Limoeiro escrita por Dyryet


Capítulo 44
Meu melhor amigo.


Notas iniciais do capítulo

A idéia do “politicamente correto destruiu muita coisa ao longo dos anos. E muitas coisas foram alteradas ou deletadas por conta desta nova didática... Vou dar pequenos exemplos aqui. Antigamente o Chico bento nadava Nu, roubava goiaba e levava tiro de arma de sal do Nho lau, ele tbm caçava e tinha muita aventuras que agora não tem. A turminha tbm foi alterada. No clássico o Cascão adorava sujeira ate brincava no lixão sendo fa do próprio Captao Feio e tudo mais, agora ele fala sobre reciclagem.)



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O sol aponta por sobre as arvores.

Parecia que haviam se passado dias inteiros dentro daquelas poucas horas em que lutamos por nossas vidas.

—--- Vem cá.—--- o sotaque dele me desperta; era claro que ele estava forrado de muita raiva mas nem assim ele demonstrava ser agressivo. Mas mesmo assim não nego seu “pedido”.

Ele me guia por entre a relva mostrando a onde o Lobsomem havia caído; e vejo que lá havia apenas um homem que ainda nu estava com as marcas que eu havia feito nele. Eu não disse nada; tinha sido legitima defesa e o “caipira” sabia disso; mas logo ele segue um pouco mais a diante e posso ver uma moça de cabelos negros que com feridas no abdômen e na boca parecia precisar urgentemente de cuidados médicos.

Eu não entendi na hora.

Mas ele estava me mostrando que alguns seres ali não tinham controle ou culpa, eram tão vitimas quanto nós. Ate mais do que nós, e eu os tinha ferido.



—--- Gente! O Cascão ia morrer mas foi curado pelo bicho assustador que da risada trevosa! ---- Denise desembesta a gritar saindo correndo da casa sorridente e saltitante, e eu abandono o primo da Mônica para trás e invado a casa sem me preocupar com mais nada.

Desta vez parecia que o tempo havia parado.

Cheguei e entrei no quarto e o vi ali parado deitado, muito ferido com aquele aspecto de "vai morrer" e eu travei no lugar. Por alguns segundos voltei ao tempo que m que ficávamos cheios de hematomas roxos por causa das coelhadas da Monica, ou quando nos estropiávamos em algum barranco brincando. Mas mesmo nos arranhando e ficando esfolados estávamos lá no dia seguinte para fazer tudo de novo sem o mínimo de arrependimento.

Era tudo tão...

 —--- Ele vai ficar bem. ---- a voz da Denise vem em forma de acalanto e logo ela se senta na cama ao meu lado. ---- Esta fora de risco e... O Dc já chamou outro carro.

—--- Eu sei disso. ---- acabo sendo ríspido sem querer.

—--- Que cara de choro é esta? ---- sem o mínimo de noção ela põe a mão sobre a minha cabeça e afaga os meus cabelos. ---- Ele vai ficar legal. Relaxa, já passou.

Cara de choro?

Eu estava com cara de choro?

—--- Eu só estava pensando em outlas coisas Denise. ---- tiro a mão dela de mim, mas ela continuava me olhando com aquela expressão de compaixão. ---- O que você tem?

—--- Eu? É você quem esta com esta carinha de dar dó. Conta pra Denisezinha o que ouve, posso ajudar. ---- ela sorri amistosa como sempre.

—--- Não você não pode. Ninguém pode. ---- me levanto para sair, mas sinto ela me segurar.

—--- Olha. ---- ela pontua seria soltando minha camisa e se levantando ficando parada a minha frente. ---- Eu sei que tenho fama de fofoqueira, mas... Tenho noção de quando o assunto é serio. ---- acho que esta foi uma das poucas vezes que a vi falar em um tom calmo e normal, sem nada de gritos ou palavras inventadas para fazer graça. ---- Não sou tão sem noção assim. ---- ela estava seria, falando em um tom serio capais de transmitir segurança a qualquer um. ---- Sou sua amiga poxa. ---- mas ela ainda era a Denise, e como tal vem e me abraça carinhosa. ---- Desabafar não mata, nem arranca pedaço.

Me rendo.

—--- Eu me sinto culpado... ---- ouço minha voz soar chorosa e me calo, respiro fundo e continuo. ---- Quando olho pla ele agola... Me sinto culpado pelo que ele se tolnou, pol tudo o que passou e como esta a vida dele agola.

—--- Mas que bobeira. Você não tem culpa de nad...

—--- Tenho sim!!! ---- exclamo e ela se cala me olhando, não eram olhos de curiosidade de sempre, desta vez era apenas preocupação e zelo. ---- Quando nos sepalamos o Cascão me ligou. E não só uma vez. ---- pego o meu celular e entrego a ela. ---- Passei as glavações para nunca me esquecer... Do que eu fiz.

Ela pega o aparelho com um certo receio e logo põe as antigas e desgastadas gravações para tocar.

