~Pov Hermione

Já faz algum tempo que Draco desceu. Algum tempo que começamos a escutar os gritos dele. Eu sabia o que estava acontecendo, e Annia também, já que chorava muito, apesar de minha tentativa falha de tapar seus ouvidos. Ela nem se mexia deitada na cama comigo. Foi quando pela primeira vez desde que Draco saiu ela se pronunciou.

–Não adianta, eu vou continuar ouvindo. –Eu soltei seus ouvidos e fiquei acariciando seus cabelos.

–QUIETAS! –Gritou um idiota que estava no quarto conosco, nos vigiando. –Eu vou sair e quando eu voltar quero que estejam dormindo!

–Aah claro, porque é muito fácil dormir enquanto você escuta os gritos de dor do seu pai! –A pequena disse brava.

–Granger, controle essa garota se não eu mesmo farei isso.

–Quer que ela seja boazinha ouvindo isso?!

–Volto daqui a pouco, e se tentarem alguma coisa a pirralha vai ser a próxima a descer. – Ele saiu do quarto batendo a porta e Annia se virou para mim na cama, me olhando.

–Sei que agora isso é o que menos importa, mas hoje eu joguei uma bandeja de comida na parede sem tocar nela.

–Oh meu Merlin! É claro que isso importa! Filha isso é maravilhoso! Eu disse que você era uma bruxa. –A pequena não era muito de esperar, há meses ficava tentando fazer magia, e quando não conseguia ficava irritada, pensando que ela um aborto. –E também disse que isso vem naturalmente e que você não precisava ficar tentando de 5 em 5 segundos. –Ela deu um pequeno sorriso e eu a abracei orgulhosa. –Estou muito orgulhosa de você, assim como tenho certeza que seu pai ficará.

Com suas pequenas mãos ela secou minhas lágrimas. Aqueles lindos olhinhos brilhantes agora se dirigiam diretamente para os meus.

–Mamãe, a culpa é minha não é?

–Lógico que não meu amor. –Dei um beijo em seu rosto e a apertei em meus braços. -Nada disso é culpa sua, não pense assim.

–Você está com a sua varinha aí?

–Sinto muito pequena, mas eu não pude trazer.

–Então eu acho que isso vai servir. –Ela se soltou de mim e secou as lágrimas, se levantando e puxando a mochila da escola.

–O que está fazendo? –Perguntei quando a vi tirando todos os brinquedos de lá, deixando-os espalhados pelo quarto.

–Achei!

–Achou o que? Annia, eu não estou entendendo! –Falei me levantando e indo até ela.

–Olha só o que eu peguei. –Foi quando de dentro da mochila ela tirou uma varinha e meus olhos brilharam.

–É-é uma varinha de verdade? –Ela assentiu sorrindo e eu a peguei no colo, abraçando-a novamente. Finalmente poderíamos sair daquela casa, todos vivos. Havia esperança! –Filha, eu amo você! O que seria de mim sem a minha pequena? Como conseguiu? –Eu disse lhe dando vários beijos seguidos, o que a fez rir um pouco.

–Aquele Trevor é um bobão. Eu disse que estava com medo de dormir sozinha e pedi que ele ficasse no quarto comigo, então quando ele pegou no sono eu troquei as varinhas. Guardei a verdadeira comigo e dei a minha falsa pra ele.

–Oh meu Merlin pequena! Você é tão esperta! –Ela sorriu corando um pouco. –Ouvi o Nott falando com a Kayla que logo será a vez de Robert ficar na porta nos vigiando, mas antes disso eles vão passar aqui pra nos dar comida. Assim que trocarem, nós o petrificamos. Preciso que me prometa que vai fazer o que eu mandar. Se eu disser pra você correr, você corre. Se eu disser pra me deixar pra trás, você deixa, entendeu?

–Mas mamãe...

–Não se preocupe querida, nós vamos conseguir, confia em mim. Você promete?

–Até se me disser pra deixar vocês? –Eu assenti. –Vocês vão ficar bem?

