O resto da tarde foi perfeito e molhado. Thomas ‘tentou’ me ensinar a nadar, mas ele é um péssimo professor. Quando chegou a hora de ir embora, me deu um aperto no coração. Aquela tarde foi ótima e gostaria que durasse para sempre, mas mamãe precisa de mim e eu tenho que ajudá-la.

Thomas sai da piscina e depois se inclina para me ajudar a sair. Nós ficamos cara a cara e senti um calor por todo meu corpo. Se controle Grace.

– Sua blusa está toda molhada. – Digo apontando para a blusa que estou usando.

– Sem problemas. Está calor né? Nem vou perceber. – Ele fala com um olhar caloroso. Não está nem um pouco calor lá fora. Não quero que ele fique doente.

– Nada disso. Está frio lá fora. Vamos arranjar roupas secas para você. Fica aqui, vou pegar as toalhas.

Vou até o vestuário e abro um armário. Pego 2 toalhas brancas e jogo uma para Thomas. Eu seco meu cabelo e entro na cabine. Tiro a blusa e procuro minhas roupas. Elas não estão lá.

– Thomas? – Grito o nome dele. Ele deve estar na cabine do outro vestuário. Meu Deus que vergonha. Pego a toalha e enrola ao meu redor. Eu estou só com as roupas íntimas de baixo. E se cair? Mas Thomas não está aqui ele nem vai ver nada.

Tomo coragem e saio da cabine a procura das minhas roupas. Eu esqueci completamente das minhas roupas. Procuro nas cadeiras perto do armário. Lá está. Minha calça e minha blusa estão no chão de ladrilhos. Ninguém vai ver nada Grace. Estendo minha mão para pegar.

– Grace? – Levo um susto tão grande que a toalha cai. Merda! Thomas está na porta me olhando da cabeça aos pés. Estou seminua! Só de sutiã e calcinha! Por que isso só acontece comigo?

Pego a toalha e rapidamente me enrolo, fui direto para cabine com minhas roupas na mão.

– Érr, me desculpa, não queria te assustar... – Thomas fala tentando se desculpar.

– Eu só fui buscar minhas roupas. Err, sou meio desastrada. – Falo gaguejando.

QUE MOMENTO CONSTRANGEDOR!

– Estou aqui fora. – Ele sai.

Seco meu cabelo e coloco as roupas limpas. Puxo meu celular para ver que horas são, 18h28min. Dá tempo de passar no meu armário, pegar a nécessaire e procurar roupas secas para Thomas. Vou chegar em casa antes das 8.

Saio da cabine e encontro Thomas com os cabelos molhados, sem camisa e com um sorriso enorme no rosto. Eu coro na hora.

– Estou com vergonha. – Falo passando por ele em direção ao portão da piscina.

Ele corre na minha direção e caminha do meu lado.

– Não precisa ficar. – Ele sorri.

Que garoto pervertido.

– Vou dar uma passada no meu armário e pegar umas coisas. Você tem alguma idéia de onde tem roupas secas para você?

– Tenho uma calça seca no meu armário. Tive que trazer por que eu ia sair depois da escola. Acabei não saindo.

– E blusa? – Pergunto.

– Não tenho.

– Okay, busca sua calça e me encontra no pátio.

Thomas vai e abre seu armário do outro lado da parede. Eu coloco minha combinação e abro o meu armário. Tem muitos livros aqui. Pego minha nécessaire e vou para o banheiro.

Pego a escova e penteio os cabelos. Pego um removedor de maquiagem e passo debaixo do olho. Coloco um lápis preto e rímel. Passo base e corretivo. Vai servir. Saio do banheiro e vou para o pátio. Thomas ainda não está lá.

– Thomas? – Pergunto baixinho.

– Estou aqui. – Sai um barulho da sala ao lado do pátio. Pela fresta da porta dá para ver bem o que está acontecendo. Thomas está tirando a calça e colocando a outra. MEU DEUS! Eu não vi isso, eu não vi isso, eu não vi isso. Recompõe-se Grace. Recompõe-se! Saio da porta e sento no banquinho do lado da sala.

– Conseguiu a camisa? – Pergunto. Quanta inocência Grace.

– Não.

– Então vamos conseguir. – Me levanto e subo as escadas.

– Acho que nunca trouxe uma menina a um lugar tão maneiro. – Diz Thomas.

– Estamos na escola! Isso não é maneiro. – Digo.

– Está de noite. Podemos ser expulsos se nos pegarem. É invasão.

– Eu não sei por que eu concordei em vim aqui com você. – Digo com um sorriso. Ele pega minha cintura e me puxa para si.

– Por que eu pedi. – Ele me queima com aquele olhar. Chega de gracinha Thomas. Você já me viu seminua.

– Nada disso. Eu precisava sair um pouco. – Digo me afastando dele.

– Vou fingir que acreditei nessa sua desculpa.

– Chegamos. – Digo em frente à porta do inspetor.

– Está trancada Grace. – Thomas fala.

– É claro que está.

– Ele nos mataria se soubesse que queremos invadir a sala dele. – Thomas fala baixinho e ri.

– Não queremos. Nós ‘vamos’. Tem uma chave reserva escondida em algum lugar.

– Embaixo desse tapete cafona? – Thomas diz apontando para o tapete escrito ‘’BEM VINDO’’.

– Bem vindo ao inferno. Só pode ser.

– Para. Ele é legal.

– Muito legal. – Digo em tom irônico. O inspetor é bipolar então tem horas que eu gosto dele e outras que quero matá-lo cortando sua garganta.

– Achei. – Thomas diz pegando uma chave no jarro ao lado da porta.

– Que esconderijo mais sem criatividade. – Falo abrindo a porta.

– Voilá! – A porta se abre e um ar frio nos envolver.

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