Soluço, o líder de Berk: A Era dos Dragões escrita por Temperana


Capítulo 35
Parte 2: A Terceira Tarefa


Notas iniciais do capítulo

Esse foi o recorde de rapidez para postar...
Eu não tenho condições de falar nada. Só leiam. Não há o que dizer.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/592528/chapter/35

Às vezes precisamos de um grande choque de realidade. Isso faz parte da vida. Isso nos fortalece. Eu concordo que não é sempre o que nós gostamos de ouvir. Mas devemos sempre buscar a verdade.

Não entendi por que quando entrei na Baía, eu senti que não conseguiria. O Furioso estava mudado para sempre. Minha diplomacia não serviria de nada. Eu havia perdido.

Era isso que o meu coração dizia para mim. Pela primeira vez eu não queria escutá-lo. E essa era infelizmente a mais pura verdade...

Banguela e eu sobrevoávamos as águas geladas da Baía. Eu tentava enxergar alguma coisa. A névoa não permitia que eu me orientasse, como Oso havia dito.

–Eu tento pensar numa maneira de encontrá-lo – eu falo para o Banguela.

–Banguela pode procurar as vibrações dele – o meu dragão disse-me.

–Certo amigo, vamos lá – dei dois tapinhas carinhosos nele.

Eu senti as vibrações do Banguela procurando pelo dragão Furioso. Era estranho. Ser um Encantador era estranho. Mas com certeza era gratificante.

–Você o encontrou? – eu perguntei, quando as suas vibrações passaram.

–Sim, Banguela o encontrou Mestre – ele disse animado.

Ele disparou no meio da névoa. Apenas Banguela enxergava no meio daquilo, por meio da ecoalização. Ele parou de repente e senti as vibrações de um grande dragão emergindo da água.

Era ele. Eu podia confirmar.

Banguela rosnava rudemente. Ele até chegara a ficar azul. Ele estava com raiva. Muita raiva.

–Acalme-se amigo – eu dizia tentando manter também a calma. – Está tudo bem.

Na verdade, eu não tinha certeza disso. Furioso pareceu não gostar de intrusos como as vibrações mostravam.

E então Furioso surgiu. Ele era magnífico, isso eu tinha que admitir. Um dragão marinho gigante. Ele era totalmente verde. Os olhos amarelos. Pupilas estreitas. Não era apenas um sonho. Era real.

Eu olhava diretamente para os seus olhos. Ele não estava tentando me hipnotizar. E Banguela não me protegia disso, eu podia sentir. Talvez eu próprio tivesse o bloqueando...

–Há uma grande reviravolta aqui – ele diz levemente surpreso. – Parece que você não é o fraco que eu pensei que você era afinal Soluço III. Ainda resolveu tentar lutar comigo.

“Bom, eu admiro a sua coragem. De vir sozinho até aqui na Baía sem ter certeza, creio eu, de que eu continuaria onde fui preso um dia. Nem imagino como descobriu que foi aqui que me afogaram. Mais então eis você...”

Eu mantive-me em silêncio. Banguela continuava em posição de ataque. Expressão ameaçadora.

–Você não irá me responder? – ele me perguntou incrédulo.

–Eu estou tentando avaliar você. Como inteligentemente mencionou em meu sonho, eu adoraria poder treiná-lo – uma boa dose de sarcasmo para começar. Era sempre interessante.

–É claro que sim – ele disse como se estivesse incomodado. – Mas ainda me pergunto como conseguiu me encontrar. Não costumo receber visitas. Porque eu simplesmente não consigo gostar delas. Algumas podem ser bem inconvenientes. Mas eu tenho certeza que essa não é uma visita de cortesia.

–E não é mesmo – eu concordei. – Mas já que quer saber... O seu irmão humano deixou para mim o seu diário. E eu confesso que passei a admirá-lo ainda mais.

“Soluço foi uma pessoa incrível. Um herói, que como eu, descobriu que o seu dragão era o seu melhor amigo. Um irmão. Histórias diferentes, mesmo amor.

