Soluço, o líder de Berk: A Era dos Dragões escrita por Temperana


Capítulo 24
Parte 2: A Segunda Tarefa


Notas iniciais do capítulo

Olá meus anjos...
*Até que enfim Temperana". Sim, até que enfim eu postei dois capítulos seguidos... Mas acontece que depois de um simulado desgraçado, eu estou mais livre... Até terça, mas eu prefiro não pensar nisso...
Meus amores, muito obrigada pelos reviews... Foram maravilhosos. E vocês estão bem espertos... Acho que todos já sabem sobre a Astrid... É isso mesmo que vocês estão pensando...
Enfim, vamos a parte do Soluço nessa tarefa. Estão curiosos para conhecer o Dragão de Fogo? Amei escrever sobre ele. Então espero que também gostem do capítulo... Até as notas finais...



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Não ousei olhar para trás. Não poderia, ou melhor, não aguentaria, ver os seis pilotos e os seus dragões vigiando uma Ilha de cinzas. Eu desistiria na hora. E eu definitivamente não podia desistir.

–Só foi o Banguela que escutou as vibrações de uma Fera gigante levantando? – Banguela perguntou-me tentando me deixar no foco da nossa atual tarefa.

–Não Banguela, eu também escutei o dragão. E ele é pontual. Acordou assim que o sol nasceu – eu disse.

–E o Mestre já sabe o que vai perguntar, Banguela quer dizer, o Mestre já sabe a segunda pergunta que irá fazer?

–Confesso que não exatamente. Vou fazer como as duas irmãs orientaram-me. Seguirei o meu coração.

–Agora Banguela sabe que também está muito louco, porque nessas circunstâncias Banguela achou a frase de efeito do Mestre encorajadora – eu ri do meu dragão.

–Seja corajoso Banguela.

–Banguela é.

–Sei que é amigão. Nós já estamos chegando – estávamos quase no topo do vulcão já.

–Seja corajoso Mestre – eu sorri. O Banguela era incrível.

–Eu serei.

Eu senti o Dragão de Fogo subindo mais para o topo do vulcão de modo que quando chegamos realmente no topo, um par de grandes olhos incandescentes vermelho-dourados nos observava.

–O que o traz aqui Fúria da Noite, descendente da Grande Fera do Mar e o nosso Glorioso Alpha, com este pequeno humano? Que eu saiba os humanos vikings são bem maiores que eles.

Ele só podia estar brincando conosco. Comigo. Ignorei tudo o que eu ouvi. Ele sabia da história. Ele sabia de tudo.

–O Banguela apenas me trouxe até aqui. E irá acompanhar-me sempre. Eu que gostaria de falar com o Dragão de Fogo. Aquele que fora o primeiro dragão nesse mundo. O ancestral dos dragões.

Ele pareceu sorrir.

–Estou apenas testando as minhas certezas. Qual é o seu nome Encantador?

Ah claro. Vou adicionar o Dragão de Fogo à lista daqueles que sabiam mais do meu futuro do que eu mesmo sabia. Mas eu o perdoei porque ele era o dragão mais sábio de todos.

–Eu sou Soluço Spansitocus Strondus III. O filho de Stoico, o Imenso e Valka Spansitocus Strondus. Sou o Encantador de Dragões assim como o meu ancestral Soluço Spansitocus Strondus II era um Encantador de Dragões. Eu sou Soluço.

–O salvador da nossa raça. O que libertou os dragões, por um tempo, do Furioso.

–Por um tempo – eu engoli em seco e concordei com ele.

–Diga-me o que o traz aqui grande Encantador – havia uma áurea de reverência e encantamento em sua voz. Observá-lo era tão magnífico. Era como ver uma Fogueira acesa. Em chamas.

–Vim aqui por dois motivos. Queria a resposta para uma pergunta. Ou, pelo conto que sei, a resposta para duas perguntas. E também vim devolver a Pedra de Fogo ao seu verdadeiro dono.

–Você a trouxe para mim Encantador? – ele parecia tentar controlar a sua alegria. O seu contentamento. A sua satisfação.

