais. Mas um golpe que passara sua frágil defesa, na boca do estômago, a fizera ajoelhar-se, derrotada.

—Uma vergonha! Uma completa vergonha vinda de você.

Os pupilos abriram espaço para Shingen poder ver. Os olhos da menina estavam semicerrados diante da dor que sentia, mas o brilho transmitia o mais puro ódio e raiva. O homem, entre maduro e idoso, careca, demonstrava ter sido extremamente forte e viril em sua mocidade. Mas se enganava quem acreditava que Shingen fora vencido pela idade.

O homem chutou a colegial, que foi arrastada pelo impacto até bater nas pedras do jardim.

—Você é patética. Um cosmo incrível e poderoso mal aproveitado por uma pirralha estúpida. – dizia o tutor se aproximando.

A garota sentia o corpo todo doer e sua boca expelir sangue, sempre em silêncio, sempre engolindo aquele ódio profundo pelo tutor. Shingen era o homem por quem tinha enorme desprezo, que mais desejava se livrar, mas nunca conseguira.

—Jamais conseguirá vingar a seus pais.

A morte de seus pais. Foi ali que se iniciou seu inferno pessoal, ainda na delegacia, quando os policiais não sabiam ainda das coisas, seu tutor vindo busca-la. Antes ele era apenas seu mestre de artes marciais, que fora até inconveniente meses antes para tê-la como pupila. Sozinha, num país estranho, ela não teve opção.

Outro golpe, dessa vez do homem. Maise não conseguiu resistir e desmaiou. Shingen olhou a garota com desprezo.

—Espero que não jogue trabalho fora. Não estou fazendo um receptáculo perfeito a toa. – resmungou e olhou um dos outros pupilos. – Levem-na pro quarto e disfarcem os ferimentos. Falta muito pouco para tudo acontecer.

—Mestre, mas os estranhos cosmos que estão rondando a escola?

—Não serão problema. A brincadeira de casinha vai deixar eles pateticamente fracos. – e o misterioso tutor desapareceu em um dos cômodos do dojo.

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“Quando non sono a casa. Non appena possibile torno” PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

Leona colocou o telefone no gancho, desanimada. De novo sua mãe não estava em casa. Já faziam 4 meses que sua mãe não retornava email, sms, ligações.

—Mamãe, o que houve?

A ítalo-brasileira olhou para o notebook ao lado, com a tela para login no Great Cheese, o login BlackFox tinha a barrinha piscando, indicando aquele campo ativo. Hoje não teria ânimo algum para jogar.

Deitou na cama e ficou olhando pro teto, pegando o celular e mandando mensagem para Milo.

“De novo nada da minha mãe”.

Estava quase cochilando quando veio a resposta do cavaleiro.

“Não seria bom avisar as autoridades lá da Itália?”

“Talvez... Eu não sei.”

Demorou um pouco, mas Milo respondeu.

“Vem aqui na mansão. Vamos jogar um pouco e encher o saco do Camus.”

A garota sorriu e foi procurar um cardigã e sua bolsa, saindo logo em seguida.

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—A melhor solução agora é tirar ela do país!

Morgana até fingia que não falavam dela. Mas era impossível quando o escritório do andar debaixo ficava quase embaixo de seu quarto. A família militar no qual nascera, seja por laços de sangue ou por laços afetivos, estava embaixo discutindo sobre o “garoto loiro sem passado”. Tudo por conta do novato grego.

O garoto que tanto falavam era Milo Galanós, por quem ela se sentiu atraída, não de forma amorosa, mas como ele fosse um amigo muito importante. Ela não queria sair dali, ela queria ficar, queria saber mais sobre o outro loiro que a salvara.

—Stan, deixe que ela escolha. Falta de um passado nem sempre significa perigo. Se fosse assim, muitos na RETMAS deveriam ser encarados da mesma forma. – Morgana ouviu a voz da mãe ponderar.

—Milo Galanós, grego, nascido em 8 de novembro de 2000, tipo sanguíneo B, sem nenhum dado antes de vir ao Japão. – uma outra voz masculina lendo com calma. – Apenas que foi adotado pela Fundação e vive na mansão da família Kido, a única herdeira é Saori Kido.

—Eu poderia até dizer que os gregos são os melhores como eu, mas nesse caso é tão estranho. – comentou a terceira voz maculina.

—Menos, cabeça de fósforo, menos. – resmungou a segunda voz.

—Deixe como está as coisas, Brian, Saga...

Aquela altura, Morgana já havia descido e aberto a porta do escritório. Ali dentro estava seus pais e seus tios de coração, um ruivo de ar divertido e um moreno sério. Sua mãe estava sentada ao lado de um homem com tapa olho e o rosto castigado com marcas de queimadura.

—Momozinha... – murmurou o ruivo de cabelos longos, dono da terceira voz.

—Por que não falam comigo antes de decidirem? Eu não quero ficar longe dele, das amigas do clube! O Milo é um dos únicos amigos que tenho ali! – a garota olhou cada presente ali e saiu batendo a porta, saindo de casa.

O que ela não sabia é que havia alguém observando silenciosamente as ações de todos com os olhos avermelhados e profundos.

—Takagi...