Entretanto, a sua prima escreveu sobre a sua morte e o seu destino. E eu confesso que senti pena de você. Por tudo o que sofreu. Mas não consigo entender por que está fazendo isso tudo.

Seria essa atitude aprovada pelo Segundo Soluço? Pelo seu irmão?”

–Aquele Furioso morreu Encantador. Eu matei aquele dragão fraco. Que foi idiota a ponto de chorar pelas maldades dos humanos e que se permitiu ser preso por eles. E todo o amor que eu sentia transformou-se em um ódio profundo. Em rancor. Humanos não podem viver conosco. Humanos são assassinos de sangue verde – o ódio e o rancor de anos se remoendo no fundo da Baía Assombrada do Coração Partido transpareciam com força. O ódio o transformou.

–Você não pode atribuir isso a todos os humanos. O próprio Soluço Spansitocus Strondus II era um humano para todos os efeitos. E era um herói. Existem pessoas más, porém condenar todos os humanos por causa de uma minoria acaba sendo ilógico.

–Ilógico? Eu crio a minha lógica!

–Todos nós vivemos em paz. Finalmente você, eu, o Banguela e todos os outros vivemos sem matar uns aos outros. E logo quando depois de tantos anos conseguimos nos entender, você quer acabar com isso? Você não percebe que os dragões sofrerão como você sofreu por anos?

–Não estou ligando para os seus argumentos fundamentados e sabedoria bem colocada. Apenas quero saber quem lhe contou que eu estava aqui.

–Eu prometi protegê-lo. Mas afinal, todos os dragões o temem. E ele não deve temer você – um arrepio percorreu o seu corpo. Todo mundo tem medo de algo.

–Você fala de proteger todos os dragões, mas matou um. Aquele que enviei para intensificar a guerra. E resolver alguns assuntos, o Morte Rubra.

–Calar a boca do meu informante seria o assunto, creio eu. Mas você tem razão. Eu posso ter matado aquele dragão, mas o Morte Rubra condenava a todos os outros. E quando eu infelizmente o matei, todos puderam ser livres. Então eu não os protegi?

–Com exceção do Banguela, é claro. Ele não é livre. Está agarrado até hoje em você. Eu pensei que quando ele matou o seu pai Stoico, o Imenso, finalmente você largaria o seu dragão. Ou pelo menos ele teria vergonha e partiria. Mas claro, você é um herói e isso me enoja. E, além disso, Stoico sobreviveu.

“Mas Drago nem precisou de muito incentivo para mandar matar você. Isso me poupou tempo. Ele já havia ódio à vontade no coração. E Nevasca, como vocês o chamam agora, nem notou o meu toque de hipnose quando o impedi que desistisse de ordenar a Banguela para que matasse o Encantador. Viu como eu supero a vontade dos outros?”

–Você... Você seria o culpado pela morte dele? – eu perguntei com o coração acelerado.

–De certa forma sim – eu fechei os olhos. Pois a raiva que sentia era enorme. – Mas voltando ao Banguela – abri os olhos e cerrei os punhos. Ele não mexeria com Banguela. Não comigo ali. Ele encarou os olhos de Banguela. – Você confia demais nele, Banguela. Um dia eles te traem, ou vão embora. E você viverá séculos como todo Dragonusmarinhus Gigantescus Maximus. E ele não chegará a um século de vida. Humanos traem... Você tem que aprender.

Banguela parecia pronto para atirar. Estava ficando ainda mais azul. Eu puxei a sua sela para trás.

–Não ouse tocar no nome do meu Mestre. Não ouse. Furioso não tem moral alguma para me dizer isso. Furioso não tem poder nenhum sobre o Alpha. Sobre Banguela. O Mestre estará sempre com Banguela, Furioso. Não importa como. E isso, Furioso não poderá nunca mudar. Furioso tem que aprender.

