Karen logo se recupera mais eu não.

– Eu sei que é muita informação, mas eu precisava falar com alguém. Você é a única pessoa que eu confio. Thomas nem olha mais para mim.

– Você não tem culpa.

– Se eu não tenho culpa porque me sinto tão culpada?

Não sei o que falar. Só sei que alguém vai morrer. Hoje!

– Karen eu preciso falar com Thomas.

– Grace...

– Eu preciso, preciso...

– Grace! Você prometeu!

– Mais, ele já sabe dessa história. Ele estava envolvido.

– Grace se você contar, Kaliscia vai vir atrás de mim! Você sabe se defender eu não!

– Eu te defendo.

– Não Grace! Eu sei que você ama Thomas e também sei que você quer falar muito com ele. Mas você me prometeu e já é tarde demais.

– Okay.

– Não vai contar.

– Você tá legal? - Digo por fim.

– Não.

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Deixo Karen em casa. Ela tinha pedido que eu a acompanhasse pois já estava ficando tarde. Não quero ir para casa. Minha mãe vai ver que estou com uma cara péssima e vai me perguntar. Prometi para Karen que não falaria para ninguém. Nem Thomas. Não posso ficar parada. Kaliscia mexeu com fogo e agora ela vai sofrer com as consequências. Eu posso ir na casa dela e dar uma surra nela. Não seria má ideia. Mas, Thomas saberia e ela iria atrás de Karen.

Vou até a pracinha e sento no balanço.

E lá estão elas. Crianças.

Era tudo tão fácil na idade delas. Eu amava brincar no balanço. Eu não tinha que me preocupar em esconder um segredo sobre um menino que era forçado a se drogar. E esse menino é o amor da sua vida. Tento me lembrar de alguns momentos que passei no balanço.

'' Uma bela manhã de sol, havia uma menina de rabo de cavalo sentada no chão brincando com a areia. Ela tinha 3 anos. Seu rosto tinha uma expressão despreocupada e alegre. A mãe dela a pegou e a levou para dentro. ''

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Chego em casa 17:00. Minha mãe mandou eu ir para casa. Eu nem tinha almoçado. Não estava com fome. Aquela história me deixou sem apetite. Depois de tomar um banho, coloco o pijama e vou para cama. Minha mãe traz o café do jeito que eu gosto. Escolho um livro de suspense e deito.

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O telefone toca.

Que horas são? Quem está ligando.

Pego o celular. Karen. Atendo.

– Alô? - Falo com minha voz de sono.

– Grace? Grace eu tô com medo. - Ela diz chorando e assustada. Isso me desperta.

– O que aconteceu? - Digo com a voz baixa.

– Ela tá aqui. - Karen deve estar escondida em algum lugar.

– Ela quem?

– Kaliscia. Ela ouviu nossa conversa.

– Karen e você acha o que? Que ela vai te matar? E depois me matar?

– Não sei Grace.

– Chama seus pais.

– Eles não estão em casa. Saíram para uma reunião na empresa dos meus avós. Grace não sei o que fazer.

Ouço um barulho. Ela está batendo na porta. Com força e raiva.

– Karen fica aí eu já estou a caminho.

– Não desliga a chamada.

– Só um minuto.

Levanto de imediato da cama. São 01:16. Minha mãe está dormindo. Eu não quero acorda-la. Vou sair pela janela. Mas eu nunca fiz isso. Nem sei como se sai escondida! Pego minha calça jeans e meu moletom e visto. Faço um coque no cabelo e coloco meu all star. São 01:21. Karen ainda está no celular.

– Grace?

– Oi.

– Você vai vir?

– Alguém tem que ensinar bons modos a essa vadia.

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