–Vamos, eu sei que vamos. –Falei mesmo tendo algumas dúvidas sobre isso. Ela me abraçou secando as lágrimas.

–Combinado.

Eu não sabia se ficaríamos bem, mas eu tinha uma chance pra nos salvar, e eu a aproveitaria. Coloquei a varinha no cós da calça e me deitei novamente junto com ela. Peguei a coberta e joguei sobre seu pequeno corpo, abraçando-a de um jeito protetor, tudo o que eu precisava era esperar.

Depois de mais 30 minutos, os gritos ainda não tinham parado, pelo contrário, ficavam cada vez mais altos, mas nós duas concordamos em não pensar mais nisso. Nos concentraríamos no fato de que estaríamos saindo dali daqui a pouco. A porta se abriu e eu me levantei com a pequena no colo, me deparando com Nott.

–Vai comer dessa vez? –Ele olhou para Annia, mas ela não respondeu. –Estou falando com você, miniatura de gente. –Ela continuou em silêncio. –Okay, não quer responder não responde. –Ele olhou pra mim e sorriu. –E você Granger? Os anos se passaram e você continuou gostosa.

–E os anos se passaram e você continuou sendo o nojento, imbecil e patético que sempre foi.

–Está ouvindo isso? –Ele ficou em silêncio e apenas os gritos de Draco puderam ser ouvidos. –Parece que Draco está se divertindo lá embaixo.

–Ignore o que ele diz Annia, ele é um idiota. –Ele então puxou meus cabelos me fazendo encará-lo e a pequena me abraçou mais apertado.

–É bom você me respeitar sangue-ruim.

–Eu respeitaria se você merecesse. –Ele me soltou com força, arrancando alguns fios.

–Não me provoque sua imunda, ou posso esquecer que sua filha está aqui.

–Eu não tenho medo de você, Theodore Nott.

–Pois devia ter. –Ele pegou um dos meus braços, subindo a manga da minha blusa e com a própria varinha me cortou. Eu fechei os olhos e mordi o lábio pra não gritar. Não queria deixar Annia mais assustada. –Sente isso? –Eu neguei, mesmo sentindo. –E agora? –Ele começou a fazer mais forte, subindo cada vez mais. –RESPONDA VADIA! –Novamente neguei. –Ah não? Então vamos ver o que acontece se eu for mais forte. –A dor era intensa. Senti meu braço latejando, e por isso gemi de dor, mas mesmo assim eu não gritei e nem deixei que Annia olhasse o que estava acontecendo. –Vai te acontecer pior se provocar. –Ele levantou meu queixo com a varinha, sorriu e se retirou.

Coloquei-a no chão e ela arregalou os olhos pra mim, vendo o sangue escorrendo pelo meu braço e sujando minha blusa, mas eu fingi não me importar com aquilo para não deixa-la mais nervosa. Peguei o casaco que tinha trago e fui colocar nela, notando uma marca em seu braço.

–Annia, o que houve com o seu braço?! –Ela ficou calada. –Annia Granger Malfoy, é melhor você falar. –Silêncio. –Quem fez isso com você? –Ela desviou o rosto. –Foi o Lucius?! –Ela balançou levemente a cabeça, afirmando. –Mas aquele maldito ainda me mata!

–Já devem ter trocado. –Ela disse para mudar de assunto. Eu a coloquei sentada na cama e me ajoelhei para ficar da sua altura, olhando em seus olhos.

–Nós vamos conseguir sair daqui, eu prometo. –Falei e seus olhos se encheram de lágrimas. –Vamos tirar o seu pai de lá e tudo vai voltar a ser como antes. Ele vai ficar bem, e se algo acontecer eu quero que saiba que nós a amamos muito e que sempre estaremos contigo. –Ela pulou em meus braços me abraçando apertado e eu beijei seu rosto.

–Ele tem que pagar por tudo o que nos fez. –Ela murmurou.

–Annia eu não quero que fique com essa sede de vingança. Lucius vai pagar, isso eu lhe garanto, mas pensar assim não vai te fazer bem. Vai dar tudo certo meu anjo, confie em mim.