Graad Gakkou - INTERATIVA escrita por Casty Maat


Capítulo 10
Capitulo 9 - Tijolo por tijolo


Notas iniciais do capítulo

Insonia me ajudou a atualizar rapido @_@



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#09 – Tijolo por tijolo

Aldebaran estava sentado na arquibancada com a prancheta, anotando os potenciais de cada um dos candidatos ao clube. Se divertia em ver Astra “tocando o terror” nos novatos durante o treino.

“Daria uma boa amazona” – pensou consigo, rindo baixinho.

—Tá de bom humor, hein, grandão?

O brasileiro olhou para o lado, vendo o mais baixinho dos colegas dourados sentar ao seu lado, com um sorriso gentil.

—Não tem clube de pincel hoje? – indagou o antigo guardião da segunda casa.

—Nossa sala tá sendo reformada e acabou o estoque de tinta. Então nada de shôdô hoje. E você tava pensando em quê?

Aldebaran então abaixou a prancheta e voltou a olhar o campo e em específico a líder do clube.

—A baixinha ali daria uma amazona das boas, líder igual a Shina.

—A garota parece ser boa em comandar mesmo. – comentou Dohko. – Mas ser amazona? Tudo bem que ela tem pernas fortes, mas...

O chinês sentiu uma energia ameaçadora vir do taurino e logo corou.

—Ei! Não to pensando nada! Foi uma analise de guerreiro apenas! – e vendo que não adiantou muito, sentia o suor escorrer do rosto, gélido como os golpes do francês. – Eu não sou nenhum pervertido!

—Isso eu sei. – disse uma voz atrás do chinês.

A presença da garota atrás fez Aldebaran abandonar a postura ameaçadora e ficar surpreso. Ouvira de Shaka sobre a amiga de Dohko que era a responsável pelo chinês cuidar de um felino, devia ser ela. A garota se sentou ao lado do mesmo, olhando o campo.

—Uau, é ela a líder do clube? – indagou a menina. – Ah, perdão, meu nome é Kelly Fuyuki Maiori.

—Aldebaran. E sim, a Astra é a líder.

—Não teve reunião do clube hoje, Kelly-san? – indagou Dohko.

Kelly negou com a cabeça e então ergueu uma sacolinha para o libriano ver e entregou a ele. Dohko abriu o pacote, tirando de dentro uma coleirinha azul com sininho e um medalhão.

—Comprei pro Ryu-tan. Já que acabamos por virar donos dele no final das contas. Tem o número do meu e do seu celular. – apontava para o verso do medalhão os números gravados e o nome do felino.

—É uma graça! – sorriu o chinês.

Astra vinha subindo os lances da arquibancada e se sentando ao lado do brasileiro.

—O clube está salvo, bastante gente com talento. – comentou a garota. – Seus amigos?

—Sim. Este é o Dohko, mora na mansão comigo e a garota é amiga dele. Kelly, certo? – disse Aldebaran, recebendo da jovem um afirmativo tímido com a cabeça. – Eles cuidam de um gatinho que agora mora na mansão.

—Entendo. Posso ver as anotações que fez? – indagou Astra.

O taurino então entregou a prancheta, olhando bem o que estava escrito. As anotações estavam em português, uma descrição objetiva de cada candidato e até possíveis esquemas táticos, deixando a brasileira surpresa. Realmente, Aldebaran era uma peça importante na comissão técnica do clube.

—Tem uma mente bastante analítica, Aldebaran. Já montou até um esquema tático.

Dohko e Kelly ficaram apenas olhando, sem entender muito. O libriano então levantou, batendo de leve as mãos na calça para limpar a peça e ofereceu a mão para Kelly também se levantar.

—Estamos indo para casa na frente então, Touro. Pode ficar aí com a sua namorada. – e deu uma piscadela, saindo com a japonesa.

A frase deixou Astra vermelha como pimentão e Aldebaran processando a informação. Quando entendeu a provocação deu um berro.

—Olha quem fala! Não sou eu que divido a guarda de um bicho, uva passa!

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Aiolia estava se saindo um verdadeiro stalker de primeira, com a diferença que ele não fazia a mínima questão de esconder de Marin que ele a estava rondando (embora escondesse dos demais alunos).

Estava prestes a conseguir encurralar a Águia, escondido numa arvore, enquanto a diretora do colégio fiscalizava a reforma de um galpão que seria transformado em clube de ikebana, com devidos arranjos no ar-condicionado para as flores não ficarem destruídas.

Tirando a amazona e dois funcionários da empresa de reforma, a área estava deserta. Tão logo Marin dispensou os homens e se dirigia para retornar ao prédio onde ficava sua sala e ela foi interceptada pelo leonino.