–Sim, eu trouxe. Trouxe porque ela só pode pertencer ao Ancestral de todos os dragões. E trouxe, pois preciso da resposta para essa pergunta.

–Agradeço pela eternidade Encantador. Mas mesmo assim, eu responderia a qualquer pergunta que viesse do maior dos Encantadores. Nunca vi os dragões tão felizes antes. Você os mudou para sempre.

–Isso está infelizmente ameaçado. Pelo Furioso – eu recordei-o.

–Sim, ele retornou. Após anos ele retornou. Para cumprir a sua profecia. Sei que você vai tentar pará-lo e mudar o imutável. Você nunca desistiria de nós. Nunca desistiria do nosso Alpha, o Banguela. Você é especial Encantador. O maior de todos eles.

–Obrigado Dragão de Fogo. Deve ter sido horrível estar à mercê do Furioso durante tanto tempo.

–Ah não foi. Porque o Furioso não mexeu comigo. Ele sabia que eu tinha todo o conhecimento sobre ele. E sobre tudo que ele já fez. Não seria bom se alguém com tanta influência e conhecimento espalhasse coisas sobre ele por aí. Ele ia perder aquela guerra. E eu sabia sobre o que ele fez com o Banguela. E na verdade o nosso Alpha teve muita sorte. Muitos dragões não sobreviveram à ira dele. Alguns morreram sem motivo aparentes. E mesmo assim, quando ele estava perdendo a influência pelas mortes inexplicáveis, ele fez surgir o Morte Rubra. Aquela guerra... Intensificou-se. Era pela sobrevivência.

–Você teve muita sorte – eu falei impressionado. Aquele dragão era mesmo incrível. Tão sábio e tão forte. Ele era o que sobrevivera a tudo. Que contrariou o destino. Eu também queria poder contrariar o meu destino.

–Muita mesma. Mas Encantador vejo a pureza em seu coração. Sei que é bom. Faça as suas duas perguntas e só depois poderá entregar-me a minha Pedra. Posso confiar em você.

–Não – eu neguei. Não por ganancia. Não por poder. – O meu primeiro desejo quando descobri sobre você era descobrir a localização do Furioso. Mas depois de tudo o que eu vi e depois de tudo o que eu vivi... Depois de tudo o que descobri sobre a sua história... A minha primeira razão para vir até aqui – eu retirei a Pedra de fogo da bolsa e a ergui em minhas mãos. –É para devolver a Pedra de Fogo ao seu verdadeiro dono. O único que pode possuir o conhecimento do passado, do presente e do futuro. De todos. Eu também vejo o seu coração e sei que cumprirá a sua promessa Grande Dragão.

–Afaste-se da margem quando jogá-la Encantador.

Então, com um sorriso em meu rosto, lancei a Pedra de Fogo dentro do vulcão. E pedi a Banguela que subisse.

Vi os olhos do Dragão de Fogo dilatarem completamente. Vi ele pegar a Pedra e mergulhar no vulcão. Fogo iluminava minha visão. Eu sorri e abri meus braços.

Eu sentia as suas vibrações... Descendo... Descendo...

Podia imaginá-lo no centro da Terra, nadando naquelas águas abrasadoras, livre e feliz como um golfinho. Podia imaginá-lo absorvendo os conhecimentos e segredos dos maiores e dos menores da Pedra do Poder.

E ele então retornou ao topo. Feliz. Realizado. Agradecido.

Eu não tenho como agradecê-lo Encantador – os seus olhos continuavam dilatados como se eu o tivesse treinado. – Duas respostas a duas perguntas parecem poucas a sua imensa bondade.

–É tudo o que eu preciso. Obrigado – curvei a cabeça em agradecimento e ele pareceu fazer o mesmo.

–Então, faça as suas duas perguntas – ele disse em um tom de sabedoria.

Respirei profundamente. A primeira pergunta era a que eu tinha certeza que deveria fazer...

–O Furioso ameaçou-me. Ameaçou a minha família. E todos nós. Preciso enfrenta-lo. Tentar mudar os seus pensamentos. Preciso tentar mudar o destino. Onde posso encontrar o Furioso?