Enquanto isso dentro da casa, havia se instalado um silêncio sepulcral ali, quem quebrou a palavra foi o moreno.

—Saga, e os relatórios da Mika?

—Parece que o tal Milo não é o único com ficha esquisita. Tem até um com sobrenome parecido com o de empresários da Suécia. Mas existe uma rede secreta da Fundação que a Mika está com dificuldades em quebrar e invadir. – o ruivo ficou sério. – A única coisa que ela conseguiu dessa rede secreta foi esse símbolo.

O ruivo de nome Saga colocou sobre uma mesinha um papel com um emblema bastante conhecido do Santuário: o círculo do báculo de Atena.

—Já viu isso, senhor museu?

—Tenho uma vaga lembrança de uma fotografia de ruínas perto de Atenas, mas não tenho certeza. – respondeu o moreno.

—Sabe o que isso está me lembrando, Brian? Lembra da década de 80, aquele torneio esquisito de caras fantasiados de armadura que passou na TV japonesa? – comentou o homem com cicatrizes. – Não foi a senhorita Kido que promovia o evento? Tenho uma vaga lembrando dela segurando um trambolho com esse símbolo, como se fosse uma sacerdotisa de filme.

Yomi permanecia quieta, escutando o marido e os outros dois debatendo sobre o símbolo estranho. Dentro de si, ela fazia indagações a si mesma.

Algo nela dizia que não devia temer o jovem loiro sem passado. Ao contrário, ela queria abraça-lo, colocar sob sua proteção. Que ele não era inimigo ou alguém perigoso, pelo contrário. Havia um porte atlético e um ar confiante que diziam claramente “eu posso protegê-los”.

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Wanda voltava do serviço calmamente. Seus pensamentos era em que faria para a janta e se seu irmão havia feito a lição de casa. No caminho acabou por encontrar com aquele loirinho irritante, mas ao reparar melhor, não era o irritante e sim, o irmão dele. Ambos eram deveras parecidos e o que diferenciava era a leve tonalidade mais pálida do que se encontrava a sua frente, a cor dos olhos e o ar sempre tranquilo e gentil que emanava deste.

Aiolos ergueu a cabeça e ao reparar quem era deu um sorriso amistoso.

—Konbawa*...

Wanda não sorriu, apenas meneou com a cabeça o cumprimentando. Ia continuar o caminho quando a sacola que carregava estourou e rapidamente o loiro conteve a queda dos produtos.

—Essas sacolas não são resistentes. Acho que cestos de palha são melhores que plástico.

A garota nada respondeu, mas viu o garoto tirar a jaqueta que vestia e improvisar uma sacola, oferecendo para a morena.

—Aqui.

—Mas sua jaqueta...

—Me entregue na escola. Sou do primeiro ano, Aiolos Tavoros.

Aiolos. Onde ouvira um nome desses antes? Bom, bem se via que era grego como seu pai também o era. Grego e cavaleiro de Atena, fugitivo do Santuário nos tempos de terror do mestre, usou o amor por sua mãe, uma bruxa, como o trampolhim que faltava para não viver sob o jugo da maldade que o Santuário se tornara.

Ele soubera pouco após a morte do cavaleiro de Sagitário que não havia uma Atena. Um pequeno grupo de cavaleiros de prata sabia da verdade por um servo que dera com a língua nos dentes e sumiu misteriosamente.

Foi uma amazona que conseguiu confirmar e precisou fugir. Seu pai fizera parte por um tempo desse misterioso grupo que tentava investigar o paradeiro da verdadeira Atena. Foi aí que conhecera sua mãe e precisou fugir.

A morte fora em um acidente de carro, quando Nico ainda era bem pequeno e ela assumiu para si os cuidados do irmão, perdendo até mesmo anos preciosos.

“Ele tem o mesmo nome do herói que papai falava” – pensou consigo. – “É muita coincidência.”

Ela estava tão absorta em pensamentos que ficou meio perdida quando o loiro voltara a falar com ela.

—...lia.

—Hm? Perdão? Não ouvi...

—Perdoe meu irmão, ele está passando por uns dias difíceis. Nós temos um passado meio confuso e ele ficou arisco depois que fiquei longe dele. – ele deu um tímido sorriso. – Sei que estão sempre se bicando por aí... Mas ele é um bom garoto.

Ela ficou séria, mas por que ainda não se sentia tão a vontade. Wanda lhe estendeu a mão direita em cumprimento.

—Wanda Marie Silveira. Terceiro ano. No retorno das aulas eu lhe devolvo a jaqueta sem falta. – e se retirou.

Aiolos ainda ficou um tempo olhando para a garota e então voltou a seguir seu caminho olhando para o chão. Quando ergueu a cabeça viu a jovem dos olhos verdes passando do outro lado da rua, apressada, trajada com uma camisa preta de estampa dourada, shorts e por baixo uma leggin com rasgos milimetricamente escolhidos para um efeito punk e botas coturno.

Sem ela saber, ele admirou o voar dos longos cabelos negros e a expressão magoada dela, mas sem coragem de se aproximar, apenas admirou com o coração pesado Morgana Takagi Smith passar por si, sem rumo.


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Notas finais do capítulo

*konbawa = boa noite
Oyasumi é quando você está se despedindo, enquanto konbawa é na "recepção"



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