Aiolia estava com cara de poucos amigos, e mesmo tendo voltado com um corpo mais jovial, parte de sua antiga altura estava lá, faltando poucos centímetros para atingir seu total, porém era alto suficiente para ficar maior que a japonesa.

Se encaravam por segundos que pareceram horas. Ele descobrindo cada traço desconhecido no rosto dela e as marcas que o tempo lhe dera, a nuance degradê que os cílios dela formavam, a boca num tom entre o rosa e o vermelho, realçados por um discreto brilho labial. Quanto tempo ele imaginara como era a face de sua doce amazona? E mesmo mais madura, ele podia dizer que continuava a babar por aquela mulher.

Já Marin olhava os traços mais juvenis dele. O cresceram juntos, ela conhecia o rostinho adolescente de Aiolia, claro, mas vê-lo assim lhe trazia nostalgia, uma perigosa nostalgia. Sentia-se nua com ele a olha-la daquela forma, onde 25 anos antes seria extremamente intima, até desonesta. Fazia cerca de dez anos que não usava mais sua máscara, mas ter o dourado a sua frente era como voltar no tempo, um tempo onde ela não podia ser mulher e nem homem, um tempo onde amar Aiolia era um pecado mortal e silenciado.

—Marin...

—Estou ocupada. – disse ela saindo pela esquerda do aluno, mas teve sua retirada detida.

—Temos o que conversar. Está fugindo de mim desde a cerimônia de abertura.

—Não, não estou fugindo. – ela o encarou, furiosa. Ela sabia que ali não teria espaço para ser a amazona e o cavaleiro, tampouco diretora e aluno.

Não havia mais como fugir. Suas autoridades estavam anuladas. O Leão lhe dera um xeque-mate.

—Décadas e décadas escondendo isso. Sempre afogando o que sentíamos. – disse Aiolia quase num rosnado frustrado. – Sempre, sempre a amei!

Marin tentava conter as lágrimas, dando um tranco no braço para se soltar dele. Olhava para qualquer canto mais interessante apenas para não encarar o homem que amara desde menina em segredo.

—Eu sei que também me amava, sempre senti em seu cosmo...

—Chega!

Aiolia se calou. A voz da ruiva saira trêmula, como de alguém prestes a chorar.

—Eu também sempre soube, mas chega!

—Marin...

—Ver você é um paradoxo, Aiolia. Fico feliz que, apesar da demora, Atena conseguiu trazer vocês todos. Mas também reabre feridas!

O cavaleiro a fitou, desanimado. Tinha um mal pressentimento quanto aquilo.

—Você esteve morto por 25 anos! Vi companheiros morrerem, vi os poucos dourados partirem para a morte. Senti seu cosmo apagar! Deuses, como doeu! Antes ser ferida, ter meu corpo todo retaliado. Eu te “vi” partir, Aiolia!

—Marin, eu... – foi para abraçar a mulher, que já deixara escapar uma lágrima, mas foi afastado.

—Eu refiz minha vida. Atena nos fez estudar, nos fez ter uma vida comum também. Cuido dos interesses do Santuário aqui. Eu não posso ter, eu não quero ter espaço para lembranças ressuscitadas.

Ele engoliu seco. Estava sendo rejeitado?

—Além do mais, para todos os efeitos, tenho mais de quarenta agora. E você voltou a ser só um garoto. É totalmente incompatível. – ela limpou as lágrimas. – Eu o amo, mas não tem espaço para tentar escrever o que não foi escrito, Aiolia. Refaça sua vida, como refiz a minha.

Aiolia ficou imóvel, sem reação. Deixou-a ir, sem entender a rejeição. Entendia que agora tinham uma enorme diferença de idade, mas podiam esconder aquilo dos demais. Seus amigos não julgariam caso descobrissem.

Então por quê?

O leonino foi de joelhos ao chão, chorando em silêncio.

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Hoje era dia do clube de música ensaiar com a nova vocalista da banda. Estava ali Sara, afinando sua guitarra, conversando animada com Morgana, que já havia preparado seu baixo. Keiko, a baterista, aquecia os tambores que compunha o sistema de percursão de seu instrumento quando a sala teve a porta aberta.

Marie estava acompanhada de Saga, que sorriu de forma amigável, ainda que mais tímido.

—Vou deixa-la treinar. Hoje vou levar um experimento para o clube de física. Te encontro na saída? – disse o grego.

—Claro.

Saga se retirou, deixando as garotas as sós. A japonesa parou de mexer na bateria e deu um sorriso jocoso.

—Hmmm, tá pegando o loirão grego?

—Deuses! Não! – disse levemente corada a ruiva. – É só um amigo!

—Todo mundo falando desses adotados da senhorita Kido. – comentou Sara, terminando o que fazia. – Já ouvi falar que começaram a montar fã clubes deles. Esse pessoal devia era prestar atenção nas aulas.

