~Pov Hermione

Draco e eu havíamos acordado cedo - se é que dormimos. Fomos trocar de roupa para ir trabalhar, mas Annia também acordou.

–Papai, o que foi? –Ela perguntou ainda sonolenta.

–Nada moreninha, pode voltar a dormir. –Ele disse beijando o rosto da pequena e a enrolando ainda mais nas cobertas.

–Por que estão trocando de roupa?

–Vamos trabalhar.

–E por que não me acordaram para ir pra escola? –Draco me olhou. Durante a noite resolvemos que não deixaríamos que ela corresse esse risco, mas não pensamos em como ela reagiria. Ela ama aquele lugar. –Vocês não vão me deixar ir?

–É perigoso meu anjo. –Falei me sentando na cama. Ela arregalou os olhos, como se não acreditasse e se sentou. Draco e eu suspiramos já que sabíamos o que ela começaria, a pequena não aceita não como resposta, bem como o pai.

–Como assim? Por favor, me deixem ir!

–Se lembra do que conversamos ontem? –Draco perguntou e ela assentiu. –Então...

–Mas mesmo assim! Escola é importante, mamãe! Você sabe que é! Me deixe ir só hoje? Eu não peço mais! Juro que não!

–Annia... –Draco falou enquanto ela cruzava os braços e abaixava a cabeça.

–Papai, por favor!

–O que aconteceu com seu pai ainda é muito recente minha filha, fique em casa pelo menos alguns dias. –Pedi.

–Mamãe, eu quero ir! Só hoje! Por favor!

–Annia Granger Malfoy, já falamos que não. –Ela nos olhou com os olhos cheios de lágrimas.

–Eu prometo que fico em casa depois, é que hoje a professora vai passar filme! Me deixem ir, eu não ligo de faltar amanhã!

–O que acha Hermione?

–Realmente, escola é importante, mas mesmo assim pode ser perigoso!

–Não vai ser perigoso mamãe! Só hoje! –Olhei pra Draco.

–Tá bom, mas é só hoje. –Ela sorriu se levantando. –Da próxima vez que falarmos não, é não.

–Tá, eu vou me arrumar. –Annia saiu correndo e saiu do quarto.

–Acha que tem problema? –Ele perguntou.

–Pelo menos ela não vai insistir amanhã.

*-*

Depois de um dia longo no trabalho, voltei pra casa e assim que abri a porta encontrei todos - exceto as crianças - reunidos na sala. Draco parecia preocupado, andava de um lado pro outro passando a mão no cabelo, os olhos cheios de lágrimas e a varinha em mãos. Gina, Meg e Luna estavam chorando. E Harry, Rony e Blás estavam sentados olhando para o chão.

–AQUELE MALDITO VAI ME PAGAR! –Draco gritou.

–O que houve? –Perguntei e todos se assustaram. Acho que não haviam percebido a minha presença.

–EU VOU TORTURÁ-LO E MATÁ-LO! –Eu sabia que, se tinha uma coisa que fazia Draco se sentir melhor quando estava bravo, essa coisa era gritar, mas dessa vez ele estava pior e nem gritar o estava ajudando.

–Draco, hey, fica calmo, respira. –Pedi correndo até ele, segurando seu rosto. Eu olhei em seus olhos, mas acho que ele não teve coragem de olhar nos meus. Pela primeira vez em anos, o azul acinzentado desviou do castanho.

–COMO QUER QUE EU FIQUE CALMO?!

–Amor, assim você vai assustar as crianças. Não acha que Annia já se assustou o suficiente ontem?

–Hermione, eu preciso conversar com você. –Ele pegou minha mão e me levou até o jardim, onde ficamos sozinhos. –Hermione, foi minha culpa. Eu não devia ter dito a ela que poderia ir pra escola hoje! –Ele me abraçou apertado acariciando meus cabelos e eu senti suas lágrimas me molhando.

–Draco, o que houve com a Annia? –Ele me soltou e virou de costa para secar o rosto.

–Aquele maldito descobriu em que escola ela estava e foi buscá-la. Eles a pegaram, Hermione! –Eu também comecei a chorar sem acreditar.

–Draco... e-eles o quê? –Ele abriu a boca pra repetir, mas não conseguiu. –Eles pegaram... A minha Annia está...?

–Está. –Ouvimos uma terceira voz, e quando nos viramos encontramos Nott e os pais de Lucy. Nós apontamos as varinhas para eles, que continuaram a vir na nossa direção, sorrindo sem nem se preocupar em pegar as suas e se defender.