As palavras da minha pergunta pairaram em algum lugar entre eu e o Dragão de Fogo.

–Admira-me a sua persistência e a sua força Encantador. E acima de tudo a sua coragem. A primeira pergunta foi feita. E eu irei respondê-la.

O Furioso nunca saiu de onde ele fora afogado. Ninguém ousava ir para aqueles lados de qualquer maneira. É um lugar muito perigoso para quem o conhece.

Afundaram e aprisionaram o Furioso no fundo da Baía Assombrada do Coração Partido. Próximo ao vasto território dos Criminosos Feiosos e a ex-ilha dos Beserkers.”

Ah, ótimo. No Arquipélago Oriental. Eu pensei.

Eu estava realmente muito encrencado. Ninguém sai vivo de lá. Tanto por causa dos misteriosos acontecimentos na Baía Assombrada do Coração Partido, quanto por causa dos Criminosos Feiosos. Eu engoli em seco com os meus pensamentos.

–Obrigado Primeiro e Grande Dragão. Farei o possível para encontra-lo.

–Grande coragem Terceiro Soluço. Ainda estou escutando-o. Faça a sua segunda pergunta.

Fechei os olhos. Siga o seu coração. Siga o seu coração. O que mais no mundo eu gostaria de saber? O que seria o mais importante para mim? Abri os olhos e segui o meu coração pedia para saber. As palavras saiam automaticamente...

–Se tudo der errado, se o Furioso vencer, se... Por acaso ninguém consiga detê-lo... Eu voltaria a ver o Banguela um dia? Eu voltaria a ver os dragões um dia? Eu voltaria a ver o meu dragão? Se por acaso você, o Dragão de Fogo, tiver a resposta para a minha pergunta... Poderia respondê-la?

Houve um silêncio após a minha pergunta. Até eu notei o som de súplica em minha voz. Ele olhou-me de um jeito que poderia dizer que não havia resposta para minha pergunta ou poderia dizer que eu nunca voltaria a ver o Banguela um dia. Mas ele respondeu com sabedoria.

–A segunda pergunta foi feita. E eu agora irei respondê-la.

“Não posso dizer que tudo dará certo ou que tudo dará errado. Não tenho o poder de prever o futuro com precisão Soluço. Na verdade não é certo prever o futuro. O que o destino reserva não é necessariamente o que irá ocorrer.

Mas, se tudo der errado... Se por acaso o futuro seguir por esse curso, posso ter certeza apenas de uma coisa...

Vejo hoje os humanos vivendo com os dragões com tamanho carinho. Amizade. Fidelidade. Mas só vi esse amor de irmão entre você e o Banguela uma única vez. Foi entre o Furioso e o Soluço II.

Não importa o que aconteça. Se tudo der errado ou se tudo der certo. A resposta é a mesma. Se um se lembrar do outro e o outro se lembrar do um... Se mantiverem o outro em seu coração... Se mesmo em qualquer circunstância continuarem amando o seu irmão... Se mantiverem o que os liga e sei que farão isso, o Banguela e o Soluço Spansitocus Strondus III se encontrarão de novo um dia. Não importa como. Não importa onde. Não importa quando. Isso acontecerá.”

Quando ele terminou os eu monólogo, eu vi que estava deitado sobre a cabeça do Banguela com uma mão em cada lado de onde estaria a sua bochecha (considero-o uma pessoa, então: com uma mão em cada uma de suas bochechas).

–Não importa o que acontecer amigo. Você estará sempre em meu coração. Mas antes, o Furioso terá que enfrentar nós dois – levantei-me. – Dragão de Fogo, não tenho palavras para expressar o tamanho de minha gratidão. Estou lisonjeado e sinto-me honrado de ter conhecido tamanho conhecimento e bondade em um só dragão. Obrigado.

–Não há o que agradecer Encantador de Dragões. Eu nunca vi humano tão inteligente. Tão sábio. Tão corajoso. Tão bom. Tão carinhoso. Um herói.

–Eu nem sempre fui assim. E de qualquer modo eu não me considero um herói de qualquer forma – a famosa timidez e o fato de não se achar bom o suficiente.