Morgana optou pelo silencio. Conhecia o gênio de Sara e seu amor pelos estudos acima de sua vida pessoal. Viu várias vezes a veterana praticamente enxotar alguns candidatos no “White day”. A mestiça sabia que o loiro que acompanhara a novata era do mesmo grupo de sua paixonite secreta e do garoto que a ajudara semanas atrás.

A espanhola olhou de forma disfarçada para a colega, que estava corada a medida que lembrava do sorriso do sagitariano.

—Não me diga que gosta de um daqueles meninos, Takagi-san.

A australiana arregalou os olhos verdes, ficando vermelha até onde tivesse pele a mostra.

—I-ImagineSarasenpai!

—Tem problema não, esse grupinho em maioria só tem cara gostoso. Ah, se aquele quase albino italiano aparecesse mais vezes...

Foi a vez de Sara avermelhar, mas de raiva. O imbecil pervertido que bulinara com ela no primeiro dia de aula.

—Não aconselho. É um pervertido, mal educado e grosseirão! – resmungou a latina.

—Esse tipo que dizem ser bom na cama.

O comentário deixou tanto Sara como Morgana extremamente sem graça.

—Chega! Vamos ensaiar! – desconversou a espanhola.

—Diz aí, Takagi-chan. Quem você tá mirando? – brincou a baterista.

—N-NINGUÉM! – disse um tanto alto e envergonhada.

Keiko apenas riu baixinho com uma cara de “me engana que gosto”. Marie suspirava aliviada, tirando da mochila a pasta com as músicas do dia. Precisava cortar o assunto.

—Nightwish?

—Nightwish. – disseram o restante uníssonas e afirmativas.

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Aiolia voltava sozinho, seus olhos pareciam sem vida pelo toco que levara. A maioria estava em seus clubes, alguns foram gandaiar ou já tinham voltado para a mansão. Aiolos teria clube naquele dia e tamanha era a empolgação do sagitariano que o leonino não quis estragar a alegria do mais velho.

“O meu irmão merece” – pensou consigo antes de dar as costas a ele e sair.

Acabou por trombar com alguém no caminho de volta, fazendo as moedas que a pessoa trazia consigo nas mãos caírem no chão e se espalharem. Pedia desculpas e ajudava a juntar as pequenas peças metálicas.

Ao se levantar viu quem era. A garota de óculos e arrogante do primeiro dia de aula, a “gótica”.

—Você. – disse contrariado.

—O chaveiro do galã. – respondeu igualmente contrariada a garota.

Wanda deu um sorriso de lado.

—Parece que viu um fantasma hoje.

—Vi. Está na minha frente. – retrucou o loiro.

—Pois é, também não vou com sua cara. – disse ela contando as moedas de novo e fazendo uma cara de desagrado.

Aiolia então notou que ela não estava com o uniforme da escola e sim de outra coisa, ou ao menos parecia um uniforme. A morena parecia que se desligou completamente de sua presença até ouvir um pequeno resmungo em grego por parte dela.

—Você fala grego? – perguntou surpreso o leonino.

—E daí?

—Perdeu alguma moeda?

—E o que tem haver isso? – Wanda parecia disfarçar, mas havia uma pontada de preocupação no rosto.

Aiolia notou isso e tirou uma nota um tanto alta do bolso, ainda não havia se acostumado com os valores do iene, oferecendo à garota.

—Como a culpa foi minha, fica com isso. Parece que essas moedas eram importantes.

—Não precisa.

Aiolia não estava no melhor humor no momento, pegou a mão da morena e colocou a nota, saindo andando como se nada mais tivesse a fazer ali, de forma apressada, ainda que Wanda protestasse contra a atitude do loiro. Sem resposta, ela se conformou com o gesto do rapaz. Era mais do que precisava, havia faltado a três dias de aula para conseguir o dinheiro para o remédio de febre do irmão sem afetar o orçamento apertado.

Até que aquele garoto não era tão ruim.

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Afrodite andava pelo corredor, todo orgulhoso e cheio de pompa com suas fãs e seus fãs. Recebia os elogios e eles massageavam seu ego quando saia do clube de jardinagem para ir a reunião do clube de moda.

Então de repente ele notou que seu grupinho diminuía, diminuía, diminuía. Até ficar sozinho. Foi quando notou que havia um pequeno alvoroço no fundo do corredor e tufos de cabelos rosas.

O pisciniano fechou a cara. De novo “ele”, o príncipe do clube de teatro, Haruka Hamaguchi. Se cruzaram no corredor e ele fechou novamente a cara quando o rival lhe sorriu, de forma inocente para então dar uma piscadela.

—Bem que me falaram que havia um novato belíssimo.

Afrodite não respondeu. Arrebitou o nariz e saiu, todo arrogante e com seu ego ferido, deixando a crossdresser sem entender nada.

—Mas o que foi que fiz?


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