–ONDE MINHA FILHA ESTÁ?! –Eu gritei e a mãe de Lucy gargalhou.

–Olha só, se não é a imunda, sangue-ruim que matou minha filha. –Minhas mãos estavam tremulas, mas ainda sim continuei a segurar a varinha com força. –Sabe o que devíamos fazer? –Ela deu uma breve olhada para o marido. –Como você nos tirou a nossa filha, nada mais justo do que nós tirarmos a sua.

–Por favor, isso não! –Supliquei, enquanto isso Draco estava imóvel, com a varinha apontada pra eles.

–Só assim você saberá como nos sentimos quando tirou a nossa Lucya de nós! E esse traidor do sangue, torturou minha filha! –Os olhos dela marejaram.

–ELA MERECEU O QUE ACONTECEU! –Draco gritou.

–Devíamos matar aquela pirralha! Mas antes brincar um pouquinho com ela!

–Kayla, não foi isso que viemos fazer aqui! –O marido a repreendeu.

–ROBERT, ELES MATARAM A NOSSA LUCYA!

–Você sabe que não é esse o combinado.

–EU MESMA VOU TORTURAR A FILHINHA DE VOCÊS! ANNIA NÃO É?! ELA NÃO VAI AGUENTAR MUITO TEMPO!

–TOQUE EM UM FIO DE CABELO DA MINHA GAROTINHA E VOCÊ MORRE! –Eu estava em choque, não conseguia nem ao menos me mexer. –SECTUMSEMPRA! –A mulher caiu no chão com o feitiço de Draco, o sangue escorrendo cada vez mais.

–O que você não sabe, Malfoy é que se não voltarmos inteiros em uma hora, eles mandam a cabeça de sua filha pra cá! –Nott disse sorrindo. –Você mesmo vai curá-la, se não quiser sua filha morta. –Draco bufou de raiva, mas não discutiu.

–Vulnera Sanentur. –Robert ajudou Kayla a se levantar enquanto eu apenas olhava aquilo tudo assustada.

–Que isso não se repita! –Ele gritou. –Abaixem as varinhas! –Eu abaixei a minha. Draco estava com tanto ódio que eu achei que ele mataria todos os três. –Eu disse: ABAIXEM AS VARINHAS! –Peguei a mão de Draco e abaixei. –Assim está melhor.

–O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! –Harry apareceu, seguido de todos, com as varinhas apontadas para os comensais.

–Eu acho melhor guardar isso Potter. –Nott disse sorrindo, mas eles não obedeceram.

–ELA DISSE PRA GUARDAR! FAÇAM O QUE ELA MANDA! –Gritei nervosa e eles obedeceram meio relutantes. –Vocês vão m-matar a minha pequena?

–Não, mas deveríamos. –Eu suspirei um pouco aliviada. –Mas pra isso temos uma condição.

–Eu aceito. –Draco e eu falamos em coro, fazendo os três abrirem um sorriso.

–Vocês nem sabem o que é! –Blás gritou.

–Foda-se! Eu quero a minha filha! –Draco disse. –O que querem?

–Queremos que vocês venham conosco. –O sorriso de Nott foi ficando cada vez mais assustador. –Nada de varinhas.

–Hermione/Draco fica. –Falamos ao mesmo tempo.

–Se os dois não forem nada feito.

–Se nós dois aceitarmos, depois de tudo vocês vão atrás da Annia? –Perguntei.

–Não vejo motivos pra ficar com aquela pirralha. Podemos deixa-la ir.

–Então tudo bem. –Falamos juntos. –Nós vamos.

–FICARAM MALUCOS?! –Rony gritou.

–Nós também vamos! –Meg disse.

–Se quiserem ficar do lado de fora ouvindo tudo, eu não vejo problemas.

–QUAL O SEU PROBLEMA, KAYLA?!

–Por que, Robert? Assim que acabarmos com eles nós vamos ir embora! Não tem problema se eles ficarem do lado de fora. A casa é protegida, eles não vão conseguir entrar.

–Podemos falar com eles um minuto, a sós? –Pedi.

–O tempo está correndo, é melhor serem rápidos. Lembrem-se, temos uma hora pra voltar. –Nós assentimos e nos viramos, seguindo para dentro da casa. –Aah, mais uma coisa... –A voz de Robert nos fez voltar. –Levem casacos se não quiserem morrer congelados.

Nós assentimos e entramos na casa. Eu rapidamente corri até o quarto seguida por Draco. Ele não disse nada, apenas se sentou na cama e ficou olhando para baixo enquanto eu pegava casacos para nós três.