“– Oi cara você esta bem? Estou te ligando direto e nada de você atender. Eu já sai do hospital! Foram os garotos deste bairro, eles são uns maníacos!!! Me atacaram com garrafas de vidro quebradas e... Vou ter que desligar. Me liga de volta belez! /–/ Cara o que ouve? Sua mãe disse que você não podia falar, que estava mudo? Não entendi nada. Me liga de volta ok? Meu pai disse que acha que vou acabar ficando cicatrizes. /–/ Eu... não sei o que esta havendo. As coisas aqui estão piorando. Preciso da sua ajuda. Eu... eu não sei o que fazer. /–/ Minha mãe falou que posso passar uns dias ai na sua casa sem problemas, me fala de novo aonde é. Ela pediu para você ligar de volta. Quer falar com a sua mãe. /–/ Cara? Você esta ai? O que ouve? Eu... estou com problemas. Um cara fica me encarando todo dia. Eu topo qualquer plano infalível mas me ajuda! /–/ As coisas estão apertando. Minha mãe tem que trabalhar direto e eu... fico aqui sozinho. Todo mundo aqui é estranho. Estou com medo. Acho que este cara quer me machucar. Me ajuda por favor! Deixa eu ficar ai por um tempo. Por favor me ajuda. “

Mesmo depois da gravação ter terminado ainda ficamos em silencio.

—--- Se eu não tivesse feito bila. Se eu não fosse tão “assim” não telia ficado de castigo, telia ouvido as glavações e ele telia vindo fical comigo. Talvez ate molássemos juntos e clescelíamos como ilmãos. Telia sido inclível descoblil os podeles juntos e tudo mais.

Não consigo evitar.

A vos me trai e sai chorosa novamente, então volto a me calar.

—--- Você ainda pode ajudar ele. Ainda pode salva-lo. ---- ela fala convicta e cheia de confiança e eu apenas a encaro confuso. ---- O Cascão não morreu, esta bem ali. Dentro deste... deste novo cara que ele moldou pra se proteger de tudo que passou, mas ele esta bem ali sinto isso!

—--- Ele se esqueceu de mim Denise. Se esqueceu de todos nós...

E desta vez ela que se cala, me devolve o celular e volta a sorrir.

—--- Eu não acredito nisso. Acredito que vamos fazer tudo voltar a ser como era. Você vai ver.

E dizendo isso ela sai do quarto me deixando com os meus pensamentos.

De fato ela era uma boa amiga. Não. Uma ótima pessoa, mas não tinha como ela saber se iriamos conseguir ou não; se o Cascão iria voltar a ser como era e todos os outros que "mudaram" também. É claro que todos nós queríamos que tudo fosse como antes, mas a verdade é que existe feridas que nunca curam.                           E que nunca vão curar. 


Mas minutos depois eu saio e me deparo com...:



—--- Sei que isso é errado mas... Quero aproveitar este momento. ---- posso ver claramente Dc se aproximar e beijar a Mônica.

Raiva não é o suficiente para explicar o que eu senti naquele momento.

Meu peito ardeu como se tivesse um sol explodindo dentro dele, minhas mãos formaram um punho sem que eu me desse conta e logo estava rangendo os dentes e rosnado como uma animal feroz.


Mas eu não tive tempo de ter um pequeno surto psicótico e matar o desgraçado, pois a carona chegou e tínhamos de sair. Era mais importante levar o Cascão a um medico do que brigar, e infelizmente a nossa carona dependia dele.

Entrei no veiculo a contra gosto, respirando fundo para não explodir rezando para que alguém começasse com alguma meta importante que desviasse a minha atenção; e felizmente o Franjinha estava do meu lado e como eu sabia que este escondia mais coisas que o pentágono, posso usar minhas habilidades para fazer de meu desejo realidade.

Não que eu quisesse descontar nele a minha raiva, mas me distrair era necessário, se não...

—--- Mônica eu tenho que te falar uma coisa. ---- logo ele se pronuncia e ela o da atenção, parando sua conversa com Magali. ---- Na verdade creio ser um assunto que todos devam saber.

=~^~ ºº~^~=

Foi há alguns dias antes de lutarmos contra o Dc e tudo isso começar, eu e os demais professores fomos convocados ate a prefeitura assim como muitos outros profissionais de órgãos públicos. Não sabíamos do que se tratava apenas de que era de obrigatória presença e como ninguém iria peitar o CF todos estavam presentes.

O local era abastado e glamuroso, realmente gigantesco, mas também estava imundo e muito mal cuidado; tinham restos de coisas jogadas por todos os lados e sujeira antiga incrustadas em todos os objetos. Dava nojo ate de se sentar, tanto que todos optaram por ficar em pé.

—--- Que bom que estão todos aqui. A reunião será breve. ---- uma alta e corpulenta mulher adentra a sala, ela trajava vestes grossas e agarradas ao belo e moldado corpo, a onde podia se ver armas presas de foram nada minimalista. ---- A coisa é muito simples CF esta se cansando desta zona toda e quer que vocês falem sobre... Tuuudo o que sabem sobre as ganguezinhas insignificantes que estão fazendo bagunça e querendo tirar o controle de tudo. Tem muita gente saindo das maiores para querer montar suas próprias e isso não esta agradando a ninguém. Simples? Que bom.

