– Desculpa de novo pela minha mãe. - Gray comentou enquanto acendia as luzes de seu apartamento - e pela Ultear. – Complementou dando espaço para uma Juvia risonha entrar antes de trancar a porta - E pela Chelia, Lyon... pelo meu pai. Quer saber?! Desculpa por toda minha família.

– Tudo bem. - Ela se jogou no sofá do moreno e ele sentou ao seu lado

– Sério?! - A encarou descrente, porém com um sorriso de lado. - Então tudo bem elas já estarem decidindo até onde será nossa lua de mel antes mesmo de pensarmos em onde noivar?

– Okay. Foi um pouco assustador. – Juvia riu em concordância logo sendo acompanhada por ele - Mas eles só querem desencalhar o filho e irmão galinha deles, quem pode culpá-los? Só querem o seu bem com a incrível garota que eu sou. - Juvia brincou gabando-se e Gray deu um peteleco do lado de sua cabeça como resposta.

–É, mas você não é tão incrível assim. - implicou e ela lhe mostrou a língua de forma imatura.

– Mas eu não sabia que a Ultear gostava de cerimônias ao estilo oriental. – A lockser comentou voltando ao assunto enquanto abraçava uma almofada.

O moreno deu de ombros fitando a TV desligada como se pensasse sobre isso.

– Cada um tem seus gostos. - riram.

– E quais seriam seus gostos? - Juvia perguntou divertida apoiando os braços sobre as costas do sofá, virando-se completamente para o namorado.

– Eu não tenho gostos, tenho fetiches - A Lockser teve que abafar uma risada com a mão antes de incentivá-lo a lhe contar - Deixa eu pensar... - ele fez uma desnecessária pausa dramática, continuando a brincadeira. - Você… - virou-se melhor para Juvia e passou a ajeitar seu cabelo azulado sobre seus ombros ou prendendo os fios atrás de sua orelha - Com a blusa do dia em que nos conhecemos, molhada de novo. Só que dessa vez eu poderia aproveitar melhor do que ser empurrado na água sozinho e sendo abandonado.

– Essa daqui não serve? - perguntou esticando a blusa que vestia.

– Não. Porque essa é preta. - olhou para a peça de roupa com desgosto - Não daria para ver nada.

Juvia não aguentou e soltou uma gargalhada.

– É, mas eu acho que esse não é seu fetiche. - respondeu

– O quê? Acha que sabe mais dos meus fetiches do que eu? - ela assentiu mordendo os lábios controlando-se para não rir - Certo Srta. Lockser, diga-me então o meu fetiche.

A Srta. Lockser então balançou a cabeça jogando o cabelo para o lado e olhou para o teto segurando o queixo, pensativa.

– Eu acho…que você tem um fetiche pelo seu próprio corpo. Mais especificamente pela sua barriga. Essa também seria a explicação lógica para você gostar tanto de andar por ai sem camisa.

– Ah. Você quer dizer assim? - Com um puxão, Gray tirou a camisa de manga cumprida. Ela riu alto e concordou.

– Exatamente assim. - Aproximou-se sorrateira e roubou um beijo do moreno. Rápido, porém deixando a desejar por mais.

O casal trocou risos, então ficaram alguns minutos em silêncio antes de resolverem quebrá-lo. Mais precisamente foi Gray quem recomeçou a conversa.

– Mas sério?! Casamento? O que minha família está pensando? Eu só estou te aturando há... o quê? Quatro meses?

– E dezoito dias. Mas quem está contando? - Juvia sorriu dando de ombros. - Eu achei até que dessa vez eles foram mais discretos. Foi melhor do que no dia de ação de graças em que elas quase te obrigaram a ficar de joelhos porque acharam que eu estava grávida. - relembrou - Desculpa, de novo, por eu ser péssima com gripe. - Gray balançou a cabeça em sinal para que ela não se preocupasse em se desculpar. - Eles são legais. Doidos, mas legais. Se eu não gostasse de gente assim não estaria em um relacionamento com você ou teria amigos como os nossos.

O Fullbuster concordou sorrindo respondendo “Isso até que é verdade” antes de deixá-la continuar.

– Na verdade, eles me fazem sentir mesmo parte da família. Gosto disso e sou grata, apesar de que ao mesmo tempo acabo sentindo falta da minha. - Ela suspirou. Gray passou o braço por seus ombros e a puxou para o seu peito. - Você vai mesmo comigo visitá-los, certo?

– Claro. Já estamos juntos há quatro meses e dezoito dias. Isso é mais do que quase todos os meus antigos relacionamentos juntos. O mínimo que eu deveria fazer é conhecer seus pais.

