O Sabor da Perdição escrita por Stephany Damacena


Capítulo 13
Mentes insanas


Notas iniciais do capítulo

A cada passo um novo tropeço.
A cada caminho um novo destino,
mas o que realmente aprendi é que
depois da calmaria sempre vem a tempestade,
e eu estou indo buscar a minha.



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Parei no mesmo instante, senti aquele arrepio gélido percorrer minha espinha e seu cheiro me invadir.

– O que houve. – Guidha me fitou preocupada, parando de se movimentar.

– Eu... – Fechei os olhos com força e levei as mãos a cabeça. Eu não poderia dispensa-la, mas como continuar se tudo que eu conseguia pensar era em Thamy? - ...Não posso. – Disse por fim, me sentindo um pouco aliviado. – Não seria certo, eu desejo você, mas meu coração é de outra. – Disse a ela, enquanto colocava uma mecha de seu cabelo loiro atrás da orelha e lhe fazendo carinho no rosto com o polegar.

– Ah... – Ela estava aparentemente desapontada, baixou os olhos para as próprias mãos, que agora repousavam sobre suas coxas. Ficou em silêncio e de repente voltou a me olhar nos olhos, sorridente. – Então deixe-me cuidar de você, deixa eu te fazer feliz, te satisfazer?

Guidha parecia satisfeita com sua ideia de me ajudar a esquecer Thamy, mas mal sabe ela que eu nunca poderia esquece-la. Se eu topasse seria loucura, acabaria magoando-a logo, e ela não é uma pessoa que mereça ser magoada por mim.

– Guidha, não dá. – Peguei suas mãos nas minhas. – Nunca daríamos certo, você merece coisa melhor do que eu. – Por mais que essa fosse uma frase clichê, caia muito bem para o momento.

– Mas Caio, me deixe ao menos tentar. – Seu rosto voltou a se entristecer.

– Eu não quero e não posso magoar você. – Sorri sem jeito.

Ela não disse nada, apenas me fitou ferozmente, e me beijou com igual intensidade, por mais que eu tentasse não corresponder seu beijo e afasta-la, meu corpo parecia não me obedecer. Meus dedos se entrelaçaram em seus cabelos, enquanto a outra mão puxou sua cintura, trazendo-a para mais perto do meu, meus lábios se movimentavam em harmonia com os dela. Eu não conseguia pensar em nada a não ser meu próprio rosto pela visão de outra pessoa, entrei em pânico, meus pensamentos não me pertenciam, meu corpo parecia se mexer por conta própria. Eu estava sendo manipulado.

Ela se afastou por um momento, enquanto seguia para o banco de trás do carro, a segui com os olhos no espelho do retrovisor e a vi deitar-se delicadamente, cruzando as pernas para que eu pudesse ver suas roupas intimas, se dependesse de mim, ficaria ali imóvel até que ela cansasse e fosse embora, mas como uma marionete, me esgueirei pelos bancos e fiquei de joelho diante dela, abri suas pernas e me inclinei para beija-las, tinha um cheiro doce e eram macias, fleches de imagens de eu beijando-a e sensações de toques e beijos apareciam e sumiam de minha mente, era lógico pensar que ela estava me controlando, só não conseguia entender por que daquilo.

Um barulho alto de algo se quebrando a distraiu, e eu sai do transe. Meio confuso e querendo sair dali, destravei a porta e a abri, corri para longe do carro sem olhar para trás, alguns metros a diante senti minhas pernas pararem e não conseguia move-las mais. Soube que Guidha havia saído do carro e seguia até mim, por causa dos inúmeros fleches que surgiam com a sua manipulação, com um esforço incalculável consegui levar a mão ao peito na esperança de encontrar meu amuleto em meu pescoço, e no exato momento, fechei os olhos e lembrei-me de minha mãe e do dia que ela havia me dado àquela chave. Cambaleei e cai no chão, batendo com o rosto no asfalto, senti Guidha me levantando.

– Não toque em mim. – Gritei, amedrontado.

– Caio me desculpe, não queria machuca-lo. – Seus olhos se enchiam de lágrimas, enquanto ela recolhia seus braços junto ao peito e se limitava a me fitar.

– Ai. – Disse o sentir minha cabeça, nariz e rosto latejarem, estendi a mão até minha cabeça para tentar saber se havia me machucado muito, mas ela me interrompeu.

– Já pode tirar sua mão do peito. – Ela disse, visivelmente chateada. Não vou mais te obrigar a nada. – Só então percebi que ainda repousava minha mão sobre meu peito, e dei graças por ele ainda parecer ter algum efeito para me proteger.

Ela se aproximou mais de mim, soltou minha mão e desamarrou o avental da cintura. Delicadamente limpou meu rosto que sangrava.

– Então admite que me manipulou? – Disse indignado. – E como é capaz de fazer isso? – Mesmo temeroso eu estava também curioso.

– Desculpa, perdi a cabeça. – Ela sorriu encabulada. – Nunca nenhum homem tinha me dado o fora, e não estava preparada pra você ser o primeiro. – Disse voltando a limpar meu rosto e ignorando a minha pergunta.

Achava mesmo que ela não iria contar e não querendo irrita-la de novo, deixei quieto. Avaliei-a calmamente, olhando-a assim ela não parecia capaz de machucar uma mosca, quanto mais manipular alguém. Por Deus, nunca vou encontrar uma garota normal que se interesse por mim? Isso logo iria acabar me matando.

– Tenho um kit de primeiros socorros no carro. – Disse assim que me lembrei.

Seguimos em silêncio até o carro, mostrei onde estava, no chão de trás do carro, ela se abaixou para pega-lo e eu me afastei um pouco, por precaução. Assim que ela puxou a caixinha para fora as cartas que Aristeu havia me entregado caíram no chão.

– Eu não lembrava de tê-las pego. – Disse, pensando alto.

Ela ignorou meu comentário e se baixou para pega-las. Verificou o remetente e o destinatário e sorriu.

– Eu conheço esse lugar. – Ela disse voltando a olhar-me.

– Conhece? – Disse não sendo capaz de disfarçar minha animação.

– Sim conheço, já fui a esse lugar com meus pais, é um belíssimo bosque. - Ela disse ao se aproximar de mim, me fez sentar no meio fio a frente do carro e começou o curativo.

Eu não conseguia imaginar alguém como Kael morando em um lugar bonito, ele combinava mais com aquelas casas mal assombradas e com tudo aos pedaços. Mesmo não confiando mais nela, eu tive uma ideia insana.

– Me levaria até la?


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Notas finais do capítulo

Esteja onde estiver, eu vou encontrar você.



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