Semanas haviam se passado.

Vovó Piedade estava estável até então, dentre todas as coisas ruins, essa era a única coisa que conseguia tranquilizar Paulina.

Daniel havia viajado com a família de seu amigo, o que o manteria distante disso tudo, por um bom tempo.

Já Carlos Daniel, continuava na mesma, presso e impossibilitado de provar sua inocência.

— Não vou entregar meus irmãos. - Ele disse a Paulina.

Que havia acordado logo cedo, para ir visitá-lo.

— Hoje é o último dia do maldito julgamento, Carlos Daniel! E não sei se você percebeu, mas você tem grandes chances de passar metade da sua vida aqui se não fizer nada. - Paulina disse, aflita. Aquela situação estava acabando com sua sanidade.

Estava sozinha.

Sem o filho.

Sem a mulher que considerava uma vó.

E com o amor de sua vida preso.

Tudo isso era assustador para a mesma.

— Eu não me interesso em sair daqui com você sem querer olhar pra mim, Paulina… Quando você vai me ouvir? Quando vai entender que foi aquela mulher que me beijou? Eu jamais faria isso contigo.

— Pelo que percebi, você não se cansa de ser um idiota. - Paulina se levantou da cadeira. - Eu vou embora, Carlos Daniel… E só voltarei no fim disso tudo, para enfim decidirmos o que fazer.

Assim que saiu dali, Paulina recebeu uma ligação:

— Alô.

— Olá Paulina, aqui é a Maria Cecília, mãe do Chris, amigo do Daniel.

— Ah, sim. Tudo bom Cecília? O Daniel está dando muito trabalho aí? - Paulina indagou, preocupada.

— Não, de modo algum, ele é um ótimo garoto. Mas, é que meu marido teve alguns problemas em uma das empresas então teremos que voltar hoje mesmo para o México… Só liguei por isso, achei melhor avisar devido a tudo que está ocorrendo por aí, se quiser o Daniel pode ficar mais uns dias em minha casa..

— Não é necessário, você já fez demais por nós. Agora já está tudo se resolvendo, ele já pode voltar pra casa. - Paulina explicou.

— Ok então. Fico feliz por vocês!

Assim que desligou o telefone, Paulina respirou fundo… Com certeza iria abalar demais Daniel já voltar com a notícia de que justo hoje era o dia que seria decidido se seu pai ficaria preso por anos ou não.

Enquanto isso…

— Finalmente você veio aqui, eu precisava mesmo falar contigo – Carlos Daniel disse, dirigindo-se a Dakota que estava sentada em sua frente.

— Eu não poderia deixar de vim, só demorei um pouco pois fiquei com medo de que você ficasse chateado comigo…

— Chateado? - Carlos Daniel deu um sorrisinho irônico – Estou morrendo de ódio de você! Como você teve a coragem de fazer isso? Você estragou tudo que eu tinha com a Paulina, você é uma maldita! - Gritou.

— Eu precisei fazer isso, Carlos Daniel. Você sabe que eu nunca gostei de perder!!! Não poderia deixar meu primeiro amor me trocar por outra. - Ela falou, com os olhos cheios de água.

— Você é louca, com certeza é… - Disse se afastando da mulher, que começava a assustá-lo com tal comportamento.

— Eu vou ficar do seu lado, mesmo que você fique preso, continuarei aqui contigo. - Dakota disse se aproximando de Carlos Daniel.

— Guardas, tirem essa mulher daqui! Quero voltar para a cela! - Ele gritou se afastando dela novamente.

— Você nunca será feliz, Carlos Daniel. Jamais será feliz sem mim! - Foi tudo que ela gritou antes de sair dali, sendo levada pelos guardas.

O tempo passou voando após isso, e logo Carlos Daniel se viu entrando naquela sala onde seria decidido se ele era inocente ou não, foi impossível não sentir medo, afinal, tudo estava contra ele, e se dependesse de ter que entregar seus irmãos, as coisas continuariam assim.

Horas mais tarde…

— Eu.. er.. isso não pode estar acontecendo, não pode ser real – Paulina falou, chorando muito. - O que eu vou dizer pro Daniel?

— Diga que eu morri. - Respondeu sem olhá-la nos olhos.

— O que? Você ficou maluco!? Eu não posso fazer isso!

— Sabe o que eu não posso? Deixar meu filho saber que estou preso por supostamente ser um criminoso… Para ele eu já estava morto a partir do momento que eu pisei aqui, Paulina.- Carlos Daniel disse com os olhos marejados.

— Não, essa não é a solução! Nós podemos dar um jeito, logo você vai sair daqui, e vai ficar tudo bem… - Paulina disse, tentando manter a calma.

— SÃO OITO ANOS E NÃO OITO DIAS PAULINA… Vê se entende! - Carlos Daniel gritou perdendo o controle e, assustando Paulina, que levantou-se imediatamente da cadeira.

— Tudo bem - Paulina disse me tom baixo. - Eu consigo fingir, afinal, eu sempre acabo fazendo isso….

— Cuide bem do nosso filho. - Carlos Daniel pediu.

— Vou cuidar…. - Ela disse andando até a porta da saída.

— Paulina – a mulher olhou para atrás, ao ouvir o nome ser mencionado – Não volte aqui… - Ela engoliu seco ao ouvir tais palavras. Como poderia passar oito anos sem ver o amor de sua vida? Mas, ela sabia que era o melhor. Afinal, precisava seguir a vida, precisava ajudar Daniel a superar isso, precisava enfim, esquecer Carlos Daniel.

Devia aceitar que a partir de agora, ele também estava morto para ela.

— Tenha uma boa vida, Carlos Daniel. - Foi tudo que ela disse, antes de sair dali para nunca mais voltar.

(…)

— Mãe! Que saudade! - Daniel correu até Paulina, e a mesma sorriu contente com o cumprimento amoroso, era bom ouvi-lo chamando-a de mãe.

— Olá meu amor, também estava morrendo de saudades… - Paulina disse, dando vários beijos pelo rosto do menino.

— Mas mãe, e meu pai? Onde ele está? Por que não está aqui para me receber também? - Indagou curioso.

E nesse exato momento, o semblante de Paulina se fechou.

Ela não sabia como isso seria.