– Senhorita Chase, já acabou de limpar essa prateleira? - Indaga uma das vendedoras, Nice. Ela é uma das mais chatas daqui, sempre dá ordens e se acha melhor do que as outras. fazem duas horas que estou trabalhando e já percebi isso.

– Ainda não - Respondo

– Tem que ter agilidade, se for lerda não durará uma semana aqui. - Comenta, com desdém, enquanto amarra os cabelos loiros.

– Cabe ao dono demitir ou admitir um funcionário, Nice. Não à você. - Diz Charlotte, a vendedora de cabelos vermelhos.

A loira franze o cenho, depois pega um pacote de doce e leva para o balcão.

– Não ligue para ela, sempre implica com as novatas. Mas ela está certa, tem que limpar mais depressa.

Abre um sorriso torto e me deixa sozinha, terminando a limpeza.

Mergulho a toalha no balde mais uma vez, passando-a na prateleira de vidro imunda.

– Olá, Annabeth. - Uma mulher diz.

Olho para o lado, assustada.

– Sally - Reconheço - Tudo bem?

– Eu estou bem. Mas o que faz aqui?

– Estou trabalhando - Respondo

– Sua mãe deixou?

– Ah, é uma longa história. - Comento, dando de ombros. Não queria dizer para a mãe de Percy que fugi, que desafiei meus próprios princípios. Mas , de verdade, não queria que ela pensasse que a garota que beijou Percy agiu feito louca.

– Tá bom... Vocês vendem corante azul? Estou fazendo cookies para Percy e percebi que o meu acabou.

– Acho que temos, mas não sei onde.

– Vou procura uma vendedora. Obrigada

– De nada. - Respondo, baixinho.

Recoloco o pano no balde de água e vou limpar o chão.

* * *

Finalmente, o turno acaba. A loja já fechou as portas faz meia hora, mas ficamos aqui para terminar de limpar e organizar- lá.

– Livre afinal, livre afinal.Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal. - Grita uma das encarregadas da limpeza, Jessica.

– Acho que Martin Luther King não gostaria de ver sua frase sendo usada no fim de um expediente. - Comenta Nice.

– Cala a boca - Grita alguém que não consigo distinguir.

Uma discussão começa, mas uma mulher entra pela porta da frente. Ninguém grita avisando que a loja está fechada, ao invés disso, todas se prostram em uma fila, uma do lado da outra.

– Posso saber que zona é essa aqui? - Fala a mulher, com nojo.

– Senhora, nós podemos explic... - Começa alguém

– Eu não quero saber!

Caminha lentamente entre nós, o salto alto fazendo barulho ao colidir com o piso. Tira o lenço que estava nos cabelos, balançando uma enorme cabeleira negra. A mulher tem olhos azuis, que contrastam com os cabelos, de certa forma me lembra Thalia. Tem uma postura impecável, mas parece chata, metida. Não deve ser uma mulher alta, já que mesmo de salto fica somente alguns centímetros mais alta do que eu. Deve ter cerca de trinta anos.

– Onde está meu marido?

– No escritó... - Começo a respnder

– Quem te deu o direito de falar comigo? - Fala, olhando para mim.

Sinto a raiva tomar conta de meu corpo. Quem é aquela mulher? A dona da Apple? Nem se fosse, jamais poderia falar comigo daquele jeito. Estava prestes a responder quando o Sr.Stone chega.

– Querida , aqui está você.- Diz,indo até a mulher. Ele tenta beijá-la , porém ela desvia.

– Meu cartão está bloqueado, querido. Pode me dizer por quê?

– Eu o bloqueei, estava gastando demais.

– O QUE? - Ela grita

As funcionárias começam a sair da loja , eu as sigo.

Algumas comentam sobre o ocorrido, então Charlotte sussurra para mim.

– Aquela é a chefe, mas ainda não viu nada. Ela vai piorar muito.

– Que droga– falo.