(NARRADO PELA DETETIVE ERIN LINDSAY)

Eu estava subindo as escadas da inteligência, fiquei parada na ponta da escada quando vi Jay saindo da sala de Hank, ele parecia frustrado e abatido, eu não entendi porque, mais cedo ele estava bem, feliz, será que ele e Hank discutiram? Bom, Hank também não está com a cara muito contente, Jay olhou pra mim e se sentou em sua mesa, desviando o olhar para os papéis que estavam em sua pasta, e então me sentei em minha mesa, ele não olhava para mim, não falava nada para falar a verdade, nem me olhava, eu achei muito estranho, quando então chegou Antônio, Adam e Kevin, eles tentaram puxar assunto com Jay, mas, ele parecia não estar ali, parecia não ligar muito, estava longe em seus pensamentos, quando faltava três minutos para o turno começar, chegou Alvin, e então Hank apareceu na porta:

–Bom dia equipe, hoje eu quero a papelada do caso BX9 toda pronta em minha mesa até o final do turno, por enquanto não temos nenhum caso.

–Entendido Sargento- disse Antônio.

–Eu já terminei minha parte- disse Kevin levantando e dando uma pasta preta nas mãos de Hank, que logo em seguida saí e entra em sua sala, ele tenta fazer alguns telefonemas, Jay se levantou e foi até a sala de descanso, ele estava fazendo café, achei a oportunidade perfeita para poder falar com ele, me aproximei da sala e ele estava parado enquanto mexia seu café:

–Jay...?- eu perguntei meio sem jeito, ele se virou pra mim.

–Erin- ele disse desanimado.

–Está tudo bem?

–tá tudo bem- ele respondeu sem qualquer credibilidade

–Você brigou com o Hank?

–Porque eu brigaria?

–Não sei, você saiu bem lá de casa e agora parece triste, abatido, frustrado, o que aconteceu?- perguntei franzindo a sobrancelha.

–Não aconteceu nada Erin- ele respondeu, estava muito estranho.

–Eu fiz alguma coisa Jay?

–Que droga Erin. Apenas me deixe em paz!- (Jay não conseguia esconder nada de Erin, ele não achou que seria tão difícil ficar perto dela sabendo da verdade, sabendo a história verdadeira de sua vida e não poder contar nada, ele decidiu que iria ficar afastado de Erin enquanto Hank não contasse a verdade, mentir para sua parceira amada só o fazia se sentir mal, ele sabia que não poderia, mesmo que quisesse estar perto dela, sabia que era necessário, mas ver seus olhos lacrimejarem, sua cara de decepção era algo que machucava muito ele, mas era o melhor a fazer nessa situação, se afastar, não era para sempre, mas ele estava perdido, não sabia o que fazer,ele a amava, e foi por causa desse amor que ele decidiu se afastar,ele nunca foi de mentir para pessoas que ele amava, e principalmente Erin, ela não merecia,Hank estragou tudo,ele estragou tudo lendo aquele papel, se afastar quando na verdade ele queria estar ao seu lado foi uma das coisas mais difíceis que já fez).

–Jay, como? O que aconteceu? Quer dizer, estava tudo bem até hoje mais cedo- eu respondi com os olhos cheios de água.

–Está tudo bem, apenas acho que, devemos nos afastar,me deixe em paz Lindsay- ele disse olhando para o chão, também estava com os olhos cheios de lágrimas, como se estivesse se forçando a dizer aquilo.

–Devia ter pensado nisso antes de transar comigo e falar que me ama- eu disse saindo da sala rapidamente, sem dar tempo de obter uma resposta, para falar a verdade, eu estava tão brava e magoada com Jay, que não queria vê-lo na minha frente tão cedo,me sentei em minha mesa e fiquei escrevendo e fazendo aquela pilha de papelada atrasada, senti alguns olhares de Jay e Hank,mas não liguei, apenas continuei fazendo meu trabalho.Então era hora da pausa do almoço quando então escutei Hank:

–Quem quer almoçar no Fredy's Burger?- perguntou ele.

–Eu topo- disse Alvin

–Vamos nessa-Disse Antônio

–Eu to dentro- disse Adam, Jay apenas deu um sorriso de canto.

