Minha mãe ouve com atenção todos os detalhes da história. Quando termino de contar ela faz uma cara como se sua cabeça fosse uma completa bagunça (tipo a minha).

– Não posso acreditar que ele fez isso.

– Pois é. Eu também não acreditaria.

– Você não quer mais vê-lo?

– Por enquanto não.

– E se ele aparecer aqui no hospital, o que eu falo?

– Você fala que eu não quero falar com ele.

– Mas... Grace 'eu' dei permissão a todo esse hospital para ele entrar aqui nas horas de visitas. Ele tem permissão.

– É só avisar o segurança mãe. Isso é fácil.

– Não para mim. Ele ficou todos os dias aqui quando você estava internada. Faltou aulas, fugiu várias vezes escondido da mãe... É meio impossível ela não gostar nem um pouco de você.

– Ele... disse para mim mãe. Disse que me amava. Mais eu não acredito.

– Porque?

– Se ele me amasse de verdade não faria isso comigo.

– É, você tem razão filha. Sinto muito.

– Não sente. Foi bom enquanto durou. Se acabou é porquê tinha que acabar.

– Filha saiba que eu te amo muito e que eu sempre vou estar do seu lado.

– Eu sei mãe. Eu também te amo.

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Minha mãe tomou coragem e falou com os seguranças para proibir a entrada de Thomas no meu quarto. Já se passaram 6 dias e amanhã é o dia que voltarei para casa. Estou muito ansiosa para voltar. Respirar ar puro.

Meu último exame acabou de terminar. Pelos exames anteriores eu estou bem. Sem nenhuma alteração no diagnóstico. Fiquei sem memória, mas estou bem fisicamente. Já emocionalmente não posso dizer o mesmo.

São 22:19 e estou morrendo de sono o dia foi longo. Me ajeito e durmo.

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– É HOJE!! - Minha mãe chega ao meu quarto gritando e com uma mochila.

– Bom dia meu amor! Pronta para voltar para o seu lar doce lar?

– Claro né mãe. Nem me pergunte. - Digo mostrando um sorriso.

– Ah filha, nem dormi direito sabendo que no dia seguinte você estaria em casa.

– Ah, que bobeira. Dormi como uma pedra. - Uma coisa vem a minha cabeça. E Thomas? Será que ele sabe? Que vou voltar?

– Que foi filha? Pensou nele?

– Ér mãe. Ele sabe?

– Provavelmente. - Isso me deixa ao mesmo tempo animada e intrigada. Não entendi essa parte da animação. Como se eu quisesse vê-lo de novo. Será? Claro que não Grace. Deixa de palhaçada. Olha o que ele te fez. Você quer distância dele.

– Mãe, a única coisa que quero pensar agora é em tomar um banho, vestir roupas limpas e colocar meu pé fora desse hospital.

– Como quiser filha. - Ela dá um enorme e confortante sorriso.

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Já estou arrumada. Minha mãe foi na lanchonete buscar um café da manhã decente para mim. Enquanto isso, me olho no espelho. Estou penteando meus cabelos. Eles continuam lisos, mas com volume. Adoro meu cabelo assim. Coloco meus pequenos brincos em formato ' ∞ ' e ajeito minha blusa de gola caída. Minha calça jeans é justa, e de acordo com minha lembranças é a minha favorita. Minha mãe trouxe dois tipos de calçados. Um all-star e uma moleca. Eu escolho o tênis porque é mais confortável. Pronto. Estou pronta.

– Filha? - Minha mãe grita entrando no quarto.

– Eu estou aqui no banheiro. - Ela vem em minha direção.

– Está linda Grace. Agora beba essa vitamina de maça e mamão. Vai fazer você se sentir muito bem. - Pego a vitamina da mão dela.

– Mãe já são 08:00. Podemos sair já.

– É claro. Pronta?

– Prontíssima.

Minha mãe e eu pegamos nossos itens, a mochila e damos 'Adeus'' para o quarto.

Chegamos ao primeiro andar e minha mãe vai até a recepção. Enquanto ela está falando com a recepcionista eu espero em frente a porta. Pronta para sair, mas aí eu vejo ele. A única pessoa que eu não consigo odiar. Thomas.

Ele está longe me observando. Ele sabe que eu o vi, mas não se importa. Assim que minha mãe caminha até mim com um sorriso no rosto, já percebo que é hora de ir embora.

– Vamos?

E eu abro um sorriso do tamanho do mundo quando abro a porta e sinto ar puro.

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