– Babaca - Juvia resmungou socando o ombro do namorado.

Eles voltaram a ficar em um silêncio confortável. Gray começou a fazer carinho no braço de Juvia com movimentos circulares dos dedos e sua namorada aconchegou-se melhor em seu abraço. Então, em um estalo pareceu se lembrar de algo. A Lockser se levantou apressada assustando Gray que permaneceu sentado, largado. A sobrancelha arqueada ao encará-la confuso correndo para o seu quarto. Em pouco tempo Juvia voltou com um sorriso sapeca que deixou o Fullbuster em estado de alerta, desconfiado.

– O que é isso? - perguntou quando pegou o embrulho que ela lhe entregou.

– Eu tinha escondido no seu quarto antes de irmos. É seu presente de natal. Abre e depois vem dormir. - Se aproximou e beijou a bochecha do moreno - Feliz natal! Espero que goste.

Depois de rodar nos calcanhares, Juvia voltou para o quarto do namorado deixando-o para trás ainda mais confuso. Gray remexeu a caixa várias vezes antes de ter coragem de abrir. Qual foi a surpresa ao encontrar a caixa a vazia?! Na verdade, só não estava completamente vazia por causa dos papeis de seda, daqueles de embrulhar roupas ou sapatos, e uma etiqueta qualquer da marca Diesel, uma de suas marcas favoritas.

– Juvia! Acho que você esqueceu o presente! - gritou para ela da sala - O que exatamente era para ser isso?

Juvia apareceu na porta do quarto dele tirando sua atenção do presente invisível, ela sorria sarcástica com uma pitada de triunfo. Porém o que mais lhe chamou atenção não foi o fato dela ter aparecido, mas o fato dela não estar usando mais a camisa preta. Seus olhos azuis estreitos brilhavam divertidos e sensuais.

– É seu tipo favorito de roupa. - Nenhuma. Ele mesmo completou o raciocínio dela e apesar da piada horrível, não se importava. Ainda estava hipnotizado pela namorada. A Lockser, mesmo de longe, lhe estendeu a mão, chamando-o, ainda sorrindo - Você vem dormir ou não? Traz o seu presente.

Ela não esperou que ele pegasse sua mão, entrou novamente no quarto devagar. Seduzindo-o. Deu certo já que Gray pulou do sofá correndo atrás dela.

Juvia riu ao ser abraçada por trás e sair cambaleando agarrada ao namorado até caírem desleixados na cama do moreno. Não reclamou quando sua risada foi interrompida por um beijo urgente, ao contrário, retribuiu ao mesmo nível e cheia de paixão.

Afinal era assim que se sentia: mais uma vez apaixonada graças ao seu dedo podre para escolher homem. A única coisa que diferenciava Gray dos seus antigos namorados e paixões era que o Fullbuster também parecia deveras apaixonado.

Antes do namoro, Gray e Juvia saíram juntos pelo menos umas 22 vezes, ou mais. Eles não contaram. Sendo que 10 encontros foram ocasionais.

Eles não começaram a namorar com um pedido oficial, quando perceberam já estavam passando mais tempo juntos do que sozinhos e apesar desta maneira simples de se iniciar um relacionamento e do Fullbuster não ser do tipo romântico, Gray fez o pedido oficial com um cartão de dois dólares preso em um pacote qualquer de farinha.

Algo ridículo, talvez – ambos concordaram com isso – mas o pedido só aconteceu quando Ur, Ultear e todas as amigas de Juvia o obrigaram a fazer um pedido oficial.

Óbvio que o último ano não foi o mais pacífico de suas vidas. Mesmo depois de começarem a namorar eles brigaram muitas vezes sempre fazendo as pazes em seguida. Às vezes podia demorar um pouco, porém isso é algo natural. Nada é perfeito, problemas existiram, mas ainda assim eles estavam dispostos a arcar com os mesmos.

Entretanto, mesmo com as inúmeras discussões, eles sorriram muito mais vezes.

Talvez até mais. O importante era apenas aproveitar o momento.

Durante os 22 encontros ou os quatro meses de namoro sério, nenhum dos dois nunca disse algo como “Eu te amo” um para o outro. Na verdade nunca foi preciso. “Aquilo” bastava.

Não “aquilo” no sentido da ação que você deveria ter aprendido só quando tivesse mais de dezoito, caro senhor(a) pervertido(a).

Mas “aquilo” de estarem juntos após um início tão conturbado que provava que o final pudesse não somente ser feliz, mas com certeza anormal.

E esse era o tipo de amor perfeito para uma louca de cabelo azul e um boçal quase que sempre nu.