—--- Então é só enviarmos um relatório detalhado? ---- um professor de outro distrito questiona, sabia que se tratava de um professor por conta do uniforme que usávamos mas seu porte bronco e um tanto quanto intimidador me trazia grandes duvidas de seu oficio real.

—--- Exato.

—--- Poderia saber para que servira isso? ---- uma velha senhora “nada amigável” se faz ouvir, tinha a maior cara de bruxa ou ogro, o que fosse mais perigoso. ---- Isso não vai intervir no nosso serviço?

—--- Não mesmo. E servira para organizar mesmo. CF esta pensando em promover uma nova gangue.

Todos se calam.

O clima fica pesado em questão de segundos. Como se o lugar já não fosse desconfortável o suficiente.

—--- E qual será o cargo? O novo cargo? ---- aquele mesmo professor arrisca em questionar e a moça de longas madeixas onduladas e vistosas apenas sorri.

A reunião tinha sido rápida mesmo.

Nada que não pudesse ser dito por uma carta ou uma simples mensagem de texto, curta ainda por cima. Mas isso não era pela mensagem, foi pela intimidação. Eles mandam e nós temos de obedecer cegamente, não importa se era ridículo serio ou que horas fosse.

Descobri posteriormente que o CF planejava fazer com que estas gangues menores lutassem entre si para conseguir o cargo, um tipo de jogos doentios.

~~ºº~~

Todos ficam atentos enquanto Frank contava seu breve relato, mas aquilo não era o suficiente para ter a minha atenção, que estava toda sobre um certo alguém.

Diferente de todos, ele não esboça emoção alguma em saber dos planos doentios do CF, ou ele já sabia ou... Bem, ser diferente é a marca registrada dele, mas eu ainda estava puto e queria brigar!

—--- Esta sabendo de algo Dc? ---- provoco e todos o encaram.

—--- Já. Mas vocês não tem com o que se preocupar. ---- petulante ele responde se ajeitando na cadeira como se fosse dormir. ---- Um grupo tão pequeno como o de vocês não vai ser visto como gangue e nem vai participar de nada. ---- dizendo isso ele se ergue e encara a Mônica.

Que vontade de mata-lo naquele mesmo segundo, mas antes que eu fizesse algo ele fala uma ofensa a ela que não poderia ter uma retaliação.

—--- Eu já disse antes que vou proteger vocês, não tem por que de tanta preocupação atoa. Meu grupo é bem maior, minha base é bem melhor; seria ate mais prudente vocês se aliarem a mim. Mas como sei que Mônica é pura teimosia... ---- ele para de falar. Não por medo da cara que ela estava fazendo mais por que o ônibus havia parado, e todo seu relato não passava de apenas uma repetição de algo que já havia pontuado anteriormente. ----Chegamos ao hospital, vamos fazer a entrada do Cascão e tratar de outros assuntos que podem ser mais úteis.

Apesar de furiosa por ter sido menosprezada como líder ela acena com a cabeça e carrega (com cuidado/ quem diria?) o Cascão para fora, e logo uma maca o leva para dentro.                                Assinamos os papais e falamos sobre suas “alergias” dele.

Minha vontade era de ficar lá com ele, mas para fazer isso eu teria que deixar a Monica sozinha com aquele... grrr.

—--- Negi? Você se importa de eu ficar com ele hoje? ---- a Magali vem ao pé do meu ouvido como um sussurro leve. ---- Só pode ficar um acompanhante e eu... Eu estou preocupada com ele e, acho que ficar aqui vai ser menos estressante do que pode rolar ali. ---- dizendo isso ela aponta para Dc e Mônica que debatiam de canto alguma coisa.

Aceno que sim com a cabeça e saio.

Não queria mesmo trocar a preocupação que sentia pelo meu amigo, por um ciúme de uma garota que nem minha namorada é. Mas fala serio...


—--- Como você encrenca com pouca coisa. ---- ele pontua a silenciando. ---- Eu só quero saber uma coisa. ---- sua vos entona revoltada chamando a atenção dos demais. ---- Quando vamos resgatar o anjinho?

Ass: Negi Menezes da Silva _I_


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Notas finais do capítulo

(Sempre fico bolada com este recado do cascão para o cebolinha T_T Sim o Fanjinha só falou pq foi controlado pelo cebolinh P da vida kkk
Desculpem. Vou ter que confessar uma coisa... Não me odeiem por isso por favor! Sei que Denise é um personagem que muita gente ama e tudo mais, só que eu odeio ela, Ela e a Carmem, são o tipo de pessoa que me da nos nervos...V_V mas não vou fazer nada de ruim com elas, promessa. Como podem ver na trama. É só uma confissão mesmo. Escrevo como eles são sem impor o que acho de cada um e fico muito feliz em ver q vcs gostam de como retrato ela ^_^ bjs)



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