–A culpa não foi sua. –Quebrei o silêncio e Draco levantou a cabeça me olhando nos olhos. –Nós dois concordamos que ela poderia ir. –Eu chorava compulsivamente. –Eu não posso deixar que você vá. –Ele se levantou e ficou de frente pra mim. –Vão torturar você.

–Hermione, sei que prometi que não iria me entregar de bandeja, mas se é disso que precisamos pra que a nossa filha fique bem, eu faço. Meu maior problema é que em seguida ele mate você.

–É pela nossa filha, certo? –Forcei um sorriso.

–Certo. –Ele me puxou e me deu um beijo tentando me acalmar um pouco. –Eu te amo.

–Eu também te amo. –Draco secou minhas lágrimas e me deu um beijo na testa. –Annia vai ficar bem.

Descemos as escadas de mãos dadas e encontramos todos na sala, tristes e com cara de enterro – o que logo estaria acontecendo.

–Vocês vão mesmo? –Gina questionou, preocupada.

–Vamos sim. –Draco respondeu segurando minha mão com firmeza. –É pela Annia.

–Como talvez eu não volte eu quero dizer algumas coisas para vocês. –Comecei. –Gina, obrigada por estar comigo sempre e me proteger mesmo sendo um pouco estressada às vezes. Luna, obrigada por cuidar de mim e me fazer sorrir sempre que eu estava triste. Meg, minha cunhada que encheu o saco porque queria ser tia, - Ela sorriu emocionada. –Obrigada por me entender sempre e ser essa garota forte que eu sei que é.

“Blás, eu queria te agradecer por cuidar desse idiota quando eu não podia, e dizer que sem você eu provavelmente não estaria com ele até hoje. E por último, Harry e Rony. Vocês são dois grandes imbecis que me meteram em mais problemas do que eu sou capaz de contar” Eles sorriram com os olhos cheios de lágrimas também “Mas foram esses problemas que fizeram os anos em Hogwarts valerem a pena.” Eu abracei os dois ao mesmo tempo e depois segui abraçando os outros. “Eu amo vocês.”

–Acho que agora é a minha vez. –Draco falou quando eu terminei. –Ruiva e loira, vocês cuidaram da minha morena quando eu não podia e quando ela queria me matar. Obrigado por isso e por terem impedido que eu fosse preso. –As duas sorriram. –Blás, você me encheu a paciência por todos os meus anos em Hogwarts. Mas em compensação, você me carregava quando eu estava bêbado e me impedia de fazer merda.

–Fazer o quê né? Alguém tinha que fazer isso. –Blás disse nos fazendo sorrir.

–Você nunca foi um amigo pra mim, sempre foi um irmão e você sabe disso. Obrigado por me entender e por fazer essa marrenta olhar na minha cara. –Ele olhou pra mim. –E agora vamos aos idiotas. –Ele dirigiu os olhos azuis acinzentados para Harry e Rony, que reviraram os olhos. –Foram tantos duelos, xingamentos, desejos de que um raio caísse e matasse vocês, e quem diria que depois de tudo nós conseguimos conversar civilizadamente?

“Me desculpe, eu sei que eu era insuportável, mas vocês também não eram nada legais. Que fique claro que eu só estou falando isso porque pode ser que vocês não me vejam mais e que se contarem a alguém sobre isso eu nego. Meg, eu tinha me esquecido o que era ter uma família, mas quando você voltou você me mostrou que eu não estava sozinho aqui e sim que eu tinha uma irmã, a garota mais forte e linda que já conheci. Eu amo você maninha.” A loira pulou nos braços dele chorando e ele lhe deu um beijo na testa “Fica bem”.

–Acho melhor andarem rápido! –Gritou Nott do lado de fora. O loiro abraçou todos na sala e apertou a mão de Harry e Rony. Ainda tínhamos alguns minutos.

–Podem cuidar da nossa pequena? –Perguntei e todos assentiram. –Não se esqueçam de dizer a ela todos os dias que nós a amamos muito.

–Mione não... –Luna falou, mas eu a interrompi.

–Digam ao Ronan, James e Alvo que vamos sentir saudades. E cuidem bem da pequena Lily. Aah, Meg nós também queremos um bebê ouviu?

A loira não respondeu, apenas abraçou o marido, chorando. Todos nós saímos da casa e entregamos nossas varinhas para Luna diante dos comensais. Depois seguramos o braço deles e aparatamos.