–Sabe como é a formação de um herói Soluço? Pode se dizer que é o mesmo do chamado teste da espada.

“Creio que saiba do processo de construção de uma espada, já que trabalhou tanto tempo com isso. Você sabe que após a espada ganhar forma ela é levada até o fogo. O poderoso e feroz Fogo. Ela então amolece com a temperatura tão alta. E depois ela é mergulhada na água. E estará pronta. Se for forte.

Quanto mais alta a temperatura e mais ardente é o fogo, mais resistente tornar-se a espada.

Se você passa pelas piores dificuldades... Pelos piores momentos... Pelos mais árduos caminhos... O maior e melhor herói você será.

Caro Soluço. Você é a melhor e mais forte e reluzente espada que conheci. Você tornou-se herói pelo caminho mais difícil. E creio que nos futuros mais distantes ainda falarão de seus feitos.

Espero encontra-lo um dia novamente Encantador. Adeus.”

Ele pareceu a criatura mais magnífica naquele instante. Abriu suas asas de Fogo e mergulhou de volta ao seu vulcão. De volta ao centro da terra.

Sabe, eu nunca me esqueci do Dragão de Fogo. Tudo que pensei sobre uma fera assustadora e sanguinária foi derrotada pelo o meu coração que dizia a verdade. O mais sábio, bondoso e magnífico de todos os dragões...

A história quer ser notada.

Por um momento tudo estava bem. Pela primeira vez nós sairíamos de uma missão sem maiores problemas. Por um instante. Típico. Meus planos são sempre imprevisíveis. Distração.

Fiquei tão distraído com o Dragão de Fogo que mexi o pé do pedal que controlava o leme do Banguela. E o leme fechou um pouco. E começamos a cair em direção a Floresta.

Eu retomei o controle, mas foi tarde demais. Nós pousamos na Ilha dos Lava Loucos. E era isso que eu disse que não podíamos fazer. E para mostrar a nossa total falta de sorte, pousamos e acionamos uma armadilha.

Um grupo de homens meio selvagens surgiu, ou brotaram em nossa frente. Eu desmontei. Não poderia lutar contra todos eles ali, num terreno em declive.

A Ilha era habitada afinal.

Acionei a cauda automática do Banguela, que rugia para todos os Lava Loucos.

–Vá até os outros e os mande de volta para Berk. Não se preocupe comigo, eu consigo um dragão aqui e volto para Berk. – os Lava Loucos olhavam-me desconfiados, por estar falando com um dragão.

–Mas Mestre... – ele não queria deixar-me ali. Ele não podia.

–Vá! – ele olhou-me com carinho e alçou voo.

A partir dali eu era prisioneiro dos Lava Loucos.


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Notas finais do capítulo

Não me matem. Não vai acontecer nada do tipo, o Soluço vai quase morrer de novo...
Enfim, gostaram do majestoso Dragão de Fogo e seus conselhos??
Livros do Capítulo:
*Como mudar a história de uma dragão
*Como partir o coração de um dragão
*Como trair o herói de um dragão
Do primeiro eu retirei as características físicas do Dragão de Fogo. Já que originalmente ele só come os dragões Exterminadores. Mas eu acho ele mais legal do modo que coloquei aqui.
O segundo foi sobre a localização do Furioso. Ele no livro não está no fundo da Baía, mas sim na prisão dos Beserkers. mas já que no filme os Beserkers não são como no livro (loucos que vivem acorrentados para resistir a vontade de matar uns aos outros) era melhor colocar assim. Os Beserkers na Ilha dos Exilados e o Furioso na Baía.
Vocês saberão mais sobre o porquê dela ser assombrada mais tarde...
O terceiro é sobre o Teste da Espada. Eu achei muito linda a história.
A Pedra de Fogo no livro pararia a erupção vulcânica, diferente da função dela aqui.
E sobre o Morte Rubra.... no primeiro livro, aparece o morte Vermelha e o Morte Verde, e há sim uma semelhança com o filme. Adorei achar isso...
Então até mais queridos, um beijo enorme...
Temp