–Quanta coragem para quem ficará solitário – o Banguela já estava ficando irritado demais. O Furioso estava fazendo com que ele se descontrolasse.

–Acalme-se Banguela – eu dizia com a maior calma que conseguia. Ignorando o fato que eu queria matar aquele dragão, pois ele estava tocando no ponto fraco do Banguela.

–O Mestre não entende que o Furioso tirou Banguela dos pais por medo? – ele sabia que sim. Eu sentia um enorme aperto no coração. – Tirou Banguela por maldade. Ódio mesquinho. E ousa dizer que os humanos são maus? E o Furioso? É o pior dragão que Banguela já teve o desprazer de conhecer.

–Não ouse tocar naquilo que você destruiu Furioso – eu disse sombriamente, apoiando o meu dragão.

–Você acha que eu posso ser controlado? Não tem influência sobre mim – ele disse triunfante para mim.

–E nem você sobre mim Furioso – eu cruzei os meus braços. – Eu sou o Encantador e a sua hipnose não surtirá efeito algum em mim – ele grunhiu com raiva. – Eu só quero te pedir, implorar até... Por favor, não castigue os dragões. Não castigue os humanos. Não se esqueça de que você é um dos dragões. E que sofreu um dia por perder quem amava... Se quer ajudá-los como insiste em dizer que quer, não faça isso com eles. Conosco. Você não estará ajudando.

As vibrações de raiva dele pararam por um segundo.

Por esse instante eu imaginei que havia conseguido. Que eu havia conseguido convencê-lo. Que nós poderíamos viver em paz.

Era possível. Era.

Só que não era a verdade dos fatos. O ódio pode tornar as pessoas imutáveis. O Furioso era assim. Infelizmente.

Imutável...

–Eu vou te fazer uma promessa Encantador...

“Dentro de um mês, todos, dos maiores aos menores dragões, estarão sobre o meu domínio. A minha hipnose.

E ninguém poderá converter isso. Nenhum dragão. Nenhum humano. Nem o Alpha. Nem o Encantador de Dragões.

Dentro de um mês não haverá mais dragões em nenhum lugar da face da terra. Os humanos se destruirão. E você... Sofrerá pela eternidade.

Você nunca será capaz de nos unir novamente. Eu terei o poder querido Soluço... Você nunca nos achará. Eu cuidarei para que isso aconteça.

E acho melhor se preparar Encantador. Porque eu estou chegando.”

Banguela atirou na água. Seis vezes seguidas. Eu peguei minha espada, recuperando-me do choque. Não adiantou nada. Num instante ele voltou ao mais profundo da Baía que ele conseguia.

Guardei minha espada. Banguela não pode fazer nada além de se afastar. E gritar para que o Furioso aparecesse e lutasse com ele. Que o enfrentasse. E isso também não surtiu nenhum efeito.

Eu apenas olhava fixamente para a água. Minhas lágrimas rolavam incontrolavelmente. Eu estava arrasado. Acabado. Sem esperança alguma. Eu falhei. E eu nunca me senti tão triste. Tão culpado. Em toda a minha vida.

Eu seria incapaz de mudar qualquer coisa. E acho que a consciência havia arrumado um jeito de ser mais dura comigo. Arrumou um jeito de ser uma rocha comigo.

Eu estava sem chão. Banguela seguia de volta para Berk repetindo que estava tudo bem. Mas não estava.

Eu só queria ficar com o Banguela, com os dragões, com o mundo perfeito. Em paz. Mas isso não seria possível. Nunca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois é. É isso. Acabou. Nada mais pode ser feito queridos...
Eu pensava em como conseguiria digitar esse capítulo. Mas com certeza há um capítulo pior no Futuro. Vocês podem apostar...
Gente, já pensaram numa Berk sem o Banguela. Sem os dragões?? Pois é, chorem comigo.
Eu espero que tenham sobrevivido. Lencinhos na mão?? Até o próximo capítulo amores!!
Temp