–Erin?- perguntou Hank

–Não estou com fome, vou ficar e terminar minha papelada.

–Depois você faz isso Erin.Você precisa comer- disse Antônio me olhando.

–Ele tem razão- disse Jay me olhando

–Não estou no clima, nem com fome, vou ficar, valeu o convite- eu respondi sem olhar para nenhum deles, que logo já foram saindo para almoçar, eu fiquei sozinha na unidade.

Lembrei das palavras de Jay, e não aguentei, eu comecei a chorar desesperadamente, nunca tinha chorado por nenhum homem na minha vida, Hank diz que eu parto o coração dos outros, mas eu não parti o do Jay, ele que partiu o meu, eu realmente estava mal, abatida, eu não queria que terminasse assim, ele simplesmente disse que não queria mais me ver, como se eu não fosse nada, como se nós não fossemos nada, eu estava chorando sentada na minha cadeira no canto da sala, quando senti alguém chegar, eu estava abatida, olhos vermelhos e inchados, rosto vermelho de esfregar os olhos, quando me levantei da cadeira para ir em direção a minha mesa, para minha surpresa era quem eu menos queria ver, aquele sorriso maldito, Jay.

–Erin, eu sei que você disse que está sem fome, mas eu trouxe comida para você- disse Jay sério caminhando em minha direção.

–Eu não quero a sua comida.

–Você pode estar com raiva de mim, mas não comer não vai te adiantar muito- ele disse um pouco tímido, e então eu me virei pra ele.

–Erin, você tava chorando?- ele me perguntou franzindo a sobrancelha e fazendo uma cara de triste.

–Não interessa se eu estava chorando ou não, não é da sua conta Halstead- eu respondi secamente, é um cara de pau ele perguntar quando o motivo da minha tristeza é ele.

–Erin, não faz isso- ele disse se aproximando de mim- não faz isso comigo- ele disse colocando a mão em meu rosto.

–Não encosta em mim.- eu disse tirando a mão dele do meu rosto - fica longe de mim, entendeu? - eu disse chorando.

–Erin..- antes que ele pudesse terminar a frase eu o interrompi.

–Não Halstead, não faça isso comigo você, quer saber? Como você disse, é melhor a gente se afastar- eu disse dando de ombros e saindo dali o mais rápido possível,as lágrimas era algo que eu não podia evitar, quando estava saindo da unidade, esbarrei com Hank, ele me olhou preocupado.

–Erin, o que aconteceu?

–Nada, apenas preciso sair daqui- eu disse e saí correndo, todos observavam a cena.

Eu fiquei alguns minutos fora, tomei um café, lavei o rosto, não comi nada, eu realmente não estava com fome, pensei um pouco e vi que tinha que ser profissional, eu sabia que tinha que voltar lá e fingir que nada aconteceu, mas eu não liguei muito para o pessoal,afinal, nós somos uma família, e não há nada mais importante que a família.Decidi voltar para a unidade, afinal ainda tenho o resto do dia de trabalho.Cheguei na unidade e todos estavam me olhando, sorri para Antônio e me sentei em minha mesa, Jay me olhava mas eu não dava muita bola pra ele, trocava alguns sorrisos e olhares com Antônio, admito, ele tem sido um grande amigo, o resto do dia foi calmo, e então finalmente terminou o turno, pra falar a verdade, foi o dia mais demorado da semana, Jay não parava de me olhar, eu não quis desviar o olhar pra ele, então apenas continuei

Eu fui para casa,e me deitei em minha cama.Fiquei escutando musica, Jay me ligou cinco vezes, não atendi nenhuma delas, fiquei apenas deitada, quando então meu celular vibrou, uma mensagem dele “Erin, abra a porta, eu estou aqui no corredor”. Jay está no corredor? Bom, problema é dele, eu não vou abrir, continuei deitada.Escutei batidas na porta, já fazia duas horas da mensagem de Jay,achei que ele já tinha ido embora, quando abri a porta, ele estava sentado no chão, ele levantou rápido e antes que eu pudesse fechar a porta ele colocou o pé e falou:

–Erin, me escuta, por favor, não fecha a porta na minha cara.