Unforeseen escrita por UmaEscritoraAnônima


Capítulo 12
Uma casa, Um cemitério




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Pov Amy

Me afasto e o encaro. Não acredito no que ele acabou de fazer. Foi a primeira vez que eu me senti segura.

— Tá melhor? — ele pergunta

Aceno com a cabeça e limpo o rosto, prendendo o cabelo. Minha roupa está imunda, descontar nos zumbis acabou me saindo caro. Eu acordei tão confusa e tão.. triste. Mas realmente me sinto melhor.

— Vamos ficar aqui? — digo

— Bom, não é mais tão seguro — ele diz — o que acha?

— Vamos então — digo me virando

Ele permanece parado, sinto que fui dura mais uma vez. Me viro e solto meu típico sorriso de "vai ficar tudo bem"

— Então? — digo

E ele me segue. Entramos na casa, que está toda aberta. Pego a lata do chão e puxo a mochila, a guardando. Ele já está pronto para ir, e assim fazemos.

De volta a floresta, seguimos em linha reta a partir da lateral da casa. Talvez possa haver outras por aqui. Não quero parar de andar, quero ocupar minha mente. Foi um pesadelo horrível, eu dormi toda esperançosa e feliz e fui destroçada. Eu sempre acho que vou acabar sozinha, é meu inferno particular.

Caminhamos em silêncio. Não há muito a ser dito. Se for para passar uma noite em cada casa pra mim tudo bem. São pequenas casas que ficam perto da estrada, não me vejo morando aqui antes de tudo isso, só há floresta.

Andamos quando uma longa falta de árvores chama nossa atenção. Caminhamos em seu sentido e avistamos.. um cemitério. Grandes blocos de cêramica cinza gravam o nome das pessoas. Passamos entre as sepulturas e avistamos uma grande casa em frente. Que tipo de pessoa doente moraria entre uma floresta e um cemitério?

O cemitério está bem limpo, limpo demais. Há até flores cercando as sepulturas, isso é no mínimo sinistro. Seguimos em direção a casa sem dizer nada. Uma mármore entretanto chama minha atenção

Jonh Miller

Irmão e Amigo

1978 - 2002

Daryl se aproxima e observa a lápide. Eu a encaro e logo me lembro da nossa conversa antes de colocar fogo naquela casa. Ele para do meu lado e nós observamos aquilo. Não é como se importasse mais. Saio rápido e vou direto para a casa.

Ele vai na frente e abre a porta, entramos e observamos o lugar.

— Está tão limpa — digo suspeitando daquilo

— Tem gente cuidando do lugar — ele diz

Sinistro 2 x 0.

— Acha que vão voltar? — pergunto

— Não sei — ele responde indo em direção ao corredor

O sigo e vemos um caixão com uma pessoa dentro, totalmente cercado de flores.

Sinistro 3 x 0. Daryl passa os dedos no rosto da pessoa, e a pele sai na sua mão. Fazemos cara de nojo e seguimos para o interior da casa.

Uma longa escada leva ao porão, descemos e continuamos a examinar o lugar. Vemos dois homens deitados com terno e gravata, como em um velório. Sinistro 4 x 0. Esse lugar é horrível.

— Acho que alguém ficou sem bonecas para brincar — ele diz olhando os corpos

— Quem fez isso se importava — digo saindo daquele buraco.

Subimos de volta e procuro a cozinha. Daryl abre os armários e parece não encontrar nada.

— Achou alguma coisa aí? — digo me aproximando, abrimos juntos o armário central — uau — exclamo quando vejo o armário totalmente cheio

— Creme de amendoim, geleia, refri diet , pé de porco — ele diz puxando as latas — tem um monte de porcaria aqui

— Parece muito bom pra mim — digo pegando uma lata de pêssego e uma de geleia

— Espera, não tem nenhuma poeira aqui — ele diz — é o suprimento de alguém, vamos pegar um pouco e deixar um pouco

— Tudo bem — digo observando novamente as latas, e finalmente solto um sorriso de verdade. Precisava daquilo.

Daryl abre a lata de geleia e retira com os dedos uma parte dela.

— Ai que nojo — digo com um sorriso

Levo minha lata de pêssego em direção a saída

— Aí — ele me chama, eu me viro — esses pés de porco, são meus

— Á vontade — digo me virando

Vou andando pelo lugar e vejo uma sala, com um caixão, um piano e várias cadeiras. Como literalmente, um funeral. Sinistro 5 x 0. Me sento em um pequeno sofá ao lado e abro minha lata.

...

Daryl cercou o lugar com latas presas em um barbante, se um zumbi aparecer vamos saber. Eu nunca tinha pensado nisso. Ele se aproxima e eu o encaro

— O lugar está bem fechado — ele diz — o único jeito de entrar é pela porta da frente

— Legal — digo com um sorriso

— Parece mais feliz — ele diz se sentando no sofá em frente minhas pernas

— Podemos ficar aqui Daryl, e temos comida é uma boa notícia, porque eu não estaria feliz? — digo o encarando

Ele maneia a cabeça como um 'não sei'. Suspiro e continuo o encarando. Ele se levanta e caminha em direção ao caixão

— O que tá fazendo? — digo quase rindo

— É a cama mais confortável que já tive em anos — ele diz pulando no caixão e se deitando

— É sério? — digo ironica

— Não estou brincando — ele responde

— Parece realmente confortável — digo rindo

— E estou — ele diz sorrindo

Sorrio e me deito também. O sofá não deve ser mais confortável que o caixão, vou culpa-lo por isso.

— Até amanhã Daryl — digo olhando pra cima

— Até amanhã — ele responde

Sinto meus olhos se fechando. Amanhã é um novo dia.


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