Vou e caminho para o lado de Thomas. Ele me olha atentamente. Eu coro.

– Vamos? - Ele pergunta.

Eu só balanço a cabeça confirmando.

Seguimos o corredor. Olho para as janelas e a chuva começa a bater no vidro. Está trovoando e tudo. Eu sorrio para a janela e Thomas me encara. Ele sabe que eu amo tempo chuvoso. Ele olha para frente e coloca as mãos nos bolsos.

– Algum problema? - Digo.

– Sim. Se você quisesse falar comigo não precisava disso tudo. - Ele sorri.

– Não foi ideia minha. Eu nem queria falar com você. Karen é uma intrometida.

– Então porque você está aqui agora? - Ele me pergunta sério.

Bom, ele soube como me atingir. Eu não era obrigada a nada. Estava ali porque eu queria. Eu estava ali porque eu estava perto de Thomas. Isso era como um prêmio.

Respondo com um 'mini' sorriso. Volto a encarar a janela.

– Uau Grace. - Ele responde irônico. Aquilo tirou meu sorriso. O encarei.

– O que foi?

– Você percebe as coisas que você faz ou faz só por fazer mesmo e dane-se os outros? - Ele me encara. Cruza os braços esperando uma resposta.

Na hora entendi que ele estava falando sobre Brendom.

– Não fiz porque eu queria. Ele é um aluno novo e eu só apresentei a escola. Que mal tem isso?

– Você não viu? Ele está babando por você. - Ele disse, mas não estava olhando para mim.

Eu fiquei quieta. Não sabia o que falar.

– Você tinha que passar logo no mesmo corredor que 'eu' estava passando... Não queira saber o que eu senti naquela hora. - Ele fala olhando para janela.

– Thomas, temos que conversar. Tudo está tão... complicado. Eu não consigo...

– Não consegue o quê? - Ele me encarou.

– Te esquecer... - Falo quase sussurrando olhando para o chão.

Antes de Thomas falar alguma coisa, bati na porta da Coordenação e entramos.

– Bom dia. - O inspetor estava lá.

– Gostaríamos de falar com o coordenador. Ele está?

– Não. Serve eu? - Ele diz se sentando na cadeira.

– É sobre um projeto. - Thomas fala.

– Adoro projetos. Sobre o que?

– Doação. Para uma clínica de crianças com câncer.

– Que gesto bonito. Como vocês arrecadariam o dinheiro? - O Inspetor nos encara com olhos semi-cerrados e braços cruzados. Olho para Thomas e ele encara o inspetor.

– Barraquinhas de beijo. - Ele fala segurando o riso.

– O que? - Ele gargalhou.

– Não é uma brincadeira. Na verdade é por uma boa causa. - Eu disse.

– Quem teve essa ideia? - Ele perguntou.

– Nós. - Thomas respondeu.

– Para que possam dar amassos por uma boa causa? - Ele olhou com ironia.

Quando ele percebeu que não estávamos mais 'juntos' e que seria bem estranho um casal de ex namorados preparem esse projeto, ele ficou sério novamente.

– Desculpe. Na verdade não acho má ideia. Só não pode ser dentro da escola.

– Onde sugere? - Eu perguntei.

– No campo. Na entrada e na saída. Posso conversar com o coordenador.

– Obrigada. Era só isso mesmo. - Thomas fala.

Saímos da sala e eu soltei um 'ufa'.

– Acho que fomos bem. - Thomas disse fechando a porta.

Estávamos voltando pelo mesmo corredor.

– Então você não consegue? - Ele perguntou em meio ao silêncio.

– O que?

– Me esquecer? - Ele me encarou.

– Não. Talvez eu consiga. - Olhei para a janela.

– Acho que não é isso que você quer.

– Você não sabe o que eu quero. - Eu disse.

De imediato Thomas agarrou minha cintura e me pressionou na parede. Ele segurava minhas mãos sob minha cabeça e estava bem perto de mim. Ele sabe muito bem o meu ponto fraco.

– Ah é? Será mesmo que eu não sei o que você quer? - Thomas sussurra perto dos meus lábios.

– Me beija. - Eu sussurro.

Ele me beija.

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– Conseguiram? - Karen estava sozinha encostada na porta da sala.

– Mais ou menos. O coordenador não estava lá então falamos com o inspetor. - Digo.

– Okay. De qualquer maneira não vamos seguir com o projeto. Obrigada pela colaboração. - Ela sorri para Thomas.

– O que? Você fez esse teatrinho a toa? Está falando sério? - Minha voz sai com bolas de fogo.

– Ah pare de teatrinho você! Vamos logo para aula. Beijos Thomas.

Karen puxa meu braço me afastando de Thomas e indo para as escadas.

– Vocês se beijaram? - Ela perguntou.

Eu a encaro.

– O que?

– Com língua? Sem? Forte? Contra sua vontade? Me conta!

– Não vou falar nada Karen. Preciso pensar.

– Vai me deixar curiosa?! - Ela choraminga falando.

– Exatamente. Tchau. Vou dar uma volta por aí.

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Chegando em casa depois da escola, jogo minha mochila no sofá e me jogo na poltrona.

Mamãe aparece no corredor e vai até a sala falar comigo.

– Oi filha. - Ela senta no sofá. - Que foi?

– Trouxa. Eu sou muito trouxa! - Digo.

– Ah que drama. O que aconteceu? Problemas com Thomas?

– Como sempre mãe. Mas um outro garoto está envolvido no meio.

– Meu Deus, me conta tudo. Mas vem para a cozinha que vou colocar seu almoço.

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